Bicho-papão. escrita por Secret


Capítulo 23
Mentiras, verdades, nda...


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de Abril!
Tem dia melhor para voltar dos mortos?
Porque, sério, até eu tô achando que é mentira.
E olha que fui eu que escrevi!



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— Precisamos conversar. – Gabriel disse hesitante assim que encontrou Daniel, ainda no caminho para a escola.

— Claro, sobre o que quer falar? – Daniel replicou com seu tom doce e pegou a mão do namorado, como sempre.

Gabriel tentou se esquivar, mas Daniel firmou levemente o aperto, não o bastante para machucar, mas o suficiente para mantê-los de mãos dadas. O garoto apenas ignorou e buscou arrumar coragem para continuar a conversa.

— Você já mentiu para mim? – Foi direto, o que rendeu um olhar surpreso do outro.

— O quê? Claro que não! De onde tirou essa ideia boba? – Ele sorriu gentilmente. – Você sabe que eu nunca mentiria para você, não sabe? Afinal, você é meu namorado.

O tom de Daniel era tão... Verdadeiro, confiante. Fazia até ele se sentir mal por perguntar, talvez André tivesse mentido e armado tudo? Não tinha como seu melhor amigo enganá-lo assim, certo?

— É, eu sei... Desculpa. – Gabriel se sentiu meio culpado pela acusação. Ele sabia que havia algo errado, mas Daniel parecia tão inocente, será que ele não estava errado? Ele sempre cometia algum erro no fim, por que isso seria diferente?

— Tudo bem. – Ele o beijou na bochecha. – Mas, se algo te incomodar, só me dizer, tá?

— Claro. –Gabe retribuiu o sorriso e os dois continuaram andando em silêncio. O garoto ainda tentou livrar sua mão uma segunda vez, mas Daniel novamente as manteve juntas, apesar de tentar ignorar, como sempre, ele não conseguia parar de pensar nesse pequeno detalhe.

Desde quando ele deixava Daniel decidir quando eles davam as mãos ou não?

*

Na escola, as coisas ainda eram as mesmas. As mesmas pessoas, a mesma sala, os mesmos professores, a mesma mania de Daniel de trocar carícias antes de a aula começar... Então por que parecia tão diferente?

Francamente, o toque constante estava começando a incomodar Gabriel. Parecia que seu namorado não conseguia deixá-lo um segundo sozinho! Mas sempre foi assim, certo? Por que se incomodar agora? Ele devia ser grato por ter alguém tão carinhoso a seu lado, afinal, que direito ele tinha de reclamar? Ele nunca fez nada para merecer alguém tão bom quanto Daniel, então, no mínimo, devia agradecer e parar de reclamar.

— Ei, você está bem? Parece mais perdido que o normal hoje! – Daniel brincou.

— Ah? Estou, tudo bem. – Gabriel respondeu quase automaticamente. –Só... Pensando.

— Você pensa demais. – Ele o envolveu com um braço e beijou sua bochecha, Gabriel resistiu à urgência de se esquivar. – Que tal eu te pagar um sorvete depois da aula? Vai aliviar suas preocupações? –Sorriu.

— Talvez outro dia, prometi pra mãe que chegaria cedo em casa... – Mentiu.

— Ah tá... – Daniel não insistiu. – Outro dia então?

— Claro, vamos marcar.

Depois disso o professor chegou e as conversas cessaram, para o alívio de Gabriel. Ele percebeu que André ainda não tinha chegado, mas negou a decepção que isso causou. Ele era um valentão problemático, não? O que seria mais comum que matar aula? Nada importante... O garoto devia ficar feliz por não precisar lidar com nada disso.

Conforme as aulas passavam, Gabriel cogitava a ideia de se desculpar com Daniel e aceitar o convite para o sorvete, dizer que sua mãe não se importaria... Um bom encontro com seu namorado devia pôr sua mente no lugar. Logo chegou o intervalo e, como sempre, Daniel o esperava para comerem juntos, a hora perfeita para voltar atrás e se reconciliar...

Então por que ele não conseguia fazer?

No fim, o garoto acabou dando outra desculpa para passar o recreio sozinho, uma bem ruim a julgar pelo olhar desconfiado de Daniel, e esperou que seu namorado estivesse fora de vista antes de ir dar uma volta. “O que eu estou fazendo?”, ele pensava, “Andar por aí não vai ajudar a resolver nada...”. Quando percebeu, seus pés o haviam levado para o parquinho das crianças, o mesmo que era proibido, o mesmo que ele conversou com André da última vez, e o mesmo que o valentão se encontrava nesse exato momento.

André só estava lá, sentado, comendo em silêncio e observando o parquinho, como da última vez, ele também não pareceu notar Gabriel o observando. Estranho? Claro. Gabriel pensou consigo mesmo que seria melhor voltar e fingir que não viu nada, mas, aparentemente, ser racional não estava na sua lista de qualidades... Quando deu por si, já estava a meio caminho do bully, estranhamente, ele apenas sentia que precisavam conversar.

— Oi. – Cumprimentou hesitante. André sequer virou para olhá-lo.

— O que você quer aqui? – Ele foi rude, como sempre.

— Só conversar. – Disse calmamente e se sentou ao lado de André sem cerimônia, mesmo sabendo que se arriscava a receber um soco ou algo assim.

— Já não conversamos o bastante?! – Retrucou irritado.

— Talvez... – Gabriel cedeu, mantendo o tom de voz. – Mas eu preciso de respostas, e acho que você sabe mais que eu.

O valentão apenas bufou e olhou para o lado, ignorando Gabriel. Este, ante a falta de resposta, decidiu tentar mudar de assunto.

— Então... Por que perdeu as primeiras aulas? Vai acabar se encrencando com os professores...

— Dane-se. – Foi grosseiro, mas ao menos era uma resposta.

— Você pode reprovar se perder muitas aulas. – Comentou.

— Como se você se importasse. – Foi a réplica ácida.

Gabriel não soube responder a isso, então apenas se calou. Logo, o sinal tocou indicando o fim do intervalo, nenhum dos dois se moveu.

— Devia se apressar, vai se atrasar para a aula. – André disse mal-humorado.

— Eu não vou. – Explicou tranquilamente, o que rendeu um olhar surpreso do outro.

— O garotinho obediente matando aula? – Ironizou para esconder o susto.

— Não saio daqui até conseguir algumas repostas. – Exclamou firmemente, surpreso por perceber que realmente estava certo daquilo. Mesmo se encrencando, ele não estava disposto a voltar para a sala e encarar Daniel – seu namorado – sem antes entender qual era o problema, o que ele estava sentindo recentemente.

André o observou por alguns segundos e, por fim, suspirou.

— Certo, se vai ficar, melhor vir comigo. – Ele fez um sinal para que Gabriel o seguisse e o levou até um ponto mais afastado, onde era difícil vê-los por causa dos brinquedos, praticamente um ponto cego. – Caso alguém venha conferir... Os monitores são bem chatos. – Comentou.

Gabriel apenas assentiu, estranhando ter convencido André tão rápido e assimilando o fato de estar matando aula com ele. O mundo realmente dá voltas... Depois de algum tempo, o silêncio ficou desconfortável e o garoto decidiu ir logo ao assunto:

— Então, você e o Daniel são irmãos... – Arriscou, o valentão apenas grunhiu algo, não parecendo disposto a falar sobre isso.

O silêncio voltou.

— Por que o parquinho? – Gabriel tentou ir devagar, talvez, depois de um pouco de conversa casual, ele conseguisse trazer o assunto à tona. André apenas o encarou parecendo confuso, ou tomado de surpresa pela pergunta, então o garoto explicou: – Você podia matar aula em vários lugares, ou até pular o muro e ir para casa, então por que ficar no parquinho?

—... Eu gosto daqui. – Disse simplista, num tom que deixava claro não estar disposto a entrar em detalhes.

— Tá bem... – O outro decidiu não forçar, já era impressionante não ter sido expulso assim que o intervalo acabou! – É um lugar legal, eu acho. Sei lá... Eu não vinha muito aqui quando era criança. – Falou apenas para não deixar o assunto morrer.

Eu sei.— André praticamente rosnou, o que não passou despercebido por Gabriel.

— Sabe? – Manteve a voz calma, quase desinteressada.

— O que você queria mesmo? – Ele desviou o assunto rudemente.

— No momento, saber como você sabia que eu não vinha muito aqui. – Explicou pacientemente, sem desviar o olhar do de André.

Outro momento de silêncio, no qual ambos se encararam fixamente. No fim, o bully desviou os olhos para um canto qualquer.

— Você é estranho. – Constatou por fim enquanto arrancava parte da grama do chão apenas para se manter ocupado.

Gabriel pensou em fazer um comentário sarcástico como “diz o garoto que me persegue há anos sem motivo”, mas desistiu da ideia. André não era do tipo que reagia bem ao sarcasmo e acabaria ficando defensivo de novo, o que dificultaria a conversa.

— Por que acha isso?

— Sei lá. – Deu de ombros. – De repente o garotinho submisso que se deixava ser jogado na parede sem reclamar está matando aula, mentindo e exigindo respostas. – Argumentou levemente irônico.

— Eu não sou submisso. – Gabriel reclamou imediatamente, cruzando os braços. – Só... Sou tranquilo.

— Se você acredita nisso... – André zombou abertamente.

Essa foi a vez de Gabriel ficar em silêncio. Ele não era submisso. Não era! Ele só era uma pessoa fácil de conviver, só isso! Tranquilidade é diferente de submissão, e todos entendiam isso, certo?

Após vários minutos, André decidiu que sua vez de falar:

— Tem razão. – Ele murmurou.

— O quê? – O outro não acreditou no que ouviu.

— Eu não vou repetir. – Cruzou os braços.

— Tá... Sobre o quê?

O valentão grunhiu, como se decidisse se valia a pena ou não continuar aquele “elogio”, ou ao menos era o mais próximo de um elogio que Gabriel recebeu dele em todos esses anos... Então o garoto apenas esperou, deixando André levar o tempo que precisasse.

— Você não é submisso. – Concordou, ainda que a contragosto, e Gabriel já estava pronto para responder quando ele o cortou. – Mas você age como um. Sempre que está com... Outras pessoas.

Gabriel tentou ignorar a hesitação antes do “outras pessoas”, tentando ao máximo negar que ele ia falar “Daniel”.

— Melhor você ir. – André continuou. – Já devem estar desconfiando de você na sala. E não quer que mandem um monitor te procurar, quer? – Sorriu irônico. – Além do mais, quero ver qual vai ser sua desculpa.

Droga! Ele esqueceu esse “detalhe”! Gabriel sentiu vontade de se bater, e agora? O que dizer? Ele pensou e resolveu usar a primeira coisa que veio à mente, por mais idiota que fosse.

— Me bate. – Pediu de repente, o que pegou André se surpresa.

— Quê?

— Me bate. – Repetiu. – Forte o bastante para deixar marca, aí eu vou na enfermaria, pego gelo e digo que estava lá porque caí ou, sei lá, algo assim. – Explicou e fechou os olhos, se preparando para o impacto.

Ao contrário do que ele esperava, André não bateu em seu rosto. Na verdade, ele sequer o bateu. Ele abriu os olhos e já estava pronto para reclamar quando viu o olhar sério de André.

— Confia em mim? – O bully perguntou de repente.

— Uh... Não. Nem um pouco.

— Que seja... – Revirou os olhos. – Fecha os olhos e me dá o braço.

— Por quê? – Gabriel perguntou desconfiado.

— Para ter uma história convincente.

O garoto olhou desconfiado para André, mas cedeu, estendendo o braço e cerrando os olhos, completamente à mercê do outro. André avisou que arderia um pouco, mas que ele devia ficar parado, e assim foi. Gabriel sentiu uma dor de repente, que se estendeu rapidamente em sua pele e cessou, deixando apenas um formigamento chato. Quando olhou, viu um corte fino e comprido que se estendia na lateral de seu antebraço e um estilete na mão de André.

Sua primeira reação foi o pânico, mas ele se conteve, levemente chocado, e examinou o corte mais de perto. Sangrava claro, mas pouco, não chegava nem a escorrer, e o corte era bastante raso, provavelmente sumiria completamente em alguns dias.

— Por que isso? – Gabriel perguntou sem se preocupar em limpar o sangue, afinal, devia secar logo.

— Porque “eu me cortei num prego da parede” soa bem mais real que “eu caí no chão e acabei com um machucado suspeito num lugar só que parece muito um soco”. – Zombou. – E não se preocupa, a lâmina é nova e o corte deve sarar logo. Além do mais, deve ser mais fácil de esconder da sua mãe que uma contusão. – Ironizou, parecendo adorar mostrar todas as falhas na ideia de Gabriel.

— Tá, entendi, ideia ruim. – Gabriel se levantou e se virou para voltar à sala, mas hesitou. –... E, eu nunca achei que diria isso para um bully que acabou de me cortar com um estilete, mas obrigado.

—... Disponha? – André o olhou de um modo que parecia repetir “você é estranho”, mas Gabriel não se importou.

Surpreendentemente, o professor engoliu a história de “me cortei num prego e tive que ir na enfermaria por causa do risco de tétano e estava sangrando e blá blá blá blá e por isso demorei tanto”. Talvez ele só quisesse que Gabriel se calasse e parasse de interromper a aula... Daniel, por outro lado, pareceu muito preocupado. Perguntou onde foi, como foi, se estava doendo... Enfim, pediu cada detalhe e só sossegou quando o garoto garantiu que estava tudo bem.

De repente, Gabriel se sentiu mal de novo por desconfiar de seu namorado quando ele era tão atencioso e se preocupava com ele. Parecia ingratidão, como se ele fosse o vilão da história...

O garoto acabou demorando um pouco para voltar para casa depois que as aulas acabaram, já que ele e Daniel passaram um tempo juntos, abraçados e trocando alguns beijos no caminho para “compensar o tempo perdido”.

*

Ao chegar em casa, depois de colocar uma camiseta de manga comprida claro, Gabriel foi surpreendido por uma cena, no mínimo, curiosa. Sua mãe, Lucas e aquele homem, Carlos, que sua mãe apresentou antes, estavam sentados à mesa o esperando. A visão inesperada o pegou de surpresa, mas a mulher não deu tempo de perguntar o que estava acontecendo, pois o recebeu prontamente com um sorriso:

— Bom dia, querido, demorou... – Comentou e sinalizou para ele se sentar ao lado do homem, o último lugar vago. – Lembra do Carlos, certo? O amigo da mamãe? Ele veio almoçar aqui hoje para conhecer a casa.

— Uh... Bom dia. – Gabriel cumprimentou sem jeito.

— Bom dia. – Ele retribuiu educadamente.

Depois disso, a mulher serviu os pratos – Espaguete ao molho com queijo e alguns temperos – e colocou uma garrafa de refrigerante sobre a mesa para quem quisesse se servir. A refeição ocorreu num relativo silêncio, o que o garoto estranhou, já que Lucas não costumava ficar tão quieto. Os únicos comentários foram feitos por sua mãe e Carlos e, ocasionalmente, algumas respostas breves de Gabriel ou de Lucas. O mais velho mal tocou na comida e logo pediu para se retirar da mesa, algo que sua mãe permitiu prontamente.

Pouco depois, Gabriel terminou também e foi atrás de Lucas, mas, antes mesmo de se levantar, Carlos pediu para ele esperar um pouco e lhe entregou um “presente”, uma caixa de bombons de sobremesa para que ele dividisse com o irmão. O garoto agradeceu polidamente e foi atrás do mais velho.

Lucas estava em seu quarto, na cama de baixo do beliche, ouvindo música com fones de ouvido. Assim que viu o mais novo, tirou os fones e sorriu.

— Hey,! Como foi a escola? – Perguntou em seu típico tom animado.

— Bem. – Disse simplista, aliviado por ver Lucas no seu modo “normal” elétrico. – Quer sobremesa? O Carlos nos deu uns bombons...

Lucas franziu um pouco a testa ante o nome e fez um gesto para ver a caixa. Ele leu a embalagem rapidamente e seu sorriso sumiu de vez.

— Devolve para ele, não vamos comer. – Decretou, o que deixou Gabriel confuso. Por que a súbita mudança de humor?

— Por que não?

— É bombom de licor. – Ele deu de ombros, como se isso explicasse tudo.

— E...?

— Licor é ruim. – Deu de ombros de novo, um sorriso voltando a seu rosto. – Mas, se faz questão de sobremesa, eu posso fazer uma cuca de banana para a gente mais tarde, que tal? Ponho quanta canela você quiser.

— Tá... Mas qual o problema com o licor? Nem tem tanto álcool e é bem doce. – Argumentou.

— Não tem tanto álcool... – Repetiu ironicamente. – Quer ouvir um segredo? Mas nada de contar para a mãe depois!

— Tá bem. – Gabriel concordou prontamente, curioso.

— Quando um cara quer “soltar” uma guria numa festa, o melhor modo é oferecer licor. Tem bem mais álcool do que parece e, por ser doce, a pessoa vai bebendo sem nem perceber, nem sente o efeito.

— Ah... E você já...? – O mais novo ficou sem jeito de perguntar. Ele já viu Lucas beijar garotas meio “altas”, mas nunca pensou muito naquilo.

— Quê? Não! Eu só sou rato de festa, acabei aprendendo os truques. – Riu. – Mas juro que sou um bom menino. – Disse em tom de brincadeira.

Depois disso, a caixa foi esquecida num canto e a conversa fluiu, de assunto em assunto. Alguns interessantes, outros completamente aleatórios, mas Lucas arrumava um jeito de deixar todos engraçados.

Mesmo assim, a questão do licor ainda rondava sua mente.

 *

Assim que anoiteceu, Gabriel se viu indo para a cama. Se antes a hora de dormir era temida, agora era muito bem vinda, especialmente depois da tarde que ele teve... Sua mãe e Carlos o levaram para “passear”, o que durou praticamente toda a tarde. Shopping, parque, zoológico... Qualquer coisa que conseguissem pensar. Nesse meio tempo, ele acabou conhecendo o homem um pouco melhor, mas nada particularmente interessante.

Lucas foi junto no início, mas não falou muito e deu um jeito de se esquivar ainda no shopping, alegando que precisava mesmo ir para a casa do pai fazer um dever. Gabriel queria ter pensado numa desculpa também, mas precisou encarar todo o passeio. Enfim, ele mal podia esperar pela doce inconsciência, sem Carlos, sem sua mãe, sem seu namorado, sem André... Apenas o sono.

Mas é claro que isso não podia ser tão fácil assim...

Cansado?— A voz sarcástica soou e a figura sombria apareceu ao pé da cama.

— Um pouco. – Admitiu, se virando para encará-lo, mas permanecendo deitado.

— E como estão as coisas com seu namorado?— Enfatizou a última parte num tom que deixava claro se lembrar da última conversa.

—... Bem.

— Claro... Estamos monossilábicos hoje, não?— Alfinetou e Gabriel suspirou, sabendo que não dormiria até dar uma resposta decente.

— As coisas só estão... Estranhas. Está tudo normal, mas... Não sei, diferente?

A criatura apenas assentiu, parecendo se satisfazer com essa explicação embaralhada.

O silêncio dominou o quarto.

— Você não vai... Uh... Deitar? – Gabriel perguntou e se afastou, cedendo algum espaço na cama.

— Claro. – Seu sorriso se alargou, expondo as presas afiadas. — Mas e a tal “fidelidade”? — Zombou.

— Sem beijos. – O garoto deu de ombros e se virou de costas para ele, mas se aconchegou de qualquer forma. Isso não era considerado trair, era? Ao menos, ele repetiria para si mesmo que não.

Quando já estava, finalmente, quase dormindo, Gabriel sentiu o bicho-papão pousar uma de suas mãos em seu braço, acariciando levemente e tomando cuidado com as garras. Até que, de repente, a carícia parou.

— Por que tem um corte no seu braço?— Indagou contido, mas ainda dava para perceber certo aborrecimento em sua voz.

O garoto pensou em mentir, mas descartou a ideia. Nunca dava certo mentir para aquele ser mesmo... E a história do prego era meio ridícula, ele ainda não acreditava que deu certo com o professor.

— Tudo bem, fui eu que pedi.— O garoto tentou parecer o mais casual possível e sentiu o outro se sentar na cama, soando irritado.

Gabriel suspirou novamente e imitou o movimento, já pressentindo que não conseguiria dormir cedo essa noite...

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Hey!

Eu ainda tenho leitores?
Porque, sério, depois de sei lá quantos séculos sem postar, não culpo ninguém se não tiver!

Enfim, espero que tenha ficado bom, e que eu ainda saiba escrever depois de tanto tempo!

Qualquer erro ou parte mal escrita, só me avisar eu que ajeito!

Enfim, acho que essa é a hora que eu tento me explicar...

Vou começar pelo meu principal motivo: meu notebook estragou!

Sim, é triste, eu sei...

Enfim, é como se eu tivesse perdido tudo que já escrevi e algumas fanarts...
Deprimente.
Mas já superei!

Mas, se estou sem notebook, onde eu escrevi?
No computador do meu pai!
Tecnicamente, eu só posso usar para estudo... Mas não aguentei ficar tanto tempo sem dar as caras por aqui!

Enfim, mesmo que eu demore, e eu provavelmente vou, juro que termino essa história!

E agora o de praxe:

Fanart da Lhulhu!
(eu queria usar uma da Anna Carolina, mas eu meio que perdi nessa confusão...)
Enfim...

Valeu por ler até aqui!
E obrigado mesmo a todo mundo que ainda acompanha isso!
Espero que valha a pena!

Eu posso demorar para responder os comentários agora, mas eu vou, ok?

Agora melhor eu ir que eu devia estar estudando, não postando!
(como eu ainda não reprovei na escola?)

Bye!

E feliz primeiro de abril!

(p.s: eu ainda acho que ter terminado esse capítulo é mentira... Tá bom demais para ser verdade!)



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