Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 9
Segredo




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O quarto de Lucas tinha o cheiro masculino almiscarado de suor, naquele ambiente fechado, e estava bem desarrumado, haviam roupas usadas jogadas por cima dos móveis e no chão. Para surpresa de Teresa, lá estavam um cavalete e uma tela em branco, de dentro de uma maleta com tintas e pinceis, ele tirou um grafite.

— Onde você conseguiu um cavalete? – Teresa indagou. – Isso não cabe em uma mala.

— Um amigo me emprestou. – Explicou, abrindo as cortinas, enchendo o lugar com a tênue claridade do dia nublado. – Agora, como faremos? – Refletiu e tomou a decisão. - Deita na cama! – Ordenou, sem rodeios.

— Na cama? – Ela vacilou, sem coragem de se deitar na cama dele, ainda desfeita, com as marcas do seu corpo, começou a esticar as cobertas, para deixar aquela situação menos íntima.

— Não, deixe como está, fica mais natural assim. – Lucas protestou. - Solte o cabelo, tire os óculos e, apenas, deite-se. – Exigiu.

—Mas, não era para ser natural, a pessoal real. – Teresa o provocou, usando os argumentos deles.

— Querida, eu tenho certeza, que você não vai gostar de ser retratada assim, de óculos, para a posteridade. – Lucas ponderou e Teresa teve que concordar, fazendo o que ele lhe pediu.

— Agora, fique mais relaxada que puder, escolha uma posição confortável e pense em que você quiser, mas por favor, nada de fórmulas químicas. –Continuava a instruir. – Tem certeza, que não quer tirar as roupas? – Lucas tentou mais uma vez, com um sorrisinho travesso, mas ela sacudiu a cabeça em negação, achando graça da obstinação dele. – Posso usar minha imaginação.

— Não se atreva! – Teresa retrucou, veemente.

— Está bem, com roupa. – Lucas disse, resignado.

Teresa se deitou na cama, sentindo o cheiro de Lucas nos lençóis e no travesseiro, não conseguia relaxar, encontrar uma boa posição para os braços.

— Finja que está dormindo, pense em coisas relaxantes, que você gosta, Teresa – Orientou, ao perceber a tensão no corpo dela.

Assim, ela começou a imaginar coisas e situações que a relaxava, o mar, um campo verde, o céu azul, quase sonhando, pensou em Mathews, assim sua imaginação se desviou, de olhos fechados, sentiu ser beijada por uma desconhecida boca, beijos suaves, que desciam por seu pescoço, um roçar dos lábios quentes e macios, descendo até o seu mamilo, o beijando e acariciando o seu seio, continuava para baixo pela sua barriga até entre suas pernas, parou ali. Teresa podia fantasiar a sensação da boca e sua língua a roçando e beijando, sem perceber sua respiração ficou mais rápida, molhou seus lábios secos, com a ponta da língua e um calor subia nos meios das suas coxas apertadas.

Lucas a observava, fascinado, tentando captar aquela expressão do rosto de Teresa, por isso, sua mão trabalhava rápida, ficando o mais silencioso possível, para não quebrar o encanto do momento. Suspeitava quais seriam os pensamentos dela, podia ver os sinais nos mamilos eriçados, no rosto levemente corado, nas coxas apertadas e, quando, os lábios dela se entreabriram, ele teve um enorme desejo de se debruçar sobre ela e beijá-la, deitar sobre seu corpo e participar das suas fantasias, sentindo seu desejo latejante. E após algum tempo de extremo autocontrole, ele desceu o grafite.

— Pronto! – Anunciou.

— Já acabou? – Ela quis saber, já que foi tão rápido, levantou- se, ergueu os cabelos para se refrescar – Posso ver?

— Não, ainda é só um esbouço, como eu falei que pinto a maior parte de memória – Esclareceu, tirando a tela do cavalete, para impedi-la de ver. – Ninguém vê nada meu, antes de ficar pronto.

— Mas, se você vai embora, eu nunca saberei como ficou. – Teresa argumentava, tentando saciar sua curiosidade.

— Eu mando uma foto para você, quando ficar pronto. – Lucas encerrou o assunto. – Vou tomar um banho. – Comunicou, já que precisa se acalmar.

— Também, preciso de um. – Teresa confessou, pois, também, necessitava relaxar. – Ah, Lucas! Por favor, não conte a Mathews sobre o quadro, pelo menos, até estar pronto. – Pediu antes de sair do quarto.

— Pode deixar, Teresa. Será o nosso segredinho. – Concordou, com um sorriso de cumplicidade.

Lucas ficou o resto do dia enfurnado no seu quarto, pintando, trabalhando, freneticamente, para não se esquecer de nada, só saiu, no momento em que Teresa bateu na porta para lhe oferecer um sanduíche.

— Você ficou o dia inteiro naquele quarto, trabalhando. – Observou, enquanto comiam o sanduiche juntos.

— Sou compulsivo, quando começou, não paro. – Ele revelou, dando uma mordida no pão.

— Nisso, você e seu irmão se parecem. – Ela ressaltou, Lucas lhe devolveu um olhar de animosidade.

— Aliás, você tem falado com Mathews, Teresa? Alguma novidade? – Ele perguntou, de modo casual, contudo Teresa sentiu uma pontinha de ironia naquela pergunta.

— Nós nos falamos todos os dias, à noite, rapidamente. – Ela informou. – Mas, qual espécie de novidade ele teria?

— Nada. - Respondeu, dando de ombros, com dissimulada indiferença, Teresa achou melhor deixar para lá, não queria se envolver em brigas de família.

— O que vai fazer hoje, mais tarde? – Ela quis saber.

— Vou dar uma passada rápida na galeria. Não tenho nenhum plano para depois. – Considerou, sem muito interesse.

— Eu vou sair, mais tarde. Vou a uma apresentação da banda de um amigo. Gostaria de ir comigo? É sempre bom uma plateia cheia.

— Eu trabalhei muito hoje, acho que sair um pouco de casa seria uma boa ideia.

 A apresentação da banda de Dani foi no mesmo lugar, onde Mathews a pegou a primeira vez que saíram juntos, Teresa mal podia acreditar que já havia passado mais de um ano. Suas colegas estavam lá barulhentas e animadas, como sempre, e ficaram mais empolgadas, quando ela apresentou o irmão de Mathews, Lucas.

— Você é muito mais legal do que seu irmão! – Uma delas declarou para ele, durante o show, com a língua solta pela bebida, já que Mathews não era muito popular entre os amigos de Teresa.

— Obrigado, eu tento. – Lucas respondeu, com um sorriso maroto.

— Por favor! – Teresa reclamou. – Não fale assim do Mathews, ele, somente, não gosta de tumulto. – Defendendo o namorado.

— Não, Teresa, ele é um chato, depois que você começou a ficar com ele, quase nunca saiu à noite, se afastou da gente. – Outra amiga criticou.

— Não é bem assim. – Teresa tenta negar, apesar de saber que era tudo verdade.

Após a apresentação da sua banda, Dani se juntou a eles, começando uma conversa animada com Lucas, os dois gostavam das mesmas bandas, mas discordavam sobre futebol, sobre qual era o melhor time ou o melhor jogador. A noite foi divertida, com muita conversa, brincadeiras e risos, Teresa não podia negar que sentia falta disso.

Enfim, na madrugada, Lucas e Teresa voltaram para casa, ainda brincando, rindo, cantarolando as músicas que ouviram naquela noite, animados pela bebida, então assim que abriram a porta, Mathews surgiu no meio da sala escura e acendeu a luz.


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