Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 8
Lembranças




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Teresa tomou a decisão de não contar, por telefone, a Mathews sobre a visita do irmão dele e que Lucas estava hospedado no seu apartamento, pois considerava que seria melhor que os dois se encontrassem e resolvessem qualquer problema, pessoalmente, não queria ficar no meio dessa história.

Também, nos dois dias seguintes, nunca se encontrava com Lucas, já que quando ela acordava, ele estava dormindo, pois havia chegado de madrugada, e quando ela voltava da faculdade e do estágio, ele já não estava mais em casa.

Na sexta, Teresa encontrou, em cima da mesa, o prospecto da exposição de artes, da qual Lucas participaria, o nome dele estava ali escrito. Ela já prometera que iria, além de estar curiosa, sobre o tipo de artes que ele fazia.

Deste modo, assim que saiu do estágio, naquela tarde foi direto para galeria em um bairro nobre da cidade. O lugar era bastante espaçoso e, por estava bem cedo, o evento acabara de começar, porém havia um número razoável de pessoas, a maioria delas, amigos, familiares e convidados dos artistas. Como não conhecia ninguém, Teresa andou a esmo apreciando os trabalhos, a maioria esculturas, algumas bonitas e instigantes, outras bizarras e incompreensível, ao lado de cada uma delas, estava um cartão com o nome do artista e sua origem, o nome do trabalho, o um pequeno texto falando sobre o conceito que aquela obra representava. Nas paredes a sua volta, os quadros dos artistas estavam expostos, sem saber como seriam as obras de Lucas, procurou com atenção, um a um, até parar na frente de um enorme quadro de uma mulher de cores escuras e intensas, mas ao mesmo tempo belo e cheio de emoção, Teresa prendeu a respiração, quando leu no cartão ao lado os nomes de Lucas Bauner e do seu quadro Lembranças. Ela prestava atenção nos detalhes, da linda mulher nua sobre a cama, lânguida e sensual, o rosto na penumbra. Olhava para o lado, deixando suas feições mal definidas.

— Pintei de memória e usei muita imaginação. – Teresa ouviu, se virou assustada, pois estava distraída, encontrou Lucas parado ao seu lado, também, encarado o quadro.

— Nossa, Lucas! É lindo! Devo confessar, que não esperava por nada parecido – Ela falou com franqueza.

— Eu acho que isso foi um elogio. – Ele retrucou, com um sorriso amplo.

— Sim, com certeza, foi um elogio. Seu quadro é muito bonito. Parabéns! – Devolveu-lhe o sorriso.

— Obrigado, eu o acho o melhor de todos. Gosto dos meus outros quadros, mas esse é especial. – Lucas revelou.

— Por causa da modelo? – Teresa o instigou, intrigada.

— Também. – Lucas sorriu, enigmático. – Você não quer ver os outros quadros, são apenas mais dois? – Ele a guiou para mais adiante, onde outros dois quadros menores, estavam pendurados, eram mais dois nus, em um deles, uma mulher e no outro, um homem, ambos belos, mas nenhum tão expressivo quando o primeiro. – Antes, que você possa insinuar algo, ambos são meus amigos, não transei com nenhum deles. – Ele se defendeu, em tom de brincadeira.

— Eu não pensei nisso! – Teresa retrucou, fingindo-se ofendida, mas pegou a deixa – Então, você gosta de pintar nus?

— Sim, eu gosto, mas meus nus não são eróticos, os meus modelos estão em situações usuais e despidos de todas as suas máscaras e fantasias que a sociedades lhe impõem, só são pessoas comuns com suas imperfeições. – Lucas refletiu, indicando os quadros, Teresa observou que eles não pareciam nem um pouco sensuais. A mulher de meia-idade, fumava sentada com os braços apoiados sobre a mesa, pensativa, com seus seios caídos e algumas rugas de expressão, mesmo assim muito bela; já o homem, calvo e com uma barriguinha proeminente, cochilava, tranquilamente, em sua cama, parecia sonhar.

— Acho que você se daria bem com a minha mãe, com essas ideias sobre a sociedade. – Teresa brincou, já que sua mãe era psicóloga com fortes tendências socialistas. - Mas, ela não? – Ela o provocou, apontando para o quadro maior da mulher mais jovem. – Aquela modelo parece bem sensual, querendo seduzir seu observador.

— Como eu disse, aquele quadro em pintei de memória, era como eu me lembrava dela, pois já faz muito. – Ele revelou, sem dar muitas explicações, em seguida se virou para ela. – Teresa, eu gostaria de pintar você. – Teresa deu uma risada nervosa, pensando naquela situação.

— Não acho que seja uma boa ideia, Mathews não vai gostar que eu pose nua para você.

— Não precisa ser nua, apesar de eu achar que seria bem melhor, mas você pode ficar de roupa. Pense que, você estaria ajudando um pobre pintor. –Justificou, fazendo cara de coitado.

— Um pobre pintor que pertence a uma família rica, mas vou pensar no assunto – Teresa respondeu, com sarcasmos, um tanto tentada a aceitar aquele convite – Eu já vou, Lucas e parabéns pela exposição, mais uma vez, seus quadros são muito bonitos. – Estendeu a mão para um aperto. – A gente se vê lá em casa.

— Obrigado, Teresa, mas pense na minha proposta. – Ele insistiu mais uma vez, antes de Teresa ir embora.

O sábado amanheceu com uma fina e persistente chuva fina de outono, um convite para ficar no apartamento aquecido e confortável, por isso, Teresa fez café e o tomou, com torradas, sentou-se diante de seu computador, à mesa da sala, em frente da janela, assim podia ver o mundo lá fora e aproveitar a pouca luz natural, daquela manhã. Prendeu os cabelos e colocou os óculos para começar a estudar. Não sabia, por quanto tempo, ficou perdida em suas substâncias e cálculos, quando Lucas apareceu na sala, com cara de sono, despenteado, só de calça de moletom e descalço, colocando uma camiseta velha de uma extinta banda de rock inglesa.

— Bom dia. – Cumprimentou, Teresa ergueu a cabeça, assustada, pois não o esperava que ele acordasse àquela hora, já que devia ter chegado muito tarde, durante a madrugada.

— Bom dia, acordou cedo. – Teresa observou.

— Não consegui ficar mais na cama. – Admitiu, passando a mão no rosto, ainda sonolento. - Deve ser por causa da exposição.

— Como foi a exposição? – Ela quis saber, interessada.

— Boa, vendi alguns quadros. Depois sai para beber com alguns camaradas. – Respondeu, sem emoção.

— Aquele de nome Lembranças. – Teresa indagou, curiosa.

— Não, aquele não está à venda. – Lucas afirmou. - Tem alguma coisa para comer? – Mudou de assunto.

— Tem café e torradas na cozinha. - Ela ficou olhando, enquanto Lucas sumia pela porta da cozinha, pensando com dois irmãos podiam ser tão diferentes, logo em seguida, ele retornou com uma caneca de café, em uma das mãos, e uma torrada com geleia na outra.

— Você pensou na minha proposta? – Perguntou, sentando-se no sofá na frente dela.

— Mesmo que eu concordasse, como você iria me pintar, sem o material necessário.

— Eu tenho tudo, que preciso aqui comigo. Nunca viajo sem o meu material, porque pode aparecer uma boa oportunidade, como agora. Então, podemos começar imediatamente.

— Podemos, mas aonde? – Teresa não podia disfarçar um pouquinho de empolgação.

— No meu quarto, está tudo lá. Além disso, acho que Mathews não gostaria do tapete da sala manchado com tinta. – Ele deu um bom argumento, para o receio dela. – Vamos, pois assim posso aproveitar a luz do dia.

— Preciso mudar de roupa? – Ela quis saber, Lucas avaliou o short curto e a camiseta despojada.

— Não, você está ótima assim, Vamos!


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