Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 10
O inesperado




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— Mathews! – Exclamou Teresa, atônita com o inesperado encontro. – Eu pensei que você só regressaria na segunda. – A sua voz saiu falhada, mas sabia que não precisa se preocupar, afinal, não estavam fazendo nada de errado.

— Quis fazer uma surpresa para você, mas fui eu que tive uma. – O olhar dele era duro, porém sua voz estava tranquila, sem saber o que fazer, Teresa se apressou para abraçá-lo.

— Estava com tantas saudades! – Ela disse, com sinceridade, dando lhe um abraço apertado, que ele retribuiu com a mesma intensidade, porém sobre os ombros dela, Mathews continuava a encarar Lucas, que sustentava o olhar, ainda parado no mesmo lugar, na entrada da sala.

— Eu não sabia que Lucas estava aqui. – Mathews declarou, com frieza, era quase como uma acusação.

— Ele está exposto na cidade, por isso está hospedado aqui – Teresa se adiantou, já que Lucas não disse nada – Você precisa ver, Mathews, os quadros dele são incríveis – falou, empolgada, Mathews a afastou dele, delicadamente.

— Meu amor, você se importaria, se eu conversasse com meu irmão, por um minuto a sós? – Mathews pediu, a olhando com ternura.

— Claro que não me importo, vou para o quarto e espero você lá. – Deu um suave beijo nos lábios dele e se retirou, Mathews esperou até ter certeza que não seria ouvido por ela.

— O que você está fazendo aqui, Lucas? – A voz dele era baixa e calma, mas os olhos faiscavam de raiva.

— Não é assim que se cumprimenta um irmão, que não se vê há tanto tempo, Mathews. – Lucas respondeu, com sarcasmo.

— Pare com isso, Lucas! O que você veio fazer aqui? – Mathews foi enfático, sem mudar o tom.

— O que Teresa lhe contou, estou em uma exposição aqui na cidade, precisava de um lugar para ficar, sabia que estaria fora, Mathews. – Lucas mantinha o queixo erguido e a voz, desafiadoramente, firme. – Mas, não se preocupe, eu não disse nada a ela.

— Não tem o que dizer para Teresa. Ela é assunto só meu, mantenha-se longe disso. – Mathews tinha a voz inflexível e ameaçadora.

— Pode deixar, não vou fazer nada, mas Teresa merece saber a verdade. Ela é uma boa garota. – Lucas continuou no mesmo tom. – Porém, não sou eu que vou contar para ela. Não se preocupe, Mathews, estarei indo embora em poucos dias, você nem precisará me ver mais.

— Você fez isso só para me provocar. – Mathews acusou, entre os dentes. – Vir até aqui, ficar na minha casa, sem a minha autorização.

— Não, eu já respondi, que achei que você estaria em casa e o apartamento ficaria vazio, precisava de um lugar para ficar, não sabia nada sobre Teresa até encontrá-la aqui. Você a escondeu muito bem, Mathews. – Lucas reafirmou, em um tom irônico.

— Eu já disse que Teresa é um problema só meu, Lucas – a voz de Mathews saiu, tranquila e pausada, mas seus punhos estavam fechados, as unhas fincadas na pele da palma da mão, para não socar o irmão.

— Quer dizer que Teresa é um problema para você, Mathews? – Lucas replicou, com um sorriso cínico nos lábios.

— Você sabe que não foi isso que eu quis dizer. – Mathews retrucou, já perdendo a paciência – Vou para cama. – Deu a conversa como encerrada.

— Vá mesmo, pois seu belo problema está esperando por você, irmão. – Lucas falou com ironia, mas Mathews não respondeu, apenas lhe deu as costas e rumou para o quarto.

 Mathews abriu a porta com cuidado e entrou, silenciosamente, no quarto, desejando que Teresa já estivesse dormido, mas para sua surpresa, ela estava sentada na cama, com as pernas cruzadas em posição de lótus, com um conjunto de dormir de seda azul, o seu predileto, iluminada pela luz do abajur, o esperando.

— Eu pensei que você já estivesse dormindo. – Confessou, enquanto tirava suas roupas, se preparando para dormir.

— Mathews, por que você não me contou, que foi a empresa da sua família que comprou a indústria Saramego, não confiava em mim? – Teresa foi direto ao assunto, o encarando, sentindo-se magoada, ele sentou-se ao lado dela na cama.

— Eu não sei, talvez, por força do hábito, para me proteger, não sabia o que pensaria de mim. – Respondeu, dando de ombros.

— Mas, em todo esse ano que estamos juntos, você não percebeu que pode confiar em mim? – Ela questionou, em um tom de magoa.

— Claro que eu confio em você, Teresa. – Mathews acariciou o rosto dela com as pontas dos dedos, ele se sentia culpado por provocar aquela tristeza que via nos olhos dela. – Eu só não contei, porque fiquei com medo disso que está acontecendo agora, tinha medo de magoar e de achar que não eu não confio em você. Fiquei com medo de perdê-la. – Revelou. – Teresa, não sei do que seria da minha vida sem você – Segurando o rosto dela e lhe deu um suave beijo nos lábios.

— Eu não sei o que pensar, Mathews. – Teresa ainda estava confusa, deveria estar com raiva dele, porém não conseguia, lágrimas teimavam a escorrer pela sua face.

— Teresa, vamos esquecer isso. Se quiser eu entrego a minha declaração de imposto de renda para você ficar sabendo de tudo que me pertence, está bem? - Ele lhe deu um sorriso doce, limpando suas lágrimas com os polegares e derrubando as barreiras dela.

— Não é necessário, Mathews. – Ela lhe devolveu o sorriso.

— Então, nós fizemos as pazes? – Ele perguntou e Teresa assentiu com a cabeça. – Ótimo, porque não estava mais aguentando de vontade de beijar você. – Afirmou, descendo a alça da camiseta acariciando, suavemente, o pescoço e o ombro dela, enquanto a beijava.

Como prometeu, não encontraram mais com Lucas nos dois dias que se seguiram. Entretanto, Teresa não entendia aquela relação entre os dois irmãos, pois Mathews, também, parecia estranho, havia um a eletricidade do ar, como se a qualquer momento, algo de muito ruim pudesse acontecer.

Na terça, Teresa chegou um pouco mais cedo em casa, encontrou Lucas, segurando uma bolsa de viagem e com uma mochila nas costas.

— Você ia embora sem se despedir? – Teresa indagou, decepcionada.

— Não, ia deixar isso para você com o porteiro, para não correr o risco de cair nas mãos do meu irmão. – Disse lhe, entregando um envelope. – Aí tem o meu telefone e endereço, vou ficar algum tempo por aqui, na casa de amigos.

— Você vai ficar por aqui? – Teresa ficou surpresa.

— Sim, mudanças de ares. – Ele deu um sorriso travesso. - Seria legal, você aparecer para eu poder acabar o quadro.

— Pensei que você pintasse de memória. – Repetiu o que ele lhe falou, em tom jocoso.

— Eu pinto, mas com a modelo presente é muito melhor. – Confessou.

— Acho que Mathews não iria gostar, não quero mentir para ele. – Teresa estava dividida, mas não queria enganar o namorado.

— É só não contar para ele, por enquanto, não seria uma mentira, só omissão. Além do mais, você pode ter uma vida própria, sem autorização de Mathews. – Lucas argumentou e estava certo, não precisava pedir permissão para Mathews, já que não estaria fazendo nada de errado.

— Lucas, por que você e Mathews não se dão bem? – Teresa questionou, intrigada por tamanha discórdia entre os irmãos.

— Mathews é sempre o perfeito, o orgulho dos meus pais, que sempre esperaram o melhor dele e ele corresponde a todas as suas expectativas. Eles nunca me notavam, porque não conseguia fazer nada tão bem quanto Mathews. – Suspirou. – Estou virando um bebê chorão. – Deu um sorriso, que não chegou aos olhos. - Só não entendendo, como uma garota como você, está fazendo com um cara igual ao meu irmão, Teresa?

— Porque eu o amo e o vejo com outros olhos. – Ela foi sincera.

— Espero que você não se decepcione. – Desejou e antes de sair, deu beijo no rosto dela.

Naquela noite, Mathews retornou tarde para casa, Teresa já estava deitada lendo, ele entrou no quarto a se inclinou para beijá-la, ele tinha uma aparência abatida.

— Você chegou tarde. – Teresa observou, colocando o livro de lado, observando ele tirar a roupa.

— Problemas na empresa. – Respondeu, sem muitas explicações, entrando no banheiro.

— Lucas foi embora hoje. – Ela avisou, de modo casual.

— Ótimo – Mathews falou, através da água do chuveiro, voltando algum tempo depois, com uma toalha enrolada nos quadris.

— Eu sempre quis ter irmão, por isso, não entendo, porque você é seu irmão não se dão bem. – Questionou, Mathews deu um longo suspiro e sentando-se na cama ao lado dela, pensou por alguns segundos, organizado suas ideias e formulando o que falaria.

— Lucas sempre foi encantador, sedutor, o garotinho, bastava um sorriso todos se derretiam e perdoavam qualquer coisa que ele fizesse de errado. Enquanto, eu tinha que ouvir o dia inteiro, que deveria ser o exemplo para o meu irmão mais novo e como meus pais tinham expectativas quanto a mim, por ser o primogênito – Ele parou de falar, por um segundo, dando de ombros. – Então, eu me tornei um executivo, para cuidar dos interesses da família, enquanto Lucas pode brincar de artista.

— Mathews, eu tomei uma decisão. – Teresa revelou, passando a mão com suavidade da linha da mandíbula dele, sentindo sua barba macia e bem-cuidada. – Eu amo você e quero morar aqui, contigo. – Ele respondeu com um sorriso, inclinando para beijá-la, enquanto ela tirava a toalha dele.


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