Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 7
Revelações




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— Ok, e se eu disser algo bem pessoal sobre Mathews, algo que só você saberia, pode ser? – Ele sugeriu, Teresa pensou um pouco e assentiu com a cabeça – Deixe-me pensar.... Ah, já sei! Mathews uma mancha avermelhada na bunda do lado esquerdo – Revelou, com segurança, Teresa sabia que estava certo, relaxou um pouco.

— Mathews nunca me disse que tinha um irmão – Confessou, tonta, analisando o homem de cabelos escuros, quase pretos, mais alto e magro, porém com os mesmos olhos azuis de Mathews.

— Também, nunca soube que ele tinha uma namorada como você. Meu irmão subiu muito no meu conceito – Disse, dando um sorriso sarcástico – Qual é o seu nome?

— Teresa – Informou, depois, ela refletiu – Mathews sabia que você viria?

— Não.

— Então, você não poderia estar aqui, sem permissão, esse apartamento é da empresa Saramego. Como foi que você entrou? – Teresa voltou a ficar irritada, com a intromissão.

— Por isso mesmo, o apartamento é da Saramego, que, atualmente, pertence a B&B, que pertence a minha família, sendo assim eu sou dono disso aqui, também. Foi assim, que eu entrei. Pedi uma chave à administradora. – Explicou, calmamente.

— Como assim, sua família é dona da B&B? – Teresa estava atordoada, pois Mathews nunca havia contado isso para ela.

— B&B, Bauner & Bauner, a empresa fundada pelo meu avô e pelo irmão dele, que, atualmente, é presidida pelo meu pai e meu irmão será o seu sucessor, entendeu? - Aquela revelação foi um choque para Teresa, estava tão na cara e como ela não tinha percebido isso antes. – Estou vendo, que meu irmão nunca contou esse pequeno detalhe para você, mas Mathews é assim mesmo - Lucas observou, com ironia, dando de ombros - Você vai continuar apontando essa faca para mim? – Atônita, ela esqueceu que ainda estava com a faca na mão e a abaixou, imediatamente – Assim é bem melhor. Estou com fome, você estava fazendo o jantar? – Perguntou, atrevido - Onde está Mathews?

— Viajou para casa – Teresa respondeu, ainda meio zonza - Como você não me ouviu chegar? – Interrogou, intrigada.

— Eu estava dormindo, foi uma longa viagem até aqui – Lucas respondeu, ela percebeu que devia ser verdade, devido cabelos despenteados e os olhos ainda inchados pelo sono - Ah! Posso ajudá-la a preparar o jantar? Sou um bom ajudante de cozinha - Confidenciou, já se dirigindo para a cozinha, ela o seguiu, o observando mexer em tudo – Belos filés que você tem aqui e uma bonita salada. O que você quer que eu faça?

— Corte os tomates – Ordenou, no piloto automático - Por que Mathews nunca me contou, que a empresa da sua família havia comprado a Saramego?

— Porque Mathews é assim mesmo, não gosta muito de conversar sobre negócios, talvez, não se orgulhe muito do que faz – Lucas falou, dando de ombros, enquanto cortava os tomates, com despreza.

— E o que ele faz? - Teresa sentia-se espantada com aquelas revelações.

— Ele compra uma empresa, descobre os seus pontos fracos, reestrutura e canibaliza, fica só com a marca, o produto final vem de países com mão de obra mais baratas.

— Então, ele vai desmontar a Saramego, ela é uma das indústrias farmacêuticas mais antigas dessa região, emprega muita gente por aqui? - Ela ficou indignada com aquela história.

— Se ele achar que ela é pouco lucrativa, vai. Mathews é um leão, um caçador, quando captura sua presa, ele só deixa os ossos – Lucas continuava a revelar, calmamente, enquanto acabava de cortar os tomates.

— E você, como entra nisso? – Teresa o instigou, provocadora, no mesmo tempo, que acabava de cortar as cebolas.

— Eu não entro. Os negócios não são para mim. Sou um artista, por isso, uma espécie de ovelha negra da família – Lucas confessou, então Teresa o olhou, desafiadora, nos mesmos olhos azuis semelhantes aos do irmão, imaginando, que poderia ser tudo mentira, como poderia deixar um completo estranho, que apareceu do nada, falar mal do seu homem daquele jeito e ela acreditar, sem duvidar.

— Por que Mathews nunca falou sobre você? – Teresa o interrogou, altiva, enquanto arrumava a pequena mesa da cozinha para o jantar, sem se preocupar com formalidades, Lucas a observava encostado no batente da porta, displicentemente, os cabelos escuros despenteados, descalço, sem camisa, calça jeans baixa, deixando entrever o elástico da cueca de uma marca famosa, parecendo não se importar com isso.

— Deixe eu adivinhar, Mathews fala sobre alguém da nossa família, nossa mãe ou nosso pai? – Lucas indagou, de um jeito petulante.

— Não. – Respondeu, depois de alguns instantes vasculhando suas memórias.

— Foi o que eu pensei. – Ele replicou, cheio de si – Ele nunca fala nada sobre a família ou sobre si mesmo, não é assim? – Teresa, que acabava de levar os pratos à mesa, o encarou, sabia que ele falava a verdade.

— Sente-se, vamos jantar, mas antes coloque uma camisa! – Ela solicitou, autoritária; sem discutir, ele saiu e voltou pouco tempo depois, vestindo uma camisa surrada de um time de futebol alemão e sentou-se na frente dela, começando a se servirem, em silêncio.

— Depois do jantar, eu vou embora daqui, poderá ficar com o apartamento todinho para você. – Teresa revelou, enquanto comiam.

— Não, senhora – Lucas balançou a cabeça em negativa. – Não quero aguentar o meu irmão, depois que ele voltar e achar que expulsei a namorada dele daqui. Olha, Teresa, esse apartamento é bem grande para nós dois, eu fico no quarto de hóspede e, suponho, que somos suficientemente civilizados, para conviver juntos por alguns dias.

— Está bem, acho que posso fazer isso. – Concordou, continuaram em silêncio por mais algum tempo.

— Não tem nada para beber aqui? – Lucas levantou, com impaciência, começou a abrir os armários.

— Tem vinho no frigobar na sala. – Teresa informou, um pouco assustada, com aquela agitação repentina, pois Lucas parecia um animal enjaulado, então ele saiu e voltou, abrindo uma garrafa, olhou em volta.

— Os copos estão no armário em cima da pia. – Adivinhou seus pensamentos, ele pegou dois, serviu um e colocou na frente dela, sem perguntar, depois, serviu-se.

— Você não se parece com seu irmão. – Teresa observou, enquanto tomava um gole de vinho, pensando em Mathews sempre tão contido e seguro.

— Não, felizmente, não me pareço com Mathews. – Ele concordou e tomou um longo gole da sua taça.

— Você disse que é artista, mas qual tipo de arte? – Teresa estava curiosa.

— Eu pinto, aliás, é por isso que estou aqui, haverá uma exposição de grupos de artistas, na próxima semana, e eu foi convidado para participar, a inauguração será na sexta. – Declarou, com uma pontinha de orgulhoso.

— Muito legal! – Teresa ficou, realmente, empolgada. – Uma exposição! Eu adoro! Porque você não avisou Mathews, tenho certeza que ele faria questão de ir.

— Eu acho que não, você vê o meu irmão de uma forma muito melhor do que ele é, Teresa. - Lucas falou, de uma maneira triste.

— Mas, ele é uma pessoa especial. – Teresa retrucou, com firmeza.

— Pelo menos, ele acha isso dele mesmo. Sempre foi o queridinho, o menino perfeito, fazendo de tudo para deixar nossos pais satisfeitos e orgulhos, enquanto eu, como já falei, sou a ovelha negra, o rebelde, aquele que todos esperam o pior. – Admitiu, abatido, esvaziando o seu copo e o enchendo, outra vez.

— Eu sei que irmãos são assim mesmo, pelo menos, eu acho que sejam assim, porque sou filha única, mas, há sempre uma certa competição entre eles – Teresa filosofou. – Mas, eu estou muito curiosa para ver seu trabalho, Lucas, se você quiser me convidar, eu irei a sua exposição.

— Se você quiser ir. – Respondeu, como se não ligasse, dando de ombros. - E você, Teresa, o que faz, além de ser namorada do meu irmão?

— Faço faculdade de farmácia e faço estágio na Saramego, no setor de pesquisa, sendo assim, você me encontrará poucas vezes em casa. – Teresa informou.

— Estou impressionado! Você não é do tipo que Mathews costumava namorar. Vocês se conheceram na empresa?

— Não foi na rua, temos um esbarrão, eu derrubei o café dele. – Teresa relembrou essa história, com um sorrisinho de felicidade, depois percebeu o que Lucas afirmou - Como assim? – Quis saber, confusa. – Como eu não sou do tipo que ele costuma namorar?

— Só não é. – Ele deu de ombros – Você é legal e parece ser muito inteligente.

— As outras namoradas dele não eram assim? – Ela indagou, intrigada.

— Não, a maioria eram muito bonitas, não que você não seja, Teresa, mas eram esplendorosas, capas de revistas e modelos, depois, ele parou, quando... – Lucas interrompeu por segundo. – E, de repente, você, que parece um ser humano de verdade, foi por isso que disse que meu irmão subiu no meu conceito. – Explicou, Teresa sorriu, achando aquela história engraçada, deveria ser alguma brincadeira.


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