Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 19
Por trás da parede




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— Você, realmente, não se importa, que eu vá para o hotel com meus pais, não é mesmo, meu querido Mathews? – Evelyn perguntou, no momento em que seguia de braços dados com ele, em direção ao carro, que a levaria de volta para o hotel, onde estava hospedada com o restante de sua família – Afinal, em dois dias, dormiremos juntos o resto das nossas vidas.

— Não me importo nem um pouco, minha querida. Eu entendo a sua posição e a dos seus pais. – Mathews respondeu, compreensivo, a ajudando a entrar no carro e lhe dando um suave beijo nos lábios de despedida, porque, na verdade, queria ficar sozinho, naquela noite. Quando o carro partiu, retornou de volta à casa, alguns empregados, que trabalharam naquela noite, faziam a limpeza do lugar, enquanto sua mãe passava orientações.

— O coquetel estava excelente, mãe. Obrigado por tudo. – Mathews agradeceu, dando que um beijo no rosto.

— Não tem de que, meu querido. Afinal, é o casamento do meu filho mais velho, e fico feliz que os pais de Evelyn tenham concordado em nos deixar fazer a cerimônia aqui, em nossa casa. – Disse Lilian, pois assim poderia realizar o sonho de ver seu filho casando na casa, que pertencia a família por tantas gerações.

— Por falar em filho, a casa está cheia de parentes hospedados, onde é que você acomodou a namorada de Lucas? – Ele quis saber, de um modo casual.

— Ah, Lucas! Sempre imprevisível e cheio de surpresas! Não esperávamos que ele trouxesse alguém, assim, hospedamos Teresa no quarto dele. Afinal, não somos tão antiquados, assim para não imaginarmos, que eles já não durmam juntos. – Lilian admitiu, com um sorriso gentil, como se lembrasse das travessuras do seu filho mais novo, sem perceber o esforço que o seu filho mais velho fazia para manter a face de imparcialidade.

Teresa saiu do banheiro, onde havia colocado seus pijamas, encontrou Lucas já vestindo uma camiseta e calça de moletom velhas, deitado na cama, sobre as cobertas, com as mãos debaixo da cabeça, parecendo relaxado e, estranhamente, feliz consigo mesmo, ela se atirou na cama, sentando-se ao lado dele.

— Dia duro. – Observou Lucas, olhando para ela, impassível.

— Muito. – Reconheceu Teresa. – Várias vezes, tive vontade de sair correndo daqui e voltar para casa.

— Qual casa? – Lucas a instigou. – Para a sua com Mathews? – Ela o espreitou, pelo comentário maldoso, contudo reconheceu que ele estava certo, não tinha para onde voltar, não podia retornar para a casa em que morou com Mathews, nem para o apartamento que dividia com as amigas, porque perdera sua vaga.

— Você tem razão, eu não tenho mais nenhuma casa para voltar. – Concordou, com pesar. – Minha vida toda mudou do dia para noite.

— Psiii! – Lucas sinalizou para Teresa fazer silêncio, que o interrogou com o olhar. – Mathews entrou no quarto dele. – Comunicou, então na calada da noite, ouviu através da parede, os sons dos movimentos do quarto ao lado. Ela podia imaginá-lo, tirando sua roupa com cuidado, indo para o banheiro, talvez, tomasse banho, água morna caindo pelo seu corpo, sentiu o seu coração apertar, mas, subitamente, ouviu a terra tremer abaixo dela.

— Lucas, o que está fazendo? – Ela indagou, perplexa, quando Lucas pulava como uma criança em cima da cama.

— Irritando o meu irmão, quero que ele fique acordado, imaginando o que está acontecendo do outro lado da parede. – Lucas respondeu, com um sorriso travesso.

— Imaginando o que? – Ela não entendeu por um segundo. – Não acredito! – Exclamou, indignada, quando percebeu a intenção dele, pulando sobre o colchão fazendo a cama ranger, ritmada – Você quer ele pense que estamos transando! Pare com isso, Lucas! – Teresa fingiu–se enraivecida, jogando um travesseiro em cima dele.

— Não posso parar agora, senão o que ele vai pensar de mim? Que só foi uma rapidinha? – Ele continuou, se divertindo.

— Pare agora, Lucas! – Ela exigiu, batendo com o travesseiro nele.

— Não, eu tenho uma reputação a preservar. – Ele brincava, continuando a pular sobre o colchão, cada vez mais rápido. Teresa bateu nele, outra vez, porém Lucas reagiu pegou seu travesseiro e começou a bater nela também, assim começaram uma guerra de travesseiro, às gargalhadas.

Mathews saiu do banheiro, se enxugando, apesar das paredes espessas da casa antiga, não conseguia ignorar o ranger ritmado da cama do quarto ao lado, seguido dos risos, não podia acreditar que Teresa e Lucas eram amantes. Talvez, ela só tivesse fazendo isso, apenas por vingança depois que descobriu que iria casar. Mas se aquilo começou antes? Quando seu irmão se hospedou na sua casa? Evelyn falou do quadro que Lucas pintou de Teresa, Mathews precisava vê-lo, porém agora não podia ficar naquele lugar, ouvindo o que se passava no quarto ao lado, colocou o roupão e saiu.

— Chega, Lucas! Para! Eu não aguento mais! – Teresa pediu, ofegante, caída sobre a cama, tentando se proteger com os braços na frente do rosto, enquanto estava sendo massacrada pelo travesseiro de Lucas, ajoelhando ao seu lado.

— Desiste? – Ele perguntou, quase sem folego.

— Desisto! Por favor, pare! – Ele parou o travesseiro no ar antes do derradeiro golpe e se jogou ao lado dela na cama, os dois cansados e ofegantes, seus corações batendo apressados, com as mãos sobre as barrigas que doía de tanto rirem, os rostos a alguns centímetros um do outro, podiam sentir as suas respirações quentes, olhos nos olhos, era só um leve impulso e seus lábios se tocariam, mas Teresa se viu naqueles olhos azuis.

— Estou morrendo de sede. –Teresa declarou, afastando-se depressa, antes do iminente desfecho daquela situação, depois de uma pequena pausa, quebrando o clima.

— Vamos até a cozinha, podemos assaltar a geladeira. – Lucas levantou, desiludido, em um pulo.

— Mas, eu estou de pijamas. – Teresa ponderou, não sentiria nada à vontade, se fosse pega por alguém da família deles, andando pela casa vestida assim.

— Eu, também, estou de pijamas, mas se você vai se sentir melhor. – Ele abriu armário e pegou um roupão. – Tome, vista isso. – Teresa obedeceu, o roupão ficou enorme, com as mangas cobrindo suas mãos, por isso, teve que enrolá-las. Andaram, furtivos, pela casa mergulhada na penumbra e silenciosa, desceram pelas escadas e até chegarem a cozinha.

— Esse é o melhor lugar da casa, principalmente, a essa hora da noite, podemos bancar os ratinhos e assaltar o que sobrou da festa. Acho que ainda tem torta na geladeira – Lucas falou baixinho para Teresa, procurando interruptor e acendendo a luz.

— Não a torta está aqui. – Uma voz gélida saiu da escuridão da cozinha, os dois deram um pulo de susto, quando a luz iluminou Mathews sentado à mesa.


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