Corações Partidos(Segredos e Mentiras) escrita por calivillas


Capítulo 18
Corações feridos




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— Por que está aqui, Teresa? – Mathews perguntou com a voz soturna, sem coragem de encará-la.

— Porque está muito quente e barulhento lá dentro, por isso vim me refrescar um pouco aqui fora. – Ela respondeu, com cinismo.

— Você sabe o que eu quero dizer, Teresa. – Insistiu, deixando transparecer que não havia gostado daquela resposta.

— Você quer a verdade! Eu precisava ver com meus próprios olhos, olhar você de frente, na sua cara, e saber o que você teria a me dizer, porque me enganou assim – Teresa respondeu, sem disfarçar a animosidade na sua voz, Mathews continuava a encarar o vazio. – Por favor, olhe para mim, Mathews, e diga que tudo que houve entre nós foi uma grande mentira! - Ela exigiu, com a voz dura, andando mais um passo na direção dele.

— Não há mais nada para se dizer, Teresa. – Ele se virou para encará-la, com o olhar vazio. - Eu só posso sentir muito, por ter dado a você, falsas expectativas e pela maneira que descobriu tudo. Não foi como eu esperava que acontecesse. – A voz de Mathews era fria como gelo e cortava coração de Teresa, já bastante ferido, como uma faca. – Agora, que você ouviu o que queria, volte para casa e esqueça tudo isso.

— Eu não vou voltar, Mathews. Vou ficar bem aqui, até o fim dessa história, como uma pedra no seu sapato, incomodando, não deixando você esquecer da minha existência. – Teresa disse, entre os dentes, cheia de raiva. Naquele momento, queria esbofeteá-lo, feri-lo, como ele estava fazendo com ela, mas havia prometido a Lucas que não haveria escândalo. – Você sabe como nós, latinos, temos o sangue quente, simplesmente, não conseguiria me virar e volta para a nossa casa, como se nada tivesse acontecido, mas não se preocupe, não farei nenhuma cena dramática ou escândalo. - Deu um meio sorriso de deboche, enquanto ele mantinha os olhos fixos nela. – Também, pode ficar tranquilo, pois não pretendo esfaqueá-lo, de madrugada, enquanto dorme.

O silêncio se interpôs entre eles como uma muralha de sentimentos reprimidos.

— Finalmente, achei você, Mathews! – Evelyn surgiu, através da porta, um tanto agitada, parando, surpreendida, ao ver Teresa ali. - Estamos procurando por você em todos os lugares.

— Desculpe, Evelyn, a culpa foi minha, eu o prendi aqui, Mathews estava me contando a história dessa casa – Teresa mentiu, sorrindo com uma falsa simpatia.

— Ah! – Evelyn pareceu acreditar, pelo menos, não contestou. – Mathews, seus e meus pais querem começar os brindes e as fotos, por isso precisamos da sua presença. -  Explicou, Mathews assentiu, dando o braço a sua noiva.

— Boa noite, Teresa. – Ele se despediu, formalmente, mas ela não respondeu.

— Você não vem? – Evelyn quis saber de Teresa.

— Em um minuto, só vou fumar um cigarro – Teresa se desculpou, mentindo, porque não fumava, pois sabia que não podia aguentar toda aquela encenação.

— Claro. – Evelyn respondeu, compreensiva, entrando pelo salão, encontraram com Lucas procurando por Teresa. – Ela está lá fora, fumando, na varanda. – Informou, antes que ele perguntasse, arrastando Mathews para o meio do salão, onde seriam feitos os brindes e os agradecimentos.

Assim, que o casal saiu, Teresa sentou-se em um banco, sem coragem de voltar para dentro para a festa, foi lá que Lucas a encontrou.

— Você falou com ele? – Ele a questionou, sentando-se ao seu lado, puxando o maço de cigarro, ofereceu a ela. Teresa assentiu com a cabeça, o fitando desolada.

— Não, obrigada, eu não fumo.

— Eu sei. – Pegou um cigarro e acendeu. – A conversa foi muito ruim? – Ela sacudiu a cabeça afirmativamente. - Você quer ir embora? Podemos ir embora, hoje mesmo se quiser – ele sugeriu, já que ficar ali seria muito pior para ela.

— Não, eu quero que ele me veja aqui, todos os dias até o casamento. Quero que ele se lembre o que fez comigo – Ela confessou, cheia de rancor.

— Para que? Você só vai sofrer, porque Mathews não se importa. Ele não se importa com ninguém, só consigo mesmo. – Lucas ponderou, mas Teresa estava resolvida a permanecer ali.

— Não, eu quero ficar – Reiterou.

— Quer voltar lá para dentro? – Ele quis saber.

— Não, quero dar uma volta pelo jardim.

— Mas, está escuro – Lucas observou.

— Eu não tenho medo de escuro. – Teresa afirmou, se levantando.

Alguns caminhos do jardim estavam iluminados por tochas acesas, e foi por eles que Lucas e Teresa seguiram. A brisa fresca da noite fazia a pele dela arrepiar, ele percebeu, tirou o paletó e colocou sobre os seus ombros, para aquecê-la.

— Obrigada – Teresa agradeceu, sensibilizada - Por que você odeia o seu irmão? – Indagou, curiosa, de como aquela história começou.

— Eu não odeio o meu irmão! – Lucas exclamou, dissimulado – Eu só não gosto dele. – Teresa o encarou, descrente – Está bem! Eu o odeio. – Ele admitiu.

— Mas, isso não é só rivalidade entre irmãos? – Ela insistiu. – O que houve de tão grave assim?

— O que houve? Você quer mesmo saber? – Lucas questionou, Teresa assentiu – Foi a mulher do quadro que você viu. – Prosseguiu.

— Lembrança. – Teresa confirmou, Lucas concordou com a cabeça.

— Ela foi minha amiga por muitos anos, estudávamos juntos, sempre fui apaixonado por ela, só esperava uma chance, que aconteceu durante uma festa, finalmente, me declarei. Para minha surpresa, ela falou que também gostava de mim, então começamos a namorar. Um dia, eu a trouxe para conhecer meus pais e ao Mathews. Nessa época, não éramos os melhores amigos, mas nos dávamos, razoavelmente, bem. Ele até me incentivou a falar o que eu sentia para ela. – Lucas fez uma pausa.

— E aí? – Teresa o provocou.

— E aí, Mathews resolveu conquistá-la. Ele tinha mais dinheiro e experiência do que eu, era mais velho. Eu não sei, exatamente, o que aconteceu, estava viajando na época, mas imagino que deve ter começado com simples convites para jantar para se conhecerem melhor, depois, vieram presentes, joias, viagens, e ela se apaixonou por ele e me deixou – Concluiu, melancólico.

— E o que aconteceu com ele, depois? – Teresa estava intrigada.

— Ele se cansou dela e a abandonou. -  Lucas finalizou, apressadamente. – Quando eu o confrontei, perguntando o porquê tinha feito isso comigo, ele, simplesmente, respondeu que ela não era a mulher certa para mim.

— Não acredito, que Mathews seja assim tão sórdido. – Teresa estava chocada.

— Não acredita, Teresa? Olhe o que ele fez com você. – Lucas respondeu, olhando nos olhos dela, ficaram assim frente-a-frente, por algum tempo, até ele falar. - Vamos voltar a festa, já deve estar acabando.


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