Sempre que chegava ao final do expediente, estava ela novamente no escritório do seu patrão e também melhor amigo! Todos os dias Kurenai ficava até mais tarde conversando com Minato, tentando ser pra ele a melhor amiga que pudesse. Ela conhecia toda a história de vida do Namikaze, e tudo que ele tinha passado e sofrido durante sua vida, ela fora no passado uma grande amiga de kushina, Mebuki e também dele! Sempre atenciosa escutava suas queixas, tentando estar presente em sua vida sempre, e o aconselhava como podia, sabia das lutas que Minato e kushina enfrentaram para poderem ficar juntos, já que a família dele não a aceitava por causa da classe social, os pais dele nem mesmo aprovavam as amizades de Minato na época.
Agora, ela era o braço direito dele dentro e fora da empresa; Para Minato, Kurenai era uma irmã mais nova pela qual tinha um grande carinho, uma amiga que sempre se preocupava com seu bem estar; entretanto, para ela ele significava muito mais, mais do que queria e mais do que ele deveria significar; Quando sua melhor amiga Kushina dissera que o amava a anos atrás, ela sofreu muito mas não deixou sua tristeza transparecer, sorriu feliz pelos dois, ainda que seu coração estivesse em pedaços! Nunca havia falado sobre seus verdadeiros sentimentos com ninguém, e nunca os revelaria; Depois de alguns anos ela precisou ir embora de Konoha, triste por te que se separar dos amigos; Mas sua irmã mais velha estava doente e precisava dela e dos pais. Kurenai só reencontrou Minato anos mais tarde, foi só então que ela soube tudo que tinha acontecido, sobre o que ele fizera, sobre o bebê, e a morte de Kushina; Havia ficado completamente abalada com a notícia, afinal Kushina era sua amiga. Viu nos olhos do homem que amava a dor da culpa que tinha em seus olhos, e o arrependimento, mas principalmente o medo! Ficou ao lado dele por horas a fio tentando secar suas lágrimas, fez o que estava ao seu alcance para animá-lo e tentou convencê-lo de voltar a Konoha e tomar para si seu filho... Mas este foi um dos conselhos que ele não escutou por se achar novo demais na época e ter medo da grande responsabilidade de criar um filho. Quando se arrependeu de não tê-la ouvido, já era tarde.
Mesmo agora, depois de tanto tempo ela ainda o amava de todo o coração,... Não esperava receber nada em troca, até porque Minato jamais desconfiou dos sentimentos dela; Podia ser um gênio nos negócios, porém era completamente tapado no quesito amor; Mas apenas poder vê-lo todos os dias já era um motivo de grande felicidade para ela. O que sentia era algo muito forte e puro, um sentimento que nutria secretamente, e que se dependesse dela levaria consigo para o túmulo. Não tinha direito de ficar com o homem que sua melhor amiga mais amou na vida, e pelo qual sofreu tanto; Que tipo de amiga seria se fizesse isso?!.
Naquela noite estava sentada de frente a ele em seu escritório, tomando o chá que havia preparado para ambos, ele estava sentado com os cotovelos apoiados em sua mesa e com as duas mãos entrelaçadas frente ao queixo, nem havia tocado no chá, estava muito calado, com pensamentos distantes e continha um olhar mergulhado em tristeza:

— Não vai tomar seu chá?! Fiz do que você mais gosta... — Disse tentando animá-lo — Pelo menos tente beber um pouquinho, vai fazer bem pra você!

Ele continuou com o olhar fixo, como se não tivesse ouvido nada:

— Minato? — chamou, mas ele parecia muito longe dali — Senhor Minato? — Chamou novamente com o tom da voz pouco mais elevada, o viu desviar os olhos para ela de forma calma. — está se sentindo bem? — Perguntou preocupada, o viu lançar um sorriso fraco em sua direção.

— Desculpe, eu estou bem... só ... estou um pouco cansado — respondeu com a voz baixa e desanimada, ele pegou a xícara da mesa e tomou um pouco do chá — Obrigado. Está ótimo como sempre! — sorriu.

— Fala comigo, o que foi? Está preocupado com Naruto?

— estou sim — respondeu com um suspiro.

— Você ainda não disse nada?— Perguntou delicadamente.

— Como eu poderia?! — respondeu de volta com a voz baixa e colocou a xícara novamente sobre a mesa.

— A semelhança entre vocês dois é incrível, não vai demorar para ele desconfiar de alguma coisa.

— É verdade!

— Quando vai contar a ele?

— Sinceramente não sei, tenho medo do ódio que ele possa vir a sentir por mim! Preciso de mais tempo, quero conquistar a confiança dele aos poucos.

— Não se preocupe tanto, ele parece ser um bom rapaz! Acredito que vá perdoa-lo!

— É o que eu mais quero! Esse também não seria um bom momento pra contar a verdade, mesmo se eu quisesse.

— Por quê?

— Naruto não está em uma fase muito boa!

— Algum problema com ele?

— Bom parece... que ele é apaixonado por uma moça, mas ela o enganou. Naruto tenta não demostrar e evita ao máximo falar sobre o assunto, mas eu sei que ele está sofrendo. — Respondeu com pesar.

— Entendo!

— O pior é que essa moça é ninguém menos do que a filha herdeira de Hiashi Hyuuga. — Disse sério.

— Hyuuga? — Olhou para ele espantada — Mas ela não tem um casamento marcado com o Filho mais velho de Yoshiro?

— Sim, ela mesmo! Eu não sei muito sobre o que realmente houve entre Naruto e essa moça mas... você já deve imaginar, sendo ela filha de quem é.

— sim. Hiashi é um crápula ganancioso e arrogante, se acha melhor do que qualquer pessoa somente pelo prestígio de viver na alta sociedade.

— É, os Hyuuga são exatamente como eram os meus pais! — Respondeu em amargura —Parece que Naruto está repetindo minha história com Kushina, mas com os papéis trocados! Não quero isso pro meu filho Kurenai. — Concluiu triste.

— Ele ainda é muito jovem, vai encontrar alguém que o mereça, o tempo vai ajudá-lo. Não fique tão preocupado.— Sorriu.

Minato devolveu o sorriso e fixou seus olhos aos dela, permanecendo assim em silêncio por alguns instantes.
Um pouco desconcertada com o olhar dele, Kurenai abaixou a cabeça e colocou parte de algumas mechas do cabelo atrás da orelha, devolveu a xícara no lugar e permaneceu com as mãos por cima da mesa entrelaçando-as e brincando com seus dedos para esconder o nervosismo, logo mudou de assunto:

— A...acabo de me lembrar que não te agradeci. — Disse ainda com a cabeça baixa.

— Pelo quê? — perguntou um pouco confuso, sem perceber o nervosismo dela.

— Pela... Promoção que deu a Shion como secretária pessoal.

Minato sorriu respondendo :

— Não precisa agradecer! Sua sobrinha é muito inteligente, e é uma excelente profissional, foi um mérito dela. É uma jovem admirável, você a criou muito bem.

— Obrigada!— agradeceu voltando a olhá-lo um pouco sem graça.

— Acredito que não deve ter sido nada fácil criá-la sozinha, sendo tão nova.

— Ela tem um gênio um pouquinho difícil às vezes — Sorriu — mas tem um bom coração e é um amor de pessoa; Minha irmã a confiou aos meus pais antes de morrer, mas depois da morte deles também, precisei ser forte por nós duas!

— E quanto ao pai dela?

— Eu... Não sei quem é o pai da Shion; Minha irmã nunca quis dizer a ninguém, disse que não valia a pena. Ela dizia que ele sabia sobre a gravidez, mas nunca procurou por ela e não iria assumir.

— Que bom que ela tem você!

— Shion era tão pequena, tão frágil , a vejo muito mais que a uma sobrinha, é a filha que nunca tive. — respondeu orgulhosa.

Minato esboçou um sorriso sincero:

— Te admiro por isso Kurenai. Você é uma mulher incrivelmente bondosa, e tem um coração muito puro. — disse carinhoso colocando sua mão sobre as dela que ainda estavam sobre a mesa. — Além de ser muito bonita.

Sentiu seu coração bater mais forte dentro do peito e sua face esquentar ficando com um tom levemente rubro apenas por ouvir aquelas palavras e sentir o toque macio e quente da mão dele sobre as suas.

— obrigada! — Respondeu com a cabeça baixa sem ter coragem de olhá-lo nos olhos . Ela retirou as mãos debaixo da dele devagar e voltou a segurar a xícara com ambas as mãos para tentar disfarçar, elas tremiam e estava cada vez mais difícil controlar seu nervosismo, ficou com receio de ele conseguir ouvir as batidas do seu coração, era sempre assim quando ele se aproximava um pouco a mais.

— Você está bem? — perguntou Minato Vendo a xícara tremer nas mãos dela.

— S...si...sim! Só estou com um pouco de frio. — Respondeu amaldiçoando-se pela resposta ridícula.

Minato pegou o controle da gaveta e desligou o ar condicionado do escritório.

— Melhorou? — Perguntou.

Kurenai riu, “ Tão lindo, mas tão bobo” pensou.

— do que está rindo? — Perguntou confuso, em meio sorriso.

— Não é nada, melhorou sim obrigada!

— Acha que Shion gostou da promoção?— Disse Minato retomando o assunto.

— Claro, acredito que sim por que não?

— Bom, a tirei da recepção e como ela é muito amiga da Tenten e adora ficar lá em baixo conversando com ela... Talvez não tenha gostado muito.

— De recepcionista a secretária pessoal do novo executivo financeiro?! — Disse docemente sorrindo em brincadeira — Só se minha sobrinha for muito boba para rejeitar algo assim. Posso dizer o contrário!

— Como assim?

— Shion pareceu animada com o novo cargo! Pra ela é uma ótima oportunidade para um crescimento profissional.

— Que bom, fico feliz! Mas de todo modo se ela falar qualquer coisa pra você que não está gostando, por favor me avise! Eu a volto para o cargo de recepcionista e contrato uma nova secretária para o Naruto.

— aviso sim! Acha que ele vai conseguir exercer o cargo sem o treinamento?

Minato sorriu levantou-se da cadeira e andando até a janela respondeu em seguida:

— Vai sim. Ele é extremamente inteligente e tem muita capacidade. — seu rosto ficou mais sério em seguida — preciso ensinar tudo o que eu puder o mais depressa possível, como meu único herdeiro ele precisa aprender tudo que seja relacionado a empresa — acrescentou em tom mais baixo — não tenho muito tempo.

— O que quer dizer com isso? — Perguntou Kurenai, confusa.

Minato virou-se para ela e deu um sorriso triste:

— Nada! Não é nada de mais, não se preocupe. — respondeu olhando o relógio do pulso logo em seguida — Bom está ficando tarde, vamos? Levo você em casa.

— Não precisa se incomodar me levando em casa todos os dias Minato, — Respondeu ela se levantando — posso ir de táxi.

— De maneira alguma — negou com a cabeça — faço questão de levá-la, você me faz companhia todos os dias depois do expediente, seria muito injusto da minha parte deixá-la ir de táxi não acha? Então eu te levo.

— mas...

— Sem mas... Não seja teimosa — Disse e andando até a porta do escritório a abriu indicando com um gesto para que ela passasse primeiro — Vamos? — sorriu.

Kurenai sorriu um pouco tímida.

— está bem então, como o senhor quiser.

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Já eram 06:00 da manhã, passara a noite toda em claro e estava mais nervosa a cada minuto que se passava, Hinata não conseguia mais dormir desde que soubera da gravidez. Seus pensamentos estavam a mil, pensava em tudo que Ino lhe dissera, claro que sua amiga estava certa; Sabia muito bem que era loucura e uma verdadeira idiotice fazer o que planejou, mas o medo era maior do que qualquer coisa! Yahiko acreditaria nela se dissesse que estava grávida dele depois do casamento? Claro que não, ele era inteligente, não cairia nessa, desconfiaria na hora. O que faria então?! Contaria ao Naruto?! Não, não poderia fazer isso, ele voltaria para Konoha assim que soubesse, tentaria enfrentar Hiashi e Yoshiro, e sabe-se lá o que Hiashi faria com ele, ou com o bebê! Com certeza seu pai a forçaria fazer um aborto; Ele era capaz de qualquer coisa para manter a imagem da empresa e do sobrenome Hyuuga! Mas Ino também estava certa, Naruto tem o direito de saber sobre a criança, afinal é filho dele; Ele também jamais a perdoaria se ela escondesse algo tão importante; E se fugisse?! Se procurasse por ele? ... Também não, Hiashi faria Hanabi se casar com Yahiko no lugar dela, e não se importaria com o fato de ela ser apenas uma criança! Também a irmã mais nova amava a vida que tinha; seria injusta se a envolvesse em seus problemas. Se sentia com os pés e mãos atadas. Quanto mais pensava mais sentia seu estômago embrulhar; A única saída que encontrava era dizer a verdade ao Yahiko, e torcer para que ele não contasse nada aos pais dele ou a Hiashi sobre isso, poderia confiar nele?!... Não seria pedir demais?!... Afinal hinata já era noiva dele, quando se deitou com Naruto. Yahiko assumiria um filho que não era seu? Claro que não, Por que o faria?! Ela só o maltratou desde o momento em que o conheceu, por que iria ajudá-la?. Todas aquelas perguntas rodeavam sua mente sem parar e isso fez com que ela se sentisse mais enjoada, desceu da cama as pressas e correu para o banheiro do seu quarto, jogou um pouco de água no rosto, com a esperança que o enjoo parasse. Não adiantando muito resolveu tomar um banho rápido, despiu-se e ligou a ducha deixando a água morna cair sobre a cabeça e seu corpo; Mesmo no banho sua mente não a deixava em paz, não conseguia parar de pensar como seria sua vida dali em diante; Yahiko voltaria da viagem de negócios com o pai naquele dia, e no dia seguinte já seria o casamento deles! O que mais se via, eram pessoas de um lado para o outro terminando os preparativos finais no enorme jardim da mansão. Por decisão de Yoshiro e Hiashi, acharam mais confortável fazer o casamento ali mesmo; “ Claro, seria muita hipocrisia marcar em uma igreja diante de Deus, um casamento sem amor, e por completos interesses financeiros!!” Era o que ela pensava. Nem ao menos sabia quem havia sido convidado e tampouco se importava mas imaginava ser apenas as pessoas chatas e falsas que tinham tanto carácter quanto o pai. Ela precisava decidir o que faria antes de Yahiko chegar; seguiria a diante com seu plano?! Ou arriscaria contando a verdade como Ino aconselhou?! O que iria fazer?!
Quando terminou o banho, sentiu-se um pouco melhor, ainda estava com o estômago pouco embrulhado, mas pelo menos o enjoo forte tinha a deixado em paz por enquanto; vestiu um vestido lilás simples e confortável, penteou os cabelos deixando-os soltos e molhados mesmo, saiu do quarto e desceu para dar uma volta no jardim.
Enquanto caminhava via todo o verde do gramado e das árvores misturadas com aquelas cores de flores diversas dentro de jarros de vidro, sendo colocados sobre as mesas forradas com tecido em cetim nas cores branco e vinho, o vento trazia para si o perfume doce e delicado daquelas flores, avistou o enorme tapete vermelho de veludo que estava próximo a piscina, o espaço era separado apenas por uma passarela desenhada com aros repletos de rosas brancas, e o longo tapete se estendia até onde deveria ser o altar que ainda estava sendo trabalhado por algumas pessoas. Hinata não se importava com nada do que via, nem mesmo estava interessada em saber... Só estava caminhando e tentando aliviar a mente ou esquecer um pouco seus problemas, porém logo percebeu que aquilo não daria certo, pelo menos não ali onde seria a fonte do início de seu maior pesadelo; Já estava ficando impaciente, pois a todo momento algumas das pessoas que ali trabalhavam na decoração olhavam para ela com um sorriso enorme no rosto e desejavam felicidades desde já pelo casamento, todos sabiam que era ela a noiva e para não ser má educada hinata apenas esboçava um sorriso fraco e dizia um “obrigada” quase inaudível e sem um pingo de ânimo, afinal aquelas pessoas não tinham culpa da droga que era sua vida! Escorou-se em uma árvore, pouco mais distante de todos que ali estavam.
Pensava em como estaria feliz se tudo aquilo fosse pra ela e Naruto. Como ele fazia falta em sua vida; sentia saudades de ouvir a voz dele dizendo que a amava, saudades do olhar carinhoso que ele tinha sempre que falava com ela, do toque suave dele em seu rosto, do carinho que ele adorava fazer em seus cabelos, do seu beijo, não conseguia por um segundo se quer esquecê-lo; Tentava não pensar, mas era impossível, Naruto estava em seu coração e não conseguia arrancá-lo de lá por mais que quisesse, por mais que tentasse. Ele fazia parte dela e agora mais do que nunca, pois uma prova do amor que sentiam crescia a cada dia mais dentro de si. O medo a invadia quando pensava na possibilidade de ele esquecê-la, de encontrar outra pessoa que tomasse seu lugar; Não queria que isso acontecesse, pois não saberia suportar; Sabia que estava sendo egoísta e que ele merecia ser feliz, porém só de pensar nele com uma outra mulher sentiu uma angústia profunda, um nó na garganta se formara e um desespero imediato tomou conta do seu coração; Sentiu seus olhos sendo inundados por lágrimas aos poucos. Todas as lembranças felizes que vivera ao lado de Naruto vieram em sua mente e sorriu em meio ao sofrimento com a recordação do jantar armado pela Sakura e Sasuke, o quanto ele tinha ficado vermelho e envergonhado, o quanto ela o achou lindo com aquele jeitinho sem graça e tímido. A partir daquela noite tudo que havia vivido com ele fora um sonho perfeito, Naruto era tudo que ela sempre almejara na vida; amor verdadeiro, sincero e sem interesses hipócritas.
Ele tinha mudado tanto por ela, mudara sua timidez, sua falta de jeito, se tornara mais confiante, mais alegre, tudo por ela. Naruto havia se tornado tudo que qualquer mulher sonha encontrar em um homem, era atencioso, inteligente, carinhoso, bonito, romântico, sincero, fiel, amoroso, protetor; Entretanto ela estragara tudo, e o perdeu como uma idiota. Se odiava por ser incapaz de tentar lutar contra tudo e contra todos por ele; Temia muito, e era muito covarde para tentar enfrentar o poderoso Hiashi Hyuuga, ou qualquer outro. E por essa covardia estava pagando! Gostaria de saber se Naruto pensava nela, ou se sentia sua falta da mesma maneira que ela sentia a dele.

— Hina?!

Ouviu a voz de Hanabi atrás dela e enxugou as lágrimas antes de se virar, para que a irmã não percebesse.

— O que foi Hanabi?! — perguntou ainda de costas com a voz um pouco baixa, enquanto passava as mãos nos olhos.

— Nada, só achei estranho você acordada a essa hora em um sábado! Ainda mais aqui no jardim.— Disse pouco desconfiada.

Hinata virou-se e sorriu para disfarçar respondendo:

— Estava sem sono! Só quis dar uma volta, tomar um ar fresco. Já não deveria ter ido para seu curso? — Perguntou.

— Sim, mas o papai pediu pra você ir falar com ele e me mandou chamá-la. Yahiko acabou de chegar e está com ele no escritório. Ele quer que você vá até lá — Respondeu e se aproximando rapidamente deu um beijo carinhoso no rosto da irmã, dizendo enquanto se afastava correndo — a gente se vê mais tarde!

Hinata respirou fundo, e caminhou em direção a porta de sua casa.

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— Aposto que sei o que você está pensando!

— Como pode saber?!

— te conheço muito mais do que você imagina! — Respondeu Sai; Ino estava deitada no sofá de sua casa, com a cabeça apoiada no colo do namorado. E desde que ele havia chegado não tinham conversado muito, estava calada e pensativa.

— tanto assim é? — Sorriu.

— sim – Respondeu de forma séria. — Provavelmente você está pensando na Hinata, nos problemas da Hinata, na vida triste da Hinata, no casamento da Hinata, nos sentimentos da Hinata e tudo que tem relação com sua amiga Hinata!!!

— É, me conhece mesmo. Queria poder fazer alguma coisa por ela — suspirou fundo — Minha amiga sofre tanto, que acabo sofrendo junto, ela vive um pesadelo atrás do outro; O casamento já é amanhã e hinata deve estar com os nervos a flor da pele sem saber o que fazer; Aliás, vou vê-la daqui a pouco. Quer ir comigo? — Perguntou.

— Não! Eu não quero. — Respondeu ríspido.

Ino levantou-se do colo dele e se sentou, olhou-o bem nos olhos, estranhando a forma com que ele a respondera:

— É impressão minha ou eu ouvi uma nota de desapontamento? — Disse.

— Você não ouviu uma nota Ino, ouviu uma sinfonia inteira. — Respondeu zangado. — você já pensou em deixar a Hinata resolver os próprios problemas um pouco sozinha?

— Do que está falando? Sabe que ela é minha melhor amiga, e está em uma situação muito complicada, muito difícil mesmo; não é uma brincadeira Sai, que tipo de amiga eu seria se não a ajudasse?

— Ajudar é uma coisa, querer resolver os problemas dela é outra.

— Não estou resolvendo os problemas dela, estou apenas a aconselhando, e acredite ela nem sempre me ouve.

— Corrigindo, ela não valoriza o que você faz por ela.

— Sai, o que você está querendo dizer com tudo isso hein?! — Respondeu chateada. — Você nunca falou dessa maneira! O que foi?

Ele se levantou do sofá e respirou fundo para se acalmar, antes de responder:

— Ino você é uma excelente amiga eu sei disso, e hinata também sabe mas... Não percebe que eu sinto sua falta?! Será que ... Sei lá, não dá pra parar de pensar um pouco nela e pensar um pouco na gente?

— Não entendi! O que tem a gente? Há alguma coisa errada?

— Qual foi a última vez que tivemos um tempo juntos? Que saímos pra nos divertir? Que tivemos um tempo só pra nós dois?

— Nós estamos só nós dois agora! Eu estou com você agora não estou?! — Respondeu sem entender direito o que significava todo aquele drama.

— Não você não está! Seu corpo está aqui, mas sua cabeça está lá nos problemas da sua amiga! — Disse enquanto a olhava seriamente — Quero a minha namorada de corpo e alma presente comigo!

— Mas nós estamos juntos todos os dias.

— No colégio? Não acha que mereço mais do que isso Ino?! — perguntou e continuou dizendo cada vez mais frustrado — Depois que a Hinata voltou para Konoha e se envolveu nessa confusão com Naruto, e sei lá mais o quê... Estou sem saber se ainda tenho uma namorada ou só uma colega de classe.

— Só pode estar brincando né?! Está com ciúmes da Hinata Sai? É sério isso?— Respondeu em meio sorriso achando graça.

— Não é bem ciúmes a palavra Ino, eu respeito a amizade de vocês, acho uma amizade muito bonita. Mas não quero ficar sendo jogado pra escanteio. Sempre que quero sair com você, te ver, ou mesmo passar um tempinho ao seu lado, sempre me diz que não pode porque está ajudando a hinata com alguma coisa, com algum problema dela! Me responde então, eu ainda sou seu namorado ou só um colega?— perguntou chateado.

— Sai — começou a dizer séria, e levantando-se do sofá continuou — Já te falei da situação que ela se encontra, deveria tentar compreender. Sou a única amiga que Hinata tem, a única com quem ela pode contar; ela precisa de mim.

— eu também preciso de você! — Respondeu com o tom de voz mais baixo.

— nunca te abandonei.

— não? minha mãe até me perguntou se ainda estávamos juntos; Nem mesmo me procura ou sequer me liga! Só nos vemos quando eu te procuro! Me sinto deixado de lado.

— Eu sei que ando um pouco ausente pra você nos últimos dias mas...

— nos últimos meses Ino! — Corrigiu Sai.

— okay, tudo bem; nos últimos meses — concordou — E eu sinto muito mesmo por isso, mas acho que está sendo um pouquinho egoísta...

— Egoísta?! É sério? — interrompeu-a com um sorriso amargurado prosseguindo logo depois — Ino eu pensei muito enquanto vinha pra cá, e entendo que é difícil toda essa situação da hinata, sei que como amiga quer ajudá-la, mas... — Parou um pouco antes de continuar e pegou a chave do carro que estava na mesinha do centro da sala, se virando para ela em seguida, prosseguiu — como acha que eu me sinto? Se quando quero estar ao seu lado não posso?! Se está sempre distante de mim?! Nem nos beijamos mais e quando finalmente estamos só nós dois você fica calada com sua mente nos problemas ... — deixou a frase morrer com um suspiro — Eu te amo Ino, sou louco por você! Sabe disso, mas, acho que talvez você deva rever um pouco o conceito do nosso relacionamento; Precisa decidir o que eu realmente significo pra você!

— Como assim? — perguntou com medo da resposta. Sentiu os olhos arderem com as lágrimas que chegavam — não acredito que está querendo que eu escolha entre você e minha melhor amiga isso não existe!

— Não! Eu não disse isso!, De maneira alguma tem que escolher..., não entenda errado Ino — Respondeu rapidamente — Eu só quero que você encontre um jeito de me incluir na sua vida também! quero ficar ao seu lado, quero que falemos sobre nós dois, sobre nossos planos, nosso futuro ... quero que tenhamos um tempo só nosso, é tão difícil assim entender?! — Parou e ficou em silêncio por alguns momentos olhando para ela —Eu amo você, mas assim está muito ruim pra mim, não consigo mais... não dá.

— Então Por que nunca me falou que se sentia assim?

— porque eu não queria magoar você, tentei ser paciente o máximo que pude e entendi seu lado como amiga dela, só que cheguei ao meu limite Ino, me desculpe. — Ele se aproximou de Ino e depositou um beijo em sua testa. Virou-se e andou devagar em direção a porta para sair, mas parou ao ouvi-la dizer:

— Espera! — Disse com a voz embargada e os olhos marejados pelas lágrimas — então está... Terminando comigo? Acabou?

— Não — Respondeu triste e sem se virar para ela continuou — Só estou te dando um tempo para conseguir me colocar na sua vida da forma correta.

— Você faz parte da minha vida! Sempre fez.

— Eu não me sinto assim Ino! — respondeu virando-se para ela com a feição triste — Não quero ter que continuar mendigando um pouco da sua atenção. Quando você puder ter um tempo pra mim, um tempo só pra nós, um que você esteja presente de corpo e alma, por favor me procure! Vou esperar por você, só peço que não demore muito. Nós só estamos dando um tempo, só isso. Mande lembranças a Hinata por mim! — Ele virou-se abriu a porta e saiu.

Ino sentou-se novamente no sofá, sentindo algumas lágrimas descerem por sua face! Na cabeça dela mesmo que ele tenha dito que não, o que Sai estava dizendo era realmente para ela escolher entre a melhor amiga e ele. Sabia que ele estava certo de certa forma, não tirava a sua razão, mas não achava que isso seria para tanto, a ponto de darem tempo no namoro. Ultimamente realmente têm ficado mais tempo com a amiga, porém isso não significava que ela o tinha deixado para escanteio. Nunca imaginou que isso o estava afetando tanto, até porque ele realmente jamais mencionara nada, sentia-se péssima, tentou tanto ajudar Hinata que se esqueceu dela e Sai. Claro que Ino o amava e muito, deveria ela parar com a proteção a Hinata e cuidar de si um pouco? Mas justamente no momento mais difícil da vida de sua amiga?!

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Hinata bateu na porta do escritório do pai, e entrou caminhando em direção aos dois, viu Hiashi sentado de frente a Yahiko com uma feição radiante em alegria, de certa forma era estranho ver seu pai rindo. Assim que Yahiko a viu, levantou-se de onde estava se aproximou e pegou em sua mão dando -lhe um beijo carinhoso no rosto em seguida.

Hiashi levantou-se e se aproximou deles animado :

— Ah, que bom que já veio. Tenho uma surpresa para vocês dois, por isso eu os chamei. Vou buscar e já volto, esperem aqui...— disse sorrindo e se retirando do escritório deixando-os a sós.
Hinata sentiu um frio na barriga e certa ansiedade, pois ainda não sabia o que iria fazer, nem sabia como deveria tratá-lo, Yahiko estava ali diante dela olhando-a tão intensamente que se sentiu deslocada.

— Como você está hinata?— perguntou, mesmo correndo risco de receber uma resposta nada educada como sempre.

— Bem, obrigada! E você como foi a viagem com seu pai? — Perguntou tentando disfarçar a ansiedade.

— um pouco cansativa, mas correu tudo bem. — Respondeu surpreso.

— Foram para onde mesmo?

— Londres, resolver alguns assuntos da empresa.

— ah sim, é claro a... empresa... — sorriu um pouco nervosa — Deu tudo certo?

— Sim! — Ele respondeu olhando-a com certa desconfiança.

— Que bom! E seus pais não vieram com você?

— Não, provavelmente chegarão hoje a noite, eles iam esperar pelo meu irmão, que também virá.

— seu irmão?

— Sim, meu irmão mais novo.

— Eu não sabia que você tinha um, qual é o nome dele?

— Nagato. — respondeu.

—diferente. — Sorriu nervosa.

Yahiko estava estranhando muito o comportamento dela, hinata nunca perguntava nada sobre ele ou sua família, e até o momento ela ainda não tinha sido hostil ou má educada como sempre fazia e nem mesmo desviou quando ele lhe dera um beijo no rosto. Se tinha uma coisa que ele nunca deixava passar despercebido eram comportamentos, e aquele comportamento gentil e amigável não era o que hinata usava quando se tratava dele, mas ainda assim achou melhor não comentar nada sobre o assunto, pois gostou muito do tom de voz cuidadoso e suave que ela estava usando para conversar com ele, e não queria estragar isso, afinal talvez ainda tivesse alguma chance de conseguir conquistá-la.

— Está muito bonita com o cabelo assim!— comentou olhando-a com um sorriso sincero.

Hinata levou a mão no cabelo ainda úmido e o ajeitou, sorrindo um pouco sem graça.

— Eu...fiquei com preguiça de secá-lo! — disse timidamente.

— fica linda de qualquer jeito Hinata.

— Obrigada! — Agradeceu com a voz tão baixa que quase não se ouviu.

A porta do escritório se abriu e Hiashi entrou com a mesma feição alegre que saíra, trazia consigo um envelope fechado. Ele se aproximou e estendeu o envelope para os dois.

— Este é o meu presente de casamento para vocês, espero que gostem. — Disse sorrindo. — Peguem por favor, podem abrir.

Yahiko segurou o envelope um pouco receoso, e o abriu lentamente retirando dali um documento.

— Uma escritura? — Perguntou ele.

— Sim, essa é a escritura da casa que eu comprei pra vocês dois!

Os dois se entreolharam escandalizados.

— Fico muito agradecido mas... será que não exagerou um pouco? O valor dessa casa é absurdamente alto e seremos só a Hinata e eu.

— O valor é o de menos Yahiko, isso não é um exagero! Minha filha e você merecem e podem ter do melhor, então porque não usufruir?! Vão começar uma nova vida juntos afinal e provavelmente também vão ter filhos um dia não é?!

Hinata sentiu seu corpo inteiro gelar ao ouvir isso.

— bom, e...eu na...não sei quanto a isso.— gaguejou Yahiko sentindo-se um pouco desconfortável com a pergunta.

— Claro que terão, ainda são muito jovens... então quero meus netos sendo criados em uma casa grande, bonita e muito confortável.

— Não posso aceitar, senhor Hyuuga. É demais. — Respondeu ele, estendendo de volta o documento.

— Não vou discutir com você sobre isso, eu já assinei toda papelada, não tem devolução, e não aceito recusas, é de vocês! — confirmou sem pegar o envelope novamente.

Yahiko respirou fundo e apenas disse:

— Tudo bem então, como quiser. Agradeço senhor Hyuuga foi uma bela surpresa! — Respondeu tentando disfarçar o descontentamento.

— Não acabou — Disse Hiashi e indo em direção a sua mesa, abriu uma das gavetas retirando de lá duas passagens, estendeu-a para que Hinata pegasse.

Ela segurou as passagens sem ânimo algum:

— Duas passagens para Florença, Itália... — Disse ela — pra quê?

— Bom esse presente não é meu, é dos pais de Yahiko eles pediram para que eu entregasse a vocês. — Respondeu— Uma viagem de lua de mel, vocês ficarão hospedados no hotel Four Season. Já até fizeram a reserva, é um dos hotéis mais belos da Itália. Você vai adorar filha, é realmente lindo.— Concluiu animado.
Hinata não estava dando a mínima importância para nada daquilo, estava se sentindo sufocada com toda aquela conversa.

— Se você está dizendo... — respondeu desanimada entregando as passagens para Yahiko — Não estou me sentindo bem, se era só isso pai, então... Com licença! — Disse e sem olhar para trás foi até a porta e saiu do escritório, deixando Hiashi descontente com sua atitude, e Yahiko sem saber o que fazer.

Quase desmaiou de alívio ao ver- se sozinha em seu quarto outra vez, hinata se jogou na cama e por alguns instantes ficou deitada imóvel, não estava nem aí para aquela casa que ganhara, ou viagem alguma... A única coisa que queria era sumir, ao mesmo tempo se perguntava por que fora tão amável com Yahiko?!... Talvez fosse por se sentir culpada pelo que pensava fazer;
Deslizou as mãos carinhosamente sobre a própria barriga, naquele segundo tomou uma decisão; Naruto e ela teriam um filho e juntos ficariam; Sentiu o impulso forte de jogar tudo pro alto e viver sua felicidade, estava frustrada com a vida que tinha, e como se não aguentasse mais, sem pensar e sem se importar com consequência alguma, surgiu uma coragem que não sabia que tinha, sentou-se na cama e pegou o telefone que ficava ao lado da cabeceira já discando o número...

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— Você é um ingrato, cadê sua consideração comigo? Quer que eu morra de vez é?! Mal se mudou e já está agindo dessa maneira?

— Madrinha, já pedi desculpas.

— Isso não é o bastante, eu fiquei preocupada. Fiquei com medo que tivesse acontecido alguma coisa. E você prometeu que me ligaria assim que chegasse aí! Se queria me matar do coração quase conseguiu.

— Eu cheguei cansado, logo dormi e no outro dia bem cedo já estava aqui conhecendo a empresa.

— Isso não é desculpa, poderia muito bem ter me ligado, ou se não quisesse falar comigo poderia ter telefonado pro seu padrinho ou pra Sakura.

— Não diga bobagens é claro que eu queria falar com a senhora. — Respondeu rindo.

Naruto estava no celular a quase 15 minutos ouvindo Mebuki brigar por ele não ter telefonado quando chegou. Estava sentado onde agora era seu local de trabalho, estava no seu próprio escritório, mal acreditava nisso, iria demorar a se acostumar com esse título ao qual Minato tanto lhe confiava. Ele sorria gentilmente enquanto ouvia as broncas de Mebuki, estava ali a tão pouco tempo mas já sentia uma grande saudade da sua família, nunca tinha ouvido sua madrinha tão histérica, já estava até sem saber o que dizer.

— sinto muito mesmo, prometo que não vai mais acontecer! Te ligarei sempre que eu tiver um tempinho.

— mesmo? filho fico com o coração na mão aqui.

— prometo sim, não precisa se preocupar eu estou muito bem.

— A Sakura também vai te dar uns puxões de orelha, também deixou ela e seu padrinho preocupados.

— Tudo bem, eu vou ligar pra eles depois. Onde a Sakura está?

— Onde mais?

— Na casa do Sasuke?!

— Sim! Bom, não vou mais atrapalhar você no trabalho, ligue pra conversarmos direito quando puder sem eu precisar ficar brigando com você!

— Pode deixar!

— Se cuida querido.

— A senhora também.

Desligou o celular e colocou sobre a mesa, ainda sorria pelas histerias de Mebuki. Definitivamente Sakura tinha a quem puxar.
Ouviu alguém bater na porta:

— Pode entrar — disse meio sem jeito

— Com licença — Respondeu Shion entrando com várias pastas e documentos empilhadas nas mãos.

Naruto levantou-se de imediato e foi até ela para ajudar. Pegou todas as pastas que ela carregava e colocou-as na mesa.

— Podia ter me pedido pra trazer para você — Disse ele gentilmente — Não precisava carregar tudo isso sozinha.

— é que esse é o meu trabalho agora! E o senhor é como se fosse meu chefe então... não poderia pedir algo assim.

— Senhor???!!! Disse ele.

Naruto fez uma careta esquisita como se tivesse comido algo azedo, e Shion não pôde conter o riso.

— é, senhor! — Respondeu ainda sorrindo.

— Olha, ... Shion não é?!

— Sim senhor!

— Então... Shion, posso até me acostumar com o cargo e as funções mas, esse negócio de “senhor”... Me sinto um pouco estranho, eu não sou assim tão mais velho do que você, então... — sorriu coçando atrás da cabeça como de costume ao ficar constrangido — me chame só de Naruto tá bom?

— bom, posso tentar se... — Interrompeu-se — digo, Naruto.

— Obrigado! — Agradeceu, e voltou a atenção as pastas que colocou em cima da sua mesa. Pegou uma e abriu.

— Ahn,. Shion? — falou confuso ainda com os olhos no papel.

— Sim?

— Esses são os arquivos que Minato pediu pra você me trazer?

— São, ele pediu que você analisasse as últimas contabilidades da semana e todas as outras que foram feitas no último mês, parece que as contas não estavam batendo. Alguma coisa errada?

Naruto folheou mais alguns documentos de outras pastas e olhou pra ela um pouco sem graça dizendo em tom cuidadoso:

— É que... Bom, alguns desses arquivos são do departamento pessoal.

— mesmo? — Perguntou indo até os documentos e olhando algumas das pastas — não acredito que misturei tudo! devo ser a garota mais idiota do planeta, quem mistura pessoal com financeiro?! — Falou como se brigasse consigo mesma.

— Não precisa ficar assim, tudo bem eu te ajudo a separar as pastas.

— Não, por favor esse foi um erro meu. — Ela o olhou envergonhada — me desculpe por isso senhor, é que estou aprendendo a função agora, eu era apenas uma recepcionista, tem muitas coisas que ainda não sei.

— Então somos dois! — Sorriu Naruto — Não precisa ser tão dura consigo mesma Shion, ninguém entra em um novo cargo sabendo tudo... Existem muitas coisas que não sei também, mas vou aprender, tenho certeza que você também vai!

— Não está zangado senhor Uzumaki? — Perguntou — Olha, pode me dar uma bronca eu mereço, afinal isso vai atrasar seu trabalho.

— Claro que não estou zangado Shion, só por causa disso?; essas coisas acontecem. — Disse — Mas vou realmente te dar uma bronca se não parar de me chamar de Senhor. — Brincou ele com um sorriso .

Shion sorriu também:

— Desculpe!

Ele a olhou bem nos olhos e por alguns breves segundos pensou ter visto a hinata ali, os olhos de Shion eram quase iguais aos dela, e até o jeito meigo e gentil também o fazia se lembrar de Hinata; não que ele a tivesse esquecido, o que mais queria naquele momento de sua vida era realmente esquecê-la, quando viu Shion da primeira vez não tinha percebido a semelhança e até julgou ela ter olhado para ele de forma atrevida, o que era muito diferente de como shion o estava olhando agora, será que era imaginação?! Será que não poderia nem trabalhar sem se lembrar dela?! Prometeu a Minato que não deixaria aquele assunto atrapalhar seu trabalho ou estudos, mas com uma garota tão parecida com a mulher que amava ali trabalhando com ele seria mais difícil manter seu foco.

— Naruto?

Assustou-se com a voz de shion o chamando:

— Desculpe, eu... Me distraí.

Duas batidas foram ouvidas e logo Minato entrou na sala.

— Bom dia Shion — cumprimentou-a gentilmente.

— Bom dia Senhor Namikaze! — Respondeu.

— Naruto, teremos uma reunião agora com alguns acionistas e preciso que você esteja presente, pode me acompanhar?

— Sim, claro. — Respondeu colocando a pasta que segurava de volta na mesa.

— Tudo bem se eu ficar aqui para começar a separar os arquivos Naruto? — perguntou Shion.

— sim, sem problemas. — Respondeu gentilmente.

— Obrigada.

— Então vamos?

Naruto afirmou com um aceno de cabeça e saiu da sala com Minato deixando shion organizando as pastas misturadas. Sorriu sozinha ao lembrar do jeito do seu novo chefe, ele era bem diferente do que pensava, e céus como era lindo, e aqueles olhos azuis eram tão hipnotizantes, o charme que via no sorriso dele era perfeito, suspirou fundo e achou melhor parar de ficar sonhando acordada, começando a organizar os documentos. Levou um susto com o barulho de um telefone que tocava, procurou e viu que não era o da empresa e sim de um celular; Ficou um pouco na dúvida, não sabia se deveria atender ou não, aquele deveria ser o celular pessoal do Naruto, talvez fosse melhor não! Mas e se fosse algo importante? Era função dela passar recados a ele em sua ausência, sua tia lhe dissera isso. Pegou o celular e atendeu:

— Alô? — não obteve resposta — Oi? Tem alguém aí? — Perguntou de novo. Depois de alguns segundos ouviu a voz suave de uma moça.

— Desculpe o incômodo... Mas esse telefone é do Naruto? Uzumaki Naruto?

— Sim! É que ele saiu e esqueceu o celular. Quem deseja? — Perguntou já com a caneta e o papel para anotar o recado. Houve um silêncio e depois ouviu o barulho da linha cair.

— Alô? Moça?!

— Que estranho — falou — Será que eu fiz algo errado? — perguntou para si mesma com receio.

Saiu da sala e seguiu pelo corredor, foi até onde agora ficava, e avistou Kurenai em sua mesa digitando algo no computador.

— Tia? — Chamou se aproximando.

— Sim querida? — Respondeu sem tirar os olhos da tela.

— Estou com uma dúvida.

— Sobre o quê?

— Minha função é como a sua não é?

— Sim.

— Então eu atendo qualquer telefonema que seja para o Naruto anoto recados, marco compromissos essas coisas certo?

— Sim meu anjo.

— E... também posso atender o celular pessoal?

Kurenai parou de digitar e olhou para sobrinha seriamente.

— Não, isso jamais! Já não seriam assuntos relacionados a empresa, isso é particular dele.

— Mesmo se ele esquecer?

— sim mesmo assim, não pode atender. Você atendeu alguma ligação particular dele Shion?

— Sim, eu não sabia tia. — confirmou receosa — uma moça ligou no celular dele e eu atendi, mas ela só perguntou se aquele era o número do Naruto quando eu disse que era ela simplesmente desligou.

— Não acredito Shion! — respirou fundo.

— A senhora disse que eu deveria atender qualquer ligação que fosse para ele.

— Não essas Shion — repreendeu Kurenai — Apenas ligações realizadas dos telefones da empresa, não do celular particular !

— Desculpa, pensei que não haveria problema. O que eu devo fazer agora?

— Vai ter que dizer pra ele, sobre essa ligação assim que ele sair da sala de reuniões, ouviu?!

— Sim senhora! — Respondeu com tristeza.

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Sentia como se estivesse sendo esmagada por dentro tamanha era a dor que sentia; hinata chorava muito, estava toda encolhida em sua cama e usava seu travesseiro para abafar a voz, Naruto mal a tinha deixado e já estava seguindo sua vida com outra mulher?! Esse era o tamanho do amor que ele dizia sentir por ela? Como ele conseguiu esquecê-la tão rápido? O chão desabou abaixo dos seus pés e naquele instante pediu que Deus a levasse de uma vez, não estava suportando mais; O que tinha feito para merecer tanto sofrimento?! Mas ela de todas as pessoas do mundo não podia julgá-lo, o que ela fez a ele foi muito pior, e o que estava prestes a fazer também seria.
Depois de algumas horas, continuava deitada do mesmo jeito e já não tinha mais lágrimas para chorar, a dor continuava a mesma, e a cada segundo que passava parecia aumentar. acariciou a barriga e falou com a voz fraca e baixa.

— Acho que... Não tem jeito filho, mamãe só tem uma saída.

Yahiko terminava de desfazer as malas em seu quarto, não gostava de pedir empregados para fazer nada para si mesmo. Parou um pouco, e pensou como seria dali em diante, ele não tinha e nunca teve dúvidas sobre o que sentia por Hinata, mas vê-la infeliz era tudo que não queria; Quando estava em Londres procurou pelo maldito documento responsável por todo aquele sofrimento, aproveitava sempre que Yoshiro não estava, queria sumir com aquele papel de uma vez por todas; porém seu pai o escondera muito bem como já era de se suspeitar, não conseguiu nada. Calou seus pensamentos ao ouvir batidas na porta do quarto, caminhou até lá e a abriu surpreendendo-se ao ver sua noiva:

— Hinata?

— Podemos conversar? — perguntou com voz baixa.

— Claro, entre por favor sente-se. — Abriu passagem, e fechou a porta logo que ela passou. Ele a via com os braços envolvidos em volta de si mesma, como se estivesse sentindo frio. Ela tinha uma feição de profunda tristeza, e quando a viu diante sua porta seus olhos estavam completamente sem brilho.

Hinata abaixou a cabeça e sentou-se na cama dele, sentiu ele se aproximar e sentar ao seu lado. Ela permaneceu em silêncio ainda de cabeça baixa.

— O que foi? Por que está assim? — perguntou preocupado. — Aconteceu alguma coisa?

Ela apenas acenou que sim com a cabeça sem ter coragem de olhá-lo nos olhos.

— o que aconteceu? Pode me dizer, confie em mim — pediu levantando o queixo dela delicadamente para que ela o olhasse nos olhos — Pode me dizer qualquer coisa hinata— Falou carinhoso. Porém desejou voltar no tempo quando ouviu a resposta.

— Estou grávida!


Continua....

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