Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 7
Capítulo 7




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Eu e Colin não trabalharíamos na segunda-feira e Luna estaria livre depois das cinco da tarde, então marcamos um encontro de amigos na casa dele. Ela saiu do hospital e foi direto para lá, mas quando finalmente passou pela porta da sala eu já estava ali havia alguns bons minutos ajudando que ele terminasse de preparar os aperitivos que comeríamos.

—Cheguei, galera. - Anunciou deixando a bolsa sobre o sofá. - Colin, vou até seu quarto trocar de roupa.

—Ok, Lu. - Ele concordou, mais concentrado em me retaliar por cortar as cascas do pão de forma. - Ginny, deixe essas cascas aí, por favor.

—Não gosto das cascas. -Respondi sem me incomodar com sua expressão reprovadora.

—Frescura. - Resmungou, mas não falou mais nada.

—Vocês estão bem? - Nossa amiga perguntou, entrando na cozinha vestindo short jeans e camiseta laranja e parou para dar um beijo em cada um.

—Ótimos, e você? - Respondi por nós dois.

—Um pouco cansada, mas bem. Precisam de ajuda?

—Só leva as coisas lá para a mesa de centro, por favor.

Alguns minutos depois nos acomodamos no sofá que comportava a nós três confortavelmente com uma bandeja entre nós e uma música baixa tocando no celular dele.

—Tenho algo para falar desde sábado, mas acabei não tendo tempo. - Luna começou e bebeu um pouco da sua cerveja antes de continuar. - Vocês não poderiam esperar até ter fechado a porta antes de sair fazendo comentários inescrupulosos?

Colin olhou confuso para ela, mas eu ri já sabendo a que se referia.

—Culpa dele, que não consegue aguentar a curiosidade. - Me defendi apontando para nosso amigo e então expliquei sobre o que ela falava. - Ela e Harry ouviram quando você perguntou se eu tinha dado para ele.

—Sua reposta também não foi das mais recatadas, senhorita. - Desdenhou ela, me olhando de canto. - Esse não é o tipo de coisa que a gente quer ouvir na frente de um cara gato daqueles, ainda mais quando o cara em questão está envolvido no ato. Desculpe, mas fiquei o resto do dia imaginando essa cena.

—Eu também, mas precisei inventar tudo porque ela não quis me dizer em que posição foi. - Colin corroborou com a questão e Luna riu da sua expressão magoada, eu apenas revirei os olhos para eles.

—Mas isso não é meio contra as regras? - Ela perguntou com o cenho franzido. - Quer dizer, não é como se todo mundo respeitasse, mas não é muito ético.

—Não mais, ele agora é seu paciente. - Dei de ombros ao apontar a solução.

Me debrucei para a mesa de centro onde estavam as bebidas e não encontrei meu suco entre as latas de cerveja.

—Você não comprou meu suco de laranja? - Perguntei para o anfitrião.

—Esqueci, desculpa. - Falou no automático, sem realmente se importar. - Não quer uma cerveja?

—Não, tenho que dirigir daqui a pouco. Vou pegar água gelada. - Informei já a caminho da cozinha.

—E o Nev? - Ouvi Colin perguntando a Luna, referindo-se a seu namorado de alguns anos.

A conversa que se seguiu nos fez rir por horas, mas foi interrompida pelo toque estridente do meu celular. Colin olhou o identificador de chamadas antes de mim e comentou com Luna:

—Ginny deve ter talentos secretos, tenho certeza.

—E não quer nos ensinar, essa egoísta. - Ela concordou.

Depois disso não precisei olhar também para ver quem era, apenas pedi licença e fui até a cozinha para atender sem eles por perto.

—Olá.

—Como vai, Dra. Weasley?

—Muito bem, e você?

—Melhor impossível desde sexta a noite.

—Mesmo? Fico feliz em saber que contribuí. - Me encostei no balcão enquanto respondia.

—Liguei para perguntar se você quer jantar comigo de novo qualquer dia, sei lá, quando estiver disponível.

—Se você tivesse perguntando isso ontem, provavelmente estaríamos jantando agora, eu normalmente não trabalho na segunda-feira.

—Não me diga que minha falta de tato te fez ficar sozinha em casa hoje? - O tom era de brincadeira, mas percebi claramente que ele estava se lamentando.

—Na verdade não, estou tendo uma noite muito divertida na casa do Colin, com ele e Luna.

—Já pediu desculpas a ela pela sua falta de decoro?

—Se você soubesse o que ela me respondeu veria que não há muito pudor ali também. - Afirmei com uma risada.

—Melhor não me contar então. - Ele riu também por um momento, mas logo mudou de assunto. - Quando você vai estar disponível para mim?

—Sexta-feira é o dia que normalmente chego em casa no final da tarde, podemos marcar e tentar a sorte de novo.

—Vou ficar torcendo desde hoje, então. - Falou como uma promessa. - Volte para sua noite, não vou te atrapalhar mais.

—Não atrapalhou. - Afirmei sincera. - Mas vou voltar ou eles não me darão paz. Boa noite, Harry.

—Boa noite.

—Um beijo. - Falei antes de encerrar a chamada e voltar para a sala com outro copo de água.

Continuamos nosso encontro ainda por algum tempo, até Luna concordar comigo que não deveria dirigir depois de cinco cervejas e decidir ficar para dormir, só então me despedi deles e fui para casa.

Minha noite de sono passou tão rápida quanto o resto da semana, que pareceu não ser suficiente para toda a demanda de última hora. Só falei com Harry novamente na quinta a noite por alguns segundos para confirmar nosso encontro do dia seguinte e desliguei para voltar minha atenção aos exames pré operatórios que estava analisando para uma cirurgia de emergência.

Surpreendentemente a sexta-feira nos recompensou com um dia tranquilo o suficiente para que exatamente as cinco da tarde eu já estivesse no meu carro a caminho de casa. Assim que entrei digitei uma mensagem para minha companhia dali a algumas horas:

"Sua torcida funcionou, já estou em casa. Daqui uma hora esterei pronta, me avise quando estiver vindo."

Deixei o telefone em cima da cama e tomei um banho relaxante, deixando a água quente me envolver por alguns minutos a mais do que o necessário. Quando voltei ao quarto sua resposta me aguardava:

"Antecipamos para as sete e meia então =)"

Ri da carinha feliz no final da mensagem e voltei para o banheiro tempo suficiente para secar os cabelos e passar um pouco de maquiagem, coisa que eu fazia apenas raramente. Quando estava terminando de afivelar a sandália de salto que escolhi recebi outra mensagem:

"Estou aqui embaixo"

Assim que entrei no carro, antes mesmo de dizer oi, Harry se inclinou e me deu um selinho que eu correspondi com a mão apoiada em sua bochecha.

—Olá. - Falei quando nos separamos e me virei para afivelar o cinto de segurança.

—Você está linda. - Comentou me olhando antes de virar para frente e arrancar com o carro.

—Obrigada, você também está.

—Como foi sua semana? - Perguntou interessado, mas sem desviar os olhos do caminho.

—Caótica, mas tudo correu bem. E a sua?

—Cheia de reuniões, mas com certeza mais tranquila do que a sua.

Harry sorriu rapidamente para mim antes de voltar a olhar para frente.

—Aonde vamos?

—Hoje não reservei nada, mas tenho duas opções e você escolhe: comida árabe ou mexicana?

—Mexicana, sem dúvidas. - Respondi sem nem precisar pensar no assunto.

—Você não gosta de comida árabe? - Perguntou interessado quando paramos em um semáforo.

—Não muito.

—Bom saber, vou levar em consideração nas próximas vezes. - Afirmou com um sorriso e voltou a dirigir quando o sinal ficou verde.

O plural da sua frase não me passou despercebido, mas não falei nada.

O restaurante ficava apenas algumas ruas a frente e estava lotado, por isso ficamos quase uma hora aguardando uma mesa. O tempo de espera passou incrivelmente rápido enquanto conversávamos bobagens do lado de fora, trocando alguns beijos de vez em quando, até que fomos guiados por um rapaz até uma mesa de dois lugares mais ao fundo.

—Nunca vim aqui, como funciona? - Questionei quando já estávamos acomodados frente a frente.

—Você pode pedir do cardápio se quiser, ou esperar os garçons que passam nas mesas servindo algumas opções. Eu sempre espero.

—Ok, vou esperar com você. - Me decidi, deixando o menu de lado.

A primeira bandeja cheia de enchilladas não demorou a chegar até nós, me deixando com mais fome ainda ao ver o aspecto suculento que elas ostentavam. Ficamos quietos por um momento enquanto experimentávamos o primeiro pedaço, mas não consegui deixar de achar estranho quando o silêncio se estendeu demais sem que Harry dissesse nada, o que não era muito típico dele. Quando olhei de volta para seu rosto ele estava me encarando fixamente e sorrindo de canto.

—O que foi? - Perguntei um pouco constrangida.

—Nada, só olhando. - Deu de ombros ao responder e tomou um pouco de suco antes de voltar a dizer. - Posso compartilhar uma coisa?

—Sim.

—Hoje consegui a conta do meu maior cliente. - Seu entusiasmo entregava como aquilo era importante para ele, então não pude deixar de ficar feliz também.

—Parabéns! - Cumprimentei sinceramente e ele agradeceu um sorriso ainda maior. - Para falar a verdade não sei muito o que quer dizer, mas sem dúvidas é algo importante.

—Sim, é bem importante para mim. Estou há meses querendo esse cliente.

—Então fico muito feliz que tenha conseguido.

Ele ficou em silêncio de novo enquanto mastigava e eu ponderei um momento antes de decidir contar algo que também tinha me deixado feliz.

—Posso compartilhar algo também?

—Claro! - Exclamou com entusiasmo, a curiosidade estampada no rosto.

—Ontem fiz um enxerto ósseo. - Ele não pareceu entender, então me expliquei. - É um procedimento um tanto complexo, e ficou perfeito.

—Eu também não sei muito o que quer dizer e acho melhor você não me explicar, mas fico feliz por você também. Embora eu duvide que algo que você faz não fique perfeito, parabéns.

—Obrigada. - Agradeci, sorrindo satisfeita com o elogio ao meu trabalho.

—Você sempre está em casa na sexta a noite? - Quis saber, mudando de assunto.

—Funciona assim. - Comecei, disposta a explicar com mais detalhes do que quando ele questionou a respeito dos meus horários pela primeira vez. - Normalmente não trabalho na segunda-feira, na verdade é bem difícil que isso aconteça.

—Aquele dia então foi uma exceção infeliz?

—Sim, uma exceção infeliz. No final de semana tenho plantão de vinte e quatro horas, de meio dia a meio dia. Na sexta-feira entro meio dia e, se nada acontecer, saio as cinco. O problema é que tudo acontece na sexta, então não é incomum eu sair bem mais tarde.

—Como na semana passada?

—Sim, como na semana passada. E nos outros dias entro meio dia e saio meia noite.

—Horários bem incomuns, eu diria. - Ele opinou pensativo. - Mas pensando positivamente, você tem duas noites em casa por semana. Três na verdade, mas no domingo você deve parecer um zumbi.

—Mais ou menos isso. - Confirmei rindo. - O que você faz a noite?

Ele me pareceu bem satisfeito com a minha curiosidade e não demorou a me responder:

—As vezes vou para a academia, que eu deveria ir todos os dias mas morro de preguiça, as vezes fico em casa, mas eu saio bastante. Embora eu não tenha nenhuma família aqui por perto, meu círculo de amigos é bem grande, então sempre tem alguma coisa para fazermos juntos.

—O meu é bem restrito, até porque não é todo mundo que entende que eu não posso simplesmente sair do trabalho para comparecer ao jantar de aniversário de alguém. - Ele assentiu, me incentivando a continuar. - Então meus amigos mais próximos acabam sendo do hospital, com exceção de uma, que é minha vizinha.

—E ela é medica também?

—Não, estilista.

—Desculpe, mas meu senso comum me leva a crer que estilistas só falam futilidade e eu não consigo te imaginar sendo fútil em nada. - Falou surpreso.

—Meu senso comum dizia o mesmo, até eu conhecer a Mione.

—E ela faz aquelas roupas que ninguém nunca vai usar ou tem mesmo bom gosto?

Essa pergunta realmente me fez rir, porque internamente eu tinha me perguntado o mesmo quando ela contou no que trabalhava, alguns anos atrás.

—Ela tem muito gosto. Bom, pelo menos eu acho. Com exceção das minhas roupas de trabalho, muito do que visto é das coleções dela.

—Então nesse caso a tal Mione acabou de ganhar um fã.

Finalizei meu suco e deixei o guardanapo sobre a mesa após usá-lo pela última vez, Harry fez o mesmo antes de entrelaçar meus dedos sobre a mesa e dizer:

—Gostou do jantar?

—Muito. Na verdade já percebi que seu paladar é muito confiável.

Ele sorriu em agradecimento ao elogio.

—Agora eu quero saber se você gostaria de conhecer a minha casa.

Pensei na melhor forma de contornar a pergunta antes de responder:

—Eu gostaria de terminar essa noite de um jeito bem legal, mas será que podemos ir para minha casa? Amanhã eu trabalho e vou precisar me trocar, não quero te causar o transtorno de acordar ainda mais cedo para me levar em casa só para eu trocar de roupa.

—Não é transtorno nenhum, mas se você prefere ir para sua casa não tem problema.

—Eu prefiro. - Afirmei e ele assentiu.

—Quer sobremesa? - Perguntou apontando para o cardápio de doces.

—Não, obrigada. Você quer?

—Daqui a pouco. - Respondeu malicioso e se virou para pedir a conta.

Entramos no meu apartamento já em meio a beijos afoitos, que Harry continuou distribuindo pelo meu pescoço quando me virei para trancar a porta. Dessa vez eu o empurrei

de costas até meu quarto com os dedos infiltrados em seus cabelos bagunçados e minha boca sendo devorada pela dele.

—Quando nos casarmos eu terei liberdade para te chamar pelo primeiro nome, Dra. Weasley? - Me perguntou quando eu o empurrei para minha cama.

Subi em cima dele e sentei sobre seu quadril antes de me debruçar e atacar seu pescoço ao mesmo tempo em que abria os botões de sua camisa.

—Estamos no terceiro encontro e você já está pensando em casamento? Patético, Harry. - Respondi em tom de brincadeira, sem interromper o que estava fazendo.

—No segundo você já estava arrancando minha roupa, qual o problema de no terceiro eu dizer minhas intenções? - Justificou e apertou forte minha bunda com a mão esquerda, o tom de piada sempre presente.

—É porque eu estava fazendo coisas boas.

—E você não acha que casar comigo seja uma coisa boa? - Questionou fechando os olhos quando arranhei de leve seu peito e prendi seu lábio inferior em meus dentes.

—Na verdade casar nem faz parte dos meus planos, mas o que você acha? - Contestei sem realmente prestar atenção no assunto, mais preocupada em agora beijar o caminho que minhas mãos haviam feito.

—Eu sou casado. - Ele falou simplesmente e eu parei de súbito.

Demorei apenas um segundo para processar aquela informação e encarar seu rosto sério.

—Você o que? - Perguntei com a voz esganiçada, ainda sentada sobre ele mas com o corpo agora reto e os olhos quase saltando do meu rosto.

Ele me olhou por um momento e então disse, seguido de uma risada:

—É brincadeira.

Não aguentei e ri também, respirando aliviada e segurando a vontade de quebrar seu outro braço. Antes de me debruçar sobre ele novamente e voltar ao que estava fazendo eu disse:

—Seu idiota.

—Eu gostaria de salientar quão estranha foi essa voz de gralha que você fez agora. - Comentou infiltrando sua mão por dentro da minha blusa.

—E eu gostaria de salientar que se não for para me falar umas boas sacanagens é melhor você calar a boca. - Pedi e o calei com um beijo.

Ele não me decepcionou quando, depois que eu já estava só de calcinha, se apoiou com um pouco de esforço em cima de mim e desceu a boca pelo meu corpo, causando arrepios e me fazendo arquear as costas em sua direção. A situação ainda era a mesma no entanto, o que quer dizer que eu voltei a me sentar sobre ele quando não havia mais nenhuma peça de roupa a ser tirada.

Quando acabamos fiquei um tempo ainda deitada em seu peito, respirando fundo para acalmar meu coração acelerado e sentindo sua mão percorrer a extensão das minhas costas em um carinho reconfortante que estava me dando sono.

—Será que eu poderia dormir aqui? - Ele me perguntou com a voz tão sonolenta quanto eu me sentia.

—Na semana passada você não foi tão educado a ponto de pedir. - Brinquei e me arrastei para deitar no colchão ao lado dele.

—É que na semana passada você acabou comigo.

—Hoje não? - Perguntei com um sorriso preguiçoso.

—Hoje eu estava preparado. - Se defendeu e piscou para mim. - Prometo me comportar.

—Então pode. - Concordei por fim.

Ele percorreu o espaço entre nós e me deu um beijo lento e carinhoso.

—Boa noite, Dra. Weasley.

—Boa noite. - O observei se acomodar de bruços no travesseiro ao lado e então concedi: - Me chame de Ginny, Harry.

A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi seu sorriso presunçoso que dizia sem nenhuma palavra que ele tinha conseguido, de novo, o que queria.

Dessa vez ouvi o despertador do celular tocar a tempo de não me levantar atrasada e recepcionar de maneira mais adequada meu hóspede, que acordou ao mesmo tempo que eu.

Harry estava com o braço ao redor do meu corpo e minha perna descansava sobre as dele quando finalmente abrimos os olhos. A proximidade que me fez ficar um pouco sem jeito causou nele um sorriso satisfeito antes de me desejar bom dia.

—Bom dia. - Respondi me afastando e esfregando os olhos. - Vou tomar banho, me acompanha?

—Eu adoraria, mas duvido que você tenha saco impermeável para gesso em casa. - Se lamentou apontando para o braço imobilizado.

—Esqueci disso, realmente eu não tenho.

—Eu espero até chegar em casa, não tem problema. - Deu de ombros e se sentou, meu edredom caindo casualmente sobre seu quadril e deixando o peito a mostra.

—Volto já.

Harry me acompanhou com os olhos enquanto caminhei até a porta do banheiro e quando retornei enrolada em uma toalha curta ele estava no mesmo lugar, mas agora já dentro da calça jeans e apenas sem camisa.

—Quer que eu saia para você se vestir? - Perguntou quando abri a parte do meu armário onde quase tudo era branco.

—Por que? - Falei virando a cabeça para olhar confusa para ele.

—Sei lá, vai que você fica sem graça. - Explicou e eu revirei os olhos, voltando a ficar de costas.

—Eu tiro a roupa na sua frente sem nenhum problema, por que colocar me deixaria com vergonha? - Questionei jogando uma calça em cima da cama e me virando para apanhar a camiseta básica que combinaria com ela, calcinha e sutiã.

—Não sei por que, mas adoro que você pense assim. - Finalizou o assunto e observou em silêncio enquanto eu me vestia.

—Quer tomar café? - Convidei já caminhando até a cozinha, com ele em meu encalço.

—Eu não consigo comer muito de manhã, quero só um copo de leite, por favor.

—Você deveria, o café da manhã é a refeição mais importante do dia. - Adverti, mas servi apenas o que me pediu.

Conversamos alguns minutos enquanto eu comia meu pão com frios e informei que precisava sair quando já passava um pouco das onze.

—É uma pena que você nunca fique em casa no final de semana, sabia? - Comentou quando estávamos dentro do elevador.

—Eu nem noto. Já me acostumei.

As portas se abriram na garagem e ele se acomodou novamente no banco do passageiro para que eu o deixasse em frente a portaria. Quando parei o carro, não esperei ele me puxar e me inclinei espontaneamente em sua direção para um beijo de despedida.

—Tchau, Ginny. - Falou meu nome pela primeira vez quando nos separamos.

—Sabe, eu acho muito sexy você me chamando de Dra. Weasley, então não deixe de dizer de vez em quando. - Pedi e ele assentiu com um sorriso.

—Não vou esquecer. Bom trabalho. - Desejou já com a porta aberta.

—Obrigada. Tchau, Harry.

Assim que a porta se fechou continuei meu caminho até o hospital. Desci do carro já com o celular nas mãos e discando um número que eu nunca deixaria de chamar hoje:

—Eu sabia que você ainda estaria dormindo. - Constatei assim que a voz sonolenta do meu irmão resmungou um cumprimento.

—Tudo bem, Gin? - Perguntou mais desperto.

—Sim, acabei de chegar no hospital, e você?

—Estou bem também.

—Parabéns, Ron! Muitas felicidades e muitos anos de vida para você cuidar de mim.- Desejei o que eu sabia que ele ia gostar de ouvir, e o que no fundo eu também queria que acontecesse.

Meu irmão riu antes de me responder:

—Acho que ninguém precisa cuidar de você já faz um tempo, menina, mas pode deixar que eu vou continuar fazendo minha parte. - Prometeu feliz. - Obrigada por ligar, pelo menos alguém se lembrou sem que eu tivesse que avisar. - Comentou dramático, mas eu ignorei.

—Queria passar aí para te ver, mas você com certeza não teria acordado ainda. Desculpe não poder comemorar com você.

—Estaria dormindo mesmo, e não tem problema, eu já me acostumei. A gente teria um problema se você esquecesse de ligar, ia ter irmã apanhando amanhã a noite. - Ameaçou e eu gargalhei, porque a ideia de apanhar dele era no mínimo absurda.

—É mais fácil eu te bater, Ron. - Afirmei e ele riu irônico, indicando que duvidava disso.

—Vai sonhando, baixinha. - Desdenhou e eu revirei os olhos enquanto abria a porta do meu armário.

—Vou me trocar para trabalhar agora, preciso desligar. - Avisei e ele assentiu. - Marcamos alguma coisa quando você estiver livre, tudo bem?

—Sem dúvidas. Obrigada por lembrar. - Agradeceu só para me ouvir dizer o que eu sempre respondia a isso.

—Eu nunca esqueceria. - Respondi carinhosa. - Te amo, você sabe, não é?

—Também amo você.

—Eu sei. - Falei confiante.

—Vai trabalhar, vai. - Me dispensou rindo.

—Vou mesmo. Aproveite muito seu dia.

—Pode deixar. Bom trabalho.

—Obrigada. Beijos.

Não tive nenhum tempo livre durante a madrugada de sábado para domingo e as vinte e quatro horas que eu tinha pela frente acabaram se estendendo até o fim da tarde devido a um atropelamento em uma rua perto dali, então quando finalmente fui para casa eu realmente me parecia com um zumbi.

Assim que entrei em casa tomei apenas um copo de leite, decidida a comer quando acordasse, e me enfiei em um banho de cinco minutos. Saí do banheiro com os olhos pesados de sono e me joguei na cama com o único propósito de dormir por horas a fio.

Quando eu estava quase dormindo meu celular tocou no criado mudo e eu precisei de um segundo para conseguir focar as letras da mensagem:

"Quer jantar comigo amanhã?"

Mais lenta do que o normal devido ao meu estado de sonolência digitei enquanto sorria:

"Só se eu for a sobremesa de novo ;)"

Deixei o aparelho de lado e me acomodei com os olhos fechados, deixando o cansaço me embalar. Segundos depois, no entanto, o barulho ensurdecedor de uma ligação preencheu o quarto, sem abrir os olhos levei o telefone ao ouvido:

—Alô?

—Ginny, que porra de mensagem é essa? - A voz do meu irmão soou indignada do outro lado da linha.

A vontade de rir me deixou imediatamente mais desperta.

—Ah, era você? Achei que fosse outra pessoa.

—Gosto de pensar que você não me mandaria aquilo de propósito.

Ri do seu tom incrédulo antes de perguntar:

—Tudo bem?

—Estou, e você?

—Também, mas estou quase dormindo. Acabei de chegar em casa, plantão desde ontem.

—Ok, não vou atrapalhar então. Quer jantar comigo amanhã ou já tem compromisso?

—Quero, onde?

—Sei lá, vou ver e te falo. Mas você não vai ser a sobremesa. - Brincou por fim, com tom de desagrado.

—Eca, que nojo. - Fiz uma imitação bem mais lenta de sua entonação e ele riu.

—Vai dormir, menina. Beijos.

—Beijos, Ron. Tchau.

Antes de colocar novamente o celular de lado silenciei os toques, e um minuto depois já estava dormindo.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bem?
Aparentemente ela não ficou tão indiferente assim, não é? Mas mesmo assim a empolgação dele é umas mil vezes maior.
O jeito sutil do Ron descobrir que ela está saindo com alguém é ótimo, e não pensem que ele vai deixar isso pra lá sem fazer perguntas ;)
Espero que estejam gostando, não deixem de deixar a sua marquinha aqui para eu saber quem são vocês!
Comentem e me digam o que estão achando.
Beijos e até semana que vem!

Crossover: o Ron parece estar meio chateado porque alguém esqueceu o aniversário dele, adivinhem quem foi??? Para saber exatamente o que houve, leiam o capítulo 3 de Backstage, postado ontem:
https://fanfiction.com.br/historia/692675/Backstage/capitulo/3/

Aviso: Já estão fazendo parte do grupo que eu criei no Facebook? Algumas novidades são compartilhadas por lá e até trecho de capítulos futuros já apareceram ;) Participem:
https://www.facebook.com/groups/1104653872914067/



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