Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 50
Capítulo 50


Notas iniciais do capítulo

Para começar o melhor capítulo da melhor forma possível, quero agradecer às lindas AnaFlávia1999 e Júlia Potter Malfoy pelas recomendações que fizeram minha semana mais feliz. Muito da inspiração que eu mostro aqui vem de gestos como esse, então muito obrigada! ♥



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—Não tem mesmo chance de prolongarem isso, né? - Confirmei mais uma vez, deitada na nossa cama enquanto Harry fazia a mala.

James estava sentado em cima da minha barriga, brincando com as pedras bordadas na frente da minha camiseta e soltando seus resmungos constantes, conversando com ele mesmo em seu idioma próprio. Em três semanas ele faria um ano e justo agora a empresa decidiu inventar uma viagem de trabalho para o Harry, que o deixaria fora pelas próximas duas.

—Já deixei bem claro que não fico nem um dia a mais, Ratinha. - Avisou, pegando um punhado de camisas no armário e jogando do meu lado antes de se debruçar sobre mim e grudar os lábios no pescoço do nosso bebê, fazendo-o soltar uma gargalhada gostosa. - Papai não perde esse aniversário por nada, não é filhote?

Harry se levantou e voltou ao que estava fazendo, mas a atenção do James já não era mais da minha blusa e ele se arrastou engatinhando até perto do pai, os olhos verdes arregalados para dentro da mala, vendo o que ele fazia.

—Não, filho, isso não pode. - Harry o repreendeu quando ele puxou um punhado de roupas de dentro e jogou para fora.

—Ele não quer que você vá, amor. - Brinquei e tirei aquela pessoinha pequena de lá.

Meu bebê protestou a princípio, mas ficou quieto quando entreguei o controle da TV para ele brincar.

—Nem eu queria ir. - Falou contrariado, voltando a colocar as peças dentro da mala.

—Que horas seu voo sai amanhã?

—Cinco da manhã, e quando chegar em Nova Iorque vou direto do aeroporto para o escritório, vai ser um dia daqueles.

—Quer que eu te leve?

—Não precisa, é muito cedo. Vou deixar o carro na empresa e de lá pego um táxi.

—Vamos ficar com saudade. - Lamentei manhosa.

—Eu também vou. Droga de viagem, justo agora.

James deixou o controle de lado e se arrastou até mim, prendeu as mãozinhas na gola da minha camiseta e encostou o rostinho no meu decote, mostrando o que queria. Olhei as horas no meu celular e vi que já passava alguns minutos das nove da noite, horário em que ele normalmente dorme, isso explicava toda a manha.

—Vem aqui, meu amor. - Tirei a camiseta, me sentei e o puxei para o meu colo, dando o que ele queria.

Ele ainda mamava todos os dias para dormir e quando tinha vontade se estivéssemos juntos, e eu ainda me encantava pelo jeito como ele me olhava enquanto isso, os olhos grandes me encarando com atenção e a mãozinha gorducha repousando no meu seio. De umas semanas para cá ele começou a fazer carinho enquanto se alimentava, como eu fazia com ele, e eu me derretia toda.

—Guloso. - Puxei a mão dele e dei uma mordida de leve em seus dedinhos, fazendo-o rir sem deixar de sugar por um segundo sequer.

Nem adiantava tentar conversar com o Harry enquanto isso, porque meu bebê queria a atenção só para ele enquanto estava ali grudado à mim. Conversei com ele por um tempo e quando seus olhos começaram a pesar de sono precisei apenas de poucos minutinhos e um carinho leve em seus cabelos bagunçados para que ele começasse a ressonar profundamente no meu colo. Arrumei o sutiã no lugar e o acomodei melhor para continuar minhas carícias enquanto ele dormia.

—Pronto, mamãe, pode olhar para mim agora.

Desviei os olhos do rostinho quieto no meu colo e vi que meu marido já estava fechando o zíper, o trabalho todo concluído.

—Ele vai sentir falta de vir para casa mais cedo, tadinho, vou tentar sair um pouco antes nesses dias.

James passava o dia na área do hospital destinada a filhos de funcionários, acompanhado na maior parte pelos filhos dos meus colegas que também trabalhavam por períodos maiores que o normal, mas Harry passava para pegá-lo assim que saía do trabalho, o que muitas vezes acontecia horas antes do fim do horário comercial.

—O fuso horário lá é duas horas antes, vou tentar te ligar num horário que ele esteja acordado.

Ele terminou de conferir o que estava em sua bolsa de mão e empurrou a mala para um canto antes de vir até mim e pegar o James do meu colo.

—Boa noite, filhote. - Dei um beijo nele, e enquanto Harry o levava para o quarto ao lado eu fui tomar banho.

Ele sempre demorava um tempo colocando-o no berço e conversando com ele mesmo que já estivesse no meio do seu sono pesado, então quando entrou no banheiro eu já estava terminando de me enxaguar. A porta do box de vidro se abriu e ele se juntou a mim já em meio a um beijo que eu não esperava, me encostando na parede fria atrás de mim. Só precisei de um segundo para processar a informação e corresponder da mesma forma a urgência dele em deslizar as mãos pelo meu corpo e beijar meu pescoço com vontade.

Ao contrário do que todo mundo me falava, ter um filho não atrapalhou tanto nossa vida sexual, James dormia a noite inteira se não estivesse doente, acordou espontaneamente algumas vezes apenas nas primeiras semanas e tinha um sono relativamente pesado. Mas as coisas não aconteciam mais na hora em que estávamos com vontade, independente de qualquer outra coisa, e as atividades ficaram muito mais restritas ao nosso quarto.

Terminamos o banho em meio aos nossos carinhos cúmplices e me acomodei enroscada nele quando nos deitamos já com as luzes apagadas, apesar de ainda ser cedo para o nosso horário padrão de um domingo.

Eu odiava quando o Harry tinha que viajar a trabalho, porque era um tédio enorme para mim ficar sem ele e o James sentia falta da rotina dos dois em casa e das brincadeiras do pai.

—O que você vai me trazer de presente? - Perguntei depois de ouvi-lo explicar o que tinha acontecido com o tal cliente que ele visitaria.

—Não sei ainda, você quer alguma coisa específica?

—Vou dar uma olhadinha na internet e te mando minha lista, mas isso não é presente, é encomenda.

Ele achou minha explicação engraçada, porque riu com vontade.

—Esses seus abusos serão cobrados quando eu voltar.

—Como anda seu cálculo de juros?

—Muito alto. - Ameaçou afundando o rosto no meu pescoço e deitando parcialmente sobre mim. - Só vou pensar nisso.

Namoramos por um tempo até o sono falar mais alto, poucas horas antes dele precisar acordar novamente para chegar no aeroporto a tempo. Me levantei também e o acompanhei até a sala para nos despedirmos, depois de uma passada rápida no quartinho azul com tema de heróis para um beijo nas bochechas rosas do James, que nem se mexeu.

—Me avisa quando chegar lá? - Pedi em meio a um abraço forte o suficiente para tirar meus pés do chão.

—Pode deixar, e se qualquer coisa acontecer você me liga, independente da hora.

—Eu ligo, mas pode ficar sossegado que vamos ficar bem. Boa viagem, Ursinho.

—Obrigado, minha linda.

Trocamos mais um beijo e ele se virou para sair, as malas já estavam no carro.

—Te amo. - Falei com o rosto afundado no pescoço dele, aspirando seu cheiro.

—Também te amo. - Grudou a boca na minha mais uma vez em um selinho demorado.

Assim que ele saiu, fechei novamente a porta e voltei escada acima para dormir mais um pouco, eu ainda tinha três horas de sono até precisar levantar para ir ao trabalho. Não era um hábito deixar o James dormir na nossa cama, mas se um de nós dois acordasse mais cedo no final de semana ele ganhava esse mimo, que eu também não vi problema nenhum em conceder numa madrugada de segunda em que estávamos sozinhos. Tirei ele do berço com cuidado para não despertar e voltei a dormir com seu corpinho quente abraçado a mim.

O despertador do meu celular acordou nós dois, mas desliguei o som estridente antes que ele se irritasse e começasse a chorar, e o deixei na cama mais um pouco enquanto me trocava. Quando voltei do quarto ao lado com as roupas dele, já encontrei um sorriso com alguns dentes aberto na minha direção, em sua felicidade de sempre. Depois de vesti-lo, ele mamou um pouquinho e o acomodei na cadeirinha no banco de trás do meu carro para irmos até nosso destino. Após muitos beijos da minha parte, coloquei o James no chão decorado da creche e ele foi brincar sem nem olhar para trás. Entreguei a bolsa com as roupas dele para a responsável pelo turno e fui até meu consultório para começar a rotina normal de um dia de semana.

Harry me ligou no fim da tarde para avisar que havia corrido tudo bem e já estava no escritório com o cliente, mas não conseguimos conversar muito tempo porque nenhum de nós dois estava totalmente disponível. Fora as ligações noturnas dele, que apenas um dia aconteceu num horário em que James ainda estava acordado para resmungar para a tela do meu celular e tentar pegar o aparelho, a semana toda foi o tédio que eu já sabia que seria depois das nove da noite, quando eu colocava nosso filhote no berço.

Ele estava sentindo falta de ir para casa mais cedo e estranhando a rotina de passar o dia todo na creche, o que me partia o coração. Tentei ao máximo diminuir isso, mas tudo o que pude fazer foi pegá-lo na hora do almoço todos os dias para comer comigo, porque além de tudo a quantidade de trabalho não me permitiu sair mais cedo.

Quando o coloquei na cadeirinha sexta-feira de manhã ele estava bem chatinho, resultado da irritação da semana, e chorou quando o deixei com a responsável por cuidar das crianças. Era um daqueles momentos em que a mamãe quase chora junto porque, além de tudo, era dia de plantão. Me permiti demorar um pouco mais no almoço com ele e na volta encontrei o Colin no balcão da recepção.

—Mini Harry. - Ele saiu de lá imediatamente para pegá-lo no colo.

James o adorava, então não teve problemas em pular para os braços estendidos do meu amigo.

—Gata, você já tem um paciente.

Praguejei sem dizer em voz alta o que pensei, porque o mundo já ensinaria meu bebê a falar palavrões, eu não precisava fazer isso também.

—Você está ocupado também?

—Não, estou livre. Quer ajuda? - Ofereceu, fazendo cócegas na barriga dele e arrancando uma gargalhada.

—Queria que você ficasse brincando com ele um pouquinho, se chegar algum paciente você o deixa na creche.

—Ta bom. - Ele inclinou o James na minha direção. - Dá tchau pra mamãe.

Enchi o rostinho dele de beijos e saí para um lado enquanto Colin o levava para o outro. No meio do atendimento, duas batidas na porta me interromperam e meu amigo colocou a cabeça para dentro tempo suficiente para dizer:

—Estou subindo para o centro cirúrgico, deixei ele lá.

—Obrigada. - Sorri agradecida e ele fechou a porta apressado.

A noite foi bem tranquila, e meu filhote grudou no meu pescoço quando o busquei perto das onze da noite para mamar e dormir comigo um pouco. Não era nem para ele estar acordado, mas deixei para lá e aproveitei para brincarmos antes de pegar no sono, já que não havia mais ninguém na sala de descanso.

Quando precisei sair correndo, perto do fim do meu plantão, ele estava apagado em um sono pesado e não viu quando o deixei no berço novamente, mas quando voltei para buscá-lo estava chorando aos gritos.

—Doutora, ele acordou alguns minutos depois das seis e não dormiu mais. - A responsável me informou, quando questionei o que houve.

Era o horário que eu normalmente chegava em casa, e ele me esperava acordado porque a gente sempre brincava antes de eu dormir.

Deixei a bolsa com as coisas dele no banco da frente do carro e me sentei com ele no banco de trás para que parasse de chorar enquanto mamava um pouquinho. Era de partir o coração quando ele chorava, mas sua carinha de manha era uma gracinha e conseguia quase tudo de mim.

—Você está irritadinho, não é meu amor? - Perguntei, secando seu rostinho molhado pelas lágrimas de poucos minutos atrás. - Vamos fazer uma coisinha diferente esse final de semana?

Terminei já com o celular na mão para fazer o que tinha em mente, James estava precisando de alguém que o distraísse da falta do pai.

—Oi, Lily, te acordei? - Era uma pergunta meio inútil, visto a voz um pouco sonolenta da minha sogra.

—Oi, Gin, não se preocupe, eu já estava levantando. Está tudo bem?

—Sim, acabei de sair do plantão. - Tranquilizei sua disposição natural para se preocupar. - Vocês vão sair esse final de semana ou ficarão em casa?

—Ficaremos por aqui, querida.

—Então acho que vou levar o James para vê-los.

—Ah, que ótimo! Estão vindo agora? - Se minha ligação não a tinha acordado, a notícia certamente o fez.

—Sim, vou só esperar ele terminar de mamar, pegar algumas roupas em casa e vamos.

—Vou esperá-la para tomarmos café então.

—Ta bom, até daqui a pouco.

—Cuidado no caminho, meu bem.

—Pode deixar, beijos.

Enfiei o aparelho novamente dentro da bolsa e olhei para baixo.

—Vamos ver a vovó, vamos?! - Comentei com ele que não entendeu nada, mas riu com a interação.

Não demorei vinte minutos inteiros para pegar roupas para nós dois e colocar na bolsa dele tudo o que um bebê precisava. Afivelei o cinto da cadeirinha ao redor do seu corpinho, me acomodei no banco do motorista, e sem pressas desnecessárias cruzei o trecho necessário da rodovia para tocar a campainha da casa dos pais do Harry três horas depois de falar com a mãe dele.

—Oi, meu amorzinho! - Lily abriu a porta com um sorriso enorme no rosto, e o James praticamente se jogou nela. - Oi, Gin.

—Oi, Lily - Trocamos um abraço da melhor forma que meu bebê permitiu.

—Oi, James. - Cumprimentei meu sogro, alguns passos atrás.

Deixei os dois brincando com o neto e voltei até o carro para pegar nossas coisas, subi e deixei tudo no quarto do Harry, depois me juntei a eles na sala.

—Falou com o Harry? - Minha sogra perguntou enquanto o James brincava com a corrente em seu pescoço, sentado sobre suas pernas.

—Falei, ele me ligou todos os dias a noite quando chegou no hotel. Está trabalhando pra caramba o dia todo, porque ele não quer adiar o dia de voltar.

—Vocês estão com fome?

—O James mamou antes de vir, mas eu estou morrendo.

—Então vem. - Me convidou e saiu com um James sorridente no colo. - Fiz bolo gelado para você, só não deu tempo de gelar. Você deveria ter me avisado ontem que vinham.

A mesa à minha frente tinha muito mais coisas do que eu conseguiria fazer em dois dias, Lily estava se lamentando porque não conseguiu deixar perfeito, em três horas, o meu bolo preferido. Ainda me perguntam por quê eu amo tanto a minha sogra.

Ela ocupou a cadeira do meu lado e equilibrou o James sobre uma das pernas para conseguir tomar café também, meu sogro se acomodou de frente para nós duas.

—Quer me dar ele, Lily?

—Não, pode deixar.

Nós três conversamos enquanto eu me dividia entre comer e dar pequenos pedaços de bolo para o meu filho, que parecia perdido entre tanta atenção voltada a ele, exibindo um sorriso enorme cheio de covinhas, plenamente satisfeito.

—Vocês ficam com ele um pouquinho enquanto eu durmo?

—Claro, não se preocupe. - James me tranquilizou, pegando o neto do colo da esposa e levando-o para a sala com ele.

—Se ele der muito trabalho me chamem. - Falei, me levantando e seguindo-os. - Você dá almoço para ele, por favor? Ele come mais ou menos meio dia.

—Gin, pode dormir tranquila. - Ele falou e me deu espaço para me aproximar.

—Até daqui a pouco, meu amor. - Meu bebê se virou para mim quando me referi a ele e inclinou o rosto para o meu beijo, quando tentei me afastar esticou os bracinhos na minha direção. - Não, fica aqui com o vovô um pouquinho.

Subi a escada enquanto meu sogro o distraía, e logo seus resmungos contrariados se transformaram em gritinhos e risadas que eu conseguia ouvir mesmo com a porta fechada. Me livrei da roupa branca que ainda estava usando, tomei um banho rápido e não tive dificuldades para apagar depois de me acomodar sob as cobertas, afinal eu sabia que meu filhote estava sendo o mais bem cuidado possível.

Acordei no meio da tarde com o celular tocando do meu lado, a foto do Harry brilhando sorridente na tela. Atendi a chamada de vídeo e me estiquei para acender a luz.

—Oi, amor.

—Oi, minha linda. Dormindo ainda? Cadê o Jay?

Virei o celular e mostrei a ele onde estava.

—Ah, entendi. Você está bem?

—Estou, e você?

—Com saudade de casa, e super cansado.

—Teve que trabalhar hoje também?

—Só um pouquinho, mas fiz aqui do hotel mesmo. Queria adiantar tudo, mas no fim de semana não tem como.

—Estou com saudade de você. - Virei de lado e apoiei o celular no travesseiro.

—Eu também estou. Comprei uma coisinha para você.

—O que?

—Surpresa. - Fez suspense. - E já achei quase tudo que você me pediu.

—A bolsa?

—Comprei pela internet, vão entregar aqui no hotel até terça.

—Lindo! - Agradeci com um sorriso enorme.

—Cadê o filhote? Busca ele lá embaixo um pouquinho.

—Espera aí, vou deixar o celular aqui e volto com ele.

Pulei para fora da cama e vesti rapidamente o short que trouxe para usar em casa. Desci as escadas correndo e fui até o quintal, onde Lily estava brincando com o James e uma quantidade considerável de brinquedos espalhados na grama.

—Lily? - Chamei ainda dentro de casa. - Vou levar ele um pouquinho pra falar com o Harry, tudo bem? Vamos ver o papai? - O peguei do chão, os bracinhos esticados na minha direção quando ouviu minha voz.

Voltei com ele para o quarto e o deitei de costas na cama, adotando a mesma posição ao lado dele.

—Fala oi para o papai.

—Papa. - Repetiu com a vozinha fina.

—Isso, o papai.

—Oi, filhote. - Harry riu do outro lado da tela quando ele começou sua conversa particular para a imagem dele.

Observei a interação dos dois segurando o aparelho acima dele, que se esticava todo querendo pegar. Depois de um tempo, deixei que ele alcançasse e não foi uma boa ideia, porque sua primeira reação foi colocá-lo na boca.

—Não, James. - Tirei dele. - Espera aí amor, ele babou meu celular todo.

Limpei o aparelho na minha camiseta e voltei a conversar com meu marido enquanto James se distraía com qualquer coisa que encontrasse.

—Olha isso. - Virei a câmera para que ele visse a cabeça da sua miniatura de Homem de Ferro ser alvo dos dois dentinhos do filho.

—Ah, Gin, não deixa.

—Você faz um quarto cheio de brinquedos e acha que ele vai deixar tudo no lugar?

Ele bufou para a minha resposta, mas continuamos conversando sem nos importar com isso. Quando encerramos a chamada, eu já havia acordado a mais de uma hora, precisei de uma boa dose de persuasão para conseguir deixar o boneco em seu lugar de origem e voltamos para o quintal.

—Ele mandou um beijo para vocês. - Falei aos meus sogros enquanto soltava o James de novo na grama.

Antes do jantar, levei para tomar banho um bebê que tinha terra até no cabelo, mas voltou cheirosinho e penteado para devorar tudo o que via pela frente. Pouco depois das nove ele ganhou beijos de boa noite e subi para fazê-lo dormir, o que não demorou nada visto o tanto que brincou e estava cansado.

Encostei a cama na parede e coloquei alguns travesseiros do lado pra evitar que ele rolasse, normalmente ele dormia bem quietinho, mas era melhor evitar. Deixei a porta aberta para ouvir caso ele chorasse e voltei para a sala.

—Já? - Lily se admirou da rapidez.

—Ele brincou muito hoje, estava cansado. Ele passou a semana toda irritadinho, é sempre assim quando o Harry não está, ele sente falta e estranha tudo, principalmente não ir para casa mais cedo com ele.

—Ele fica bem na creche do hospital?

—Na maior parte do tempo fica, mas é difícil ter que ficar o tanto que fica nos dias em que estamos só nós dois. Depois de uns dias ele não quer me soltar quando chegamos lá, fico morrendo de dó, e hoje de manhã quando fui buscá-lo estava chorando.

—Isso nos mata, não é? - Ela perguntou, cúmplice.

—Lentamente. - Confirmei da mesma forma.

—Quer uma taça de vinho, Gin? - James ofereceu, se levantando.

—Vinho não, obrigada, mas queria água.

Ele voltou minutos depois com um copo para mim e as taças para ele e a esposa. Mal tivemos tempo de começar o próximo assunto e um barulho familiar me chamou a atenção, desviando meu olhar por reflexo para o topo da escada, onde um pedaço pequeno do corredor era visível.

—O que foi? - Meu sogro perguntou.

—James acordou. - Me levantei e pousei o copo na mesa de centro quando ouvi de novo o barulho da mãozinha dele batendo no chão enquanto engatinhava.

—Ele não chora quando acorda sozinho? - Lily me perguntou enquanto eu atravessava a sala.

—As vezes chora, as vezes não.

Subi os primeiros degraus e já consegui vê-lo avançar em direção ao som das vozes que provavelmente o acordaram, a mudança de ambiente e rotina nunca o ajudaram a dormir tão bem quanto em casa. Ele não estava longe do topo da escada e assim que me viu abriu um sorrisão enorme e acelerou na minha direção.

James não sabia descer uma escada sozinho, não ia parar e eu com certeza não chegaria até ele a tempo de impedir que continuasse avançando. Sem pensar muito, subi o mais rápido que consegui e estiquei o braço para cobrir o espaço que faltava, no momento exato em que ele apoiou a mãozinha no espaço vazio do primeiro degrau e tombou para frente, os olhinhos arregalados de medo e meu coração acelerado pelo mesmo motivo.

Ele só bateu o rosto na palma da minha mão e eu o impulsionei para cima de novo, mas foi suficiente para me deixar tremendo inteira e fazê-lo chorar assustado.

—Ai, meu Deus! - Exclamei quando ele quase caiu, sentindo toda a cor sumir do meu rosto. - Não, meu amor, tudo bem, não chora.

Puxei ele para o meu colo e o deixei afundar o rostinho no meu pescoço em um abraço apertado e cheio de soluços sentidos. Afaguei suas costinhas com carinho enquanto descia de novo até o sofá.

—Pronto, passou. - O sentei sobre minhas pernas e sequei seu rosto molhado, ele ainda não parecia querer me soltar.

Ele ainda soluçou um pouquinho e derramou mais algumas lágrimas, mas logo seus olhos desviaram para os meus seios e ele deitou o rosto ali, mamar sempre o deixava mais calmo. Ele se encaixou no meu colo quando dei o que ele queria, e só quando sua respiração já estava mais calma desviei os olhos.

As expressões quase divertidas que encontrei à minha frente me fizeram rir também, embora eu ainda sentisse minhas mãos meio trêmulas.

—Pronto, passou. - Lily repetiu para mim no mesmo tom e estendeu meu copo de água, me fazendo rir com mais vontade.

—Ele nunca caiu? - James perguntou com a sobrancelha arqueada.

—Só tentando levantar pra andar.

—Da cama, do sofá, de cima de nada assim, nunca?

—Não. - Completei mentalmente dizendo “graças a Deus”.

—Uma hora vai acontecer, pode esperar.

—Vamos tentar não começar com uma escada, né?

Os dois riram do meu tom meio apavorado, mas concordaram. Meu bebê estava morrendo de sono, então dormiu rápido. Voltei minha roupa ao lugar e arrumei sua posição no meu braço.

—Não quer colocar ele na cama? - Meu sogro sugeriu.

—Não, deixa ele aqui, daqui a pouco eu subo também.

—Melhor não arriscar, não é? - Lily falou sabiamente e eu concordei com um aceno.

Meu colo não era um lugar estranho para ele, então meu filhote mal se mexeu enquanto eu conversava com seus avós noite adentro. Já passava bastante da meia noite quando fechei a porta do quarto e acomodei um James quietinho bem perto de mim para dormir pelo resto da noite.

Nos despedimos do vovô e da vovó um pouco depois do almoço, e aproveitei o resto do domingo brincando em casa com ele, só nós dois. Depois de um final de semana divertido e com a familiaridade do quarto dele ao redor, a noite foi ótima e bem dormida para nós dois.

A semana seguinte foi calma o suficiente para eu conseguir ir para casa alguns dias antes do horário, e na quinta aproveitei a tarde livre para levar meu bebê para brincar num parque que havia perto de casa, e tomamos nosso banho divertido de banheira, que era rotina quando eu chegava do plantão no sábado, mas havia sido adiado com nossa viagem de fim de semana.

Cheguei no hospital empolgada para último dia da semana, porque o Harry chegaria no final da tarde, de acordo com os dados do voo que me mandou por mensagem no início da manhã.

Busquei o James na creche para almoçar comigo e o deixei novamente lá quando meu comunicador anunciou uma emergência chegando, e que me prendeu por algumas horas numa cirurgia complicada. No fim do dia eu não tinha mais nenhuma consulta para atender e voltei ao meu consultório para finalizar o prontuário com os dados do pós operatório. Enquanto eu escrevia, uma batida na porta chamou minha atenção e levantei a cabeça a tempo de ver o meu marido passar por ela com um sorriso enorme e o filho pendurado no pescoço dele, tão satisfeito quanto o pai.

—Amor! - Cruzei a distância entre nós e joguei os braços ao redor do seu pescoço, prendendo-o num abraço e grudando nossas bocas num beijo demorado.

Me afastei segundos depois, rindo da tentativa do James em me empurrar para longe, com cara de bravo. Normalmente ele tinha ciúmes de mim, mas o pai tinha passado vários dias longe e ele queria monopolizar sua atenção agora. Apenas para vê-lo repetir aquela carinha, me aproximei de novo e ele fez a mesma coisa.

—Como foi a viagem?

Ele se afastou alguns passos e sentou na minha cadeira. Puxei nosso filhote para os meus braços e me sentei de lado no colo dele, deixando espaço suficiente para os dois continuarem grudados.

—Bem, dormi quase o voo todo, foi muito tranquilo.

—E lá, deu tudo certo?

—Mais ou menos, eu te conto amanhã. - Ele desviou a atenção para baixo e respondeu o que nosso bebê estava resmungando, cujas únicas palavras compreensíveis eram “mama” e “papa”.

—Estava com tanta saudade de você. - Afundei o rosto no pescoço dele, aspirando aquele cheiro familiar e gostoso.

—Eu também. - Subiu a mão até minha nuca e acariciou por baixo do meu rabo de cavalo. - Não sabia que você ia para a casa dos meus pais.

—Nem eu, mas o James estava tão tristinho semana passada que eu quis levá-lo para fazer alguma coisa diferente.

—Eles vem na semana que vem, não é?

—Com certeza, chegam sexta a noite para passar um tempo com você e vão embora no domingo.

Harry assentiu e deu um beijo nas bochechas gordinhas do nosso aniversariante.

—E como foi lá?

—A festa de sempre, você sabe. - Meus olhos arregalaram de novo só com a lembrança do que eu diria a seguir. - James quase caiu da escada.

—Como? - Perguntou alarmado, olhando com mais atenção para ele, como se querendo conferir que estava tudo no lugar.

Contei o que tinha acontecido, e ele pareceu tão assustado quanto eu fiquei na hora.

—Ele chorou tanto que eu quase chorei junto.

—Imagino. Esse menino está ficando muito esperto, não é, filhote? - Mordeu o pescoço dele, arrancando gargalhadas.

—Você passou em casa?

—Não, fui até o escritório de táxi, coloquei as coisas no carro e vim direto aqui ver vocês.

Aproveitando a distração da pessoinha no meu colo em brincar com o relógio de pulso do pai, Harry e eu trocamos um beijo mais demorado e sem interrupções.

—Não quer ir descansar um pouquinho? - Sugeri, deslizando os dedos pelo cabelo dele, que fechou os olhos para aproveitar o carinho.

—Acho que vou, tenta chegar cedo amanhã.

—Vou fazer o possível. - Prometi e me levantei para ele conseguir sair.

—Vou levar o James comigo. - Avisou sem necessidade, porque eu não esperava outra coisa.

—Leva mesmo, ele sentiu muito sua falta essa semana. - Virei o rostinho dele para mim e dei um beijo. - Tchau, meu amorzinho.

—E eu dele. Tchau, minha linda. - Ganhei um selinho sob protestos ciumentos.

—Até amanhã.

—Bom trabalho. Dá tchau pra mamãe. - Harry acenou para mim, e James o imitou como sabia, meio sem coordenação.

Acenei de volta e os dois saíram rindo, me deixando do mesmo jeito.

Não estranhei ao encontrar o James dormindo do meu lado da cama quando cheguei no sábado cedo, era óbvio que eles não iam se desgrudar. Com o mínimo de barulho possível, passei direto para o banheiro e tomei um banho rápido, afastei meu bebê de onde estava, próximo ao pai, e me deitei entre eles. Depois de um beijo em cada um, me acomodei encostada no Harry e dormi com o James abraçado a mim.

Acordei no meio da tarde sozinha na cama, mas os barulhos na sala assim que abri a porta do quarto chamaram minha atenção e fui até lá encontrá-los. Harry estava deitado no tapete e James sentado do lado, envolto a uma quantidade considerável de peças coloridas que ele mal conseguia segurar com apenas uma mãozinha, tentando encaixar nos espaços certos de um cogumelo que tinha quase a altura dele e emitia uma musiquinha irritante que ele adorava.

Cumprimentei o Harry com um beijo rápido e me deitei também, deixando o James entre nós, que se arrastou até mim quando me viu ali à disposição da pouca altura dele.

—Desculpa, papai, mas esse é o beijo mais gostoso. - Falei quando ele veio sorridente e grudou a boquinha na minha, em um beijo todo babado.

O sentei de novo no meio do tapete e entreguei uma das peças coloridas para que continuasse brincando.

—Como foi lá? - Perguntei ao Harry.

—Uma chatice, odeio ter que consertar cagada dos outros.

—Mas ficou tudo certo?

—Não, mas o que restou dá para resolver por aqui. Filhote, vamos desligar essa música? - Apertou o botão que silenciava o brinquedo e ganhou um olhar bravo de volta, que o fez ligar de novo na mesma hora. - Cópia da sua mãe, mesmo.

Ri da reclamação e ajudei o James a encaixar uma das peças.

—Parabéns! - Elogiei para sua carinha de felicidade e bati palmas com ele.

—O meu chefe queria prorrogar até sexta que vem, veio com esse papo na quinta a tarde.

—E o que você disse?

—Que sem chance, era aniversário do meu filho no sábado e além disso duas semanas fora de casa já é muito tempo para quem tem um bebê, eu fico com saudade, você se cansa demais porque tem que fazer tudo e ele estranha. Aí ele teve a cara de perguntar se você por acaso não podia resolver uma festinha sozinha.

Meu olhar disse tudo o que eu pensava do chefe dele, então não me dei ao trabalho de verbalizar.

—O que você disse?

—Que é um assunto nosso, e independente disso eu faço questão de participar.

—Esse seu chefe é um idiota.

—Completo. - Concordou e se inclinou para pegar uma peça azul que o James jogou em cima do sofá. - Não joga. - Falou sério para ele antes de devolver. - Se ele me mandar embora você me contrata para tomar conta das suas finanças pessoais?

—Contrato, mas você vai ter que prestar serviços íntimos também. - Pisquei para ele.

—Essa é a carreira dos meus sonhos, assim eu mesmo me demito.

—O buffet me ligou essa semana, vamos ter que passar lá até quarta para confirmar a lista de convidados.

—Ta bom.

—E a roupa do James está pronta, peguei na quinta quando saí do trabalho.

—Você já vestiu nele? - Perguntou com os olhos brilhando.

—Não, deixei para quando você chegasse. Mas ficou uma gracinha, e com certeza vai servir.

—Vai ser o Homem de Ferro mais gatinho do mundo, né filhote? - Fez cócegas no pé dele, que puxou a perninha contrariado. - A gente podia ir de Capitão América e Viúva Negra, o que você acha?

—Uma péssima ideia. - Neguei, rindo.

—Estou falando sério, Gin, ia ficar super legal! E o James ia adorar.

—O James não ia nem entender, Harry.

—Mas ele vai ver as fotos um dia.

—Você está falando sério? - Questionei com o cenho franzido.

—Estou, ia ser demais.

—Meu Deus! - Cobri o rosto com as mãos, rindo com vontade. - Quantos anos você tem, mesmo?

—Você já viu a foto dela? A roupa é super sexy, a sua cara.

—Mas por que eu deveria estar sexy no aniversário de um ano do meu filho?

—O pai dele vai gostar.

—Achei que o pai dele me achasse sexy todos os dias com as roupas de Ginny. - Arqueei a sobrancelha em desafio.

—Eu acho, mas vestida de Viúva Negra ia ser um escândalo. - Ele pegou o celular do chão e digitou alguma coisa antes de virar a tela para mim. - Olha essa roupa!

Olhei por alguns segundos a imagem da mulher com a roupa escura e totalmente justa.

—Achei que você estivesse falando de um personagem fictício, não da Scarlett Johansson. - Apertei os olhos em sua direção e ele rolou os dele para mim, voltando a me mostrar a imagem de um desenho em quadrinho com o mesmo figurino.

—E você ainda é ruiva, seria a Viúva Negra perfeita, personificação dos meus sonhos eróticos de adolescente.

—Que sonhos mais estranhos. - Comentei rindo.

—Vai, Ratinha! - Insistiu, cutucando meu ombro.

—Sem chance de eu me vestir assim no aniversário do James.

—Você podia se vestir assim só pra mim, então!

Olhei de canto para seu rosto esperançoso.

—Aí eu posso pensar. Mas! - Levantei o dedo antes que ele começasse a falar alguma coisa. - Não se vista de Capitão América, por favor, só vou rir.

Ele gargalhou com vontade, e isso fez o James rir também.

—Vocês já comeram?

—Já, deixei seu prato dentro do microondas.

—Obrigada, estou morrendo de fome.

Depois de comer um almoço muito mais saudável do que quando éramos só nós dois, rotina desde que nos tornamos pais, voltei para a sala e me acomodei no tapete ao lado dele, usando seu ombro como travesseiro.

—Licença, amor. - Pediu um minuto depois que me deitei e sumiu pelo corredor.

Harry apareceu um segundo depois com duas embalagens de presente, uma que cabia na mão dele e a outra numa sacola enorme.

—Trouxe uma coisinha para você. - Anunciou se sentando do meu lado.

Me sentei também com as costas apoiadas no sofá e olhei ansiosa. Ele deixou a embalagem maior no chão e me entregou a pequena. Abri a sacola decorada e puxei de dentro a caixinha com a cor característica da Tiffany, o que fez meus olhos brilharem.

—Que olhos grandes, meu Deus. - Zombou.

Abri a embalagem e encontrei um colar delicado, com o pingente em forma de coração e uma pequena chave em cima, ambos com pedras que deixavam a peça ainda mais bonita.

—Que lindo, Ursinho. - Puxei com cuidado de dentro e olhei todos os lados com atenção, encantada.

—Achei sua cara quando vi.

Olhei em dúvida para a minha corrente dourada, que nunca tinha saído do meu pescoço desde que ganhei.

—E agora? Não quero tirar essa.

—Usa um mês cada uma. - Sugeriu, tirando a jóia da minha mão. - Vira, deixa eu colocar em você.

Dei espaço atrás de mim e ele se sentou com as pernas ao meu redor, me deixando entre elas. Puxei o cabelo para não atrapalhar e peguei o colar que tirou do meu pescoço, colocando com cuidado na embalagem ao meu lado enquanto ele prendia o novo ali.

—Pronto. - Anunciou, me dando uma sequência de beijos na nuca.

Deixei o cabelo cair de novo quando ele se afastou e me encostei em seu peito.

—Estava demorando. - Comentei quando vi o James se arrastando em nossa direção.

Ele passou com um pouco de dificuldade por cima das pernas do pai, se levantou usando minha barriga como apoio quando parou entre as minhas e prendeu meu pescoço num abraço que não deixava espaço para mais ninguém.

—Pronto, acabou o grude com o papai. - Harry reclamou, puxando a embalagem do lado e mostrando para ele. - Trouxe uma coisinha para você também, filhote.

Ele estendeu as mãozinhas animado quando viu o papel de presente que ele ficaria muito feliz em rasgar, e eu o sentei do lado para que abrisse.

—Lego? - Perguntei com o cenho franzido. - Você não acha que ele é meio pequeno pra isso? Com o tamanho dessas peças é bem capaz que se a gente deixar ele sozinho com elas por 5 minutos o estômago dele tenha quantidade suficiente pra montar um foguete.

—Mas não é pra ele brincar agora, só daqui uns 4 anos. Você tinha que ver aquela loja, Gin, é a loja mais legal que já fui.

—Achei que era um presente pro James, não pra você.

—Ele pode brincar com a caixa.

A cara de pau dele me fez rir, mas o curioso é que a caixa realmente entreteu nosso bebê por longos minutos.

Senti o celular vibrar no bolso da calça no início da tarde de quinta, enquanto ia até a creche buscar o James para irmos embora, e as desculpas começaram a se formar na minha cabeça assim que vi quem era.

—Oi, Mione.

—Oi, Gin, tudo bem? Já saiu do trabalho?

—Estou indo para casa agora.

—Aah, eu liguei só para saber se você já sabe o que vai vestir na festa.

Rolei os olhos, mesmo que ela não conseguisse ver.

—Ainda não, mas você pode sim me ajudar a escolher, já sei que você quer.

—Que ótimo, dessa vez nem deu trabalho. - Comentou satisfeita. - Então a gente se encontra na minha casa e vamos de lá, até daqui a pouco.

—Vamos aonde?

—Comprar alguma coisa para você usar.

—Comprar? A gente pode escolher do meu armário mesmo.

—Gin, acredite em mim, você vai querer estar radiante nesse dia.

—Eu estarei! - Garanti, já prevendo a tarde que me aguardava.

—Vai fazer toda a diferença quando você olhar as fotos daqui um tempo e ver como a roupa que você comprou só pra isso te valorizou.

—O James fica chatinho no shopping, Mione, e o Harry tem reunião com uma cliente hoje a tarde toda.

—Por isso você me encontra lá em casa, o Ron vai ficar com ele, eu já o avisei.

Eu já conhecia essa pessoa há tempo demais para saber que nao adiantava contestar.

—Tudo bem, então, até daqui a pouco. - Me rendi, quase frustrada.

Quando estacionei em frente à casa do meu irmão, o carro da minha cunhada já estava lá. Tirei o James e a bolsa dele do carro e toquei a campainha para que eles destrancassem a porta, que começou a ficar fechada desde que a Rose passou a alcançar a maçaneta.

—Oi, já estamos indo, deixa só eu terminar de dar comida para o Hugo. - Mione falou apressada e sumiu para dentro da casa.

O filho mais novo deles era poucos meses mais velho que o James, então coloquei ele no chão sem me preocupar, porque não haveria nada inapropriado ao seu alcance.

—Tia Gin! - Rose se jogou contra minhas pernas, correndo até mim.

—Oi, minha florzinha.

—Oi. - Ron surgiu logo depois e me deu um beijo no rosto enquanto eu levantava minha sobrinha, já não tão leve. - E ai, moleque? - Pegou um James sorridente do chão, jogando-o para cima e o fazendo soltar uma gargalhada gostosa.

Ele adorava essa brincadeira, mas ela me dava um frio desconfortável na barriga, então virei de costas para não vê-lo voar tão alto.

Por alguns minutos Rose falou quase sem parar sobre tudo o que se lembrava, gesticulando igual à mãe, e só se interrompeu porque Hermione a chamou para terminar de comer e dar os avisos de praxe para que se comportasse.

Dei um pouquinho de atenção ao Hugo enquanto minha cunhada fazia sabe lá o que, e o deixei no tapete da sala quando ela surgiu pronta, me chamando para sair.

—Tchau, amorzinho, e cuida do tio Ron. - Falei para o James, ainda no colo do meu irmão, e dei um beijo no rostinho dele. - Tchau, Ron, qualquer coisa me liga, e ele já almoçou, mas umas quatro horas vai querer comer alguma coisinha.

—Pode deixar, vou fritar umas batatas pra ele. Ele prefere coca cola ou guaraná?

Ignorei a provocação e beijei mais uma vez meu bebê antes de acompanhar minha amiga porta afora.

—Então, você já sabe que imagem quer passar? - Mione perguntou quando entramos no corredor iluminado do shopping que ela parecia conhecer melhor que a própria casa.

—A imagem de mãe do aniversariante não está bom? - Ergui a sobrancelha em sua direção.

—Óbvio que sim, mas acho que você também deveria parecer radiante.

—Combinado, então, mãe radiante do aniversariante.

—Então vamos, acho que já tenho uma ideia.

Atravessamos a porta de vidro de uma loja ampla e repleta de araras, onde uma vendedora a cumprimentou pelo nome e com um beijo no rosto.

—Oi, Jane. Hoje precisamos de algo alegre e formal…

Ela se estendeu na descrição do que procurava, e a moça voltou alguns minutos depois com uma pilha de vestidos. Mione pegou todos e me indicou o provador.

—E esse? - Perguntei me virando de frente para ela, sentada confortavelmente em um banquinho em frente à cabine onde eu estava.

O shopping estava vazio, só nós duas ocupávamos aquele espaço, então depois do sexto vestido desisti de fechar a porta, já que eu tinha que mostrar todos para ela de qualquer forma.

—Uhn… não sei… - Ela olhou pensativa para o modelo de estampas azuis, a saia evasê que se estendia até acima do meu joelho e o decote quadrado que dava um destaque bonito no colo, não muito revelador.

O décimo terceiro vestido que eu experimentava.

—Coloca esse. - Esticou um azul.

Troquei e o padrão se repetiu, ela ainda não parecia convencida. Quando empilhei a vigésima peça, notei que a pilha ao lado dela ainda era imensa.

—Mione, é sua última chance. Escolha mais um, apenas um! - Afirmei quando ela começou a protestar. - E a gente vai levar um desses.

Ela olhou contrariada e demorou um tempo até me estender um vestido lilás. Vesti e me virei para o espelho, definitivamente não era esse.

—Não gostei desse. - Falei de frente para ela, que torceu o nariz também.

—Nem eu. Quer experimentar mais um?

—Não, esse era o último. Abre aqui para mim, por favor.

Ela desceu o zíper que ficava atrás e parou do lado enquanto eu vestia minhas roupas de novo, ponderando todas as opções.

—Eu gostei desse. - Apontei para um modelo com algumas estampas azuis e botões legais na frente.

—Esse ficou mesmo muito bom, mas o vermelho também é lindo.

—O James mama, o azul é mais prático.

—O que você achou do fúcsia?

—Qual? - Perguntei sem entender a qual se referia, e ela ergueu um dos modelos. - Ah, o rosa. Bonito também, mas ainda prefiro o azul.

—Veste o azul de novo para eu ver.

—Está brincando, não é?

—Não, é rapidinho. - Determinou irredutível, e eu comecei a me despir outra vez.

—Eu realmente gostei muito desse. - Afirmei enquanto fechava o último botão, de frente para o espelho.

—Estou aqui pensando, vai ficar uma graça com aquela sua sandália bege, sabe? Não a creme com as pedras, a outra que eu tenho uma igual.

—Sei…

—E com o seu… - Olhou para o meu pescoço e viu um colar diferente. - Uau, que lindo!

—Harry trouxe de presente para mim. - Contei enquanto ela olhava com atenção meu pingente.

—Bem, vai ficar lindo com esse também.

—Então decidido, vamos embora.

Quando cheguei em casa o Harry já estava, e nem precisou perguntar aonde eu fui assim que viu a sacola na minha mão. Minha cara de felicidade depois de uma tarde inteira dentro de um provador também era um indício, que o fez rir enquanto elogiava minha compra.

Sábado a tarde fui acordada por um par de mãozinhas gorduchas no meu rosto enquanto o dono delas estava confortavelmente sentado sobre o meu peito, fazendo um pequeno esforço para me sacudir.

—Mais forte, filhote, assim a mamãe não vai acordar - Ouvi quando Harry o incentivou.

Abri os olhos para ele e o vi rir em comemoração por alcançar o feito. Antes que ele pudesse escapar, o puxei para um abraço e enchi seu rostinho de beijos.

—Parabéns, meu amorzinho.

No começo ele riu, mas enquanto eu desejava a ele tudo de melhor que eu podia, se irritou com meu aperto e espalmou as mãozinhas no meu rosto, tentando me empurrar.

—Ele não quer seu beijo, eu quero. - Harry Falou brincalhão e se inclinou sobre mim para me roubar um beijo.

Assim que nos viu próximos, James o empurrou e grudou a boquinha na minha.

—Decide, moleque. - Harry falou, batendo a mão no bumbum cheio de fraldas dele, que riu abertamente.

Meus sogros estavam na sala quando descemos, e se revezaram para me cumprimentar. Os dois ficaram brincando com o neto enquanto eu tomava café e Harry terminava de preparar o almoço do nosso bebê.

Após o banho, James estava radiante dentro do seu macacão de homem de ferro, espalhando sorrisos para quem aparecesse em sua frente, e Harry mais bobo impossível.

A caminho do salão onde seria a festinha dele, dirigi enquanto meu marido tentava a todo custo fazer o filho aceitar usar a máscara que ele tinha comprado, mas que certamente estava incomodando.

—Amor, deixa essa máscara, está incomodando e daqui a pouco ele vai chorar. - Interferi, após ver pelo espelho retrovisor quando James empurrou as mãos dele com um gritinho de protesto.

—Mas vai ficar tão lindinho. - Lamentou, deixando o objeto de lado.

—Eu sei, mas ele não quer. Só o macacão já está lindo.

Quando chegamos ao local, a quantidade de heróis que compunham a decoração era de causar inveja em muitas pessoas como o Harry. Ele, inclusive, olhou para tudo com ar maravilhado e fez questão de levar o James para ver todos os detalhes de perto.

Nossos amigos e familiares chegaram aos poucos, deixando o ambiente muito animado. Alguns amiguinhos da creche também foram chamados e nosso filhote ficou muito feliz em brincar com rostinhos conhecidos.

A noite se arrastou de forma agradável, nos fazendo ter cada vez mais certeza que todo o tempo investido para preparar esse momento valeu a pena.

James fez a maior festa batendo palminhas enquanto todo mundo cantava parabéns para ele, olhando em volta radiante e com um sorriso cheio de covinhas e gengiva aberto para as pessoas em volta. Era tão compensador vê-lo feliz assim, que eu e o Harry estávamos sorrindo tanto quanto.

A roupa de homem de ferro dele fez o maior sucesso, e por fim a máscara que o estava irritando ficou de lado de uma vez por todas. Ele ainda não sabia assoprar, então Harry o inclinou sobre a vela acesa e eu a apaguei por ele enquanto sua atenção estava toda no desenho de heróis sobre o glacê do bolo.

—Não! - Segurei o bracinho dele quando tentou pegar o desenho, criando um buraco na superfície do bolo e saindo com a mão toda suja.

—Deixa, amor, o bolo é dele.

Me afastei e deixei ele pegar mais um pedaço, depois Harry o puxou de volta e ele pareceu muito feliz sujando o rosto inteiro na tentativa de comer o doce.

—Aproveita, que não é todo dia. - Falei para ele, que não entendeu nada, mas me abriu um sorriso enorme.

Ele terminou de comer e eu limpei o rosto dele com o guardanapo antes do Harry entregá-lo ao instrutor das brincadeiras para a idade dele e voltarmos à nossa mesa, junto com Mike, Lisa, Kate e Dave. Alice e o namorado também tinham se juntado a eles, então havia apenas uma cadeira disponível, onde Harry se sentou e me deu espaço para me acomodar sobre suas pernas.

—Entre vocês dois e o James, não sei qual dos três está mais feliz. - Dave comentou assim que chegamos.

—Eu, com certeza. - Harry afirmou convicto. - Só não estou mais porque a Gin não quis vir vestida de Viúva Negra nem me deixar vir de Capitão América.

Ele embolou o guardanapo que estava na mão e jogou em mim.

—Sua estraga prazeres.

—Fica quieto, perdedor. - Joguei de volta.

A conversa se estendeu por vários minutos ainda, até que o Will, filho mais novo do Mike e da Lisa, pedir colo ao pai com cara de sono.

—Vamos, amor, eles devem estar cansados. - Ela chamou e ele assentiu.

—Que horas são? - Perguntei a ninguém especificamente.

—Nove e meia. - Kate me respondeu.

—Vou buscar o James, ele deve estar com fome, já passou da hora que ele mama para dormir.

—Um ano já sem poder brincar direito, hein cara, meus sentimentos. - Dave, é claro, comentou malicioso.

Kate olhou para ele com uma cara que dizia claramente que o comentário tinha sido desnecessário, Mike e Lisa caíram na risada.

—Menino abusado, mas a gente divide, né Ratinha? - Harry respondeu, encostando o rosto no meu decote.

—Pai se acostuma com essas coisas, Dave, você vai ver um dia. - Mike corroborou com a questão.

—É, mas agora é a hora da criança. - Empurrei o rosto do Harry para longe em meio a mais uma onda de risadas e me levantei.

Fui até o brinquedo onde ele estava antes, e vi que só Rose e Hugo estavam ali.

—Rose, cadê o Jay? - Perguntei a ela, que já saberia me responder.

—Está com a avó. - Foi a instrutora que me respondeu.

—Obrigada.

Encontrei a Lily com ele a alguns passos dali, distraídos numa mesa cheia de lápis de cor.

—Oi, meu amorzinho. - Cumprimentei, abaixando para ficar da altura dele.

Fui recebida com ele se jogando para cima de mim, esquecendo da brincadeira.

—Ele já está chatinho, né? - Perguntei para Lily enquanto o pegava e me levantava.

—Um pouco, acho que está com sono.

Me afastei com ela para uma mesa da nossa altura e nos sentamos. Pelo visto James estava morrendo de fome, mal me sentei e ele já estava procurando.

Fiquei conversando com a minha sogra enquanto ele se alimentava e alguns minutos depois, quando meu bebê já dormia pesado no meu colo, meu sogro veio até nós convidá-la para irem embora, pois estava cansado.

—Se importa, Gin? - Ela me perguntou, aparentando estar tão cansada quanto ele.

—Claro que não. Estão com a chave? Eu e o Harry vamos ficar um pouco mais.

—Estamos. Até amanhã.

Os dois deram um beijo em mim e no James e saíram. Mike e Lisa vieram se despedir poucos minutos depois, acompanhados de Kate e Dave, que iam embora com eles. Meg era sempre muito carinhosa, então não precisou de nenhum incentivo para se pendurar no meu pescoço e encher meu rosto de beijos, depois fez o mesmo com o James.

Colin e Ced eu já não via há muito tempo, a última vez que vi meu amigo do trabalho foi ao redor da mesa do bolo enquanto cantava parabéns.

—Gata, nós já vamos. - Ele surgiu de trás de mim assim que terminei de pensar nele.

—Vocês ainda estão aqui? Achei que já tivessem ido.

—Incendinho, a gente nunca iria embora sem se despedir do mini Harry, não é coisinha mais linda? - Ced se abaixou e fez carinho no James. - Estávamos conhecendo os convidados.

—Claro que não, vocês são uns lordes!

—Somos mesmo. Depois você me diz se gostou do meu presente, você vai saber qual é quando abrir, nem me preocupei em assinar, é o casaquinho mais fashion!

—Olha, a Mione briga por esse título, viu?! - Comentei de pirraça.

—Entre os dois mais fashions, o meu é o que vai estar com o embrulho mais bonito. - Afirmou convicto.

Colin rolou os olhos e riu comigo.

—O meu está assinado e é brinquedo, gata, roupa pai e mãe que comprem. - Prático como sempre meu amigo.

—Boa lógica. - Elogiei apenas para ver o Ced fazer sua melhor cara de desdém para nós dois.

—Estava tudo maravilhoso.

—Obrigada, gato. - Me estiquei como consegui para retribuir seu abraço sem precisar levantar.

Ced também se despediu e os dois saíram tagarelando como sempre, de mãos dadas.

Ron e Mione eram os únicos que ainda estavam ali, e se sentaram comigo assim que alguns amigos do trabalho do Harry saíram, pessoas com as quais eles estavam conversando. Hugo estava adormecido no colo do pai.

—Rose quer morar aqui. - Ron comentou cansado.

—E não quis ficar com o cardigan. - Mione reclamou.

—Ela ficou com calor, amor. - Ele defendeu a filha.

—Mas estava lindo.

Eu ri com vontade do argumento, essa era minha cunhada.

—Estou acabado. - Harry se juntou a nós e puxou a cadeira para perto da minha, passando o braço por trás do meu ombro e levando a outra mão aos cabelos revoltos do James.

Ficamos por alguns minutos conversando, até que a gerente do Buffet nos interrompeu e se dirigiu ao Harry e a mim.

—Com licença, precisamos assinar os termos de encerramento.

—Eu vou, pode deixar. - Harry se antecipou e a seguiu.

—Gin, já vamos. - Ron me avisou enquanto entregava o filho à minha cunhada.

Dois minutos depois ele voltou com uma Rose emburrada no colo, visivelmente "de mal" do mundo.

—Dá tchau pra tia Gin. - Ele a inclinou na minha direção, mas ela se negou. - Rose, dá tchau pra tia.

Diante do tom mais firme, ganhei um beijo relutante.

—Tchau, florzinha.

—Tchau, Gin. - Ele me deu um beijo também e se despediu do James.

Hermione me lançou um beijo de longe e os quatro saíram, nos deixando sozinhos.

—Você se divertiu, não é filhote? - Falei para a pessoinha adormecida no meu colo.

O suor e as marcas de doce no rostinho dele não mudavam suas feições pacíficas e lindas. Um mini Harry mesmo, até no jeito que me deixava boba só de olhar para ele.

Passei a mão nos cabelinhos bagunçados dele e ri quando tirei de lá um pedaço de bolo.

—Uma vez por ano está bom pra fazer essa festa, né? Pelo jeito vou tirar doce de você pelos próximos doze meses mesmo.

—Falando sozinha? - Harry perguntou, se jogando na cadeira do meu lado e estalando um beijo no meu rosto enquanto colocava a bolsa do James sobre a mesa e uma caixa de papelão grande na minha frente. - Divirta-se, mamãe.

Abri a tampa e encontrei todos os brigadeiros que não foram servidos, meus olhos brilharam.

—Está querendo alguma coisa, papai? - Perguntei, colocando um na boca e me encostando no peito dele.

—Pensando na hora do adulto. - Respondeu no meu ouvido, disfarçando com um abraço as mãos sobre os meus seios.

Virei a cabeça para trás e trocamos um beijo carinhoso.

—Vamos para casa?

—Vamos. - Pontuou sua concordância com um selinho e se levantou. - Dá ele aqui.

Estendi um James adormecido para ele, peguei a bolsa e meus brigadeiros e os segui. Tinha sido tudo perfeito nesse dia, mas com eles os outros 364 do ano também eram.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal!
Eu nem sei dizer quanto me deixa feliz e orgulhosa chegar no último cap de DV. É uma mistura de sentimentos, porque eu realmente amo essa história e amei criá-la.
Espero que vocês tenham gostado e não deixem de me dizer o que acharam.
Eu não gosto de despedidas, então vou deixar para fazer isso apenas no epílogo.
Obrigada a todos que leram até aqui, e principalmente àqueles que me motivaram de alguma forma, seja com comentários aqui, no meu grupo do Fabebook (https://www.facebook.com/groups/1104653872914067/), ou recomendações. Vocês são incríveis ♥
Beijos e nos vemos na próxima história também:
https://fanfiction.com.br/historia/722691/Segundo_ato/



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