Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 10
Capítulo 10




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Normalmente eu não tinha muita paciência para ficar em casa o dia todo, mas passei a segunda-feira inteira revezando entre o sofá e a cama e trocando os canais da TV incessantemente enquanto comia pequenas colheradas da lata de brigadeiro que comprei no caminho para casa quando saí do trabalho no dia anterior.

No fim da tarde recebi uma mensagem do Harry:

"Oi Gin, vamos comigo em um lugar hoje? Beijos."

Prendi a colher entre os dentes enquanto respondia.

"Hoje não dá, estou menstruada."

Não tive tempo nem de deixar o aparelho de lado e recebi uma ligação dele.

—Oi, Harry.

—Eu não acredito que você respondeu isso. - Comentou indignado.

—O que?

—Que está menstruada.

—Ah, bom, em situações normais acontece uma vez por mês, sabe? - Falei sem saber qual era o foco da sua indignação.

—Eu sei que acontece uma ver por mês, estou falando de você falar que não dá para sair comigo porque está menstruada. - Ele soou um pouco ressentido ao explicar. - Eu ia te chamar para ir ao cinema, poxa.

—Cinema? - Questionei achando o convite estranho, porque normalmente vamos ao cinema com amigos ou o namorado, não com a pessoa com quem estamos saindo ocasionalmente.

—Sim, quero ver um filme que estreou esse final de semana.

—Que horas?

—Às seis e meia.

Tirei o celular do ouvido e olhei as horas rapidamente antes de voltar a encostá-lo no meu rosto. Eram quatro e cinquenta.

—Não está meio em cima da hora para comprar os ingressos?

—Na verdade eu já comprei, e então?

Seu tom denunciava que ele já esperava minha resposta positiva, o que me fez achá-lo um pouquinho confiante demais.

—Ok, vamos. Onde nos encontramos? - Confirmei por fim, ignorando minha indisposição total para sair em dias como esse.

—Passo aí em meia hora. Até daqui a pouco, beijos.

Deixei o aparelho em cima da cama enquanto me vestia, penteava os cabelos e passava um pouco de maquiagem, tirando de mim a cara de quem passou o dia todo fazendo nada. Estava dando uma última olhada no espelho quando ele mandou uma mensagem dizendo que já estava aqui, então abri minha bolsa e tirei de dentro meu cartão e documento pessoal que escorreguei para dentro do bolso do meu jeans e saí mais confortável sem nada para carregar.

Me acomodei no banco ao seu lado assim que alcancei seu carro parado em frente à portaria e trocamos um beijo rápido.

—Posso deixar minha chave aqui? Pego na volta. - Perguntei apontando o porta-luvas.

—Claro. Você está bem?

—Muito bem, e você?

—Ótimo. - Respondeu antes de se virar para frente e começar a dirigir.

Depois de prender meu cinto de segurança notei que Harry provavelmente estava vindo direto do trabalho, pois ainda vestia roupas sociais e tinha os cabelos organizados sob uma camada visível de gel, o que deixava sua aparência bem mais elegante e dividia minha opinião sobre qual estilo ficava melhor nele.

—Pensando bem, estou reconsiderando minha opinião sobre roupas sociais serem caretas. Pode acrescentar na lista de preferências. - Falei após um momento de silêncio, sabendo que ele entenderia que eu me referia à nossa conversa no dia em que nos encontramos no mercado.

—Vou fazer uma nota mental. - Prometeu e tirou uma mão do volante para fazer carinho na minha coxa. - Não te disse que esse braço engessado era uma desvantagem?

Ri do comentário e apoiei minha mão sobre a dele, acariciando seu dorso.

—Eu aprecio o carinho, mas realmente acho que você deveria colocar as duas mãos no volante. Agora não tem mais desculpas para dirigir só com uma. - Repreendi num tom suave e vi que ele revirou os olhos antes de fazer o que pedi.

Como recompensa pousei minha mão em sua perna e ganhei um sorriso agradecido.

Chegamos no shopping do outro lado da cidade faltando quarenta minutos para o filme começar, então Harry estacionou o carro sem pressa e da mesma forma tranquila caminhamos um ao lado do outro até o terceiro andar, onde ficava o cinema. Esperei que ele comprasse um balde gigantesco de pipoca com porção extra de manteiga e um refrigerante maior do que eu conseguiria tomar em uma semana inteira antes de entrarmos na sala escura.

Os trailers não demoraram muito a começar e as cadeiras vazias ao redor serem ocupadas por rostos concentrados e ansiosos olhando a tela à nossa frente. O balde de pipoca estava no colo de Harry e eu esticava minha mão ocasionalmente para apanhar algumas para mim, mas só quando soou o aviso de que o filme iria começar me lembrei de que nem perguntei o que viemos ver. Esperei curiosa e quase ri quando vi o logotipo da produtora.

—Marvel? O das histórias em quadrinho? - Perguntei sem acreditar, vendo sua expressão concentrada, quase sem piscar.

—Demais, não é? - Falou com um sorriso, sem entender pelo meu tom que eu não achava aquilo tão o máximo assim.

Revirei os olhos sem dizer nada, mas ele já estava novamente concentrado na tela e não viu, então me virei para frente também e me concentrei em tentar prestar atenção no filme que estava começando.

Comecei a pegar as pipocas de uma em uma para o tempo passar mais depressa enquanto dois homens com super poderes se enfrentavam, mas eu não conseguia definir com precisão quem era o do bem e o do mal ali. Roubei uns goles do seu refrigerante, e cruzei as pernas para os dois lados olhando em volta e pensando que eu jurava que eram crianças que deveriam estar aqui, não esse tanto de adultos.

Harry por sua vez nem piscava, mal parecia se mexer ao meu lado para não perder os movimentos que aconteciam. Descruzei as pernas e apoiei a cabeça no seu ombro para ver se ficava mais confortável assim, e pela primeira vez ele olhou para mim, parecendo positivamente surpreso com meu gesto, que a meu ver não tinha nada demais.

—Espera aí. - Pediu baixinho e me afastou o suficiente para levantar o apoio entre nossas poltronas e passar seu braço por trás de mim, depois disso voltou a olhar para frente com uma expressão satisfeita.

Continuei comendo pipoca e pensando em tudo, menos no filme, pela próxima uma hora e meia, mas depois disso pelo menos ganhei um carinho aconchegante até que as luzes se acenderam indicando que deveríamos sair.

—Gostou? - Perguntou sorridente assim que saímos para o corredor branco do shopping.

—Eu não acredito que você me arrastou para ver esse filme horrível! - Falei rindo de sua expressão incrédula.

—Como assim horrível? - Seu tom era quase de ultraje.

—Para começar, o que era aquela capa horrível? Como assim tudo o que aconteceu de empolgante foi aquela briguinha insignificante? Cadê o sangue? Briga de verdade tem sangue, mortes, essa não teve nada além de um elenco mal vestido. - Opinei indignada, gesticulando a cada frase e o fazendo rir apesar de eu estar criticando sua escolha.

Só quando ele me puxou e deu um beijo na bochecha me toquei que seu braço estava confortavelmente apoiado ao redor dos meus ombros, nos fazendo andar abraçados. Antes que eu tivesse tempo de dizer algo sobre isso ele se manifestou novamente e eu acabei deixando para lá.

—Eles são heróis, precisam ter capas! - Explicou como se eu fosse uma criança. - E você só não gostou porque não prestou atenção.

—Eu não consegui prestar atenção porque não gostei. - Corrigi apontando para ele e o fazendo revirar os olhos. - Aonde vamos? - Perguntei quando notei que aquele não era o caminho da saída.

—Comer alguma coisa, não está com fome? Eu estou. - Respondeu segundos antes de entrarmos na praça de alimentação repleta de pessoas.

—Um pouco.

—Hoje eu quero fast food, e você?

—Também. - Afirmei antes de pararmos em frente ao M amarelo e reluzente.

Aguardamos em silêncio na fila, eu parada de costas para Harry com seus braços ao redor de mim e seu queixo apoiado no alto da minha cabeça o tempo todo, vez ou outra ele batucava os dedos sobre minha barriga ou me apertava um pouco mais por alguns segundos, até que chegou nossa vez de fazer os pedidos.

Como o nome dizia, fomos servidos rápidos e saímos à procura de uma mesa vazia em meio ao amontoado de pessoas que comiam e conversavam ao nosso redor. Encontramos uma mesa de canto em frente a um banco suficiente para três pessoas e nos sentamos lado a lado para devorar os sanduíches recém comprados.

—Qual sua comida preferida? - Ele quebrou o silêncio algumas mordidas depois.

—Vale doce? - Perguntei e ele riu, mas assentiu concordando. - Brigadeiro, com certeza. Comida mesmo é massa, não tenho uma preferência específica entre qual delas.

—Brigadeiro? - Questionou me olhando desconfiado.

—Sim, e eu estava comendo uma lata inteirinha quando você ligou. - Falei orgulhosa e ele me olhou duvidoso. - . E a sua?

—Estrogonofe de frango.

—Com ou sem os cogumelos estranhos?

—Com, é óbvio. - Afirmou convicto e eu franzi o cenho indicando que não concordava. - E a sua cor preferida?

—Não tenho uma, mas com certeza absoluta não é branco.

—Por que? Você fica bem de branco. A minha é azul marinho.

—Notei pela decoração da sua casa. Experimenta usar só azul marinho todos os dias por sete anos para ver se você vai querer ver essa cor na sua frente ainda. - Expliquei finalizando meu sanduíche e deixando o guardanapo amassado de lado.

Harry já havia terminado o dele e virou a bandeja com batatinhas na minha direção, oferecendo. Me encostei ao seu lado e sua mão foi novamente para o meu ombro, onde parecia estar muito bem acomodada.

—Como funciona depois que termina a faculdade de medicina? Você já é médica? - Perguntou interessado.

—Tem a residência ainda, mas basicamente sim. Só que eu fiz residência em cirurgia, então são cinco anos e não dois. Terminei no começo do ano passado.

—É muita dedicação da sua parte. - Comentou admirado.

—Como funciona no que você trabalha?

—Terminamos a faculdade na maioria das vezes já trabalhando em alguma área, comigo foi assim. Depois disso me especializei em análise de riscos por dois anos, terminei dois anos atrás.

—É uma coisa legal para trabalhar? - Perguntei interessada no que ele passava o dia todo fazendo.

—Eu gosto, mas você ia achar muito chato. Eu basicamente faço cálculos e analiso índices o dia todo.

—Realmente, eu ia. - Concordei pegando a batata que ele me oferecia.

—Mas tem os dias de maior emoção, quando a gente perde, por exemplo. Todo mundo fica louco, mas é interessante como normalmente as coisas se compensam e você recupera até mais.

—No meu caso eu odeio os dias que a gente perde. - Falei normalmente, mas notei que ele não soube o que responder, então mudei de assunto. - Faz tempo que você trabalha onde trabalha?

—Quatro anos. Você sempre trabalhou naquele hospital?

—Sim, saí da faculdade direto para lá.

—Luna está se especializando no mesmo que você?

—Sim, mas ela já está no fim. Daqui dois meses a turma dela termina a residência.

—Ela é tão boa quanto você? - Perguntou me adulando.

—Claro, fui eu que a ensinei grande parte das coisas. - Respondi convencida e ele revirou os olhos. - Brincadeiras a parte, ela é.

—E o Colin já estava lá quando você chegou?

—Sim, mas ele trabalhava na área psiquiátrica, então nos conhecemos uns dois anos depois que eu cheguei, quando ele pediu transferência para o centro cirúrgico e emergência. Adoro quando ele está no meu turno.

—Ele que me atendeu no dia que quebrei o braço, foi muito atencioso. - Comentou elogiando.

—Ele é o máximo. - Opinei.

—O que seu irmão faz além de desenvolver jogos viciantes? - Perguntou mudando de assunto.

—Sites, um monte de coisa chata. Já vi ele fazendo aquilo e sinceramente não sei como consegue. Mas ele acha super legal, então nem falo nada. - Finalizei levantando as mãos em rendição e arrancando uma risada relaxada dele.

—Sabe, as pessoas não precisam ser médicas para terem profissões legais. - Comentou irônico.

—Vai me dizer que você acha alguma profissão mais legal que a sua? - Perguntei olhando desafiadora para ele.

—Claro que acho.

—Qual, por exemplo?

—A dos astronautas. - Respondeu sério, mas eu não aguentei e gargalhei, fazendo algumas pessoas ao redor olharem em nossa direção. - Qual a graça?

—Filmes da Marvel, a profissão mais legal do mundo é a de astronauta. Quantos anos você tem mesmo? - Perguntei ainda rindo.

—Nossa, que engraçada. - Desdenhou, mas sorriu ao final. - Você não acha nenhuma profissão mais legal que a sua?

—Não. - Falei sinceramente. - Aliás, você não acha minha profissão mais legal que a sua também?

—Eu acho sua profissão mais admirável que a minha, mas mais legal não, desculpe. - Respondeu casualmente.

—Você não sabe de nada. - Afirmei sabiamente antes de mudar de assunto. - Que horas são?

—Dez e vinte. - Informou depois de olhar no relógio em seu braço, que eu reparei ser um muito mais elegante do que os que usava nas outras vezes.

—Melhor irmos, não? Amanhã eu só entro meio dia, mas você acorda cedo.

—Sim, já vamos. - Confirmou empilhando todas as embalagens descartáveis sobre a bandeja à nossa frente. - Vamos nos ver sexta?

—Não vai dar. - Neguei me lamentando. - Mione está na Austrália visitando os pais e retorna na quinta, vou jantar com ela para saber das novidades.

—Ok, então semana que vem?

—Sim. - Confirmei sem nem pensar muito sobre o assunto.

Joguei no lixo as embalagens e deixei a bandeja sobre o balcão enquanto Harry esperava alguns passos atrás de mim para voltar a passar seu braço ao meu redor no trajeto até o estacionamento. Paramos em frente à minha casa poucos minutos antes das onze e trocamos alguns beijos antes de finalmente nos despedirmos e eu subir.

A semana foi pontuada por mensagens que trocamos durante todo o dia, sempre que possível, e as maiorias me fazia rir de alguma coisa boba e responder de forma atipicamente engraçada.

Na quinta feira pela tarde Mione me ligou para confirmar nosso encontro no dia seguinte e disse que eu poderia ir até a casa dela assim que chegasse do trabalho e não precisaria me preocupar em fazer ou comprar nada, pois ela prepararia tudo já que ainda estaria de férias.

Na sexta quando acordei havia uma mensagem do meu irmão perguntando se eu queria ir até a casa dele a noite para comermos alguma coisa juntos, mas precisei negar o convite:

"Foi mal Ron, mas a Mione voltou para casa essa semana e já marquei de jantar com ela para saber das novidades. Fica para a próxima. Beijos."

Uma consulta de última hora e o trânsito comum do último dia útil da semana me fizeram chegar em casa já quase oito da noite. Tomei um banho rápido me enfiei em um vestido leve antes de atravessar o corredor e encontrar uma Hermione sorridente, bem humorada e mais bronzeada que o normal com os braços abertos em minha direção.

Comemos no sofá da sala mesmo, conversando sem nenhuma pressa e compartilhando detalhes e situações engraçadas sobre o país que não era mais nenhuma novidade para ela, visto a quantidade de visitas realizadas ao longo dos anos em que seus pais se mudaram para lá. Quando voltei para o meu apartamento, com o presente mais fofo do mundo que consistia em um coala de pelúcia vestido de médico, uma bandeira da Austrália bordada no minúsculo jaleco branco e as mãos presas por um velcro ao redor do meu pescoço em um abraço, já era madrugada e o sono me dominava.

O plantão de vinte e quatro horas no final de semana se arrastou, mas felizmente no domingo consegui sair do hospital no horário exato em que deveria: ao meio dia em ponto. Antes de entrar no carro liguei para o Ron para compensar minha negativa de dois dias atrás:

—Oi, Gin. - Me atendeu no segundo toque.

—Oi Ron. Estou indo para casa agora e vou dormir um pouco, mas quer ir jantar lá mais tarde? - Convidei sentada no banco do motorista, mas ainda com o motor desligado.

—Tudo bem. Que horas?

—Umas sete, oito, sei lá. Entra com a sua chave e me acorda quando chegar.

—Ok, até mais tarde então.

—Até, beijos.

Empurrei a porta da sala com o pé enquanto digitava uma mensagem irônica para Harry, contradizendo sua afirmação do dia anterior de que eu nunca aproveitava o domingo e esse era o melhor dia da semana:

"Em casa antes da uma da tarde para aproveitar o domingo. O que me diz disso? ;)"

Deixei o celular carregando sobre meu criado mudo e tomei um banho antes de me deitar. Voltei ao quarto e antes mesmo de me vestir desbloqueei meu telefone para ler sua mensagem que certamente já estaria ali:

"Dormir não é aproveitar o domingo. Não vale."

Revirei os olhos enquanto digitava e me arrastava para o meio da cama ao mesmo tempo:

"É o melhor jeito de aproveitar."

Me acomodei confortavelmente enquanto o aguardava responder:

"Só seria se fosse comigo. Durma bem, Ratinha."

Coloquei novamente o aparelho no criado mudo ao meu lado, mas tenho a impressão de que ainda estava sorrindo quando caí no sono.

O bom de dormir quando se está muito cansado e há muito tempo acordado é que a gente não sonha, não acorda com barulhos e tenho a impressão de quem nos mexemos. Só dormimos, como deve ser. A desvantagem é que a pessoa que tenta nos acordar no meio disso tem um trabalho enorme, e eu suspeitei que Ron já estava tentando há alguns minutos quando abri os olhos e o vi praticamente já deitado do meu lado, a expressão entediada.

—Oi, urso. - Falou sarcástico, assim que abri os olhos.

Não me dei ao trabalho de responder imediatamente, apenas resmunguei alguma coisa ininteligível enquanto me espreguiçava e ia até o banheiro escovar os dentes.

—Que horas são? - Perguntei com um grito para que ele conseguisse me ouvir do quarto.

—Umas oito. - Respondeu no mesmo tom.

Quando voltei o encontrei deitado na minha cama mexendo no meu mais novo urso de pelúcia. Me deitei do lado e dei um beijo em seu rosto.

—Tudo bem? - Perguntei mais simpática, agora que totalmente desperta.

—Sim, e com você?

—Também.

—O que é isso? - Questionou em dúvida, revirando meu bichinho nas mãos.

—É o Dr. Coala Australiano, que foi como eu batizei. - Ele me olhou com o cenho franzido, me fazendo rir e explicar. - Mione me trouxe de presente. Lindo não?

Ele não falou nada, apenas o deixou de qualquer jeito entre nós dois.

—O que você fez para a gente comer? - Mudou de assunto.

—Que horas você supõe que eu teria cozinhado para você? Vamos pedir alguma coisa e você vai pagar, porque ainda está me devendo o hambúrguer da semana passada.

—Nossa, que péssimo tratamento. - Desdenhou e eu lancei a ele um gesto obsceno. - Escolhe aí o que você quer comer, não tenho preferência hoje.

—Ok. - Concordei e fui até a cozinha consultar minha pilha de cardápios de delivery.

Optei por pedir um combinado de nachos e molhos diferentes em um restaurante próximo à minha casa, o que poupou a formalidade de arrumar a mesa e comemos com a mão mesmo no sofá da sala.

—Bom isso aqui. - Elogiou tomando um pouco de suco.

Acenei concordando, mas continuei em silêncio enquanto mastigava.

—Então você ganhou um presente personalizado e eu ganhei um imã de geladeira? - Comentou espontaneamente um momento depois, a expressão tão indignada quanto o tom de voz.

Há muito eu já havia desistido de tentar entender o que se passava na cabeça dele e da minha vizinha, então dessa vez também não tentei. Apenas preparei o meu melhor tom falsamente casual antes de dizer:

—Isso deve significar que estou fazendo melhor a minha parte do que você a sua, então melhore. - Dei de ombros indicando que aquele era meu melhor conselho e único comentário.

Ele fez menção de dizer alguma coisa, mas desistiu a meio caminho e fechou a cara em uma carranca que me fez sorrir com superioridade, como os irmãos fazem muito bem ao conseguir deixar o outro sem palavras.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal, como estão?
Congelando em SP ou em algum outro lugar? hahaha
Eu adoro esse encontro dos dois, porque é o primeiro que eles começam e terminam vestidos! hehe
Ansiosa para saber a opinião de vocês, então não deixem de me dizer o que estão achando do relacionamento deles.
Obrigada a todos que acompanham.
Beijos e até semana que vem!

Crossover: Parece que o Ron ficou um pouquinho incomodado com a disparidade entre o presente dele e o da Gin, tadinho, a reação dele quando ganhou você pode ver no capítulo de Backstage que foi postado ontem:
https://fanfiction.com.br/historia/692675/Backstage/capitulo/6/