Déjà vu escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 9
Capítulo 9




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Depois que saí do hospital passei em casa tempo suficiente para tomar banho e trocar de roupa, então menos de uma hora depois de chegar eu já estava novamente dentro do carro cruzando o portão da garagem. Exatamente sete minutos separavam o apartamento de Harry do meu, constatei olhando no meu relógio de pulso assim que estacionei o carro em frente ao prédio bege com portões pretos.

Desci do elevador em frente ao seu apartamento e o encontrei ali me esperando, encostado ao batente da porta e usando calça jeans, tênis e uma camiseta branca básica. Seu sorriso se fechou um pouco enquanto ele olhava atentamente a roupa que escolhi, mas depois voltou a aparecer quando enlaçou minha cintura e me puxou para dentro.

—Esse vestido é o que eu estou pensando? - Perguntou me olhando de cima, agora encostado à porta que acabou de fechar e me mantenho colada nele.

—Pensei em trazê-lo para conhecer o chão do seu quarto, você disse que ficaria muito bem lá. - Respondi casualmente.

Trocamos um beijo demorado como cumprimento antes que ele me virasse de costas para ele, apontando a sala à frente.

—Por favor, fique a vontade. - Falou tirando a bolsa da minha mão e deixando sobre o sofá enquanto me guiava com a mão nas minhas costas pelo ambiente bem decorado, mas inegavelmente masculino.

Os móveis eram todos de um tom bem escuro de madeira e o sofá grande e preto, o chão amadeirado também era escuro, fazendo contraste com a parede branca. Ao fundo uma estante repleta de livros, o que foi bem surpreendente, estava posicionada ao lado da cortina azul marinho que cobria apenas a janela e anulava bem a luz natural que vinha de fora, deixando o ambiente aconchegante apenas com as luzes de canto acesas. De onde eu estava conseguia ver um painel repleto de fotos no corredor e fiquei com vontade de ir até lá olhar de perto, mas me contive e continuei acompanhando-o até o balcão que dividia esse ambiente da cozinha.

—É bem diferente da minha casa mesmo, mas adorei os tons escuros. - Opinei com sinceridade.

—Sério? Obrigado. Pensei que você ia achar claustrofóbico quando vi tudo bege e claro demais na sua decoração.

—Se enganou, gostei bastante. – Reafirmei, olhando mais uma vez em volta.

Ele soltou minha mão e voltou para o lado do fogão, onde só então notei o fogo aceso sob uma panela onde algo fervia e exalava um cheiro apetitoso.

—Qual é o cardápio? - Questionei apoiada no balcão ao lado da porta.

Antes de responder fez sinal para que eu me aproximasse e colocou um banco alto ao lado dele, onde me sentei perto o suficiente para que seu corpo roçasse meus joelhos às vezes.

—O que eu te prometi.

—Você me prometeu alguma coisa? - Falei confusa, repassando mentalmente seu convite apenas para ter certeza que ele não tinha dito nada além de que me mandaria o endereço.

—Sim, prometi fazer um espaguete ótimo para você quando nos encontramos no supermercado.

—Nossa, você se lembra disso? – Comentei surpresa.

—Claro que sim, me lembro de todas as nossas conversas. - Afirmou sorrindo e me encarando, causando um arrepio inesperado.

—Estou ansiosa para provar, então.

O observei acrescentar algumas coisas ao molho e mexer em silêncio, com a expressão concentrada. Não comentei nada, mas fiquei imaginando se aquilo estaria mesmo gostoso.

—Você gosta de ler? - Perguntei me lembrando dos livros que vi em sua estante.

—Muito. Você não?

—Não é que eu odeie, mas não gosto o suficiente para arranjar tempo para isso.

—Jeito bonitinho de dizer que não lê nada. - Concluiu em tom de reprovação. - Como você gosta de comida mexicana deduzi que goste de pimenta, acertei?

—Em cheio.

Ele levantou a colher com que estava mexendo, assoprou para esfriar um pouco, sujou a ponta do dedo indicador de molho e se virou para mim com a outra mão apoiada na minha coxa:

—Prove. - Pediu estendo a mão na minha direção.

Sua expressão não denunciava que ele fez de propósito, mas quando lambi seu dedo para experimentar a receita só consegui pensar em como aquilo tudo, desde o clima até o gesto, era excitante.

—E aí? - Perguntou com expectativa.

—Nossa, é muito bom. - Respondi surpresa. - Muito bom mesmo, Harry.

—Obrigado. - Agradeceu com um sorriso satisfeito que dizia claramente que ele já sabia que o sabor estaria fantástico.

—Você aprendeu isso na internet?

—Internet, Ratinha? - Me olhou desconfiado, rindo da pergunta. - Minha avó materna é italiana, então saber fazer isso é obrigação familiar para mim.

Esqueci até de fazer cara feia para o apelido que ele aparentemente achava ser o ideal para mim e o olhei boquiaberta.

—Sério? - Questionei surpresa, apoiando o cotovelo no balcão ao meu lado e cruzando as pernas para me acomodar melhor.

Seu olhar desviou para minhas coxas e ele deslizou a mão por elas antes de voltar a dizer.

—Sim, de onde você acha que vem esses olhos verdes encantadores? - Piscou convencido para mim, me fazendo rir.

—Você precisa de ajuda?

—Não, obrigado.

—Então me conte, qual a diferença entre o espaguete oito e o nove?

Minha pergunta o fez gargalhar e se virar para mim com a expressão típica de quem achava que eu não estava falando sério.

—Não tem diferença nenhuma Gin, só que um é mais fino que o outro.

—Só isso?

—Sim.

—Que sem graça, eu esperava uma explicação espetacular. - Me lamentei e ele me roubou um selinho rápido enquanto desligava o fogo.

—Está pronto. - Anunciou dando a volta no meu banco e levando a panela com ele em direção à travessa que estava sobre a pia.

—Você fez a massa também?

—Não, é muito trabalhoso e não daria tempo. Mas eu faço da próxima vez. - Prometeu, concentrado em finalizar o prato e levá-lo para a mesa colocada para duas pessoas.

Esperei Harry se acomodar na minha frente antes de me servir com uma porção generosa.

—Ainda bem que está gostoso, porque eu estou com fome. - Comentei enquanto ele servia vinho para nós dois.

—Se o vinho não combinar você pode culpar a internet, foi ela que me disse que esse aqui vai bem com molhos vermelhos.

—Terei isso em mente, pode deixar.

Comemos em silêncio por alguns minutos e quando me lembrei de olhar para cima Harry me encarava com vontade de rir.

—O que foi? - Perguntei tomando um pouco do vinho.

—Deve estar muito bom mesmo, está até legal ver você comer com essa vontade toda.

Ri um pouco sem graça e pousei meu garfo sobre o prato antes de responder.

—Estou falando sério, está uma delícia. E o vinho combina, pode confiar na internet.

—Obrigado. O seu dia foi legal? - Mudou de assunto antes de comer mais uma garfada do próprio prato.

—Foi, hoje eu só tive consultas. A única emergência da minha área chegou ao fim da tarde, mas como a Luna ficaria durante a noite ela atendeu.

—Desde meu encontro com sua outra colega de trabalho achei que você se empenhasse em ser a médica com mais horas em todo lugar. - Comentou brincalhão.

—Exagero dela, Luna é ótima e o caso era simples, então. - Dei de ombros para enfatizar que não via problemas.

—Hoje foi minha primeira reunião com o novo cliente, acho que vou conseguir uns investimentos ótimos. - Contou sem esperar que eu perguntasse, a empolgação visível.

—Eu sempre tive uma visão tão chata de reuniões de negócios. - Contei com o cenho franzido e ele riu.

—Não são o que se pode chamar de engraçado, mas varia de um cliente para o outro. Tem gente que ajuda e acaba sendo bem divertido, já outros você quer jogar lá de cima do prédio.

—O de hoje era qual dos dois?

—Ela é bem divertida, ainda bem, porque provavelmente vamos passar bastante tempo juntos.

Não me passou despercebido o pronome feminino ao se referir à pessoa, mas a informação saiu do meu campo de atenção tão rápido quanto entrou. Terminei minha última porção de comida e me concentrei no fato de que eu já estava satisfeita e por isso não precisaria comer mais, finalizei também minha taça de vinho e deixei tudo sobre a mesa.

—Obrigada pelo jantar, estava incrível.

—Sempre que quiser. - Ofereceu terminando também sua refeição. - Você sempre morou aqui? - Perguntou interessado, o rosto apoiado em uma das mãos e me olhando atentamente.

—Não, mas em uma cidade próxima, menos de três horas daqui. E você? – Questionei, mudando o foco da conversa para ele.

—Sim. Quer dizer, não nesse apartamento, eu morava em uma casa do outro lado da cidade até meus pais se mudarem para o interior, então vim para cá.

—Por que você não quis se mudar também?

—Sou incontestavelmente urbano, para mim não dá. - Explicou e eu ri com ele.

—Eu também, gosto até do barulho daqui.

Harry se virou de frente para mim e puxou minha cadeira até encostar-se à dele, me deixando entre suas pernas abertas e apoiando as mãos dos lados do meu quadril.

—Eu estava ansioso para te ver. - Falou com um sorriso de canto.

—Sério? Para que? - Mantive o tom da conversa.

—Minha mão direita ainda não te conhece. - Comentou se lamentando e deslizando o dorso da mão pela lateral do meu corpo.

—É uma pena isso.

—Sim, mas vou apresentar você a ela. - Finalizou a frase e ficou de pé na minha frente.

Ele estendeu as mãos me convidando a levantar também e assim que o fiz me puxou para o corredor ao fim do qual estava seu quarto. A decoração ali mantinha as mesmas cores da sala, o edredom e a cortina de cores escuras deixando o ambiente mais discreto e intimista, e ele me deu tempo de olhar tudo em volta antes de se abaixar e tirar meus sapatos, deixando-os no meio do caminho.

Esperei ele se descalçar também antes de me empurrar de costas em sua cama e vir por cima de mim, roçando os lábios pelo decote do vestido e no meu pescoço antes de chegar à minha boca e me dar um beijo diferente de quando cheguei, mais quente e condizente com o momento. Ele não demorou muito até infiltrar as duas mãos pela lateral da minha saia e puxar minha calcinha para baixo sem tirar meu vestido do lugar.

Arqueei a sobrancelha em sua direção sem entender a nova ordem estabelecida, mas ele apenas sorriu antes de deixar a peça de lado e voltar a me beijar sem dizer nada. Eu estava deitada de costas e Harry se deitou de lado com o corpo encostado ao meu, o cotovelo apoiado no colchão e uma das mãos percorrendo a lateral do meu corpo enquanto ele me beijava com vontade.

Enfiei minha mão por baixo da sua camiseta e quando tentei puxar a peça para cima ele parou de me beijar e segurou meu pulso, me detendo.

—Hoje é a minha vez. - Afirmou levando meus braços para cima da cabeça e os prendendo sob sua mão apoiada na cama. - Fique quietinha enquanto mostro para minha mão direita como você é gostosa.

Prendi meu lábio inferior entre os dentes e assenti para sua cara de quem tinha até as terceiras intenções. Harry abriu um sorriso cheio de promessas antes de desviar o olhar do meu rosto para o decote e lentamente acariciar meus seios. Ainda que esse nunca tenha sido meu ponto fraco, havia algo na lentidão proposital dele que me fez conter um gemido e vê-lo segurar uma risada quando percebeu.

Sua carícia subiu um pouco para a pele nua do meu pescoço e contornou meu decote antes de descer devagar para minha barriga e apertar minha cintura. Seus olhos acompanhavam todos os movimentos que ele fazia, deslizando preguiçosamente pelo meu corpo e adotando uma expressão concentrada em alguns momentos, um sorriso de canto em outros, me deixando com vontade de puxar seu rosto para mim e beijá-lo até faltar o ar.

Sua mão alcançou minha bunda e se demorou um pouco por ali, me alisando por cima do vestido enquanto chupava de leve meu pescoço, fazendo um arrepio gostoso subir pelo meu corpo. Minhas pernas foram exploradas em seguida sem a barreira do tecido entre nossas peles, me deixando ansiosa para quando a peça fosse jogada de lado de uma vez por todas.

Harry parou de beijar meu pescoço e olhou novamente para baixo quando sua mão acariciou a parte de dentro das minhas coxas, onde se deteve por alguns segundos antes de deslizar de uma vez e alcançar meio das minhas pernas. Por reflexo dobrei os joelhos e fechei as penas, sem conseguir conter um gemido que o fez olhar para o meu rosto com um sorriso malicioso, os olhos quase escuros fitando os meus.

—Hoje é a minha vez, doutora. - Repetiu o que havia dito e em um movimento rápido posicionou seu pé atrás dos meus e empurrou para baixo, me deixando novamente esticada na cama, e posicionou sua coxa entre as minhas para garantir espaço entre elas. - Assim está melhor.

Fechei os olhos com força quando sua mão voltou para lá e não consegui conter o gemido quando o senti me acariciar lentamente. Arqueei as costas em sua direção e apertei sua mão que me prendia ali quando os movimentos se tornaram mais rápidos, espalhando por mim uma sensação já conhecida, com uma força que me fazia querer aquilo mais do que tudo.

Abri os olhos tempo o suficiente para vê-lo me encarando com a expressão de quem estava tendo a melhor visão do mundo e o encarei de volta com o que eu esperava ser o meu melhor olhar de "não pare". Senti a sensação do clímax se aproximando e minha primeira reação foi tentar fechar as pernas de novo, mas com sua coxa entre elas a única coisa que consegui foi fazê-lo rir e acelerar os movimentos, me fazendo morder os lábios com força para conter um pouco do som que eu realmente queria emitir.

Harry deixou a mão apoiada na minha perna, próxima à minha virilha, e esperou em silêncio enquanto eu tentava voltar a respirar normalmente, ainda de olhos fechados. Quando enfim olhei para ele, ainda me sentindo um pouco leve, minha primeira reação foi pensar que aquela cara de satisfação merecia até uma foto, mas optei por não dizer isso em voz alta.

—Você geme muito gostoso. - Falou por fim, sem tirar o sorriso do rosto.

—Porque você faz muito gostoso. - Argumentei e ele sorriu ainda mais. - E eu sou realmente ótima no que faço, sua coordenação motora está perfeita.

—Sempre foi. - Afirmou convencido.

—Agora solta minhas mãos e vem aqui, vem. – Pedi, deixando todas as minhas intenções claras, e fui prontamente atendida.

Acordei no dia seguinte em meio a um abraço aconchegante. Pisquei algumas vezes para focar a parede à minha frente, que não era a do meu quarto, e repassei como um filme todos os acontecimentos da noite anterior até que finalmente nos aconchegamos sob seu edredom azul marinho e caímos no sono. Me mexi um pouco para olhar em volta e senti os braços ao meu redor me apertarem mais de encontro ao corpo em que estava encostada quando Harry também acordou. Fechei os olhos por um momento e aproveitei a sensação de não acordar sozinha depois de bastante tempo, mas fui interrompida por um beijo no meu rosto.

—Bom dia.

—Bom dia. - Respondi, minha voz um pouco mais alta do que um sussurro.

—Você já precisa levantar? - Perguntou afundando o rosto no meu cabelo e aspirando o cheiro do meu shampoo.

—Não sei. Que horas são?

Seus braços me deixaram por um momento enquanto ele olhava as horas no celular em cima do criado mudo, mas voltaram rapidamente ao abraço de antes.

—Dez e meia.

—Droga, preciso. - Resmunguei.

Fiz o possível para ignorar que pela primeira vez eu estava achando ruim ter que me levantar para ir ao trabalho, afinal eu ainda estava com um pouco de sono depois de ter dormido menos do que o necessário durante a noite.

—Você quer tomar banho antes?

—Uhum - Confirmei com preguiça de dizer uma palavra inteira.

—Vou com você.

—Pode vir, a casa é sua.

Ele soltou uma risada preguiçosa diante da minha resposta e deu mais um beijo no meu rosto antes de se levantar e parar em frente ao guarda roupa. Alguns segundos depois uma toalha de banho macia foi jogada em minha direção e caiu sobre o colchão ao meu lado antes que eu conseguisse apanhá-la no ar.

—Vem. - Convidou com a mão estendida.

Passamos por cima do meu vestido e de sua calça enquanto Harry me guiava para a porta ao lado, onde tomamos um banho desnecessariamente demorado. Saí do banheiro com os cabelos molhados, enrolada na toalha e sem usar nada por baixo, só quando vi minha lingerie espalhada pelo chão lembrei de que minhas roupas limpas tinham ficado no carro.

—O que foi? - Ele perguntou com as duas mãos apoiadas na minha cintura quando parei, olhando por cima do meu ombro para onde eu também olhava.

—Eu trouxe roupa para trabalhar, mas esqueci no carro. Vou colocar a mesma, no hospital eu me troco. - Dei de ombros antes de me abaixar e pegar o sutiã, que era a peça mais próxima de mim.

—Quer que eu busque para você? - Se ofereceu apanhando meu vestido e deixando em cima da cama.

—Não vai atrapalhar?

—Claro que não, me dá a chave. - Pediu, vestindo a mesma camiseta da noite anterior e deixando-a cair por cima do short jeans com que saiu do banheiro.

Fomos juntos até a sala e ele esperou enquanto eu pegava a chave dentro da bolsa, olhando discretamente a bagunça quase organizada que eu mantinha ali dentro.

—Volto já. - Falou fechando a porta atrás de si e me deixando sozinha.

Sem pestanejar voltei pelo corredor e parei em frente ao mural de fotos que vi na noite anterior, subitamente curiosa para ver o que aquilo me mostraria. Acabei rindo de algumas, como na que uma criança de olhos verdes já com cara de Harry comemorava alguma coisa, todo sujo de lama e um troféu de aparência barata nas mãos, mas outras eram bem mais sérias, como ele vestido de beca e acompanhado de um homem praticamente igual a ele, salvo a aparência mais velha, e uma mulher com cabelos quase tão ruivos quanto os meus e olhos idênticos ao do filho. O sorriso descontraído enquanto compartilhava a mesa de algum boteco com amigos de aparência tão relaxada quanto a dele, com roupas de inverno e uma prancha de esqui em algum vale nevado por aí e sorrindo para a foto que ele mesmo tirou em um lugar ensolarado que eu não soube dizer qual é.

—É claro. - Sussurrei sorrindo e revirando os olhos quando parei em uma fotografia que mostrava ele e outro rapaz na praia, acompanhados de duas meninas de biquíni, todos abraçados em fila, com as duas no meio e cada um deles ocupando pontas opostas.

Me detive um pouco mais nessa, reparando na garota baixinha e sorridente que Harry abraçava, os cabelos pretos caindo molhados em frente ao corpo até quase a cintura e retribuindo o abraço dele como se fizesse isso todos os dias. O barulho da porta se abrindo me fez desviar o olhar para o lado oposto e focar em uma foto qualquer que mostrava ele segurando um rapaz mais alto pela gravata, ambos com sorrisos enormes e smokings.

—Meu melhor amigo e eu no casamento dele, no ano passado. Eu fui o padrinho. - Explicou parado ao meu lado e apontando para a foto que eu olhava. - Aqui.

—Obrigada. - Agradeci apanhando a sacola que ele me entregava.

Enquanto eu me trocava ele contou que conheceu Michael na escola, quando ainda eram adolescentes, e são amigos desde então. Agora eles se viam menos, porque ele se casou com a namorada da faculdade e ela estava no segundo mês de gravidez, esperando o primeiro filho deles, mas que se falavam quase todos os dias ainda assim.

—Você não tem um secador de cabelos por aqui não, né? - Perguntei já sabendo a resposta, usando a toalha para tirar um pouco do excesso da água nos meus fios.

—Infelizmente vou ficar devendo. - Respondeu divertido. - O que você quer comer?

—Qualquer coisa, não se preocupe.

—Comprei a mesma coisa que vi você comer na sua casa semana passada, pode ser?

—Nossa, que atencioso. - Elogiei em tom de piada e ele fez uma expressão convencida. - Está ótimo, obrigada.

Enquanto eu comia notei que Harry deu uma ou duas mordidas em uma fatia de pão e também em comeu alguns pedaços de queijo, o que me pareceu estranho.

—Achei que você não comesse de manhã. - Comentei após um gole na minha xícara de leite com chocolate.

—Não comia, mas aparentemente é a refeição mais importante do dia então estou tentando me acostumar. - Falou normalmente.

—Faz muito bem. - Falei como um aviso, mas a verdade é que adorava que ele prestasse atenção em absolutamente tudo que eu dizia.

Terminei minha bebida e puxei o braço dele para ver as horas em seu relógio de pulso: onze e meia.

—Preciso ir, Harry.

—Vou com você ate lá embaixo. - Afirmou já ficando de pé ao meu lado.

Peguei minha bolsa sobre o sofá e ele se adiantou apanhando a sacola com as minhas roupas e carregando para mim até pararmos ao lado da porta do motorista já aberta.

—Obrigada pelo jantar, estava tudo ótimo. - Agradeci passando os braços ao redor do seu pescoço. - Imagino que você não vá me passar a receita da família, não é?

—É claro que não. - Afirmou como se fosse óbvio, revirando os olhos para mim. - Mas faço para você sempre que quiser, é só pedir.

—Vou ter isso em mente. - Falei antes de trocarmos um beijo rápido. - Tchau, Harry. Bom final de semana.

—Tchau, Gin. Bom trabalho.

Agradeci e saí em direção ao hospital.

Colin não trabalharia hoje, então o comentário a respeito do meu cabelo molhado e sorriso no rosto ficou a cargo de Luna, que também estava no vestiário quando entrei.

—Adoro pessoas que chegam com essa cara de noite bem aproveitada. - Falou me olhando de canto.

—O que tem demais essas pessoas?

—Normalmente elas passam o dia inteiro cantarolando, irritantemente felizes, acho super divertido.

Sua explicação me fez rir e negar com a cabeça enquanto amarrava os cadarços do tênis.

—Ainda está brincando de médica com seu paciente? - Perguntou maliciosa.

—Ele não é mais meu paciente. - Expliquei diante de sua expressão de quem não se importava com essa parte. - Mas sim. Como está a agenda hoje?

—Tranquila, mas a emergência já tem alguns casos.

—O dia vai ser daqueles, então. – Previ amarrando o cabelo em um rabo de cavalo e ela assentiu.

—Espero que sim. – Comentou empolgada.

—Acha que dá tempo de almoçar comigo mais tarde? – Convidei, guardando a bolsa e minha sapatilha no armário.

—Vou tentar, eu te mando uma mensagem.

—Ok, bom trabalho Lu.

—Para você também. – Desejou virando para o lado oposto no corredor.

Antes que eu chegasse à emergência fui chamada com urgência no centro cirúrgico e tomei o caminho oposto do que estava seguindo, deixando qualquer outro pensamento de lado e voltando para a vida real.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal, tudo bem?
Cheguei mais cedo essa semana e com uma boa notícia: Sexta tem capítulo de novo ;)
E no fim a Dra. Weasley nem pensou em recusar o convite dele, garota esperta! hahaha
O que será que vai dar essa relação casual, uhn? Porque até agora é só o que é...
Aguardo ansiosa os comentários de vocês, porque essa semana tem capítulo em dobro, então mereço retorno em dobro ;) ahahah
Obrigada por acompanharem!
Beijos e até daqui a pouco.

Crossover: A Mione já voltou de viagem, e eu aconselho todo mundo a ver como o Ron vai reagir com o presente super nada a ver que ela trouxe para ele, a Fê arrasou e o capítulo de amanhã de Backstage vai estar incrível! *---*
https://fanfiction.com.br/historia/692675/Backstage/



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