"Bem maior do que os mares mais profundos;

Bem maior do que os campos que eu vi;

Bem maior que o teatro das estrelas;

É  meu amor por ti..."

Bem maior

Roupa nova

Aparatamento de Connor e Sarah

Connor

Sentado no chão da sala, encostado no sofá, a manta que cobre o mesmo presa em minha cintura, observo Sarah vestir-se, admirando seu corpo esguio e delicado. A gravidez havia lhe conferido mais graça e suavidade ao mesmo tempo que acentura suas curvas, deixando-a mais sensual. Suspiro,chamando sua atenção e ela volta-se para mim.

—No que está pensando?- pergunta,olhando-me , um sorriso brincando em seus lábios.

—No que fiz pra te merecer! - exclamo, fazendo-a franzir o cenho, surpresa  - Você é tão...doce ..- estico a mão, chamando-a pra junto de mim - Tão serena...-seguro sua mão, levando-a até meus lábios em um beijo- Tão linda..- paro, olhando-a demoradamente, pegando sua outra mão, ficando de joelhos a sua frente - Sarah Reese Rhodes,aceita casar comigo? - pergunto, fazendo-a sorrir mais.

—Já somos casados, esqueceu! - exclama, ficando séria a seguir, entendendo o sentido do que disse - Você quer dizer casar na igreja? Com padre, padrinhos, votos, vestido e tudo? Esse casamento? Lógico, que outro casamento seria? Já casamos no civil, que outro seria senão na igreja, não é? A menos que esteja se referindo a alguma outra cerimônia que não seja essa na igreja...Quer dizer...- se atrapalha, nervosa,me fazendo rir.

—Essa mesma. Com tudo que disse, se quiser, evidente. E até mais um pouco se cairmos na besteira de deixar Claire encarregada de tudo. Aí, pode esperar qualquer coisa: de show de rock a ópera, com direito a tenores cantando a marcha nupcial! - brinco e rimos juntos.

—Pior que ela é bem capaz de fazer isso mesmo!- concorda, voltando a ficar séria - Sabe que não precisa fazer isso,não sabe?  - questiona-me.

—Eu Quero fazer - afirmo - Não pra mostrar ou provar nada pra ninguém, ou porque me sinta obrigado, ou ainda pra dar qualquer tipo de satisfação a sociedade ou a quem quer que seja (uma das desculpas que a mãe dela usa pra implicar comigo é o fato de não ter feito as coisas seguindo a ordem que Ela considera correta: namoro, noivado, casamento; de ter "queimado" etapas).. Quero fazer por nós. Por que sei que é importante pra você. Porque se tornou importante pra mim também. - asseguro, voltando a beijar sua mão - Você disse que não queria ser pega de surpresa.Pois bem, estou te pedindo com antecipação. E juro que não procurei igreja nenhuma, ainda, nem dei entrada em nada! - digo, cruzando e beijando meus dedos, fazendo-a rir novamente - Muito embora tenha ficado tentado quando ajudei Will a preparar tudo - admito.

—Ah, então quer dizer que o senhor foi, além de inspiração, cúmplice também?- diz, colocando as mãos na cintura - Bem que eu suspeitei!

—Eu só o incentivei a não desistir. Só isso- defendo-me, erguendo as mãos - Mas ainda não me deu sua resposta. Está me enrolando por acaso? Ou ganhando tempo pra pensar em uma boa desculpa pra recusar? - provoco.

—Uhum, acertou em cheio! - diz, rindo alto ao ver minha cara de espanto.

—Sarah, estou falando sério! - reclamo, tetando parecer zangado - Se acha que é cedo ou se realmente não quer, pode ser hones...

—Sim!! Eu aceito! - me interrompe, envolvendo meu pescoço com os braços - Seu bobo! - diz, beijando-me em seguida - Agora, que tal jantarmos? Estou morta de fome!

—Também estou com fome - digo,acariciando-a,malicioso.

—Connor Rhodes, trate de se comportar!- adverte, levantando-se - Tive o maior trabalho pra te fazer essa surpresa, que, aliás, já deve estar gelada - morde o lábio, preocupada.

—Sarah, se quer mesmo jantar, sugiro parar de morder seu lábio agora, ou ele não irá ficar apenas gelado. Será completamente esquecido! - alerto-a,parando de me vestir, vendo-a voltar-se , saindo correndo para a cozinha, rindo - Estraga prazeres! - reclamo, terminando de vestir a calça, jogando a camisa sobre o ombro, indo até onde estava, ajudando-a a esquentar o jantar que havia preparado.

Admito: estava receoso. Sarah não tem muita intimidade com a cozinha. Mentira. Ela não tem intimidade nenhuma com essa parte da casa! No máximo, me ajuda em alguma coisa quando estou cozinhando, ou faz algo simples, tipo torradas, macarrão instantâneo e ovos com bacon. Isso não me importa. Honestamente falando, nunca levei habilidade na cozinha em conta pra me envolver com qualquer mulher. Portanto, se disser que não fiquei surpreso com o que havia preparado, estarei mentindo. Principalmente porque estava excelente!

—Você gostou mesmo?- pergunta ao me ver repetir pela terceira vez - Não está fazendo só pra me agradar,está?

—Acredite, se estivesse ruim, eu diria. Mesmo correndo risco de dormir no sofá ou pior: na varanda! - afirmo, dando mais uma garfada no prato - Está muito bom! - digo, vendo seu rosto se iluminar em um imenso sorriso.

—Peguei a receita em um site, pedi ajuda de Marta,mas ela só me orientou - apressase em dizer e rio - Agora entendo porque você gosta tanto de cozinhar. É um balsámo! Relaxante e agradável. Além de gartificante - acrescenta, os olhos brilhando - Vou me arriscar de vez em quando. Me ajuda?

—Sempre! - exclamo, apoiando as mãos na mesa, me aproximando para dar-lhe um beijo demorado - E o que temos de sobremesa?- pergunto,sem esconder o duplo sentido da frase.

—Sabe, antes do casamento ambos vamos ter que nos confessar - começa, dando a volta na mesa, vindo a meu encontro - Estou ficando seriamente preocupada com a penitência que iremos receber! - fala e rio com gosto.

—Nesse caso, acho melhor anteciparmos essa confição pra dar tempo de pagar a penitência antes da cerimônia - brinco, envolvendo sua cintura, beijando-a, erguendo-a em meus braços sem interromper o beijo, caminhando para nosso quarto.

No dia seguinte, como estava de folga, ligo para Will pedindo que me ajude com os tramites para o casamento. Marcamos de nos encontrarmos com ele e Nat à tarde, na igreja, para falarmos com o padre.

< Traga as xerox dos documentos de vocês e da certidão do casamento civil - pede- E venha preparado pra se confessar > avisa.

—Mas já?? - questiono, ouvindo sua risada do outro lado da linha.

< Claro. Quanto mais cedo, mais tempo tem pra penitência!!! >, declara, rindo abertamente.

—Ha,ha,ha. Só não te xingo...Porque pensei a mesma coisa - digo,escutando-o gargalhar, em uma crise de riso.

 No meio da tarde nos encontramos com os dois na mesma igreja que casaram, onde nos dirigimos até a secretária a fim de darmos entrada em todo o processo, agendar a data, pagar taxas, etc.

A data disponível mais próxima seria dentro de um mês e meio, o que nos daria tempo de preparar convites, festa, roupas, como Sarah queria. Como o padre estava com horário disponível, acabamos fazendo a entrevista naquela tarde mesmo. Ele nos dispensou do curso, pedindo apenas que comparecêssemos as missas antes da cerimônia e, lógico, nos confessássemos com antecedência miníma de uma semana e máxima de vinte e quatro horas.

—Se fosse você, faria no prazo máximo. O risco de cair em pecado fica reduzido! - Will me provoca, sentado a minha frente na mesa da lanchonete que estavámos esperando, com as crianças no colo, as garotas fazerem o pedido no balcão.

—Tão engraçado!! - digo, acertando um chute em sua perna por debaixo da mesa e ele faz uma careta de dor.

—Mas será que não podemos deixar essas crianças sem vigilância dois minutos?- Nat brinca, sentando ao lado dele, entregando um copo com água a Owen.

—Ele me chutou! - Will aponta para mim, imitando voz de criança,fazendo bico.

—Ele que provocou! - me defendo e as duas caem na risada, nos contagiando.

—Mudando de assunto, Will, Carter já deu alguma resposta?- pergunto.

—Sim. Tudo acertado. Amanhã de manhã, quando Nat der alta pra ela, Larissa vai direto pra casa abrigo que ele coordena junto com a noiva.

—Como assim?- Sarah pergunta,me olhando surpresa.

—Ia te contar ontem à noite, mas acabei esquecendo..

—Eu nem imagino o por quê!! - Will me interrompe e só não acerto outro chute nele porque o garçom chega na hora trazendo os pedidos.

—O fato é que, depois que vocẽ foi embora ,Sarah, Maggie lembrou de uma amiga, enfermeira aposentada, que trabalha em uma casa que abriga pessoas na situação da Larissa.- Nat comunica - Em especial jovens, como ela.

—Um médico, digamos, aposentado, Jonh Carter, fundou e cuida do lugar com a ajuda de outros médicos, aposentados ou não, e, como Nat já disse, da noiva-  Will completa - Aliás, ele também aceitou a proposta que você fez,Connor. - avisa e sorrio.

—Que proposta?- Nat e Sarah perguntam juntas.

—Depois que fui falar com Ramon, fiquei..Ficamos,na verdade, já que Will e Jay também ficaram inquietos, com tudo o que vimos naquele lugar - digo - A lembrança daqueles jovens que vieram clandestinos no avião bem como tudo que Ramon me contou depois, por telefone, o que vimos..-paro um minuto,olhando nossos filhos - E agora o caso dessa menina...Sabe, essas pessoas não tem quem as ajude.Vem pra cá ainda em busca do "sonho americano" - faço aspas - E ficam jogados feito gado nos guetos..

—Pior. Gado tem gente vigiando, cuidando. Eles não tem ninguém - Will acrescenta

—Como o próprio Carter foi até o Med acertar a entrada de Larissa na casa, aproveitamos pra conversar com ele a respeito de uma ideia que nos ocorreu - começo - Vamos organizar um grupo para, pelo menos uma vez por mês, prestarmos atendimento a estas pessoas. No que for possível: dentista,dermato, clínica geral, enfim, o que pudermos fazer-digo - Como não daria pra fazer isso no meio da rua, perguntamos se Carter estaria disposto a nos ajudar cedendo algum espaço na casa ou em outro lugar.

—David, Daniel , Ethan e Paul, seu irmão,já se prontificaram a ajudar - Will avisa .

—Lógico que teremos que ter bastante cuidado, tanto com a policia quanto com os coiotes, visto que a maioria ainda está em situação ilegal...

—Ai que entra a colaboração de meu querido irmãozinho: Jay se comprometeu a falar com Voight para nos dar cobertura, por assim dizer, a fim de evitar a aproximação de criminosos bem com deixar a "migra" o mais longe possível.- informa Will - Eles próprios só irão interferir se houver qualquer sinal de perigo pra nós ou qualquer um que esteja ajudando ou sendo ajudado.

— Se tudo der certo, no futuro pretendemos tentar conseguir ajuda de advogados para ajudar a legalizar aqueles que quiserem  e puderem - asseguro.

—Não dá pra salvar ou mudar o mundo todo, mas já é alguma coisa- Will afirma, estendendo a mão, o punho fechado e faço o mesmo, tocando o dele no ar, escutando fungados, nos fazendo virar para encarar Nat e Sarah, que, pra nossa surpresa, estavam com os olhos marejados.

—O quê?? -questiono, abrindo os braços.

—Nada não -Sarah fala, olhando Nat.

— Só orgulho de nossos amores! - Nat diz, a mão no rosto de Will, inclinando-se até ele, beijando-o.

—Pois é, muito orgulho! - Sarah concorda, fazendo o mesmo que ela - Te amo muito, muito, muito,muito....- fala, intercalando cada palavra com beijos em meu rosto.

"...Com a força infinita das rochas;

Bem mais luz que o sol põe no rubi;

Muito mais que o verde das matas;

É meu amor por ti..."