Purifier escrita por Gabbie R


Capítulo 6
Extra I


Notas iniciais do capítulo

· Esse bônus é um presente e um pedido de desculpas (pelo aparente abandono da fic - apenas aparente! Purifier ainda vai continuar, então sinto muito pela demora/sumiço, eu fiquei com um grande bloqueio criativo e não conseguia escrever nada para Purifier)
· Se trata de uma história genderbender (onde um ou mais personagens "trocam" de sexo) MarinettexNathanael
· Caso não gostem do gênero, pulem o conto e aguardem a próxima atualização, por favor
· Este conto é um bônus, um capítulo extra, por tanto, irrelevante ao enredo original de Purifier



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Ela apressou os passos, corando tanto quanto correndo. Mal conseguia respirar, mas nada no mundo poderia fazê-la parar em sua fuga.

Ele viu!

Ela se beliscou. Apertou as mãos uma na outra. Estava até mesmo tentada a se dar um tapa, porque ela não conseguia acreditar.

Ele viu!

Sufocando algo que seria uma mistura de riso com gemido, ela começou a planejar uma fuga da escola. Da cidade. Do país! De modo algum ela poderia voltar e fingir que estava tudo bem e comum quando tudo estava tão errado. Quando ele tinha visto...

Por Deus, ele viu o maldito desenho.

Sem forças, ela caiu de bunda no chão, usando o resto de suas forças para se arrastar até de trás da árvore mais próxima, tão neurótica quanto sempre.

A cena da qual fugira ardentemente a atingiu com força em sua mente, tão fresca quanto vergonhosa.

Não era segredo que Marin era um cara carismático e sorridente. Não era segredo que ele tinha uma queda pela bela modelo e colega de classe Adrienne.

O que realmente era secreto era a paixão que Nathalie nutria pelo desajeitado Marin. O que realmente ninguém sabia era que ela passava horas desenhando o rosto do menino com quem não trocava muitas palavras pelo estúpido fato de ser tímida.

Aquele dia começou como qualquer outro. Ela foi pra escola e assistiu Marlin correr para dentro da sala minutos depois, atrasado. Ela se sentou sozinha na última cadeira enquanto ele se sentava do lado do seu melhor amigo, que ria do seu comumente atraso. Ela tirou seu caderno de desenhos da bolsa no horário de intervalo, dividida entre desenhar uma joaninha ou uma raposa, mas então uma comoção no pátio escolar chamou sua atenção.

Ela saiu e se deparou com alguns colegas de classes que discutiam algum assunto além do conhecimento dela. Mais próximo dela estava Marlin, encostado na parede e revirando os olhos enquanto assistia o melhor amigo discutir. Ela então percebeu que o motivo da discussão era uma bola de vôlei.

A única outra coisa que ela percebeu era que, por algum motivo no mundo, aquela bola estava vindo direto pra ela.

Ela nem mesmo sentiu a pancada e só voltou a recobrar os sentidos quando acordou na enfermaria da escola, ao que parecia horas depois. Praguejando baixinho, ela se levantou da cama e caminhou até a saída da enfermaria.

Ou ao menos era isso que ela pretendia fazer.

Porque ali, sentado numa cadeira da enfermaria, estava Marin, que parecia ter trago a mochila dela consigo.

E o pior, ele estava vendo o caderno de desenho. Tão entretido que nem mesmo percebeu a paralisada e horrorizada Nathalie, cujo cada desenho vergonhoso e escandaloso do jovem que agora os via pertencia.

Ele olhou para cima do caderno, calmo, mas todo seu rosto brilhou de surpresa ao encontrá-la parada próximo de si. O tempo que ele abriu a boca, para xingá-la, para zombar dela, chamá-la de estranha ou o que quer que fosse, foi o tempo que ela usou para correr sem nem mesmo olhar pra trás.

Correu pelo Colégio até as portas, sem parar pra ver pessoa alguma. Correu pelas ruas, alcançando a praça onde agora se escondia, trêmula.

Ele viu!

Não havia dúvidas disso. O modo como ele olhou para ela naquele momento, surpreso e estranhamente tímido, dizia tudo.

Ela estava aterrorizada.

Tão aterrorizada que não notou que o tempo todo esteve sendo seguida.

Ela gritou de surpresa quando o rosto de Marin apareceu de forma súbita na frente do seu e endureceu quando as mãos do mesmo seguraram seu ombro.

— E-Espere aí! — ele arfou, aumentando o aperto em seus ombros.

Os dois não falaram nada por alguns segundos, ambos tentando normalizar a respiração. Ele, olhando diretamente para os olhos dela. Ela, tão assustada que retribuia o olhar.

— Por que você correu assim? — ele perguntou, finalmente controlando a respiração.

Sentindo seu rosto esquentar ainda mais, ela desviou o olhar para seus pés.

— P-Por quê? — ela sussurou, horrorizada.

Por que ele me seguiu até aqui? Por que ele continua me encarando? Ele viu!, não foi?

— Você viu — ela chiou, acusatória, voltando a olhá-lo nos olhos, tão irritada quanto envergonhada.

Ele foi o único a desviar o olhar dessa vez. Pigarreou, finalmente demonstrando o desconforto que ela esperava.

— Sinto muito.

Ela se balançou, tentando se libertar.

— Eu é que digo isso! Sinto muito, eu não... Eu...

— Ei — ele voltou a olhar dentro de seus olhos — Eu fui o único a olhar as coisas pessoais de outra pessoa. É um tanto estranho, mas se você me queria como modelo, bastava ter me pedido.

Ela parou sua tentativa estúpida de se libertar, olhando incrédula para ele.

— Você é estúpido? — ela perguntou antes de conseguir se conter.

Quer dizer, quão estúpido ele era para não entender? Ou talvez ele estivesse fazendo o papel de desentendido de propósito? Ele queria ignorar o significado daqueles desenhos e queria que ela fizesse o mesmo?

Ela estava confusa. Aliviada. Ela deveria agir como ele, então. Deveria esconder seus sentimentos como antes, abraçando-se a uma mentira que lhe fora entregue por ele mesmo.

Afinal, com esse ato, ele apenas tinha respondido seus sentimentos platônicos.

— Uh?

— Q-Quero dizer, e-eu não poderia... Eu n-nem mesmo desenho m-muito bem, e...

— Ah?! Você desenha muito bem! — rebateu Marin, murmurando logo depois — Melhor do que eu.

— M-Marin é um ótimo estilista! — ela reclamou, balançando a cabeça.

Ele olhou para ela com um sorriso em seus olhos.

— Você também é. E, bem, eu entendo muito bem a necessidade de um modelo, então... — ele piscou para ela — Que tal fazermos uma troca? Eu serei todo seu e você será toda minha.

— ... Ahn?!

Seu rosto estava queimando, embora ela estivesse tentando fortemente ignorar a sensação. Ela tinha entendido o... "acordo" de Marin, mas as palavras que ele havia escolhido simplesmente não ajudavam sua mente tola e apaixonada. Ela respirou fundo três vezes, incapaz de ouvir o que quer que Marin falava no momento (provavelmente explicava sua intenção), balançada tanto pelo duplo sentido da frase quanto pelo significado real dela. Quando ela poderia imaginar que Marin, de todas as pessoas, se voluntariaria como modelo de arte dela?

E ainda por cima pediria o mesmo para ela. Musa de Marin!

Sem chance!

Ela abriu a boca para negar, muito educadamente, a proposta. Já iria até mesmo jurar nunca mais desenhá-lo. Mas quando ela voltou a olhar para ele, ela se viu impossibilitada de negá-lo qualquer coisa.

Ele poderia pedir para que ela queimasse cada um dos desenhos dele e assim ela o faria.

O sorriso que ele sorria para ela era brilhante e aquecedor. Era refletido pelos seus olhos e ela podia ver que cada parte dele estava animada. Ele tinha ignorado seus sentimentos, afastado-os de lado com desdém, proposto uma relação de artista-modelo e sorrido para ela com aqueles olhos, tudo no mesmo dia.

Era cruel.

Era incrível.

Ela balançou a cabeça em forma de resposta, sabendo que estava momentaneamente incapacibilitada de formar frases. Sabendo que seu amor por aquele desenhista tinha apenas triplicado naquele exato momento. Sabendo que ela faria de tudo para vê-lo sorrindo assim para ela novamente.

— Ótimo! — Marin disse, finalmente a soltando.

Ele se levantou, batendo na calça jeans antes de voltar a sorrir fracamente para ela e estender a mão para ajudá-la a se levantar.

— Eu deixei nossas coisas pra trás. Vamos?

Ela aceitou a ajuda, com o coração dançante e o rosto vermelho. Sua paixão era unilateral, platônica e impossível. Mas era doce e encantadora. Assim, ela esperava, como o futuro laço de artista-musa que eles passariam a criar.

E quem sabe, um laço de amizade que fosse tão brilhante quanto seu amor.

Ela não conseguia sequer sonhar com isso, dias atrás, mas agora estava mais que ansiosa para o desenvolver dos futuros dias, onde uma nova rotina de formaria. Uma rotina especial, apenas deles.

Ela estava realmente entusiasmada para o amanhã.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela paciência, espero que vocês tenham gostado do Extra (se não tiverem lido os avisos iniciais, por favor voltem lá em cima e leiam ♥)
Nos vemos na próxima atualização (com a finalmente esperada aparição do novo herói que tanto ansiamos!!)