Para Ter Você escrita por Giovannabrigidofic


Capítulo 5
Capítulo 4 - Fácil falar, difícil fazer


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas postei, rs!
Boa Leitura!



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Você precisa esforça-se mais, filha. A frase constantemente saía dos lábios grossos e pouco avermelhados de tia Nick; Uma mulher adorável e de pulso firme. Eu não lembrava dos meus pais, apenas algumas fotografias haviam nos registrados juntos e no entanto eu preferia manter distância delas. Com o passar do tempo a falta materna e paterna se tornara insignificante para mim á medida que os anos passavam. Desaparecer fora o modo deles esquecerem os três problemas que haviam criado sem precaução.

Desde que eu tinha capacidade para fazer perguntas e ouvir sem interromper alguém, a história de Scarlett e Nikolai Conley era a que mais me chamava a atenção. Eles haviam se conhecido no ensino médio, no último ano escolar ela engravidou. Entre brigas e discussões, eu nasci. A caçula dos gêmeos, Sean e Mateo.

No começo era duro, mas tia Nick supriu minha vida em quase todos os aspectos possíveis e sendo assim, eu me considerava alguém relativamente feliz.

Contudo, ao menos naquela tarde, o peso do mundo parecia pesar sobre meus ombros. Eu bebera mais copos de leite do que o recomendado para uma pessoa já fortalecida nos ossos e estava enrolada num edredom macio e quentinho sobre o sofá enquanto um programa de culinária passava na tevê. Meus pensamentos estavam longe de qualquer receita de doce televisionado e se concentravam na bola de neve de problemas que eu precisava resolver com uma urgência assustadora.

Ajudar tia Nick. Encontrar algum horário com um chef da Reich. Procurar um modo de manter o apartamento livre das dívidas - porque delas eu já estava cheia.

A porta se abriu e Sienna entrou carregando sacolas de supermercado.

— Você poderia me ajudar?

Um pouco a contra gosto levantei e peguei três das sacolas e as levei até a cozinha, dispondo-as sobre a mesa.

— Achei que fosse passar o dia com Leonore - falei.

Abri um dos pacotes de biscoitos e mordisquei um.

— Achou errado, baby - piscou e abriu a geladeira. - Você está estranha há dias e ainda não me disse nada á respeito. Imaginei que quisesse a companhia agradável e perfeita de Sienna Pearson.

Sienn pegou uma garrafa que ela sabia conter já gelado e sorveu o líquido. Entre uma golada e outra, disse:

— Estou preocupada com você, Daff.

Fitei-a por alguns segundos e dei de ombros, desempacotando outros produtos. Não me importei com o olhar repreensor e curioso que ela estivava me mandando e prossegui com a minha importante missão de guardar vidros de geleia no armário.

Encontrava-se sendo difícil esconder o que me afligia nos últimos dias, falando pouco e jogando toda a minha atenção no trabalho e ligações para bancos. Minha amiga não poderia ajudar, de qualquer forma. Seria insensato da minha parte pedir para que ela ficasse no apartamento quando o seu desejo era estar ao lado da mãe.

Recorrer á qualquer outra pessoa estava fora de questão. O que sobrava era vender minha moradia e ir para um lugar que me custasse menos. Era uma boa alternativa já que ele abrigava mais cômodos do que o necessário para uma mulher sozinha - Sienna já tinha levado quase toda a sua bagagem para o apartamento de sua mãe no Duchess Avenue.

Suspirei e virei para pegar uma caixa de leite e levei a mão ao peito depois de tomar um susto ao ver Sienna tão perto e me analisando, uma sobrancelha arqueada.

— È sério, você está me assustando. Quem em plena consciência fica em casa num fim de domingo? E ontem! Não lembro de vê-la ficar em casas senão por trabalho. E sei que não está tão atolada quanto das outras vezes. Me diga o que está acontecendo, por favor.

Abanei a mão e fingi um riso.

— Está tudo bem, Sienn. Pode ficar tranquila.

Ela semicerrou os olhos.

— Não minta para mim, Conley. Diga logo ou cale-se para sempre e - mordeu o lábio, pensando - levarei os dois potes de sorvete de morango que lhe trouxe.

— Estou naqueles dias - menti. - As cólicas estão mais fortes, entende?

Coloquei a mão no colo do ventre e fiz uma careta. Sienna deu de ombros, num "Ok, então" silencioso e encerrou o assunto. Peguei um saco de biscoitos e fiz caminho até o sofá. Ponderei se dispunha de mais opções e como num raio a imagem de Sebastian quase uma semana atrás veio á tona. Era tão difícil excluir uma alternativa tão promissora! Isso me fazia lembrar das provas que eu fizera por um longo tempo para garantir um bom futuro. As vezes eu ficava em dúvida entre duas questões, uma delas poderia me tirar da faculdade e a outra, manter-me.

— Que tal uma "Noite das Garotas"? - sugeriu Sienna.

Barriga de aluguel. O aviso piscou na minha cabeça.

Era óbvia a razão da minha recusa em ajudar o presidente. Eu não era tão fria ao ponto de entregar o bebê. Afinal, eu seria a mãe dele, literalmente, e tinha absoluta certeza de que em algum momento Chelsea iria abraçar a ideia e eu só seria a mulher que carregara o filho deles e tinha o mesmo gene. Só.

— Podemos deixar para outro dia.

Tia Nick.

Sienna bufou.

— Você está me ouvindo?

Eram só nove meses, certo? Nove meses e nesse tempo minha tia já estaria bem novamente. Era algo a se pensar. Eu poderia tentar.

— Dapne! - Ouvi um berro perto do ouvido e me assustei, colocando a mão no peito.

— Eu estou tentando prestar atenção aqui - apontei para a tevê.

— Um programa de répteis, sério? - sua voz era sarcástica. - Você nem curte a maioria dos animais.

Engoli em seco. Ela pegou o controle e desligou a tevê e inquiriu pausadamente:

— O que está acontecendo?

Coloquei o saco sobre a mesa de centro e me virei para ela.

— Eu posso resolver meus problemas sozinha.

Joguei minhas pernas para fora do sofá.

— Isso inclui vender aquela sua lata velha? Vi o recibo da venda dele no balcão da cozinha.

Caminhando até a cozinha, falei:

— Eu quase não o uso. Não tenho motivos para continuar gastando dinheiro com ele.

Ela saltou do sofá e agarrou meu pulso quando cheguei perto da lateral da porta.

— Não precisa mentir.

— E quem disse que estou?

— Tem um aviso em neon na sua testa dizendo! - bateu o pé no chão. - Que droga! Não confia em mim? - declarou, chateada.

Fechei os olhos e expirei profundamente, temendo perder a paciência. Queria poder resolver tudo sozinha pois encontraria a solução.

— Eu confio em você, Sien. E agradeço sua preocupação, de verdade. Mas eu quero e sei lidar com o que está acontecendo.

O bip do meu celular ecoou e finalmente fui até a cozinha para apanhá-lo com Sienna - ainda furiosa - em meu encalço. Olhei para o visor iluminado e o nome do meu irmão reluzia. Senti um frio na barriga.

— Pode falar.

Sua respiração estava ofegante e acelerada, dava a impressão de ter corrido uma maratona.

— Você precisa vir para cá.

Percebi o desespero da sua voz. Mateo prosseguiu:

— A tia Nick vai precisar passar por uma cirurgia e não sei como cobrir os gastos. Eles não irão realizá-la se não dermos uma garantia. Temos apenas uma semana ou a mandarão para casa.

A exclamação de Sienna me fez perceber o deslize: o celular estava no viva voz. Pedi para que Mateo se tranquilizasse, transferi toda a minha calma para ele e desliguei o telefone prometendo que nossa tia ficaria bem.

— Quanto é a conta do hospital? Eu te ajudo.

— É mais do que você poderia. E mesmo se não fosse, é um problema meu.

— São para essas horas que as amigas servem. Eu quero ajudar, só diga como - ela sentou e eu fiz o mesmo.

Inspirei profundamente.

— Eu não sei mais o que fazer.

Mas eu sabia, sim. Sabia o que fazer, como e quando. Apenas precisava de coragem.

(...)

— Se demitir?

A palavra dita era muito pior que pensada, ela pesava sobre o clima agradável. Ponderara muito antes de tomar a minha decisão, não arrependida por estar ali. A Reich abrira as portas para mim, uma mera estagiária, alguns pensariam que eu estava sendo ingrata, mas não, era o melhor á fazer. A noite fora minha companhia naquela madrugada amena, enquanto o notebook estava sobre meu colo, meus dedos teclando rapidamente sobre empresas onde encontraria ainda mais oportunidades para minha tia.

Minha aparência estava um caos por isso. Meus cabelos, longos e loiros, estavam embaraçados demais para ficarem livres de uma presilha, bolsas escuras circundavam os olhos, porém, eu conseguira eliminar boa parte do efeito delas com maquiagem, minha camisa preferida estava suja com gordura de ovos e eu fora obrigada a trocá-la antes de sair, atrasada por sinal.

Por uma boa causa.

A respiração aflita de Eric trouxe-me de volta para a realidade e por um mínimo segundo pensei estar sendo compreendida. O punho dele encontrou sua mesa e engoli qualquer contesto que poderia sair de mim.

— Pode esquecer, Conley! De mim você não vai conseguir nada.

— Achei que você entenderia, vai encontrar alguém para me substituir.

Ele passou a mão sobre o rosto, atordoado.

— Droga! Minha resposta continua a mesma, sabe como é. Mas - uma pontada de alegria me invadiu -, se quiser ir embora, terá de fazê-lo como as pessoas que são demitidas merecem por estar sendo chutadas. Vai ter de se tornar a pior funcionária que a ReichCandy já viu.

Pensei ter escutado errado.

Revirei os olhos.

— Não vou fazer nada disso, preciso que me conceda a demissão.

— Dê-me um bom motivo.

Sacudi a cabeça.

— Apenas quero outros ares.

— Pois eu não acredito.

— Então irei até o presidente.

— Duvido.

Sai da sala dele disposta a pegar o elevador e encarar Sebastian de frente, no entanto, troquei de rumo.

O parque naquela manhã estava movimentado. As crianças estavam amontoadas no espaço reservado para os brinquedos. Algumas mães e outras mulheres que eu supunha ser babás conversavam de vários cantos do local, observando seus filhos correrem sobre a grama.

— Quanto tempo, Beatrice! - era Paige, uma moça que vezes ou outra eu encontrava, cuidando do irmão de Freya.

— Pois é? Onde está o Jordan?

— No balanço - apontou. - Ele cresceu muito rápido! Ainda lembro dele um bebezinho, acredita?! Ainda hoje eu o segurava no colo. Ainda não tive o meu, mas e você, não pensa em ter filhos?

— Ando muito ocupada com o trabalho. Quem sabe um dia...

— Aproveite enquanto é jovem. Posso não ser a mãe de Jordan, mas garanto que um filho é uma dádiva para nossas vidas.

Sorri e dei de ombros. Parecia tão fácil... Mas então por que eu não conseguia acreditar naquilo?

(...)

Limpei discretamente o suor das mãos na barra da saia enquanto esperava Sebastian encerrar uma ligação.

Precisava admitir a mim mesma o quanto estava me sentindo péssima por ter que recorrer á Sebastian porque eu buscara todas as formas possíveis de não precisar baixar a cabeça e voltar com uma resposta positiva para o que ele queria.

Meu carro - este, que passava mais tempo com o mecânico do que comigo nas ruas - fora vendido e eu logo enviara o valor pago por ele á Mateo. Aquela quantia servira para segurar as pontas por um tempo porém, para que minha tia fizesse a hemisferectomia, precisávamos de mais.

Ter filhos não era uma prioridade, sequer me importava, ainda mais pela minha lista de términos. Eu já não tinha esperança alguma de conseguir alguém que me fizesse feliz de verdade. Meu melhor amigo, Isaac - minha última tentativa romântica - não conseguira, ou seja, o que me restava era implorar por sorte no trabalho e azar no amor, embora a linha seguisse deste modo quase sempre.

Dapne Conley era a melhor aluna, conseguia as melhores notas, comportava-se maravilhosamente bem e sabia a hora de falar. Era assim que os professores do meu fundamental á faculdade constantemente me descreviam.

O estágio na ReichCandy tinha vindo logo em meu penúltimo ano de Administração e contava 4 anos dentro daquela empresa renomada e almejada por qualquer jovem formado. Eu tinha sorte, afinal ou era só minha parte mental tomando as rédeas de tudo.

— Advinha - Sebastian arqueou a sobrancelha, colocando o telefone no gancho. Dei de ombros e ele continuou: - Desmond e Estella decidiram vender suas ações.

— Vai comprá-las, senhor Dahmen?

Ele assentiu e dobrou os braços, recostando-se na cadeira e me fitando com um sorriso de lado.

— Estou curioso para saber o porque de ter me procurado, Dapne. Achei que demoraria mais para cortar os gastos da empresa. È por isso que está aqui, certo?

Ele queria que as palavras saíssem da minha própria boca. Fazia todo o sentido a empresa prosperar ainda mais com ele no poder. Sebastian sabia jogar e ser persuasivo, embora não insistisse tanto, como muitos faziam - lamber o chão para que suas propostas fossem aceitas.

Engoli minha súbita raiva e permiti que as palavras saíssem. Não consegui dizê-las. Melhor hora para ficar em silêncio, Conley.

— Eu tenho muito o que fazer, poderia ser breve?

— È sobre... - inspirei - Eu aceito ser sua barriga de aluguel.

— E se... - franziu a testa. - Eu já tivesse encontrado alguém para ocupar o seu lugar? Há mulheres tão ou mais confiáveis que você.

Um nó se formou em minha garganta.

— Se já encontrou, desconsidere o que eu falei. - levantei da poltrona de couro preto e coloquei minhas mãos atrás do corpo. - Perdoe-me por ter ocupado seu tempo.

Voltei-me para a porta e já quase perto dela ouvi seu riso.

— Não ouviu o que eu disse? Vou repetir: "E se...". Sabe o que significa. Era uma probabilidade e no entanto, não o fiz.

— Por que sabia que eu aceitaria ser comprada?

— Quem está dizendo isso não sou eu.

Tobias ficou mais ereto na cadeira.

— Eu não procurei outra pessoa porque não conheço alguém responsável o suficiente para carregar um filho meu, senhorita Conley. Ainda bem que voltou atrás com sua decisão.

Balancei a cabeça. Admito ter me sentindo lisonjeada.

— Quando será feito o procedimento?

— O que acha de fazer os exames amanhã e se tudo estiver certo, a inseminação daqui algumas semanas? - ele levantou de sua confortável poltrona e arregaçou as mangas da camisa social. - Tudo depende de como anda a saúde.

— Está bem - concordei. - Qual será o valor?

— Eu faço seu preço.

 


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Notas finais do capítulo

Ohhhh!! Ela aceitou, gente!!!
Obs: A Inseminação não é tão simples assim, de uma semana e tals. Ela é mais complexa e exige paciência e vários exames dos envolvidos. Por ser uma fanfic, não vou ficar enrolando sobre a questão de tempo.
Beijos e até o próximo!



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