Manual de Uma Adolescente Grávida escrita por Baby Boomer


Capítulo 3
Dica 3 - Dificuldades


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha, gente liamda do meu coreçaun ♥
Eu estou atualizando rápido porque realmente só tenho tempo de escrever nos fins de semana e nesses primeiros dias dessa semana, que eram só de prova e começo de etapa, coisa que, cá entre nós, não é tão puxado assim. Então eu permiti relaxar um pouco e escrever, porque é isso que eu amo. Mas a partir de agora vou escrever vários caps nos fins de semana e programar as postagens (surpresa!)
Então...
vamos lá!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/687135/chapter/3

POV Katniss

— Jura que não dá pra perceber? – perguntei para Madge, apontando pra minha barriga de três meses de gravidez.

— Só se você levantar os braços. Aí dá pra perceber. Acho que se você quer esconder isso do povo da escola, vai ter que procurar roupas mais largas.

Revirei os olhos e mergulhei uma pipoca no chocolate derretido.

— Não me diga, Mad…

Ela deu de ombros e parou para ver uma vitrine do lado de uma loja de bebês. Aproveitei sua distração para passar a olhar minha vitrine dali por diante, se decidisse ficar mesmo com o bebê.

— Como estão você e Peeta?

— Bem. Somos primos, Madge. Temos que ficar bem.

— Só que agora, amiga – Ela andou até mim –, é diferente.

Fitei seus olhos grandes e cheios de certeza por alguns instantes. Ela tinha razão.

— Posso ajudar vocês? – a atendente da loja de bebês perguntou.

Eu já ia dizer não quando Mad decidiu dizer que sim, que eu estava procurando roupas mais largas. Na loja vendia roupas para mães também, mas a moça disse que seria difícil achar roupas que coubessem em mim àquela altura. Ela reagiu super de boa à minha situação, mas havia uma mulher lá dentro, com seus trinta anos, que não parava de me olhar enquanto eu visualizava meus modelitos de gestante no espelho. Tentei ignorar.

— Madge, acho que essa blusa é perfeita. É escura, tá na moda e não dá pra perceber que eu carrego uma criança.

— Vai mesmo esconder dos pais, jovem? – a mulher que me olhava perguntou.

Eu a fuzilei com os olhos.

— Por que a senhora acha que eles já não sabem?

Ela ficou vermelha e se calou. Aproveitei para pagar logo minha blusa e sair dali antes que eu atacasse a mulher. Então, para selar meu destino de vez, esbarrei com Clove, Cato, Glimmer e Marvel. De acordo com eles, haviam chamado Annie e Finnick e aproveitaram que me viram para chamar Peeta. Inventei mil desculpas para não ficar junto a eles, porque isso chamaria muita atenção para nossas barrigas e meu rosto, mas Madge não me deixou ir embora.

Nós todos estavámos comendo enquanto Glimmer estranhava o fato de meu bebê ainda não ter chutado. Dizia ela que o bebê se mexe quando escuta vozes bem de perto e que eu deveria tentar. Pedi para não me incluírem nos vídeos de Snapchat, porque eu não queria correr o risco de me reconhecerem. Entretanto, ri muito das palhaçadas deles em frente ao celular.

Marvel estava esticando a cara de Glimmer para todos os lados, deixando ela tão “p” da vida que ela acabou jogando um copo cheio de gelo bem dentro da calça do namorado, que ficou esperneando no meio do shopping.

— Nem parece que vamos ter filhos – Clove murmurou, tentando não rir (impossível).

Então, no mesmo minuto que Peeta deu as caras e eu vi seu rosto, uma ideia surgiu em minha mente.

— Opa, ela teve uma ideia! – Peeta se abaixou rente ao chão. Os outros fizeram o mesmo, até mesmo Marvel e sua calça gelada.

— Por que estamos abaixados? – Cato perguntou. – Tem duas mulheres buchudas agachadas, isso não é justo.

— Quando a Katniss faz essa cara, é porque teve uma ideia. E, acredite, da última vez que ela teve uma, acabei indo parar no hospital com hemorragia nasal.

— Calma, gente, sem exagero, né? Eu só tive uma ideia que talvez pudesse ajudar a gente financeiramente – esclareci, pegando meu celular e dando para Madge segurar, já no modo gravação. – Oi, galerinha! Esse canal do Youtube foi criado para esclarecermos umas coisinhas sobre gravidez na adolescência. Bem… essa loirona aqui está grávida de gêmeas e essa outra aqui, a baixinha, que parece com a menina do filme “A Orfã”, vai parir um menino.

Todos se entreolharam sorrindo enquanto eu articulava na frente da câmera.

— E olha ali quem está chegando. Annie e Finnick, que ainda não sabem o sexo do bebê porque simplesmente não querem saber. – Aproximei-me dela e fiz umas caras e bocas engraçadas. – Annie, querida, me conte se foi bom engravidar desse bonitão. Não que eu esteja dando em cima dele, esse seu namorado tipicamente Hollywoodiano que merecia estar substituindo o Leo DiCaprio nos filmes dele… imagina, não, não… não estou dando em cima do seu namorado.

Todos se abriam de rir, mesmo percebendo que eu não iria demonstrar que estava grávida. Assim que paramos de gravar, disseram que era uma ótima ideia fazer um canal assim, iria ser divertido para nós e instrutivo para quem assistiria.

— E se fizer sucesso, a Kat bem que podia revelar a gravidez quando já não der mais para esconder, né, Kat? – Madge insinuou.

— Isso, Katniss! Você devia fazer isso! Vamos!

Com todos gritando ao pé do meu ouvido, mesmo eu dizendo que era só brincadeira e que nada daquilo era sério, findei dizendo que iria pensar no assunto, que isso me exigiria planejamento, e foi o suficiente para se calarem.

Peeta deixou Mad na casa dela e me levou para a minha (vazia) quando me senti enjoada. Ele me acomodou na cama de meu quarto azul-turquesa como se eu fosse um bebê e se deitou ao meu lado enquanto eu tentava tirar um cochilo para ver se o enjoo passava quando eu acordasse.

Esse tipo de contato era comum para nós dois, desde muito pequenos, mas eu não podia negar que ultimamente aquilo estava me trazendo arrepios e tensões pelo corpo todo. Ele delicadamente levantou a minha blusa e eu pude sentir sua respiração em minha barriga já aparente. Fingi estar dormindo, para evitar constrangimento mútuo com a situação.

— Oi, bebê? Aqui é o seu pai. Espero que esteja me ouvindo – ele deu uma pausa. – Eu quero que saiba que a sua mamãe te ama muito, apesar de não demonstrar isso. Ela só está com medo, e eu também. Acho que você também está. Está com medo de nascer num ambiente cheio de malucos que vão colocar suas fraldas ao contrário, não é? Eu não quero te assustar, bebê, mas acho que isso vai acontecer. Eu e sua mãe somos mestres em bagunça, desde muito pequenos, e com você chegando… tudo na nossa vida vai mudar, mas nós vamos fazer o melhor que pudermos, dar o nosso máximo, porque te amamos, independentemente  de qualquer relação familiar.

Enquanto Peeta falava esse monólogo, fiz de tudo para não chorar, e consegui isso com êxito. O que me dispersou foi outra coisa.

— Meu Deus! – Me sentei subitamente. – Eu senti ele se mover! Foi bem fraco, bem sutil, mas eu senti, Peeta! Ai meu Deus!

Ele sorriu todo emocionado e orgulhoso e me abraçou, dando em mim vários beijos na bochecha, nariz e testa, chegando ao ponto de fazer cócegas em mim com os dedos, tamanha a sua euforia. Caí deitada gargalhando loucamente enquanto ele me enchia de cócegas e beijos, um ritual muito comum na nossa vida antes-da-primeira-vez.

— Para, traste! Seu doido! – Dei uns tapas nele até que ele parasse. E foi o que ele fez.

Seus olhos azuis se fixaram nos meus cinzentos e eu pude vê-los refletidos na lagoa azul, naquela imensa profundidade. Nosso filho nasceria com olhos azuis ou cinzas? Loiro ou moreno que nem eu? Eu tinha tantas perguntas, tantas dúvidas, tantas inseguranças, mas aqueles olhos eram o meu porto-seguro. Eu sabia que podia contar com meu primo sempre que quisesse.

— Parece que você vai me beijar – sussurrei.

— Estou pensando nisso – ele esclareceu, mas eu logo saí de baixo daquela hipnose.

— Peeta, isso não vai dar certo. Somos primos, é errado… e estranho.

Ele se sentou ao meu lado, sondando meu rosto com sutileza.

— Acho que é por isso que vai dar certo. Quebra-cabeças se fazem com peças diferentes, Kat. Nós fugimos do padrão, quebramos regras. Temos feito isso por anos.

Não, eu não posso… é errado.

— Pois é. E eu estou prestes a quebrar a regra número 4: não tirar notas baixas. Preciso estudar. Tenho prova depois de amanhã.

Ele suspirou, cansado, e pegou minha mochila no porta-bolsas.

— Obrigada.

— Eu… eu vou fazer algo pra gente comer.

Biologia. Biologia. Sanduíches. Peeta. Biologia. Findamos assistindo a filmes de terror, tipo Chuck e uns clássicos bem sangrentos. Ele… ele me abraçava, me abraçava de um jeito tão aconchegante, tão acolhedor… e eu estava metendo a cara no pescoço dele para sentir seu cheiro, eu… eu estava me enroscando mais nele a cada segundo e não conseguia parar.

— Meu colo é bom, não é? – ele perguntou, todo convencido.

Eu assenti e abafei o riso, deixando ele me enlaçar com seus braços fortes.

∞ 4 meses ∞

POV Peeta

— Cara, não sei se é impressão minha, mas sua prima deu uma engordada? – Darius perguntou, olhando para Katniss de um jeito tão analítico que me fez estremecer de raiva e nojo.

Minha prima ria enquanto conversava com Madge. Era difícil eu conseguir arrancar sorrisos dela com tudo que estava acontecendo, mas, pelo menos, alguém conseguia fazer isso por mim.

O nosso canal no Youtube se chamava Hormônios e Mamadeiras (H&M) e atingia milhares de visualizações por semana. Nós gravávamos sempre que podíamos, quase todo dia, e aquele era um dos quase todos os dias. Iríamos fazer um piquenique à primavera.

— Você acha? – Dei de ombros, disfarçando. – Convivo tanto com ela que nem percebo pequenas mudanças.

— Pequenas? Olha o tamanho da barriga dela, macho. Pode ser só a blusa, mas eu acho que ela tá escondendo algo ali.

— Deixa de ser panaca, Darius.

Ignorei meu mais novo ex-amigo e fui até Kat. Madge se despediu dela com um aceno rápido e deixou que conversássemos.

— Pronta para o ultrassom amanhã? – perguntei.

Ela fez cara de cansaço.

— Tem certeza de que quer saber o sexo?

— Bem, sim… já que não vamos dar para adoção…

Ela me censurou com o olhar.

— Isso ainda está em discussão, lembra?

Eu assenti, derrotado com a lembrança de nossas conversas passadas.

— Tenho aula agora – ela disse, dando um beijinho na minha bochecha. – Até mais tarde.

— Pessoal – disse Clove olhando para a câmera. – O que acham desses dois formarem um casal?

— Somos primos – ressaltou Katniss.

— E? Qual o problema? – Marvel objetou – Ambos são Homo sapiens, ambos fazem caquinha, mijam, soltam torpedos… e, ainda por cima, têm o mesmo sangue. Não acham isso perfeito demais pra ser verdade?

— Se fosse por isso, eu estaria namorando o Orlando Bloom, não você, querido – Glimmer murmurou para Madge, que filmava tudo.

— Vai pra moita, vai, Glim – Mad riu. – Marvel é uma pessoa agradável.

Glimmer fez uma careta.

— Não quando se convive com ele todo dia. Minha barriga vive toda cuspida de ele tanto falar com as meninas. É nojento.

Katniss comia melancia enquanto eu observava uma formiga escalar seu All Star de cano longo e a tirar dali com um peteleco. Salvando minha garota de uma formiga (carinha convencida). Suas meias eram pretas e iam até acima do joelho. Seu shorts jeans eram bem escuros, assim como a blusa; e seus olhos cinzentos, sua boca grossa e avermelhada… as bochechas rosadas… me faziam ter flashbacks da nossa noite. Da noite, da única noite, que nos deu um filho. Eu lembrava de cada toque, cada movimento, cada sensação.

Ela aparentava ser indiferente quanto ao assunto, mas eu sabia que não era. Eu a conhecia bem demais para perceber que ela se monitorava ao máximo perto de mim. Então puxei-a com meus braços, de modo a deixar suas costas apoiadas em meu peito. Ela sorriu pra mim quando a aconcheguei em meu corpo, sentindo seu calor e seu perfume agradável.

— Gente, nós ganhamos fã clubes! – Cato falou e nos mostrou as páginas pelo seu notebook. – Temos mais de quatrocentas mil curtidas na página que criamos e o número só sobe. Cara… a gente arrasa.

Eu arraso, né? – falou Marvel com um dedo na boca, o mais sedutor possível. Só que, claro, não deu certo e todos nós rimos.

— Esses vídeos não seriam nada sem uma camera girl que nem eu! – Madge fez pose. – As gravações são ótimas. Eu devia fazer fotografia e vocês deviam já começar a reservar minha parte da fortuna que só se acumula no banco.

— Vamos usar aquilo para o enxoval dos bebês, Mad – Annie alertou.

— Mas a gente pensa no assunto se você decidir engravidar – Finnick brincou, abrindo um sorriso maroto no rosto.

— Nem! – Mad exclamou. – Tá, eu fico calada… mas, por favor, não gastem tudo. Deixem um pouquinho pra mim… pelo menos o que dê para eu fazer um mês de faculdade de fotografia.

Glimmer olhou pra minha prima com curiosidade.

— O que você queria fazer, Kat?

Ela esboçou um sorriso sonhador.

— Bem… eu quero e vou fazer Direito. Peeta está pensando em Medicina, não é, meu anjo?

Ela fitou meu rosto com esperança e alegria, mas só consegui dar de ombros, mesmo pro jeito carinhoso que ela me chamou.

— Não sei se quero fazer faculdade ainda. Acho melhor eu esperar você fazer a sua e só depois pensar na minha. Nosso filho… eu quero que ele seja cuidado por nós, Katniss.

Ela revirou os olhos, indiferente.

— Nossos pais já disseram que iam nos ajudar, Peeta, e o bebê vai ficar muito bem com nossos pais.

— Mas eu não vou ficar bem sem nosso filho.

Me levantei dali e saí andando pelo parque sem dar satisfações ao nosso grupo de amigos.

Eu não conseguia entender por que Katniss era tão fria quanto a essa gravidez. A gente sabia desse bebê há mais de dois meses e já era mais do que tempo suficiente para ela se acostumar com a ideia. Entretanto, eu sabia que tinha que ter paciência, sabia que deveria entender seu lado e me esforçar para tornar tudo isso mais fácil para ela. Meus pais diziam para mim isso, que ela iria estar sob grande estresse e pressão, na escola, em casa, na vida inteira, a todo momento. Eu não podia cobrar muito dela, mas também não era obrigado a aturar aquela indiferença.

De acordo com os psicólogos do grupo de apoio, aquilo se chamava de fase de negação. Atingia mais alguns do que outros.

Procurei respirar e parar de chorar. Quando voltei ao local, só estava Madge e Katniss lá. Ela pediu para irmos para casa e não comentou nada sobre minha súbita saída. Os outros deviam ter falado algumas coisas a ela quando saí.

— Você pensa naquela noite? - perguntei subitamente - Ou só eu estou ficando paranoico?

Ela sorriu e trancou as portas do carro com o cotovelo.

 – Eu penso. O tempo inteiro.

— Bom saber que ainda tenho sanidade.

Minha Marrentinha riu.

— Isso você nunca teve, traste.

— E você? Teve? – perguntei.

— Antes daquela nossa noite, sim.

Franzi o cenho.

— Por que mudou depois da noite, ué?

— Porque eu sei que sinto uma atração estranha por você, Peeta, e isso me tira a sanidade. É por isso que eu resisto tanto em aceitar certas coisas, porque isso, o que eu sinto, é errado.

— Errado é você se privar de algo que só te faria bem – comentei, tirando o carro da vaga. – Não disse que confiava em mim?

Ela suspirou e estendeu as palmas das mãos para cima.

— Eu confio. Confio minha vida a você. Eu só… eu só não confio em mim e no que eu posso fazer sem querer para estragar o que nós podíamos ter.

— Kat, se não der certo, vamos continuar sendo primos. Continuamos sendo primos depois daquela noite.

— Mas e se o clima ficar estranho entre nós? E se não ficarmos mais à vontade com a presença um do outro? Eu não quero perder meu primo, Peeta, ele é como um irmão para mim. Se ele virar meu namorado, eu vou perdê-lo, entende?

— Não vai – afirmei. – É só a gente não deixar isso acontecer.

— Como se fosse fácil – ela murmurou, bufando.

— Eu não disse que seria.

Lição do dia: facilite as coisas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E AÍ? Tem mais capítulos de POV misto vindo aÊêÊêÊêÊ!!!!!!!!!! só porque amo muito vcs, meus lindos. Não deixem de COMENTAR e #façaumaautorafeliz #peetniss - COMENTEM, COMENTEM, LÁ LÁ LÁ LÁ!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Manual de Uma Adolescente Grávida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.