Haviam se passado dois dias. Faltava apenas um dia para meu aniversario, e a única coisa que eu conseguia pensar era no que meu pai estava planejando, eu estava ficando completamente maluca! Estava no limite do estresse, pra piorar Luan, Shelby e Daniel estavam cheios de segredinhos, mas isso não era o mais importante no momento.

Eu planejava passar meu aniversario trancada no quarto debaixo da coberta para evitar qualquer coisa que meu pai fizesse.

 A aula de química estava um tédio, eu não conseguia entender nada e esses pensamentos estavam me matando por dentro.

Finalmente a aula acabou, saí indo direto para o banheiro, precisava lavar o rosto pra tentar tirar um pouco da cara de sono. Na noite anterior, andei pela cidade toda com Luan, por isso mal havia dormido.

—Oi – Liam estava passando pó compacto.

—Tem um rímel?

—Claro gata.

—Preciso.

Ele me emprestou o rímel e eu passei varias camadas. Acabei borrando, mas por sorte ele tinha lenço, aquela mochila do Liam era como um kit de primeiro socorros. 

—O que eu preciso mesmo é dormir. – devolvi o rímel. – minha cara melhorou?

—Obviamente, esse rímel é vida. – ele sorriu. 

—Concordo.

—Nos vemos depois. – ele me beijou na bochecha e saiu.

Abri a porta do refeitório e dei de cara com a Tifany, ela me olhou de cabeça aos pés com desprezo, mas eu a ignorei, seu olho já não estava mais roxo, mas havia uma pequena cicatriz do cortezinho que fiz em sua boca com a unha.

Luan estava com Shelby e Daniel na mesa de sempre, eles não paravam de falar e pareciam pensativos, fui até la e na hora que cheguei, cortaram o assunto.

—Qual o problema? – me enrijeci.

—Oi amor. – Luan me deu um selinho, mas eu me afastei.

—Nada de amor, eu quero saber o que vocês estão escondendo de mim.

—Não estamos escondendo nada. – Shelby riu. – para de ser idiota.

—Não estou brincando Shelby, todos os dias esta sendo assim e eu estou ficando enjoada.

—Como foram às reuniões na agencia? – Daniel perguntou.

—Você nunca me perguntou sobre isso. – estranhei.

—Ah, só estou curioso.

—Foi normal, vamos começar as fotos no sábado.

—Entendi.

—Agora podem falar sobre o que estavam conversando?

—Não é nada meu anjo. – Luan sorriu.

—Ótimo, vou sentar com o Brian, pelo menos ele não vai esconder as coisas de mim. – provoquei.

—Você não é louca! – Luan se enrijeceu.

—Você duvida?

—Faz isso e eu acabo com ele.

—Por quê? A culpa não seria dele se eu me sentasse la.

—Mas eu não bateria em você, então teria que ser nele.

—Patético.

—Idiota.

—Você que é!

—Malu, você esta bem? – Daniel perguntou.

—Estou ótima, só estou cansada desses segredinhos.

—Pra mim você esta muito nervosinha. – Luan se levantou. – vou te pegar um suco de laranja.

—Obrigada. – sorri.

—Amiga? – Shelby chamou-me. – tem algo a mais que esta te incomodando?

—Ah, você já sabe.

—Seu pai?

—Exatamente.

—O que tem seu pai? – Daniel perguntou.

—Depois te explico. – Shelby respondeu.

Olhei para a fila do refeitório e Luan era quase o ultimo e ele não cortaria fila, pois estava conversando com alguns garotos.

—A fila esta muito grande. – reclamei.

—Daqui uns dez minutos ele chega. – Daniel riu.

—É muito tempo e eu preciso beber algo. – levantei-me – diz pra Luan que nos vemos depois.

—Aonde você vai?

—Beber.

—Você esta pirando. – Shelby gritou.

Saí de Yale e pedi um táxi.

Fui até o Bar do Bill, aonde eu ia com o Luan poucas vezes, era calmo e não ia muita gente, além disso, Bill era um homem legal. 

—Olha quem apareceu. – ele sorriu ajeitando o cabelo grisalho.

—Esta na hora de fazer a barba Bill. – brinquei.

—A preguiça esta atrapalhando. – ele riu – vai beber algo?

—Me da à bebida mais forte que você tiver ai.

—Problemas no relacionamento?

—Não, eu só estou precisando relaxar.

—Já vou pegar sua bebida.

Ele me trouxe um copo cheio de Balkan.

—Não é a mais forte, mas ela derruba qualquer um, então só vou permitir que você beba um copo.

—O que? – eu ri. – mas eu estou pagando.

—Não me importa mocinha.

Eu ri bebendo o copo de vodca, eu nunca tinha provado Balkan, mas era realmente forte, perfeito para esquecer meu pai por algumas horas.

Depois de beber Balkan, pedi algumas doses de Skol beats e tequila, Bill não teve escolha além de me dar, após o tanto que eu tinha insistido. 

Minha cabeça já estava pesando, e eu sabia que era a hora de parar, mas não conseguia.

Bebi mais um pouco e deitei a cabeça no balcão fechando aos poucos os olhos.

—Você esta maluca, só pode. – Luan chegou, me colocando em seus braços. – por que a deixou beber tanto Bill?

—Confie em mim, eu não tive escolha rapaz. 

Luan me carregou até o carro do Daniel e colocou-me deitada no banco de trás.

Chegamos ao apartamento.

—Eu quero dormir. – falei lentamente.

—O que você tem hoje amor?

—Amanha é meu aniversario. – comecei a rir – qual será a surpresa do meu pai?

—Você não devia estar tão preocupada, eu estou aqui, não vou o deixar fazer nada.

—Você não o conhece, não vai conseguir impedir ele de seja la o que.

—É o que veremos.

—Dorme comigo.

—Você precisa de um banho, esta com um baita cheiro de bebida.

—Eu só preciso dormir.

—O que você tomou?

—Não lembro. – eu ri. – espera, eu lembro, era bal... bal... Balkan, sei la, e mais algumas.

—Balkan? Explicado.

—Explicado o que?

—Eu nunca te deixaria beber isso.

—Me deixa, quero dormir, dormir e não acordar mais, quero sonhar.

Ele suspirou e me levou até o banheiro.

Encheu a banheira, tirou minha roupa e me colocou dentro.

—Shelby? – o ouvi no celular. – traz uma roupa pra Malu, se não tiver como, ela coloca uma minha... Sim... Ótimo, te esperamos aqui... Você vai a ver quando chegar... Vai logo!

Joguei espuma pra todo lado do banheiro, cantando e brincando, como uma idiota, Luan não sabia se ficava bravo ou se ria.

—Me da um beijo. – pedi.

—Como posso negar isso?

Ele se aproximou, e quando me beijou, o puxei para dentro da banheira, ele ainda estava com  a roupa que havia ido á Yale.

—Droga Malu!

Comecei a rir e o beijar, eu puxava ele contra meu corpo, usando toda minha força.

—Malu, você esta completamente bêbada, é melhor parar.

—Tira a camisa baby.

—Não, Malu...

Eu tirei apressadamente sua camisa e a joguei no chão. Comecei a beijar seu pescoço e aos poucos ele ia cedendo.

Seus lábios tocaram os meus e suas mãos começaram a percorrer pelo meu corpo.

A porta do banheiro se abriu e ele deu um pulo quando viu Shelby.

—Ah que horror! – ela gritou.

—Nos deixa. – tentei puxa-lo de volta, mas ele levantou-se e saiu encharcado da banheira.

—Ela bebeu o bar inteiro? – Shelby perguntou.

—Ela bebeu Balkan e sei la mais o que.

—Você merece apanhar Malu!

—Vocês são tão chatos. – resmunguei – e se entramos todos na banheira?

—Eu trouxe um calmante. – Shelby me ignorou – pra ela tomar.

—Calmante? – Luan surtou – você quer matar ela?

—Que? – ela estranhou.

—Não sei se é bom ela tomar remédios, é melhor ela tomar um café, você pode preparar?

—Não, prepara você, eu fico aqui com ela.

—Se você prefere.

Luan saiu do banheiro e Shelby me encarou.

—Vai saber o que deu em você hoje.

—Meu pai vai me levar embora, você não pode deixar! – surtei do nada. – não pode, não pode!

—Calma Malu! Ele não vai levar você!

—Vai sim, você sabe que vai, ele vai me tirar do Luan, cadê a minha mãe?

—Isso não é normal.

—Eu o odeio! – comecei a rir e chorar ao mesmo tempo – odeio ele!

—Você esta surtando.

—Quero mais bebida!

—Nem louca!

—Cadê o Luan? Ele foi embora, não foi? Ele me abandonou, porque não me ama, igual minha mãe!

—Ele esta na cozinha preparando café sua boba!

—Mentira! – gritei – Luan! Luan meu amor! Não me deixa.

—Você esta parecendo uma criança.

—Ele não pode me deixar! – eu chorava litros. – não pode!

—Eu estou aqui. – Luan entrou com um copo de café. – calma.

—Ah. – comecei a rir – você me assustou, achei que tinha ido embora.

—Nunca vou te deixar.

—Sai dai. – Shelby me enrolou na toalha. – toma o café amiga.

—Só se tiver docinho.

—Nunca a vi assim. – Shelby parecia preocupada.

—Ela exagerou nas bebidas. – Luan me pegou no colo levando-me para seu quarto.

—Vou sair com Daniel – Shelby avisou – vou acabar de comprar as coisas que vamos precisar.

—Esta bem.

—Qualquer coisa me liga.

—Ta.

Luan me vestiu e deitou-me, senti a coberta de veludo me cobrir e seus braços em volta de mim. Eu não aguentava mais ficar acordada, então apaguei.

O alarme tocou, o volume quase explodiu minha cabeça, Luan acordou e o desligou. 

—Ah, bem melhor – eu disse. – estou morrendo.

—É, você esta de ressaca.

—Bebi demais. 

—Eu sei amor, você tinha que ver seu estado ontem.

—Nem me conta. – me virei para ele. – é hoje.

—O que linda?

—Meu aniversario.

—Eu sei.

—Meu pai Luan, é hoje que vou saber o que ele esta planejando.

—Não se esqueça de que vou estar com você, não precisa ter medo.

—Eu sei – sorri acariciando seu rosto e estanhando ele não ter me dado ao minimo um parabéns.

Meu celular tocou, peguei-o, era meu pai, droga viu!

“é hoje minha princesinha ♥”

—Hoje. – repeti – vai ser um dia muito louco...