Luan entrou no quarto junto com Shelby. Eu estava sentada no chão escolhendo alguma roupa e lendo as mensagens.

—Ele insistiu em vir comigo. – Shelby se jogou na cama – disse que vai escolher sua roupa para ir à competição.

—O que? – eu estava prestando atenção no celular.

—Não quero que você vá com uma roupa chamativa.

—Por que não? Ela tem que ficar linda e sexy.

—Não! – ele foi até minhas roupas – por mim ela vai de moletom.

—Na praia?

—Você não esta ajudando Shelby.

—Muito menos você.

—Meu Deus – falei surpresa com a última mensagem. – não pode ser.

—Que foi? – Shelby perguntou.

—Tem uma mensagem do... – não consegui falar.

—De quem? – Luan perguntou.

—Droga! – me levantei jogando o celular na cama – ele deve esta querendo alguma coisa.

—Do que você esta falando? Estou ficando preocupado.

—Do pai dela – Shelby disse com raiva lendo a mensagem. – “oi minha florzinha, esta com saudades? Pois eu estou. Sei que seu aniversario esta chegando, estou pensando em algo... Beijos coração”.

—O que tem receber uma mensagem do seu pai?

—E-eu não o considero como meu pai, ele é um... – meus olhos se encheram de lagrimas – o que ele esta pensando em fazer? O que ele quer?

—Calma. – Shelby me abraçou – ele não vai te obrigar a fazer mais nada e muito menos te fazer mal, nós não vamos deixar.

—Como?  

—Acho que chegou a hora de você me contar o que é tudo isso. – Luan pegou em minhas mãos.

—Depois do campeonato – pisquei para conter as lagrimas.

Shelby pegou um short e uma blusa branca caída nos ombros.

—Coloca essa.

—Pelo menos não tem decote. – Luan disse.

Troquei-me rapidamente enquanto Shelby tapava os olhos de Luan com as mãos, ela não sabia que ele já havia me visto.

Meu celular tocou e antes que eu visse quem era, Luan atendeu.

—O que você quer? – Ele disse com deboche.

—Quem é? – perguntei.

—Ela esta ocupada, ligue depois. – ele desligou. – era o Brian.

—E por que você não me deixou falar com ele?

—Porque você esta muito alterada, com certeza não era nada demais.

Fiz um coque solto, mas ele se desmanchou quando estávamos descendo as escadas.

Fomos ao carro do Daniel, que estava esperando no estacionamento. Luan foi ao banco de trás comigo. Ele tentava refazer meu coque, mas ele soltava seguidamente.

—Desisto – disse ele, depois de várias tentativas. – fique com suas lindas ondas soltas que te deixa mais sexy, apesar do coque te deixar completamente linda, por que você não raspa o cabelo?

—Luan! – a única coisa que me fez rir por alguns segundos.

—Você é muito paranoico! – Shelby exclamou.

—E você uma intrometida.

—Vocês são irritantes brigando – Daniel disse.

—E vocês três estão me dando enjoo – completei.

Eles riram e eu só forcei uma risada. Não conseguia disfarçar o quão preocupada estava por seja la o que meu pai estava pensando em fazer.

“meu pai” por que eu ainda o chamava assim? Ele não merece esse titulo, ele não sabe o que é ser um pai.

Como sempre, a praia estava lotada, o som alto com pessoas dançando em volta e vários barris de chopp.

—Finalmente você chegou – Thomas cumprimentou Luan e depois nos abraçou. – sua prancha esta guardada no mesmo lugar de sempre.

—Com certeza esta. – Luan não demonstrou emoção alguma.

—Quem ousaria tocar em sua prancha, não é mesmo?

—Com certeza um babaca querendo ser morto.

Thomas riu indo em direção a algumas meninas dançando.

—Meu anjo – Luan segurou meus ombros – não saia de perto da Shelby e do Daniel, você já percebeu que tem muitos canalhas por aqui.

—Ta.

—E não se preocupe com nada, eu sempre estarei aqui pra cuidar de você.

Eu o abracei e ele beijou minha testa.

—E ae galera! Finalmente estamos de volta! Senti falta dessa vibe. – Otavio começou – hoje teremos três competidores. O primeiro Nial Arthebald. O segundo André Campsbel e o terceiro e considerado o melhor Luan Macking!

As pessoas aplaudiram e gritaram quando Luan foi anunciado. Avistei Tifany perto do som, ela usava um minivestido vermelho decotado.

—Preciso beber. – disse no ouvido de Shelby.

—Só um pouco – ela sorriu – pega um copo pra mim também.

Fui ao barril mais perto, enchi dois copos e quando me virei, Tifany parou a minha frente.

—Me deixa passar – revirei os olhos.

—Não! – ela riu. – eu não gosto de você, sabia?

—Eu não me importo.

—Estou me perguntando o que Luan viu em você.

—Com certeza tudo que você não tem.

—Nossa que audácia.

—Péssima hora pra querer discutir comigo Tifany, agora sai da minha frente. – eu estava perdendo a paciência.

—Nossa que medo que estou de você.

—Devia ter mesmo, porque se você continuar enchendo o meu saco eu não vou responder por mim.

—Luan devia estar comigo, não atrás de você. – ela surtou.

—Eu não tenho culpa se você não teve capacidade suficiente de segurar ele, agora sai da minha frente!

Ela se enrijeceu e me empurrou.

—Você é uma vadia!
—Não sou eu que fico me oferecendo por ai – joguei a bebida nela.

—Quem você pensa que é? – ela pegou o copo de um garoto ao lado e jogo bebida em mim ajeitando o cabelo.

—Ah meu deus – comecei a rir. – sabe Tifany, eu tenho dó de você.

—Por que esta dizendo isso sua ridícula?

—Eu ridícula? – ri mais ainda – olha pra você, nenhum menino chega a você sem você estar usando algo pra chamar atenção deles, você sempre da à iniciativa e o pior é que eles só te usam, assim como o Luan fez, olha pra você correndo igual uma idiota atrás dele enquanto ele não da à mínima pra você, sabe por que ninguém quer te levar a serio? Porque você é uma simples vadia oferecida!

—Você não disse isso – ela se aproximou rindo.

—Quer que eu diga mais?

—Cala boca sua idiota!

—Não me manda calar a boca.

—Cala. A. Boca! – ela apontou o dedo na minha cara – você só uma garotinha simples, ele não te quer de verdade, não te quer!

—Tem certeza disso? – Bati em seu dedo – que eu saiba, você era a passatempo e eu nem preciso dizer o quanto sou importante pra ele, eu estou no lugar que você gostaria de estar, eu estou no coração dele! E você? Nem na sola do pé.

—Já chega!

Ela se jogou pra cima de mim e eu fiz o mesmo, puxei seu cabelo até o chão e nós caímos, saímos rolando pra la e pra cá enquanto mais pessoas se reuniam a nossa volta, dei um tapa na cara dela e ela tentou me dar uma joelhada, mas eu desviei empurrando-a pra longe. Tifany se levantou e veio até mim, ela estava prestes a me dar um tapa quando segurei seu pulso.

—Minha vez de falar – ela disse – você acha que eu não sei? Que você não tem um pai? Eu não entendi direito se ele morreu ou te abandou eu sei la, mas seja o que for sei que ele não te quis mais, não é isso? Nem o seu próprio pai gosta de você garota! E sua mãe? Eu nunca ouvi uma palavra se quer relacionada à sua mãe. Eu é que tenho dó de você!

Segurei todas as palavras que queria dizer naquela hora, mas as soltei em um soco direto no rosto dela. Tifany caiu no chão rindo, seu olho estava roxo e sua boca sangrando, eu sentei encima dela e comecei a socar, igual Luan no homem da Pity Party, mas eu não tinha tanta força como ele.

Senti mãos me puxando pela cintura e me segurando apertado. Era Luan.

—Droga! Para Malu! – ele gritava – se controla, não vale a pena.

—Como você soube disso? – gritei enquanto Carly a ajudava.

—Eu contei – Carly gritou – muitas vezes em que fui entrar no quarto ouvi você conversando com a Shelby sobre isso.

—Você ficava nos ouvindo atrás da porta?

—Sim! E Tifany é minha melhor amiga, por isso contava tudo pra ela.

—Isso não era da sua conta Carly – eu não conseguia me controlar, o ódio estava tomando posse de mim.

—Calma – Shelby parou ao nosso lado – não vale a pena brigar mais por isso.

—Me solta droga! – mordi o braço de Luan e ele me soltou.

Eu saí andando e me sentei no mesmo lugar da primeira vez em que eu havia me afogado.

—Galera! – Otavio anunciou – temos que continuar o campeonato.

Olhei pro lado e todos se espalharam novamente, Luan conversava alguma coisa com Otavio, que estava negando seja la o que Luan estava dizendo.

Shelby pegou no ombro do Luan e sussurrou algo em seu ouvido, Daniel concordou com a cabeça.

Shelby veio em minha direção com um copo.

—Nunca mais peço pra você pegar bebida – ela riu me entregando um copo.

—Eu já estava nervosa e a Tifany veio me provocar.

—Eu sei.

—Acho que exagerei.

—Claro que não! Essa Tifany é uma retardada.

—Carly nos ouvia falar do Ric.

—Eu a ouvi dizer, eu sabia que ela não era confiável.

Abracei Shelby e ela fez um sinal com a cabeça apontando para o campeonato.

—Se você não for la e mostrar um sorriso de “eu estou bem”, Luan nem vai consegui surfar de tão preocupado. – ela disse – e não se preocupe, Tifany voltou para Yale, nunca a vi tão feia.

Eu sorri e nós fomos para o campeonato, Luan sorriu pra mim e eu retribuí o sorriso.

Depois dos dois primeiros competidores, era a vez de Luan.

—Luan Macking! – Otavio anunciou – arrebenta cara!

Ele entrou no mar rapidamente, deu uma ultima olhada para mim e foi indo rumo às ondas.

Ele entrou na sexta onda. Era enorme, Luan ficou de pé na prancha relaxando, ele sorria enquanto fazia suas manobras. Parecia que ele as controlava, nenhum dos competidores ficava tão calmo como ele. Eu sabia o quanto ele havia sentido falta do mar.

Teve uma hora que todos não encontravam no meio daquela onda enorme, mas festejaram depois de alguns segundos quando ele apareceu dando um sorriso de orelha a orelha.

Os competidores ficaram um ao lado do outro.

—Peguem seu dindin apostadores – Otavio começou – porque o que aguentou mais tempo na onda e é o vencedor é... Luan Macking!

Foi uma euforia, os amigos de Luan o ergueram e começaram a gritar seu nome repetidas vezes.

Ele desceu e correu na minha direção.

—Você esta bem? – disse cansado.

—Você foi ótimo. – o abracei.

—Valeu meu anjo, mas você esta bem?

—Sim – eu sorri.

—Tem um pequeno corte na sua boca.

—É minúsculo Luan.

—Mesmo assim.

—Relaxa.

—Eu preciso entender tudo isso, sobre o seu pai.

—Não vai comemorar?

—Já estou acostumado a vencer.

Eu ri e ele me puxou para a trilha, no mesmo lugar que eu sempre ficava.

—Por favor, me conta.

—Ta – eu suspirei, estava tão nervosa que chegava a tremer. – só não quero que pense mal de mim depois, tudo que fiz foi pra tentar ficar bem.

—Não se preocupe anjo.

—Não quero te perder, você é meu melhor amigo.

—Você não vai me perder.

—Não tenho certeza depois do que vou contar.