Vidas Secretas escrita por skammoon


Capítulo 18
Capitulo 18


Notas iniciais do capítulo

Meus segredos



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—Eu tinha 15 anos – comecei – quando minha mãe descobriu que meu pai tinha varias amantes, e saía escondido em cassinos.

—Cassino? Onde você realmente morava?

—Las Vegas.

—Uau! – Luan pareceu impressionado. – e como sua mãe descobriu?

—Ela ficava furiosa porque meu pai saía todas as noites, e sempre que ela perguntava ele dizia que só ia dar uma volta, mas essa “volta” durava a noite inteira. Uma vez minha mãe decidiu seguir meu pai. Ela pediu um táxi e mandou seguir o carro do meu pai. Eu não sei como foi à discussão, mas imagino que minha mãe tenha feito um escândalo e meu pai com certeza não deu a mínima. Quando chegaram em casa, começaram a gritar um com o outro, minha mãe começou a jogar as coisas em meu pai e ele gritava pra ela se acalmar, mas de nada adiantava. Então depois da longa discussão, minha mãe foi até seu quarto e começou a por as roupas dela na mala e eu fui até la. – meus olhos se encheram de lagrimas – eu disse a ela que não queria que ela fosse embora porque se meu pai não a amasse o suficiente, eu sim amava. Os olhos dela estavam vermelhos e o rosto coberto pelos borrões do rímel. Ela disse que ficaria tudo bem e que meu pai cuidaria bem de mim. Naquele momento eu soube que ela iria me abandonar. Comecei a chorar implorando pra ela me levar junto, fiquei até de joelhos, mas ela disse que não podia ficar se preocupando em cuidar de mim. Eu falei que saberia me cuidar e que talvez eu cuidasse até dela, mas ela não quis me levar. Minha mãe se sentou na cama e disse que precisava me confessar algo antes de ir...

—E o que ela disse?

—Ela disse... – não consegui segurar as lagrimas – que ela e meu pai nunca tiveram a intenção de me ter, ela disse que eram muitos novos e acabaram cometendo esse erro, ela disse que eu fui um erro, mas que mesmo assim ela gostava de mim. Então eu perguntei se ao menos ela me amava e ela disse que não.

—Nossa meu anjo – ele limpou minhas lagrimas.

—Naquele momento meu coração se despedaçou, eu tinha sido um erro na vida deles, nem ela e nem meu pai me amavam. Minha tristeza era tanta que nem consegui dizer mais nada. Ela beijou minha testa e disse que ficaria tudo bem, então pegou sua mala e saiu do quarto. Eu deitei em sua cama soluçando de tanto chorar e então ouvi meu pai dizendo que ela não podia me deixar com ele, mas ela não deu ouvidos. Ouvi a porta batendo e meu pai socando a parede de tanta raiva, eu nunca me senti tão rejeitada como naquele momento. Eu continuei limpando a casa e fazendo as obrigações de sempre. Meu pai levava uma mulher diferente a cada dia e a noite saía para seus jogos. Um dia ele começou a me olhar enquanto eu lavava a louça e ele me disse que tinha uma ótima ideia, fiquei confusa e ele disse que me levaria para os jogos, que talvez eu desse sorte a ele.

—E você aceitou?

—Sim, eu não tinha muita escolha, eu sabia que se não aceitasse, ele me obrigaria a ir de qualquer jeito. Meu pai era bruto e me dava medo, eu sempre o obedecia e fazia de tudo para ele não ficar bravo. Um pouco antes de ir para o cassino, ele me deu um vestido vermelho chamativo e curto, e um salto preto. Chegando la, ele se sentou a mesa junto com outros homens, eu fiquei em pé logo atrás. Havia outras mulheres la e elas estavam muito mais vulgares. Uma delas beijou meu pai e soltou risinhos quando ele acariciou seu rosto. Ver meu pai com outras me dava nojo e eu sempre me perguntava como minha mãe estaria.

—Imagino...

—Todas as noites eram iguais, isso durou um ano. Um dia meu pai me chamou para conversar e disse que eu estava dando azar e não sorte, porque ele estava perdendo a maioria dos jogos, eu já estava cansada de tudo aquilo, então eu disse que eu não dava azar e nem sorte e sim que ele não era tão bom quanto achava, eu disse que ele era um canalha por tudo que fazia e que eu não merecia ser tratada daquele jeito, porque eu era a filha dele. Ele simplesmente me deu um tapa na cara e começou a fazer um sermão dizendo que eu não podia falar daquele jeito porque enquanto ele pagava as coisas pra mim, ele que mandava. Eu disse que não precisava mais do dinheiro dele e ele disse pra mim que não me ajudaria com mais nada.

—Que otário!

—Daquele dia em diante eu comecei a comer na casa da Shelby, já que eu a conhecia desde pequena. Eu comecei a procurar emprego por todo lugar, mas não conseguia. Eu não queria mais ser sustentada pelos os pais da Shelby, eu precisava de dinheiro, precisava ser independente. Uma única ideia veio em minha cabeça e antes de cumpri-la resolvi ligar para minha mãe, eu estava torcendo para ser o mesmo numero e dei graças a deus quando ela atendeu. A voz dela continuava doce, mas eu percebi o desprezo, ela perguntou o que eu queria e eu disse que só queria saber como ela estava, mas ela apenas disse que estava ótima, mas ocupada, então desligou.

—Como ela chama?

—Jenna. – enxuguei as lagrimas novamente. – então depois daquele desinteresse da minha própria mãe, resolvi concretizar minha ideia sem nem pensar no que pensariam de mim...

—Que ideia era essa flor?

—Eu resolvi... me... – suspirei – me vender. Entende?

—É o que estou pensando?

—Sim. Eu comecei a ter relações com homens por dinheiro. Eu ia a bares, boates e até em cassinos. Quando meu pai ficou sabendo, eu pensei que ele iria ficar furioso, mas ao contrario, ele me levou para o cassino novamente. – olhei para Luan e ele estava surpreso com os olhos esbugalhados – meu pai fez um acordo com todos que jogavam, se meu pai perdesse em algum jogo, ele daria pouco dinheiro e eu, assim ele não precisaria pagar muito, porque eu já satisfazia o jogador, e se ele fosse muito velho, me daria para seu filho. E quando meu pai ganhasse, pagavam dinheiro a mais para ele, pra poder me ter.

—Eu não sei o que falar...

—Depois de dois anos fazendo isso, Shelby começou a namorar Daniel e em pouco tempo ela veio me falar de Yale, naquele momento todas as minhas expectativas de mudar de vida voltaram. Ir para Yale parecia minha salvação, eu seria uma nova pessoa, ninguém além de Shelby me conheceria, ninguém saberia do meu passado, era um recomeço. Meu pai não encarou bem essa ideia, mas ele teve que aceitar porque eu já tinha dezoito anos. E foi assim, nós viemos pra cá, com a intenção de recomeçar, Shelby sempre esteve do meu lado, ela e os pais dela eram os únicos que realmente se importavam comigo. Enquanto minha mãe estava sei la aonde fazendo sei la o que. E meu pai se importando só com dinheiro e mulheres. Eu fui praticamente abandonada, foram os piores anos da minha vida. Naquela época eu já tinha até pensado em me matar, mas Shelby me convenceu a não fazer isso. Eu sofri tanto, você não faz ideia, fiquei de depressão e tive que tomar remédios por um longo tempo – suspirei novamente – esse é meu passado, esse era meu segredo.

Comecei a chorar descontroladamente, vi uma lagrima rolar no rosto de Luan. Ele me abraçou tão forte que senti as batidas aceleradas de seu coração. Eu não sabia o que ele estava pensando naquele momento, não sabia se aquele era um abraço de despedida porque se afastaria de mim, ou se aquele era um abraço de conforto e ficaria do meu lado.


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