Blackbird escrita por Srta Dilaurentis


Capítulo 5
Herdeira das Trevas


Notas iniciais do capítulo

Hey gente, desculpa a demora em atualizar a fic mas fiquei com um bloqueio de criatividade, e a volta às aulas não ajudou muito. Espero que ainda tenha pessoas acompanhando a fic né... kkkk. Mas sem enrolação, aproveitei o capítulo.



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Sem a presença dos vários bruxos andando pra lá e pra cá, discutindo sobre planos e acontecimentos recentes, o silêncio quase palpável predominava no Largo Grimmauld.

O quartel da Ordem da Fênix estava localizado em um bairro trouxa da cidade de Londres, entre os prédios de números onze e treze. A construção era protegida pelo feitiço Fidelius — feito por Albus Dumbledore — e, por isso, era invisível para os outros moradores que simplesmente acreditavam que ocorreu um erro na numeração. Sua decoração era antiga e escura, havendo diversos objetos de valor do século passado, sendo, em maioria, posses e heranças da família Black.

O silêncio incomum incomodava Harry, que, a cada minuto, encarava o relógio preso na parede de seu quarto. O objeto continha um grande brasão vermelho de Grifinória, contrastando com o tom escuro do cômodo.

Harry havia chegado de Hogwarts há dois dias. Como sempre, seus detestáveis tios trouxas, os Dursley, o haviam buscado na plataforma 9 ¾. Eles não precisavam trocar uma palavra sequer com o garoto. Muitas vezes, Harry tinha a impressão de ser encarado com desgosto por sua tia através do retrovisor, contudo isso não o incomodava tanto. Ele aprendera com o tempo que ser ignorado era melhor que escutá-los reclamar de seu mundo. Era confortador pensar que não precisava ficar mais de dois dias na Rua dos Alfeneiros, já que ele ficaria com seu padrinho pelo resto das férias, como ocorria desde que era pequeno.

Olhou para a pequena janela que dava para a rua e percebeu que o céu já havia escurecido e as luzes dos prédios estavam acesas. Impaciente, encarou para o relógio mais uma vez. Sete horas. Ele não entendia o motivo da demora da Ordem em voltar da missão. Eles tinham apenas que capturar um comensal fugitivo, o que não era tão complicado, ele pensava.

Algum tempo depois, levantou-se da cama e passou a andar de um lado para o outro no quarto. Resmungou alguns palavrões quando tropeçou em seu malão jogado em algum canto com algumas roupas bagunçadas dentro, e ignorou a risada baixa de seu melhor amigo, Ron Weasley, que lia entredito uma revista em quadrinhos trouxas, que Harry conseguira pegar escondido de seu primo Duda.

Ao passar em frente ao espelho, percebeu o quanto havia mudado ao longo dos anos. Já não era mais aquele garoto magricela como fora em sua infância. Seu físico melhorara bastante por conta do quadribol — esporte que jogava em Hogwarts desde os seus onze anos de idade. Sua face tinha deixado as características infantis para trás e assumido feições maduras. Seus cabelos, rebeldes, agora faziam parte de seu charme.

Harry piscou algumas vezes, despertando de seu devaneio.

— Dá para você ficar quieto, Harry? Já estou começando a ficar tonto! — Rony resmungou, decerto irritado.

Harry se assustou por um momento. Havia se esquecido da presença de seu melhor amigo no quarto.

— Desculpa; é que estou preocupado.

— Não me diga! — Rony respondeu ironicamente, fazendo Harry revirar os olhos.

— É sério, Rony! Eles foram para a missão cedo e ainda não voltaram. Deve ter acontecido alguma coisa! — Harry disse aflito.

— Relaxa, cara. Eles já foram a missões muito mais perigosas do que essa. Daqui a pouco eles estão de volta. Você vai ver. — Sorriu, tentando passar confiança em sua voz, mesmo que ele próprio não tivesse tanta certeza de suas palavras. — E pare de andar! Vai acabar abrindo um buraco no chão! E imagino que Gina não ficará muito contente se você cair no quarto dela! — Rony exclamou numa tentativa de fazer graça, mesmo que ele soubesse que suas palavras não surtiriam efeito no amigo.

Harry deu um sorriso amarelo e sentou-se em sua cama. Sabia que Rony tinha razão. Não tinha por que tanta preocupação, afinal, eram cinco bruxos contra um. Não tinha o que dar errado.

Um estrondo seguido de vozes vindas do térreo chamaram a atenção dos garotos, que se entreolharam e, juntos, correram em direção à porta do quarto.

A ansiedade em rever o padrinho era tão grande que Harry nem sentiu calafrios ao passar pelo corredor que continha um quadro com cabeças de antigos elfos domésticos que um dia já trabalharam na casa.

Ao chegarem à sala, eles se assustaram ao ver os membros da Ordem machucados e acabados. Remus — com os cabelos e vestes úmidos — tinha o lado esquerdo do rosto manchado de sangue seco que havia escorrido de seus supercílios e mantinha uma das pernas esticada e apoiada na mesinha de centro. Sobre ela, havia uma bolsa de gelo improvisada.

Moody, Kingsley e Tonks estavam espalhados pelo sofá, respirando afincadamente, sujos de fuligem e poeira que se misturavam ao suor de suas faces. A base de suas capas parecia chamuscada e cada um deles também segurava sacos de gelo em diferentes partes do corpo. Porém, o que mais chamou a atenção de Harry, no entanto, foi Sirius. Ele estava desacordado no sofá. Sua face estava pálida e seu nariz, torto. O sangue, agora seco, manchava seu rosto e seu pescoço.

— Mas que diabos aconteceu com vocês?! — Rony exclamou exasperado. Seus olhos arregalados exibiam surpresa e preocupação. Ele logo correu para perto dos feridos.

— Tinha mais alguém lá! Levaram o Blake — Alastor respondeu mal-humorado. Ele se remexeu no sofá com uma expressão de dor e raiva no rosto.

Uma cabeleira ruiva surgiu subindo em passos rápidos a escada estreita que levava até a cozinha, trazendo em suas mãos uma caixa com vários frascos de diversas porções. Suas sobrancelhas estavam curvadas e seus olhos, arregalados, demonstrando seu desespero.

— Arthur, chame o professor Dumbledore e peça que ele chame madame Ponfrey para vir junto — a Sra. Weasley ordenou. Rapidamente, ela se ajoelhou em frente a Sirius.

— O que aconteceu com ele? — Harry indicou o padrinho com a cabeça. Ele sentia-se aflito, e os pensamentos negativos que invadiram sua mente o deixaram mais desesperado.

— Ele foi atingido por uma maldição que nunca ouvi falar. Imagino que seja das trevas — Remus respondeu ao garoto. Sua voz tinha um quê de medo, que afligiu Harry.

O garoto não sabia o que pensar, muito menos o que fazer; estava desconcertado. Seu olhar distante vagava pelo cômodo sem se fixar em algum ponto. Sentia-se incapaz de fitar o corpo do padrinho. As mãos trêmulas e a respiração descompassada indicavam seu nervosismo.

Harry passou as mãos em seus cabelos, deixando-os ainda mais bagunçados, incapaz de se conter. Se não estivessem em uma situação tão tensa, muitos comentariam o quanto ele se assemelhou ao pai com essa ação.

— Creio que seja melhor esperar o professor Dumbledore e madame Ponfrey chegar para cuidar de Sirius — a Sra. Weasley exclamou, levantando-se do chão. Ela pegou um frasco com uma coloração roxa e despejou o conteúdo dentro de quatro copos. Entregou-os para cada um dos membros machucados e os fez beber imediatamente.

*

Cerca de trinta minutos depois, uma batida na porta de entrada chamou a atenção de todos. Molly mandou Gina, que também estava na sala, abrir a porta, certa de que era Dumbledore.

— Boa noite, Srta. Weasley — Dumbledore cumprimentou cordialmente, com um sorriso nos lábios.

— Boa noite, professor. Madame Ponfrey. — Ela deu espaço para os dois bruxos passarem. — Eles estão na sala de estar.

Dumbledore entrou rapidamente na sala, mantendo a expressão calma em seu rosto. Ele usava uma veste azul marinho, acompanhado de um chapéu pontudo que combinava com sua capa; seus usuais oclinhos de meia lua estavam na ponta de seu nariz.

Assim que os três chegaram ao cômodo, houve um suspiro de alívio coletivo e a expressão de muitos se suavizaram ao ver o professor e a mede-bruxa. Harry viu os olhos azuis do professor rondar a sala à procura de Blake. Ele percebeu uma pitada de decepção em seu olhar, contudo, sua expressão permaneceu calma.

— Meu Deus! — Madame Ponfrey exclamou assustada. Seus olhos passaram rapidamente em todos os feridos. — O que aconteceu com vocês? — perguntou, se aproximando de Remus com sua maleta branca.

— Fomos atacados. Uma garota desconhecida duelou com a gente e levou o Blake. Creio que ela esteja do lado de Você-Sabe-Quem e... — Tonks falou tudo de uma só vez, rapidamente, mas se calou quando Dumbledore levantou a mão direita, interrompendo-a.

— Vocês terão o momento de me contar o que aconteceu, no entanto, descansem e deixem que Madame Ponfrey cuide de vocês.

A enfermeira se adiantou até onde Sirius estava e o examinou. Ela recitou diversos encantamentos que Harry não conhecia. Ele olhava tudo com atenção, esperançoso de que algum desses feitiços faria o padrinho despertar.

— Qual feitiço o atingiu? — ela perguntou para os outros membros, com uma expressão preocupada.

— Lino Quebrium — Tonks respondeu incerta. — Eu nunca ouvi falar nele...

— Muito menos eu — Ponfrey disse de olhos fechados, tentando lembrar, de alguma forma, se conhecia o feitiço. — Vários ossos do corpo dele se quebraram. Nenhum feitiço de cura está resolvendo! — Ela olhou alarmada para Dumbledore, que saiu da sala por um momento.

Harry sentiu o coração bater mais rápido e seu corpo suar frio. Olhou para o corpo do padrinho desfalecido no sofá e lágrimas marejaram seus olhos. A ideia de perdê-lo o aterrorizava de tal maneira que seu coração se apertava só de imaginar.

Ele tentou conter as lágrimas. Não queria chorar na frente de todos.

— Harry, Rony, por que não sobem para o quarto enquanto resolvemos as coisas por aqui? — a Sra. Weasley pediu, vendo que Harry havia ficado abalado com a situação de Sirius.

— Ah, mãe! Mas eu quero ficar aqui e ajudar — Rony choramingou e recebeu um olhar irritado da mãe.

— Ronald Weasley, para o quarto. Agora! — Ela indicou Harry com a cabeça, disfarçadamente.

Rony franziu a sobrancelha, tentando entender o que a mãe queria dizer. Encarou o amigo, que estava alheio a pequena discussão dos dois. Por um momento, finalmente entendeu.

— Ahh... Er... — ele pigarreou. Suas sobrancelhas estavam levantadas e os olhos se arregalaram rapidamente. — Quer dizer... Já vou! Vamos, Harry!

Eles subiram as escadas até o segundo andar, onde ficava o quarto que dividiam. Assim que chegaram, Harry se jogou em sua cama e colocou o travesseiro sobre o rosto. Suspirou fundo e ignorou a vontade de chorar, sentindo um nó na garganta.

— Calma, Harry. Sirius vai ficar bem. O professor Dumbledore deve saber de algum feitiço que o ajude. — Rony se sentou na cama do amigo. Ele tentava pensar positivo para acalmá-lo, mas, na verdade, ele também estava preocupado.

O barulho da porta do quarto se abrindo chamou a atenção dos meninos.

— Fique tranquilo, Harry, eles vão encontrar a solução — disse Gina calmamente, sentando-se ao lado de Rony.

A voz doce da garota acalmou Harry, que tirou o travesseiro do rosto e se sentou. Ele limpou as lágrimas insistentes que escaparam de seus olhos, sentindo-se um completo idiota por chorar na frente dela.

— Eu não consigo ficar calmo sabendo que meu padrinho, uma das únicas pessoas que me deixa mais próximo dos meus pais, está com risco de vida. Já perdi minha família, não posso perder Sirius também — exclamou exasperado, sentindo o nó na garganta aumentar.

— Vai dar tudo certo. Dumbledore não vai deixar o pior acontecer. — Gina arrastou sua mão pela cama até tocar na de Harry.
Ele levantou o olhar, fixando com os dela, que o encarava profundamente.

— E, de qualquer forma, você tem a nós — exclamou Rony, quebrando o contato entre os outros dois, sem nem perceber que o havia feito.

Harry piscou algumas vezes, saindo do transe. Ele e Gina puxaram as próprias mãos evitando encarar um ao outro novamente.

— Sim, eu sei... — Ele deu um pequeno sorriso para o amigo. Harry sabia que podia contar com os Weasley para o que precisasse.

                                            *

Já estava tarde da noite quando Dumbledore iniciou a reunião. Os membros que antes estavam machucados agora estavam novos em folha. Quem os visse naquele momento nem imaginaria que eles haviam duelado e perdido terrivelmente para uma bruxa menor de idade.

Sirius havia se recuperado com a ajuda de Snape — que tinha chegado momentos depois de Madame Ponfrey, com seu usual mal-humor ainda pior, por ter que ficar responsável em salvar Black — e estava em um sono profundo em seu quarto.

A sala usada para as reuniões estava cheia de bruxos que antes não estavam presentes na casa. Naquele momento, a atenção de todos estava focada em Dumbledore.

— Obrigado a todos por virem. — começou, a voz alta. — Peço desculpas por ter tirado alguns de vocês de suas casas tão tarde da noite, mas a informação que eu preciso dizer é de extrema importância.

“—Há alguns anos, nessa mesma sala, eu revelei a vocês que uma segunda profecia havia sido criada, junto com a de Harry. Ela dizia que uma criança extremamente poderosa nasceria e o lado na qual ela escolhesse lutar seria o vencedor... — Ele fez uma pausa dramática, deixando todos aflitos. — Já faz algum tempo que eu venho suspeitando de algo, e com as informações que vocês me disseram sobre o ataque surpresa durante a captura de Jason Blake, tenho quase certeza de que infelizmente minhas suspeitas estavam certas.... — Ele parou, olhando para todos. — Creio que Voldemort encontrou a criança da profecia.”

A atmosfera da sala mudou instantaneamente. Muitos prenderam a respiração com a menção do nome do bruxo.
Dumbledore revirou os olhos. Quantas vezes ele teria que repetir que o medo de um nome só aumenta o medo da própria coisa? Voldemort não iria surgir na sala se eles dissessem o nome dele.

— Você está dizendo que a garota que nos atacou era a criança de profecia? — Remus tinha os olhos arregalados.

— Exatamente.

— Por que Voldemort a escondeu por tanto tempo? Digo, porque ele nos deixaria cientes da existência dela apenas agora? — perguntou Minerva sem entender.

— Eu também não sei. Mas, de acordo com Severus, a garota sempre cumpriu missões para Voldemort.

— Como ficamos sabendo dela apenas agora? — Tonks não estava conseguindo entender a situação.

— Acredito que Voldemort a manteve em segredo até mesmo de seus comensais. Seu nome verdadeiro nunca é mencionado. Todos a chamam de “Herdeira das Trevas”.

— Quer dizer então que ela sempre está com aquela máscara? — Remus perguntou, confuso. Como alguém usava uma máscara vinte e quatro horas por dia?, pensou.

— Ela não fica com os comensais. A menina trabalha sozinha, faz missões individuais e nunca foi vista nos ataques. Na verdade, ela que cria as estratégias para que ocorra tudo certo — Snape respondeu secamente.

— Severus me disse que a menina tem um laço muito forte com Voldemort.

— O Lorde das Trevas a considera como sua herdeira e a trata como igual. Eu particularmente nunca o vi ter o relacionamento como aquele com nenhuma outra pessoa — comentou Snape.

— Isso tudo é bizarro — Tonks disse desacreditada com toda aquela informação.

— O ponto que eu quero chegar é: se conseguirmos capturar a Herdeira das Trevas, poderemos tentar trazê-la para o nosso lado e tentar extrair informações sobre Voldemort — disse Dumbledore calmamente, olhando para cada um, identificando suas reações.
Dito isto, Kingsley se pronunciou:

— Isso é uma tarefa quase impossível. A garota acabou completamente conosco! Ela é imprevisível e suas habilidades em combate são impressionantes. Ela ganharia da maior parte de nossa equipe de aurores facilmente.

— Temos que estudá-la. Aprender seu estilo de combate para, assim, nos planejarmos melhor durante a captura — Alastor sugeriu.

— Mas temos um problema. — Remus ganhou a atenção de todos. — Ninguém nunca viu o rosto dela. Não sabemos como ela é, nem onde encontrá-la.

Todos bufaram, pensando em alguma solução.

Alguns fios dourados na roupa de Moody chamaram a atenção de Kingsley, que se levantou e caminhou vagarosamente em sua direção. Ele levou uma das mãos até os fios e os analisou de perto, chamando a atenção dos membros que estranharam a ação repentina.

— Que diabos está fazendo? — Olho-Tonto perguntou.

— Alguns fios de cabelo dela devem ter caído no momento em que você a agarrou. Com isso, poderemos fazer um feitiço de localização para encontrá-la — Kingsley respondeu encarando os fios loiros.

— Ótimo — comentou Snape sem demonstrar nenhuma emoção. — Amanhã poderei fazer a poção, contudo, temos que levar em conta de que a Herdeira das Trevas vive com o Lorde Voldemort, então, teremos que esperar que ela saia dos limites da mansão.

— Certifique-se de quando ela sair. Se sair para uma missão, será ainda melhor para nós — disse Alastor com um sorriso maldoso nos lábios.

— Não preciso que me diga o óbvio, Alastor — Snape retrucou com desdém. — Amanhã retornarei com a poção. — Ele se direcionou à porta.

— Arrogante... — Tonks resmungou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, comentem o que acharam, o coémtariô de vocês é muito importante pra mim ^^



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