Cristal escrita por Mia


Capítulo 13
Capítulo 12 - Empatia




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Me encontra no meu dormitório quando seu irmão for embora.

— T.

Lana amaçou o bilhete discretamente e sorriu pro garoto a sua frente, ele encolheu os ombros, acanhado, e voltou pelo caminho que tinha surgido. Ela lembrava vagamente de ter visto ele uma ou duas vezes por ai, sempre acompanhado pelos outros garotos que vivia cercando Thor, só então ela se deu conta do quanto ele era popular por ali.

— Está tudo pronto – Alex surgiu ao seu lado, colocando a mão sobre seu ombro – Sábado vou vir te buscar, e Lana, por favor, pare de ignorar nossos pais.

Lana ergueu a cabeça pra ele e assentiu, sorrindo pro irmão.

— E sobre aquele garoto... Vocês são só amigos mesmo?

— Ah... Alex – gemeu, desvencilhando-se dele e cruzando os braços, nunca tinha sido tão difícil responder essa pergunta.

— Ok ok. – Alex ergueu as mãos cedendo e em seguida sorriu – Mas só toma cuidado, não confie tão facilmente Lana.

Ela revirou os olhos.

— Agora tenho que ir, até sábado e ligue seu telefone, quero saber de tudo o que tiver acontecendo aqui.

É claro que ele queria, pensou, erguendo os braços e o abraçando. Alex era certamente a pessoa mais presente na sua vida, na maioria das vezes o único que tinha para conversar, Lana sentiria saudades dele. Acompanhou o irmão até o estacionamento e ficou parada até ver seu carro sumir e o portão fechar novamente. Tinha prometido ligar o telefone e mantê-lo assim, mas Lana não estava com a mínima vontade de subir no seu quarto bagunçado, ainda lembrava da sensação de sentir um corpo estranho e pesado sobre o seu, de mãos apertando seu pescoço. Não era algo que esqueceria com facilidade, tinha certeza.

Abriu novamente o papel que tinha amaçado entre os dedos e releu o recado de Thor, no outro lado tinha o andar e o numero do seu quarto. Claro, seria uma loucura sem precedentes ir até lá só porque ele pediu que fosse, mas ela queria saber o que ele quis dizer com porque quem vai cuidar disso sou eu.

Até onde Thor poderia saber sobre seu invasor? Isso martelava na sua cabeça desde cedo, quando ele saiu da sala de visitas e a deixou sozinha, remoendo aquilo.

Lana releu as informações escritas ali e as memorizou, em seguida rasgou o pequeno bilhete em vários pedaços e os jogou na primeira lixeira que viu.

ººº

Lana viu o numero 233 gravado na porta de madeira, tinha uma pequena cesta de vidro ao lado da porta pregada a parede com o nome de Thor e alguns recados dentro, do jeito que foram colocados ela não conseguia ler nem o remetente e principalmente seu conteúdo. Ela estaria muito ferrada se desse uma olhada ali? Lana pesou suas opções, mas não conseguiu decidir antes que a porta fosse aberta e um sonolento e descamisado Thor surgisse nela.

— Oi – ela disse, sorrindo, tentando disfarçar o que estava prestes a fazer.

Thor coçou um olho e deu passagem pra ela entrar. Ainda do lado de fora Lana espiou o cômodo e o viu se jogar de novo na cama abarrotada. Seu quarto parecia um pouco maior que o dela, e mais equipado também, além da sua cama tinha um guarda-roupa grande e uma TV LCD embutida na parede, uma mesa preta com vários papeis em cima e alguns pôsteres espalhados pelas quatro paredes. Ela entrou quando ouviu um conjunto de vozes se aproximarem, Lana fechou a porta e escorou nela, sem saber direito o que deveria fazer a partir dali.

Thor encostou-se nos travesseiros, meio sentado e meio deitado, e a encarou, de um jeito sugestivo. Lana tentava olhar só pro seu rosto, ignorar o torso nu, mas Thor deu aquele sorriso de canto que casava tão bem com seu rosto e ela desviou os olhos pra parede mais próxima.

— Seu irmão já foi? – o ouviu perguntar. Lana manteve seus olhos longe, analisando clinicamente o pôster do Rolling Stone e sua língua mutante pra fora.

— Sim – ela murmurou, em seguida riu – O que deu em você naquela hora? Pensei que deixasse seu lado cínico só pras garotas irritantes.

— Tinha esquecido que você tinha um irmão, pensei que ele fosse...

Lana jogou seus olhos nele de novo, Thor tinha deitado novamente e pressionava as duas mãos em cima dos olhos.

— Nunca disse pra você que tinha um irmão.

Thor ficou imóvel alguns segundos antes de baixar as mãos e jogar as pernas pra fora da cama, sentando.

— Eu sei, você nunca me contou nada.

— Então como sabe?

Ele deu de ombros.

— Li na sua ficha.

— Como é? – deixou o receio de lado e andou até ele com seus punhos fechados.

— Vi quando você chegou, estava indo na direção e acidentalmente li sua ficha – deu de ombros.

— Thor ninguém ler nada acidentalmente.

— Eu leio.

— Cacete. Porque você fez isso? Você invadiu a minha privacidade. – ela odiou a expressão austera que ele tinha no rosto, como se ela não tivesse gritando e com os punhos prontos pra soca-lo. Thor a encarou e um suspiro arrastado e cansado o deixou.

— Não tinha nada demais lá. Só que você era adotada, devia visitar a psicopedagoga do internato, aliás, você nunca foi lá, e que tinha um irmão mais velho.

— Idiota – ela grunhiu. Era vergonhoso que Thor soubesse tanto e ela nada, e tinha certeza que não era só isso que tinha escrito na sua ficha, antes que fosse definitivamente parar ali Lana tinha respondido um questionário intenso de três folhas e feito vários exames. Ele devia saber dos remédios que tomava, da sua ficha psiquiátrica, e como todos, já devia ter um quadro pronto e imutável a seu respeito, de que era louca.

Lana sentiu seus olhos marejarem e cruzou os braços, desviando o rosto pra longe de novo. Queria desesperadamente ir embora.

— Não acho que você seja louca – ele disse de repente.

— Você não me conhece, é por isso.

— Pode ter razão, mas – ele ficou de pé, deslizando suas mãos grandes pros braços cruzados dela, com força, até que Lana cedesse e o encarasse – eu realmente não me importo se você for.

Lana sentiu seu queixo cair, de fato. – Por quê?

— Você vai continuar sendo gostosa – Thor sorriu, puxando-a pra mais perto – e teimosa, isso é suficiente pra mim.

Era o mais próximo de uma declaração que já tinha ouvido ele dizer. E Lana se sentiu de repente estranha, Thor a encarava com uma intensidade que a empurrava pra longe, não gostava das borboletas que picavam seu estomago, da maneira como estava nervosa próxima a ele, e não tinha sido por isso que viera até ali.

Lana tentou se desvencilhar, mas Thor a segurou com mais força, descendo suas mãos para sua cintura e a prendendo ali, tornando impossível ignorar seu torso nu, seu peito definido e bem desenhado naquela pele branca.

— Você não está com medo de mim? – ele perguntou, sua voz baixa e arrastada.

Ela umedeceu os lábios e o encarou.

— Não.

— Você não é covarde.

— Acho que não.

— Isso é bom – Thor se aproximou, encostando seus lábios nos dela com delicadeza – É bom pra gente.

— O que você quis dizer com... Com aquilo de cuidar do meu invasor?

Thor se afastou e a analisou, de um jeito desconfortável, soltando-a logo em seguida e tornando a sentar na sua cama. Suas pernas ficaram entre as de Lana, e ela conseguia sentir o pano da calça folgada que ele usava roçando na sua pele nua. Ela estava tentando ignorar a tensão sexual entre eles, aquela coisa em aberta que estava no ar, mas Thor deixava tudo cada vez mais difícil, e Lana não tinha controle pra se manter longe, pra manter-se coerente. Ela não confiava nele, mas não confiava em si mesma, principalmente porque tudo que conseguia pensar era em atirar-se nele e beijá-lo.

— Já cuidei – ele murmurou depois de um tempo. – Ninguém mais vai incomodar você, só eu.

— Thor... Você tem que ser mais claro que isso, você sabia quem era? E como?

Thor ergueu uma sobrancelha, e Lana soube que tinha atravessado o limite, mesmo que não tivesse consciência que existisse um. Ele crispou os lábios e estava de novo tenso e irritado.

— Não existe nada por aqui que eu não saiba Lana, e se eu disse que já cuidei, significa que já cuidei. Era só isso que queria saber?

Não era o bastante, é claro. Por que alguém invadiria seu quarto, no meio da noite e tentasse estrangulá-la? Á troco de que? Mas havia algumas coisas que Lana sabia sobre Thor, entre elas era que ele conseguia ser tão, ou mais teimoso, que ela própria, e ao contrario dela, Thor não cedia com tanta facilidade.

Lana descruzou os braços e sentou no colo dele, vendo o rosto irritado dele desmanchar e ele acolhe-la, circulando-a e apertando seu corpo contra o dele.

— Você sabe que vou te encher a paciência até você me contar quem invadiu meu quarto, não sabe?

Thor sorriu e deslizou uma das suas mãos por sua perna, até chegar na ponta da sua saia. Lana sentiu seu corpo enrijecer, não queria avançar as coisas ali, ela nem sabia que tipo de relacionamento eles tinham.

Ele a encarou e em seguido jogou Lana em cima da sua cama, entre os lençóis revirados, pondo seu corpo sobre o dela, segurando em baixo do seu joelho e subindo-o, encaixando ele no seu quadril. Ela arfou de surpresa e tensão, não conseguia mover um musculo ou pensar em algo para dizer. Era rápido. Rápido demais. E ela não conseguia evitar pensar em Jasmim, nos avisos de Luce, nos conselhos de Tatiane.

— Existe alguma coisa entre você e aquele garoto esquisito do terceiro ano?

— Você não sabe de tudo que acontece por aqui?

Thor a encarou irritado.

— Não testa a minha paciência.

Lana revirou os olhos, vasculhando a sua memoria atrás do garoto esquisito do terceiro ano e um único rosto surgiu na sua cabeça. Ela riu.

— Ben? Ah não sei. Ele é charmoso e engraçado, está sempre rindo, faz totalmente o meu tipo.

Ela sentiu o corpo acima do seu enrijecer e as mãos antes que apenas deslizavam por suas pernas a apertarem. Seu sorriso aumentou consideravelmente.

— Ele é gay – Lana disse entre pequenos risos, o rosto de Thor desmoronou. Aparentemente nem tudo era de seu conhecimento – Eu que não faço o tipo dele.

— Então você gosta de caras charmosos e engraçados? – ele perguntou, seus olhos estreitos.

Lana assentiu.

— Tá fazendo o que aqui então?

Antes que pudesse pensar mais a respeito Lana subiu uma mão e deu um sonoro tapa no braço de Thor. – Se quiser posso ir embora, o que acha?

— Você não vai a lugar nenhum – ele disse, pegando seu outro joelho e encaixando-o no seu quadril. A saia do seu uniforme deslizou e por pouco não deixou sua peça intima a mostra, mas não foi apenas isso que fez a respiração de Lana suspender, seus quadris estavam encaixados e ela realmente sentia Thor. Tombou sua cabeça de lado, fugindo dos seus olhos, tinha certeza que estava mais vermelha que um tomate.

— Uma hora vou ter que voltar pro meu dormitório.

Ele gemeu, discordando, enquanto seus lábios deslizavam na pele agora exposta do pescoço dela, dando pequenas mordidas que arrancaram gemidos involuntários da garganta de Lana, as duvidas e medos que sentia estavam ficando mais fracos á medida que Thor subia seus lábios, ela esperou pelo beijo que não veio.

— Você vai ter que pedir, lembra? – ele sussurrou. Sua voz grave arrepiando seu corpo de baixo a cima. Lana arqueou pra frente e o encarou, os olhos arregalados fitando o rosto sereno de Thor.

— Me beija – ela murmurou, ainda mais baixo que ele, movendo apenas seus lábios e um som surdo saindo destes. Thor sorriu de canto.

— Não ouvi.

Lana respirou fundo, fechando as pernas na cintura e com satisfação arrancando um gemido dele, quando seus quadris ficaram ainda mais próximos um do outro, deslizou suas mãos pro seu pescoço, sentindo a maciez e firmeza da sua pele, prestando atenção pela primeira vez naquela tatuagem estranha que ele tinha no braço.

— Me beija – ela repetiu, mais alto, voltando os olhos pra ele. Thor sorriu e a beijou.

E todo o controle que Lana ainda tinha caiu por terra quando as mãos de Thor vasculharam seu corpo e sua língua a invadiu. Ela o sentiu crescer e a sensação acendeu algo dentro dela que movimentou seu corpo a ir de encontro ao dele, correspondendo-o com volúpia. Thor girou seus corpos, fazendo-a ficar por cima, e Lana o sentiu melhor.

— Você vai dormir aqui hoje – ele murmurou com os lábios ainda sob os dela, sua mão invadindo sua saia e tocando na sua peça intima. Lana o segurou e o encarou.

— Como é?

— Você vai dormir, aqui, comigo.

— Não vou não.

— Só hoje, e amanha respondo todas as suas perguntas – Thor grunhiu, usando a mão livre pra aproximá-la de novo, Lana virou o rosto e voltou a encará-lo.

— Thor, nós não vamos transar.

Ele revirou os olhos. – Eu sei.

— E então?

— Você não me ouviu? Nós vamos dormir— ele sorriu – não seja tão pervertida.

Lana mordeu o lábio e engoliu o que queria dizer. Pervertido era ele. Era sua mão que tentava invadir sua calcinha, era ele quem estava sem camisa e pelo que sentia sem cueca também. Mas não era apenas isso que a inclinava a larga-lo ali e sair correndo, ela detestava dormir com alguém, geralmente não conseguia, ou quando conseguia, o acordava com seus gritos, e naquela semana ela estava tendo pesadelos mais que o normal.

— Não vou fazer nada que você não queira – ele continuou, entendendo errado o seu silencio.

— Não é isso eu... – ela suspirou, saindo de cima do seu colo – Não gosto de dormir com ninguém. Acho melhor ir embora.

Thor segurou seu braço, mantendo-a ali.

— Se for por causa dos seus pesadelos não precisa se preocupar, meu sono é pesado.

Lana o encarou, sua respiração estava suspensa. – Sabe disso também?

— Na sua ficha dizia algo sobre perturbações noturnas, imaginei que devesse ser pesadelos. Acertei?

Ela mordeu o lábio inferior com mais força e assentiu, devagar, sem tirar os olhos do seu rosto. Thor ficou de pé e andou até o guarda-roupa ao lado da cama, ele abriu e pegou um pequeno embrulho, o jogou pra Lana. Quando ela o ergueu reconheceu uma camisa grande e preta.

— Pode usar isso pra dormir – ele apontou o polegar pra porta pequena atrás dele – Ali é o banheiro.

Lana pensou no quarto bagunçado que a aguardava e nas respostas que teria se ficasse. Era um jogo sujo, ambos sabiam, mas ela queria ficar, gostava demais do cheiro e dos beijos de Thor pra querer algo diferente daquilo. Ficou de pé e andou até o banheiro, aproveitando a oportunidade para tomar um banho rápido e refrescante, dobrou o uniforme e vestiu a camisa, feliz por ela chegar até suas cochas, era só um pouco mais curta que a saia que costumava usar.

Quando Lana saiu encontrou Thor esparramado na sua cama, ele ergueu a cabeça pra encará-la, e tinha uma malicia em seus olhos que a agradou e deixou ao mesmo tempo apavorada.

— Tem certeza que isso é uma boa ideia? – ela murmurou, engatinhando até ele e sentando ao seu lado.

— Não confia em mim?

— Pra ser sincera, não.

Ele riu, puxando a coberta pra cobri-los, Lana entrou debaixo e deitou de costas pra ele, sentindo-o deitar ao seu lado, seu braço apertando sua cintura e a puxando de encontro ao seu peito.

— Vai ficar decepcionada então – ele murmurou contra seus cabelos – Essa noite serei um gentleman.

Lana abafou um riso no travesseiro. – Você vai realmente me contar tudo amanhã?

— Humrum.

— Ok. Boa noite Thor – ela disse, erguendo o braço e apagando a luz do abajur. Lana afundou o rosto entre as cobertas e fechou os olhos.

Thor continuava imóvel a suas costas, os olhos abertos e atentos a qualquer ruído que ouvia no corredor, prestando atenção nas vozes e tentando diferenciá-las, mas quem esperava não surgiu, não havia sequer um sinal dele por ali. Ele esperou pacientemente a respiração de Lana tornar-se regular, quando seu corpo estava mole e inerte Thor sentou, com cuidado pra não acordá-la destravou o fecho do colar em seu pescoço e o retirou, guardando-o dentro da gaveta, em seguida tornou a deitar, apertando o corpo dela com mais força e afundando o nariz dentro do seu cabelo, respirando aquele aroma doce.

— Boa noite Lana – ele murmurou, antes que sentisse as garras do sono levarem-no pra longe.


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Notas finais do capítulo

Um capítulo fofinho, mas acho que não respondi nenhuma pergunta, não é...

Quem sabe no proximo *risada estranha* hahaha

Leiam e não esqueçam de comentar ok, isso é muito importante pra mim ♥

Xoxo



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