Cristal escrita por Mia


Capítulo 14
Capitulo 13 - Testosteronas


Notas iniciais do capítulo

Ah demorei mas apareci, o caso e que ainda estou sem computador entao estou me virando como posso rs

Espero que gostem desse cap e por favor nao me matem hahaha



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Não tive pesadelos. Lana suspirou e espreguiçou o corpo como uma gata que acabava de acordar, sentia todo seu corpo relaxado e os pontos de tensão desfeitos, virou o corpo de lado, encontrando os olhos de Thor abertos e sua mandíbula cerrada, encarando-a. Seu rosto estava um pouco inchado e seus olhos meio fechados, ainda sonolentos.

Lana sorriu passando o seu dedo indicador pelo rosto dele, desenhando seus traços.

— Está de bom humor – Thor murmurou fechando os olhos.

Ela assentiu, mesmo sabendo que ele não poderia ver. Lana inclinou-se com cuidado e roçou seus lábios nos dele, sentiu o corpo de Thor ficar rígido, em seguida passar seu braço pela cintura dela e puxá-la pra cima, mantendo-a presa ali, cercando-a com seus dois braços, tornou a abrir os olhos.

— A gente tem aula. – ela murmurou.

— Humrum.

Lana riu. – Vamos, me solta, tenho que voltar pro meu dormitório, e você tem que me responder algumas coisas.

Thor suspirou e a soltou, dobrando os braços atrás da cabeça. Lana manteve-se imóvel. Ele estava lindo demais assim, pensou, seu cabelo revoltado, os olhos inchados e meio caídos, as linhas de expressão do seu rosto relaxadas de um jeito que ela nunca tinha visto, e ainda tinha seu corpo, abaixo do seu, seu torso nu e definido, suas pernas grossas entrelaçadas com a sua. Ela se sentia especial em está ali, não queria, mas se sentia. Especial em ver Thor, aquele cara odioso que todos temiam, tão relaxado e vulnerável em sua presença.

Lana sentou nos seus quadris e o beijou antes de levantar e correr pro banheiro. Ainda era cedo, se fosse rápida conseguiria chegar ao seu quarto e ter tempo para um café-da-manhã, mais tarde procuraria Thor e faria todas as perguntas que martelavam na sua cabeça. Ela tirou a camisa dele e pegou o uniforme que tinha deixado dobrado ali, tinha acabado de subir o zíper da sua saia quando ouviu uma movimentação estranha no quarto. Lana certificou-se de que a porta do banheiro estava mesmo trancada e grudou o ouvido nela, reconhecendo a voz do novo visitante de Thor.

— O que você pensa que está fazendo? – Isaac perguntou.

Houve um instante de silencio perturbador.

— Isso não é da sua conta. Agora saia do meu quarto.

— Claro que é da minha conta imbecil. É da minha conta quando você coloca a vida de alguém daqui em risco e sem uma razão aparente, o que você está tramando dessa vez? – Isaac levantou a voz, era a primeira vez que Lana o ouvia gritar.

Thor murmurou alguma coisa, é claro, ele sabia que ela estava ali ouvindo tudo do banheiro. Eles discutiram alguma coisa ilegível em seguida ela ouviu um baque perto demais, como se alguém tivesse sido jogado contra a parede.

— Eu sei que você mandou a Sophia invadir o quarto da garota, por que Thor? O que está acontecendo aqui? – Isaac gritou de novo.

Lana sentiu suas pernas amolecerem de repente, pressionou o ouvido com mais força, eles pareciam mais perto agora.

— Não mandei aquela vadia fazer nada – mais outro baque e agora sua voz estava distante, mas Lana conseguia entender o que dizia – Sai daqui porra.

Ela não ouviu mais nada, não sabia se era o sangue que tinha subido pro seu ouvido ou se Isaac é que tinha ido embora, não esperou pra descobrir, Lana vestiu sua camisa e abriu a porta do banheiro, não olhou uma segunda vez pra Thor, parado no meio do quarto, seguiu direto pra porta e a bateu com força quando fechou. Tinha alguma coisa quebrada dentro do seu peito, mas Lana não queria pensar nisso, não queria dá razão as suspeitas que sussurravam no seu ouvido.

Sua estupida. Pensou repetidas vezes enquanto ia embora.

ººº

— Isso é mais difícil do que invocar feitiços e expulsar ex-namorados impertinentes – Luce passou a borracha em todas as anotações que tinha feito até agora e voltou a por o olho no microscópio. Fez uma careta – Por que temos que fazer isso mesmo?

Lana deu de ombros e voltou sua atenção para o celular – agora ligado e livre da pequena prisão onde esteve trancafiado – e voltou a digitar uma longa resposta para o irmão. Alec realmente tinha voltado a morar com os pais e começaria na próxima semana seu estagio, Lana sorriu pras novidades e desejou boa sorte a ele. Voltou o rosto pra Luce que tinha voltado a anotar as observações que tinha feito na pequena bactéria que analisava. Estavam no laboratório, na aula de Biologia e a professora tinha saído, Lana aproveitara o pequeno acaso para responder o irmão e as outras mensagens que tinha deixado acumular.

— Como se você fosse experiente em alguma dessas coisas – ela murmurou. – Você nem sabe invocar feitiços e nem expulsar ex-namorados, pelo menos não o Isaac.

Luce fez uma careta.

— Pro seu governo Isaac e eu nunca fomos namorados, não no sentido exato da palavra, e desde aquele dia ele não me procurou mais. O que é um alívio.

Lana a encarou atentamente. Luce parecia sincera. Aquele era o momento ideal pra dizer o que tinha escutado Isaac dizer mais cedo e pedir sua opinião sobre o assunto, mas falar isso teria que explicar que dormiu no quarto de Thor, que tinha fugido com ele no final de semana e que ele a tinha beijado no meio de um corredor, de um jeito gentil e devoto que deixara todos seus pelos arrepiados e desejosos por mais, o que acabou desencadeando todas as coisas sucessoras a esta como um efeito dominó.

Ela não estava com vontade de explicar isso, exigia uma força espiritual que ela não possuía no momento, decidiu ir por outro caminho, um mais fácil e seguro.

Lana guardou o telefone dentro da mochila e apoiou os braços em cima do balcão de vidro, olhando atentamente para cada movimento de Luce.

— Luce... Por que exatamente você não me deixou prestar queixa do meu invasor?

Luce apagou sua ultima anotação e voltou a por o olho no microscópio.

— Eu não proibi você, só te aconselhei. Eu conheço as coisas por aqui. Eles iam fazer uma serie de perguntas que não resultariam em nada já que você não viu exatamente quem era, e depois seus pais seriam acionados e o internato ficaria semanas em um suspense chato, todo mundo ia achar que estava suscetível a uma invasão também. Parece trabalhoso demais por nada. Mas se você quiser pode ir prestar queixa, te acompanho como testemunha.

Lana apoiou o rosto na mão e suspirou, ela sabia quem era agora, e quem estava por trás de tudo, mas não tinha provas e nem fazia a mínima ideia de como Isaac conseguira essa informação. O que poderia fazer além de começar a evitar Thor como se evita uma doença feia e contagiosa? De todos ela tinha certeza que ele era o mais perigoso.

Ela olhou por sobre o ombro sutilmente e o viu no fundo da sala, tão interessado quanto ela própria em analisar bactérias, ele estava sentado ao lado do garoto que tinha entregado o bilhete a ela, do seu outro lado Sophia e suas mechas tingidas de vermelho, Thor ergueu a cabeça de repente e seus olhos se encontraram, ele não esboçou reação alguma, seu rosto parecia uma tela neutra e indiferente. Lana virou pra sua posição original e repreendeu-se, o plano ignore Thor mal tinha começado e ela já fracassara.

— O que quer aqui? - Luce apertou os dedos ao redor da caneta que segurava, como se o pequeno objeto fosse uma arma, e o apontou diretamente pro rosto do garoto que estava em pé, em frente a mesa de trabalho delas.

Lana já o tinha visto antes, é claro eles estudavam juntos, mas era a primeira vez que o via tão perto.

— Calma ai – ele sorriu erguendo as mãos como se tivesse se rendendo – Pra que tanta agressividade?

Lana revirou os olhos e pegou o bloquinho de anotações de Luce, completando com suas observações as informações escritas pela amiga.

— Não tenho paciência pra você e sua corja, diga logo o que veio fazer aqui e caia fora.

— Vim entregar um convite só isso, Isaac me pediu pra entregar.

Lana o olhou interessada, ele ainda estava de pé e sorrindo, pouco surpreso ou chateado pela recepção nada calorosa de Luce. Ela lembrava de já o ter visto algumas vezes na companhia de Isaac, ou até mesmo na festa que tinham ido semanas atrás. Abandonou as anotações que fazia e começou a prestar mais atenção na cena que se desenrolava a sua frente.

— O manda enfiar esse convite naquele lugar. Não estou interessada – Luce resmungou, apontando a caneta com mais afinco.

— Ah então, o convite não é pra você – seus olhos castanhos caíram em Lana e seu sorriso aumentou – É pra ela.

— Pra mim?

Ele assentiu, espalmando as mãos em cima do balcão e inclinando-se pra Lana, chegando perto demais.

— Isaac me pediu pra te convidar pra uma festa hoje á noite, mas ele pediu que eu fizesse isso de um jeito especial.

Lana franziu as sobrancelhas, encarando Luce de rabo de olho, a ruiva estava mais surpresa e apreensiva que ela própria.

— De que jeito? – murmurou.

— Fred... O que você pensa que está fazendo?

Ninguém olhou pra Luce ou se preocupou em respondê-la. Fred pegou o rosto de Lana com força e a beijou, um silêncio mortal caiu na sala, calando até o mais baixo dos burburinhos, Lana permanecia com seus olhos abertos, surpresa demais para expressar qualquer reação, mas o momento não durara muito. Fred fora brutalmente arrancado dali e ela viu como ele deslizou pelo chão até suas costas baterem na parede. Tudo acontecia como um borrão. Pessoas amontoaram-se ao redor de Fred e o silencio fora interrompido por exclamações altas e alteradas.

— Lana – ao seu lado Luce chamou, pegando sua mão com força – Lana! Você precisa fazer alguma coisa!

Lana olhou pra ela, em seguida pro cerco de pessoas e ficou de pé, passando por todos com dificuldade e viu Fred ainda caído no chão, agora quase inconsciente com Thor em cima dele, suas pernas prendiam os braços de Fred e seu punho ia e vinha repetida vezes no rosto do rapaz. As pessoas encaravam a tudo com demasiado espanto e satisfação, ninguém faria nada, só então ela entendeu a razão do apelo de Luce.

Lana jogou seus braços no pescoço de Thor, atraindo sua atenção, sentiu o corpo ficar rígido e imóvel, como se desse conta do que estava fazendo.

— Pelo amor de Deus para! – ela murmurou, só pra ele, torcendo que sua voz fosse ouvida por cima das exclamações e dos próprios murmúrios de Fred. Ela não queria olhá-lo. Ela só queria que Thor o soltasse.

Segundos demasiadamente longos passaram, até que Thor abriu seu punho e Lana imediatamente o soltou, vendo-o ficar de pé, largando Fred semiconsciente no chão. Ele pareceu fazer menção de ir até ela, mas Lana deu alguns passos pra trás, sendo amparada por Luce, sua cabeça estava pesada e confusa, o que tinha acabado de acontecer? Ela sabia que a coisa certa seria acudir Fred, chamar alguém, bater em Thor, ela devia fazer alguma coisa, mas tudo que Lana conseguia era ficar parada, evitando encarar Thor e assumir a responsabilidade pelo que acabou de acontecer.

O burburinho ao seu redor diminuiu a medida que os alunos se dispersaram, dando espaço para a professora de Biologia surgir, acompanhada de Tarcísio, e agachar-se ao lado de Fred.

— O que aconteceu aqui?! – seus olhos miúdos voaram pros rostos que a encaravam, parando em Thor, em seguida em Lana. – O que você fez mocinha?

— Ela não fez nada – Thor resmungou, atraindo pra si toda a atenção novamente – Fui eu.

— Você vem comigo – Tarcísio caminhou até ele, pegando seu braço com força e o arrastando pra fora.

Lana acompanhou os dois com os olhos até alcançarem a porta e desaparecerem no corredor. Ouviu a voz estridente e nervosa da professora os dispensarem e quase imediatamente os alunos saíram, Lana os acompanhou pra fora, despistando Luce e seguindo as duas sombras que se distanciavam dela.

O corredor estava quase vazio, como esperou que estivesse, ela apressou o passo e caminhou pelo um caminho que ia contrario para a secretaria, hesitante aumentou a distancia entre ela e Thor e Tarcísio, voltando a se apressar quando os viram cruzar um caminho estranho e desaparecerem na curva, Lana correu e estacou, quando reconheceu os murmúrios bravos de Thor. Encostou-se na parede e olhou pro corredor, onde Thor e Tarcísio tinham finalmente parado.

Thor desvencilhou-se com facilidade do professor.

— Você está louco? Como agride um aluno assim? – Tarcísio gritou.

— Você não estava lá – a voz calma e fria, contrariando todas as suas perspectivas, a maneira como se portava não era á de um aluno que cometera uma grave infração, Thor encarava o professor com uma superioridade que ia além da arrogância, era como se ele de fato fosse algo á mais do que Tarcísio jamais poderia ser.

Tarcísio colocou as mãos na cintura e respirou fundo, olhando pra cima, como se tentasse retomar o controle.

— Eu sei o que vocês são, e ao contrário da maioria das pessoas daqui não tenho medo disso.

— Devia ter, pensa que não sei que anda avisando a garota?  O que pretende com tudo isso? Ou acha que vou parar no Fred? – Thor ameaçou, avançando um passo, ficando perigosamente próximo de Tarcísio – Acha que vou hesitar em acabar com qualquer um que fique no meu caminho?

Lana escondeu-se de novo, sentia seu coração palpitar forte e lascas de gelo perfurar seu estomago. Não conseguiu ouvir mais nada e de repente temeu por Tarcísio, pela sua saúde física, se ele e Thor começassem a brigar o que poderia fazer? De uma forma ou de outra era culpa sua, por alguma razão que ainda era desconhecida pra ela.

Ela virou o rosto em direção ao corredor de novo, mas alguém a puxou de volta pelo braço, batendo sua cabeça com força contra a parede. Lana mordeu o lábio e prendeu a exclamação de dor que veio a seguir, quando abriu os olhos viu Sophia a sua frente, seu cabelo uma mistura repicada e bagunçada de vermelho forte e preto, seus olhos cinzentos esfumaçados com delineador e sombra preta. Lana tremeu, a mão dela ainda a segurava com força, e ela lembrou do medo que sentiu quando Sophia invadiu seu quarto e quase a estrangulou.

— O que você está fazendo aqui?

— E-eu...

— Vai embora – ela grunhiu, jogando Lana com força pro mesmo caminho que tinha andado pra chegar até ali – Cai fora daqui.

Lana não retrucou. Ela girou nos calcanhares e praticamente correu, seu coração vacilava e suas pernas tremiam, mas precisava desesperadamente sair dali, precisava de ar, porque de repente ela pareceu entender. Finalmente entendeu que estava presa em algum jogo doentio, e ela era apenas uma peça sem importância.


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Notas finais do capítulo

As coisas ficaram um pouquinho tensas agora ne, o que vcs acham que vai acontecer? To curiosa pra ler as teorias hahah

Ja sabem, comentem, favoritem, recomendem se gostaram e eu volto muito mais rapidos

XOXO



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