Dança Comigo? escrita por Ryusth Lunyia


Capítulo 2
Capítulo 2 - Uma garota um tanto... Diferente


Notas iniciais do capítulo

Erros de ortografia? Concordância ruim? Sugestões?! Deixe nos comentários ou me envie um PM!
Boa leitura! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686611/chapter/2

 

   O Sol raiava e a temperatura ambiente estava boa, e como de costume, as duas irmãs já estavam de pé. Assim que tomaram café se dirigiram ao seu serviço.

   Pouco depois de chegarem lá, Lyra é mandada limpar o antigo salão de dança.

   O local estava sem uso há muito tempo. Por onde passavam-se os olhos haviam camadas grossas de poeira, teias de aranhas por todos os cantos das paredes. Morcegos haviam começado a usá-lo como moradia.

   Um grande salão, que um dia havia sido tão belo... Tão alegre... Tão radiante... E tão iluminado... Hoje estava trancado, sujo e transpassava uma sensação amarga para quem o via naquele estado deplorável.

   Levaria dias para aquele salão ficar realmente limpo. Mas a morena queria deixá-lo reluzente a qualquer custo. Começou a limpar, tirou os panos das poucas mesas presentes, limpou os candelabros, retirou o extenso tapete vermelho das escadas para lavá-lo...

     Quatro dias haviam se passado, e Lyra ainda limpava o gigantesco salão de festas. Pouco depois do horário de almoço, o lugar já estava limpo, arrumado e pronto para ser usado novamente.

   A garota olhava para o lugar limpo com muito orgulho por ter conseguido deixa-lo impecável.

   Ela volta para a cozinha e pergunta:

   - Por que o rei quer o salão limpo?

   - Você esqueceu? É aquela época do ano. – respondeu Sanji sem tirar os olhos da massa que preparava

   - Ah... O aniversario dela...

   - Oh, então rei já ordenou que limpassem o salão para o aniversário de Florence e da rainha Robin? – perguntou Zoro intrometendo-se

   - Sim, fui eu quem limpou ele... Como estava sujo. – comentou

   - Tomara que o rei volte à antiga tradição... – falou em baixo tom o cozinheiro. Lyra e Zoro fitavam o chão, e logo após o comentário eles balançaram a cabeça para cima e para baixo, concordando.

   Nami retorna para a cozinha, a mesa já estava arrumada, sem pratos sujos, copos e talheres esparramados...

   Antes do falecimento da rainha, uma tradição permanecia no reino. Essa era comemorar o aniversario da rainha junto ao da cidade. Até porque, Robin havia nascido neste dia. Desde que se casara com Shanks aos seus 18 anos, essa tradição se mantinha.

   O falecimento dela acarretou não só ao entristecimento da cidade como a quebra da pequena tradição... Com o passar dos anos a dor da perda foi se curando, e finalmente o rei decide que é hora de voltar aos antigos modos de viver.

   O baile seria daqui a dois dias, apenas pessoas muito ricas e umas poucas de classe média iam a esse tipo de comemoração. Até que o rei surge sorridente na cozinha e diz:

   - Eu decidi que vou dar folga para os funcionários do palácio, por isso não é necessário que venham no dia do baile para trabalhar, contudo se quiserem vir a festa, estão convidados, venham de máscaras tudo bem? – disse logo se retirando do local

   Todos ficaram com os olhos arregalados e parados como estátuas. Não acreditavam que o rei estava “convidando” empregados para este baile. Perplexos... Estatizados... Incrédulos...

   - A-Alguém pode confirmar o que acabo de ouvir? – indagava o cozinheiro

   - Ele disse que se quiséssemos podíamos vir para o baile... – repetiu a morena.

 

 

   (...)

 

 

   Law e Kid estavam na biblioteca do grande castelo. Shanks os chama para seu quarto. Lá ele começa:

   - Quero que aproveitem esse baile para acharem uma dama rica e elegante para vocês.

   - O quê? – perguntaram os dois em uníssono

   - Quero que vocês se casem.  E o mais rápido possível. – advertiu

   - Casar? Por que casar agora? – Kid incrédulo indagava

   - Você já está com 23 anos e logo fará 24. Já deveria ter se casado há muito tempo. E você Law, já está com 20 anos, idade perfeita para arranjar uma noiva, pelo menos. – explicou

   - Espera pai, eu não quero me casar. – replicou o moreno

   - Estou dando a oportunidade de vocês escolherem uma moça qualquer da nobreza inferior a nós. Eu ao contrário não tive essa oportunidade.

   - Casar agora... Não entendo o porquê... – balbuciou o ruivo em baixo tom.

   - Se vocês não escolherem uma moça dentro de sete dias, eu farei um acordo com o reino da Fraça.

   - Acordo? – novamente indagaram juntos

   - Sim. Farei um acordo com reinos poderosos e com estas alianças talvez consigamos finalmente vencer a Alemanha nesta guerra que dura há anos, então caso não encontrem uma noiva dentro do tempo determinado, farei com que vocês se casem com as primogênitas de cada lugar.

   - Isso não é justo! – gritou Law raivoso

   - Sim, é justo. Temos que parar com essa guerra de uma vez por todas e conseguir os territórios daquele local. Caso contrário, Florence será destruída, sucumbirá. A cidade está com a economia fraca e precisamos alavanca-la. Para o bem de nosso povo, vocês terão de se casar.

   - Mas e se nós dois acharmos alguém? – Kid tentava achar um meio de escapar dessa situação.

   - No mínimo um dos dois terá de se casar com a princesa Vivi.

   - Ahr... – rosnou o ruivo ardendo em fúria

   Após a conversa cada um seguiu para seu devido quarto, praguejando o sistema de convívio em que haviam nascido.

   Law deita-se na cama, murmurando coisas sem sentido, outras que mal podiam ser identificadas. O moreno sabia que nessa época era comum príncipes se casarem com princesas para manter a paz entre as cidades.

   Porém, ele se sentia atraído por outra pessoa. Sentia vontade de ficar com ela o tempo todo, de fazê-la feliz, abraça-la, beija-la e lhe dar tudo o que merecia.

   Essa pessoa era de classes mais baixas, e um príncipe se envolver assim era algo proibido. Um rei e um príncipe sempre deviam pensar no bem estar de seu povo antes de qualquer coisa, se preciso até sacrificar seu bem estar.

   Ele estava angustiado. Não queria perder sua amada. Em frustração Law aperta os olhos e tenta descansar um pouco.

 

 

(...)

 

 

   O dia do grande baile havia chegado. Nami e Lyra haviam costurado seus vestidos, não perderiam uma oportunidade como essa. As duas estavam ansiosas e esperavam pelo momento da dança.

   Ah... A dança... Algo que sempre as fascinou, que sempre as hipnotizou e as conduziu por um caminho de pura pacificidade.

   O relógio antigo de Bellemere ficava na sala de estar, e este marcava oito horas em ponto. Neste momento os portões estariam se abrindo para receber os visitantes que já haviam chegado.

   - Poder andar pelo palácio sem ter que ser como um trabalho, sem ter de servir ninguém... – murmurava Lyra – Deve ser um sonho.

   - Vamos ou perderemos a maior parte da festa. – chamava Nami colocando sua máscara.

    A máscara de Nami tampava apenas metade de seu rosto. Era branca com detalhes alaranjados e azuis com pequenas penas de enfeite ao seu inferior direito de cor amarelada. Uma pedra se encontrava no meio da testa do enfeite que tampava seu rosto e a deixava irreconhecível.

   - Eu já entendi, e não é preciso ter tanta pressa assim, Nami. – reclamava a morena.

   Lyra usava uma máscara que também tampava parcialmente seu rosto. Esta era negra como a escuridão, algumas espirais brancas na parte de cima da mesma contradiziam com a cor. Do lado direito uma pequena argola estava pendurada e nela uma pedra azul como o cristalino oceano balançava conforme o movimento da garota.

   Os vestidos acompanhavam a moda que os nobres ditavam. A ruiva usava um vestido branco e alaranjado com pequenos detalhes em dourado. Já a morena usava um lindo vestido negro com véis brancos transparentes e pequenos detalhes em azul. Tudo em perfeita harmonia.

   Depois de alguns minutos de uma breve caminhada, elas chagam ao castelo. Quando entram, vislumbram o grande luxo que o salão estava. Lindo, impecável, deslumbrante, esplêndido.

   Mesmo trabalhando lá, elas sequer imaginavam que algum dia veriam tal decoração a não ser para trabalho, ou algo parecido.

   Sem precisar esperar muito, o baile começa. Uma típica valsa para iniciar a grande festa. Lyra e Nami haviam se separado, a morena bebia um refinado vinho, enquanto a ruiva rodopiava pela linda pista de dança.

   Os príncipes agora entravam no salão. Todos se curvam em respeito a eles. Logo, a festa continua. Luffy se dirige a mesa de comida, Trafalgar anda lentamente pelo salão como se procurasse algo.

   - Que baboseira... – resmungava Kid ainda exaltado pela conversa sobre casamento. – Isso é ridículo.

   Ele se recostava sobre uma parede qualquer do lugar perto de uma janela. Olhando a lua que brilhava intensamente no céu, ele tenta afastar os pensamentos ruins, pelo menos por hoje.

   Trafalgar vai para a pista de dança sem perceber, e assim que põe seus pés lá, vê uma linda moça de longos cabelos ruivos dançando levemente pelo espaço vazio do lugar.

   Desviando das pessoas ele entra na pista e estende sua mão para a garota.

   - Me concede essa honra? – pergunta ele meio curvado para frente

   - Claro. – responde ela com ternura.

   Uma dança não fará mal a ninguém, certo? Pensava a ruiva.

   Eles dançavam em perfeita harmonia, um acompanhando exatamente os passos do outro. Estavam em um sincronismo perfeito. Pelo que parecia ser uma infinidade de minutos, eles pairavam pelo salão como se estivessem voando, sem tirar seus olhos um do outro.

   Enfim, a música acaba e Law inclina sua cabeça para frente selando seus lábios com os dela. Com seus braços ele rodeia sua cintura e a puxa para mais perto.

   Sem hesitar Nami corresponde ao beijo imediatamente. Passando sua língua em seus lábios, o moreno pede passagem e isto lhe é concedido rapidamente.

   As garotas eufóricas que antes gritavam pela beleza dos três príncipes, agora observavam incrédulas e boquiabertas a cena do beijo. Muitos ao redor nem reparavam, mas outros sentiam vontade de agarrar o pescoço da garota de cabelos alaranjados.

   Por falta de ar, os dois se separam, contra sua vontade é claro. Envergonhada, a ruiva se desvencilha dos braços fortes do moreno e se mistura na multidão que os rodeava.

   Lyra se depara com Nami atrás das cortinas do palco, onde músicos profissionais tocavam melodias para a apreciação das pessoas ali presentes.

   - Nami, eu te procurei por toda parte. –afirmava Lyra preocupada

   Nami estava vermelha, e mesmo por debaixo da máscara isso era perceptível.

   - Nami está se sentido bem? – insistia

   - Estou bem. – afirmava

   - Não parece. Enfim... Onde você estava?

   - Em nenhum lugar especial, apenas na pista de dança...

   Lyra a olha torto e lança aquele olhar de desconfiança na palavra de tal. Sabia muito bem quando Nami mentia, e daria um jeito de descobrir o que era...

   - Nami, se tem algo a dizer diga de uma vez. – insistia firme

   - Já disse que não escondo nada. – irritada ela se retira de perto do palco e entra novamente em meio a multidão.

   - Não se atreva a me deixar para trás. Nami – gritava a morena para que sua irmã ouvisse, em vão. Em fúria, ela tenta ir atrás da ruiva.

   A festa se passou com várias atrações para entretenimento das pessoas. Mas os príncipes mal conseguiam se divertir já que eram constantemente “assediados” pelas garotas nobres e por algumas princesas de baixo caráter. Luffy não era tão perseguido já que ainda era jovem. Eustass Kid era o mais cobiçado dos três irmãos, já que na linha de sucessão ele seria o próximo.

   Muitas mulheres almejavam se casar com um dos príncipes. Fazer parte da alta nobreza não era para qualquer um. Mas muitas cobiçavam apenas o trono, outras se sentiam atraídas apenas pela beleza dos três cavalheiros...

   Do outro lado do salão, tendo já se passado vários minutos, Lyra ainda tentava descobrir o que havia de errado com sua meia irmã.

   - Nami, sei que você está me escondendo algo.

   - Não estou não! – batia os pés enquanto estufava as bochechas.

   - Nami...

   - Podemos não falar disso aqui? – sussurrava no ouvido de Lyra. – Prometo que lhe conto em casa.

   Ela simplesmente concorda e segue para uma mesa vazia qualquer, estava cansada...

   Quando os gritos agudos das mulheres começam a ficar altos, Lyra se retira do salão e vai para o jardim do castelo. A luz da lua a banhava em prata e fazia seus cabelos negros reluzirem.

   Fugindo das garotas eufóricas Eustass segue para o jardim, passando o mais rápido possível pela multidão do salão e deixando todas elas perdidas na festa. Mais ao final do jardim, perto da estátua de sua mãe, o ruivo enxerga a silhueta de uma dama.

   Pensando que poderia ser um incomodo ou ainda pior, pensando que poderia ser uma “fã enlouquecida” o rapaz se esconde atrás de algumas árvores que ali havia, e aos poucos se aproxima da mulher. Quando chega próximo o suficiente ele consegue escutar que a moça cantarolava uma canção calma e que era comumente cantada pelas mães quando queriam acalmar seus filhos ou faze-los dormir.

   Um aperto no peito é sentido assim que a canção atinge os ouvidos do ruivo. Sua mãe costumava cantar esta canção para ele quando não conseguia dormir. Contudo, seus pensamentos se viram de cabeça para baixo quando a moça direciona seu olhar para o luar, ainda cantarolando.

   Sua visão não era cem por cento nítida, porem identificava alguns belos detalhes dela, como a pedra azul do canto de sua mascara, o colar em seu pescoço que parecia cintilar fortemente com a luz que era refletida, e sua boca rosada. Aqueles lábios delicados lhe chamaram tanta atenção que se quer podia acreditar que minutos já haviam passado. Não sabia quem era a garota que cantava a beira da estátua de sua mãe, e também não seria hoje que descobriria...

   Quando Lyra termina de cantar a canção se retira do lugar deixando uma flor branca no pé da estátua. Nem mesmo percebeu que alguém a observava.

   Com o passar do tempo, as pessoas iam embora e os trabalhadores da festa iam para suas casas. Mas, dois certos homens não iriam esquecer essa noite, mesmo que quisessem.

 

 

(...)

 

 

   Law se encontrava em seu quarto pensativo e com um sorriso malicioso nos lábios. Estava sentado em uma poltrona perto da janela, e enquanto observava o horizonte infinito pensava na pessoa que beijara na festa horas atrás.

   Mesmo ela estando mascarada, muitas coisas denunciavam sua verdadeira identidade. E por isso, o moreno tinha quase que cem por cento de certeza de quem era a mulher...

 

 

(...)

 

 

   Kid estava em seu quarto deitado na cama com seus braços apoiando a cabeça. Encarava o teto como se pudesse ver as estrelas através dele. Continuava com a garota misteriosa cantando em sua mente, e nela vendo sua mãe cantar ao lado da mulher, com a mesma ternura na voz... Idênticas... Era como se a alma da mulher fosse a alma da rainha.

   Queria encontrar essa mulher, o mais rápido possível. Descobrir quem era e saber como era. Queria aprofundar seus conhecimentos sobre ela, saber se era igual a sua mãe, ou se era apenas uma mesquinha e mimada nobre por ai.

 

 

(...)

 

 

   O café da manhã já estava pronto, Lyra e Nami terminavam de arrumar a mesa e os talheres. Sanji apenas esperava pela autorização das meninas para levar a refeição matinal à frente dos soberanos de Florence.

 

   Lyra lançava olhares fuzilantes para a sua irmã de cabelos alaranjados quase todas as vezes que se viam. Nami se sentia incomodada com tal situação.

   Motivo? Depois do baile, Nami seguiu na frente ao retorno para o lar, e logo que se deitou dormiu, deixando Lyra do lado de fora da casa, e ainda por cima, sem saber o motivo de tal preocupação de sua única familiar.

   O trabalho hoje seria mais exaustante do que nunca. Assim que o rei chega à sala de jantar junto de Luffy, ele observa o ambiente em volta.

   - Lyra onde está Kid? – pergunta com um leve tom de preocupação.

   - Ainda não saiu de seu quarto, majestade. – responde calmamente.

   - Suba lá e o chame para o café da manhã. – ordenou, a garota de cabelos morenos assente já subindo as escadas rumo aos gigantescos quartos.

   A garota bate na porta e pergunta se pode adentrar. Recebendo como resposta um “Entre”. Logo o príncipe mais velho à pergunta:

   - O que deseja?

   - Sua majestade me ordenou que subisse para lhe avisar que o café da manhã já está servido.

   - Estou sem fome. – respondeu de imediato olhando para a janela

   - Desculpe, mas seu pai me ordenou que lhe levasse para comer. – informou-o

    Ela não recebe resposta, e sim uma pergunta um tanto confusa:

   - Oe, você já se interessou por alguém que nem ao menos conhecia? – ele perguntava parecendo inerte em seus pensamentos e ainda olhando para a janela. Logo se vira para encarar a morena.

   - Não, majestade. – responde educadamente.

   - Entendo...

   - Vou avisar seu pai que logo descerá. – Lyra afirmou quando foi impedida por uma frase repentina por parte do ruivo.

   - Será que você poderia ficar? Preciso conversar com alguém, e não me sinto disposto a discutir isso junto de meu pai ou meus irmãos. – ele tinha uma olhar melancólico enquanto tentava convencer Lyra a ficar.

   - Não sei se sou a pessoa certa para isso, majestade. – hesitou.

   - Nunca conversamos antes, certo? – indagou mais para si mesmo e lembrando-se que nunca conversara muito com as criadas. – Você me parece ser uma boa pessoa.

   Lyra ainda hesitava, não sabia se era correto ter uma conversa tão informal com um dos príncipes. Ela suspira pesadamente sendo vencida pelo cansaço. Ela faz que sim com a cabeça e logo Kid começa a falar:

   - Quando era pequeno, minha mãe falava-me que deveria me casar com quem amasse. Mas meu pai, sempre pensou diferente. Achava que para acabarmos com as guerras deveríamos nos casar com a princesa do país mais forte. – conforme ia falando Lyra assentia com a cabeça, prestando muita atenção a suas palavras. – Na época, não pensava que isso poderia ser levado a sério, porém, hoje vejo que ele nunca nos escondeu nada.

   O ruivo suspira para logo voltar a falar:

   - Ele sempre nos mostrou que possuía nosso futuro planejado nos mínimos detalhes. Ontem, no baile, eu deveria achar uma moça para o qual deveria me casar, caso isso não acontecesse casaria-me com uma princesa. Segundo meu pai, isso era uma liberdade para o casamento.

   Ele passa a encarar a morena por alguns segundos, e faz uma pequena pausa.

   - Onde quero chegar é... O que você acharia de ter que se casar com alguém que nem mesmo conhece apenas para acabar com uma guerra que acontece por motivos estúpidos?

   - Bem... – começa a morena sem jeito. Não sabia o que deveria dizer. Pensou em dizer a verdade, mas achou muito contraditória aos conceitos da realeza. Pensou também em mentir, contudo isso seria muito errado. Engole em seco para logo recomeçar – Creio que isso seja errado. Uma pessoa, seja ela rei ou plebeu, deve ser livre para escolher com quem quer passar o resto de sua vida. Isso é muita injustiça, majestade.

   Lyra parecia determinada, e falava com postura firme e de nobreza. Estava convicta do que dizia e não voltaria atrás de qualquer coisa que dissesse.

   - Por favor, me chame de Kid. – insistiu

   - Kid... – a garota pronunciou um baixo tom deixando suas bochechas ficarem avermelhadas.

   - O que você faria se estivesse em meu lugar? – pergunta tentando obter uma resposta clara.

   - Eu contraporia meu pai! Diria não a sua decisão e procuraria um meio melhor de acabar com a guerra. Ninguém deve ser forçado a nada, majestade.

   - KID! – alertou-a

   - Kid. - corrigiu.

   - Você tem toda a razão. – disse parecendo feliz, e se levantando da grande poltrona que havia em seu quarto. – Não posso me dar por vencido e ceder todas às vezes para meu pai.

   Ele vai em direção a Lyra e a agradece por ter lhe aconselhado. Quando abre a porta para sair para um instante e comenta:

   - Você é alguém muito otimista. Gostei de poder conversar com você.

   - Eu que lhe agradeço Kid. – retrucou estampando um belo sorriso no rosto. O ruivo faz o mesmo e se retira do quarto.

   O mais velho não havia falado sobre a misteriosa dama para a criada, não que isso fosse de sua conta. Queria tentar encontra-la primeiro. Iria falar com seu pai depois do almoço sobre o assunto de maneira cautelosa.

   Lyra volta para a cozinha, contudo não revela nada sobre o acontecido. Manteria seus pensamentos organizados e não deixaria nada escapar, preferia não causar tumulto desnecessário.

 

 

(...)

 

 

   Shanks esperava seu filho mais velho em uma sala reconfortante do castelo. Era pequena, se comparado aos outros cômodos, e sua decoração também aparentava ser simples.

   - Pai... – chamava o ruivo mais novo entrando lentamente no local.

   - Entre! – permitiu

   - Eu tenho algo a lhe dizer, querido pai... – começou

   O rei tomava chá enquanto descansava em uma poltrona de frente para uma sacada no pequeno cômodo, e este dava vista para um belo jardim, onde Zoro deixava-o ainda mais arrumado.

   - Diga filho.

   - Eu não me submeterei a suas decisões sobre meu casamento! – afirmou com autoridade. O mais velho pende o corpo para trás quase caindo do estofado. Estava estático e com os olhos arregalados mais que o comum.

   - O QUE? – grita em resposta.

   - É isso o que você escutou! Não vou me submeter a sua ordem para me casar com a princesa Vivi. – repetia em alto tom

   - Como ousa me desobedecer? – indaga levantando ainda mais o tom de voz, deixando bem claro sua raiva.

   - Ousando! – contrapôs sarcástico. – Isso é uma injustiça, eu tenho meus direitos como ser humano, e não vou abrir mãos deles por causa de uma estúpida guerra!

   - Não é uma ‘estúpida guerra’. É uma luta por território e riquezas naturais. E você deveria entender que esse é o modo mais pacífico de deter o pior.

   - Não, não é!

   - Em sua cabeça perturbada há outra ideia? – indaga esperando um grande plano.

   Kid fica sem reação. Não respondera nada de imediato, pois sabia que seu pai estava certo. Não havia nenhum outro jeito de parar a guerra. Pelo menos ele não havia pensado em nenhum até o presente momento.

   - Não tenho nada em mente agora, mas sei que poderíamos pensar em algo melhor. – revelou a verdade

   - Não me venha com bobagens Kid! Você é o príncipe mais velho e tem que tomar jeito, tem de ter determinação, e passar a ver a situação real com a razão, não com seus sentimentos. Não é assim que um rei age!!

   - Então, talvez, eu não queira ser um rei. Pelo menos não um rei como você. – gritava. Eustass sentia uma veia de nervosismo saltar de sua testa. Suas mãos estavam fechadas em punhos, e, mesmo que suas curtas unhas não pudessem cortá-lo, a força era tão grande que a palma de suas mãos ficariam marcadas. – Mesquinho e que pensa apenas em riqueza. Eu não quero ser alguém como você!

   - Kid, coloque sua cabeça no lugar e pense bem! – insistiu abaixando um pouco o tem de voz. Até que sua intuição lhe deu um palpite, que sem saber, estava correto. Logo ele o expôs. – Quem está lhe colocando essas ideias na cabeça?

   O mais velho novo em seco e pensa muito bem antes de responder. Sabia que se falasse que tudo isso fora ideia de uma simples criada, seu pai a mandaria para a forca. Isso era algo que não queria, em hipótese alguma.

   - Ninguém esta me influenciando pai! – mente descaradamente.

   O rei franze o cenho e lança um olhar de puro ódio para o próprio filho.

   Trafalgar passava no corredor enquanto a discussão acontecia. O mesmo reúne sua coragem para encarar seu pai também. Queria o mesmo que seu irmão mais velho... Liberdade! E para isso deveria defender sua opinião com honra e bravura.

   - O senhor está completamente enganado pai! – dizia em alto e bom tom enquanto abria as gigantescas portas com fúria.

   - Trafalgar!! – berrou em resposta

   - O senhor não tem o direito de decidir nosso destino! Só por que é rei não significa que possa nos manipular! – inquiria com muita determinação.

   A discussão entre os três durou horas. Ao final dela, os dois príncipes seguiram caminho para seus quartos pisando duro e com extremo ódio pela decisão de seu pai. O rei matinha sua palavra para salvar o povo da guerra.

   Mais a noite, eles não desceram para o jantar. Nami fora levar algo para Law e Lyra fora fazer o mesmo com Kid. Temiam que estes pudessem descontar sua raiva nelas, mas mesmo assim seguiram com seu trabalho.

   Nami ajeitava a bandeja em uma mesa de centro que havia no quarto do moreno, enquanto este observava o nada. Assim que termina faz menção de sair do quarto, todavia é parada por um braço forte que a puxa.

   Era Trafalgar que a puxava. Ele a trazia para mais perto de si, e sem pensar duas vezes sela seus lábios com os de sua criada. Nami não hesitara, passou seus braços ao redor do pescoço do outro enquanto ele colava seus corpos.

   Quando se separaram por falta de oxigênio, o moreno não perde tempo e diz:

   - Eu sabia que era você ontem à noite!

 

 

(...)

 

 

   Lyra acabava de entrar no quarto do ruivo para poder lhe servir o jantar. Deposita a bandeja em uma pequena mesa que ele possuía na sacada, em seguida se desculpa. O ruivo a olha torto e sem entender.

   - Sinto muito por lhe dizer coisas impróprias hoje de manhã. – sem mudar sua expressão ele se endireita na cadeira de madeira no qual estava sentado.

   - Do que está falando?!

   - Lhe disse o que eu faria em uma situação no qual eu não entendo. Acabei lhe fazendo brigar com seu pai e ter uma grande discussão. Sinto muito!

   - Não tem porque se desculpar! Você fez o certo, para você, claro. E, apesar de tudo, tens razão. Não devemos sacrificar a felicidade de quem quer que seja para parar uma estúpida guerra.

   - Que bom que pensa como eu, majestade.

   - Kid! – alertou mais uma vez. A morena ria baixo e de forma terna.

   - Sinto muito, força do hábito! – dizia com um grande sorriso desenhado em seus lábios.

   O ruivo concorda com a cabeça e observa o jardim abaixo de sua sacada. O silêncio se tornava presente e aquela situação era constrangedora para ambos.

   Com um pequeno pulo, a morena se senta sobre a mureta da sacada e quebra o silêncio com uma simples e vergonhosa pergunta:

   - Vossa majestade está apaixonado? – Kid a olha de canto assim que finaliza a pergunta. Mais uma vez ela o chamava de “Vossa Majestade”.

   - Não sei dizer. Não a conheço pessoalmente. Mas, mesmo sem conhecê-la, sinto uma grande consideração por sua pessoa.

   - Poderia saber o por quê?

   - Ela se parece com minha mãe. E tem uma voz terna exatamente igual a dela. E isso é uma das coisas que mais admirava nela e ainda admiro. – comentava olhando para a criada.

   - Como ela é? – indagava curiosa

   - Ela é uma garota um tanto... Diferente...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dança Comigo?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.