Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês. Um pouquinho atrasado, mas chegou. Estou adorando os comentários, continuem! Beijos



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Hermione Pov

“Parabéns, Hermione! Evidências das últimas horas indicam que seu cérebro deve ter ido tirar férias....” O que eu estava fazendo? Meu plano era manter distância daquele auror exasperante e, no entanto, tinha acabado de dividir meu almoço com ele. Deveria tê-lo deixado passar fome, por que fui me dar ao trabalho? Eu não saberia a resposta para essa pergunta.

A expressão dele em resposta à minha reação, um tanto quanto exagerada, ao seu comentário, foi suficiente para me dizer que ele tinha visto através de mim, enchergando mais do que eu gostaria. Aquilo me desagradou profundamente, o fato era que Ronald Weasley iria me dar trabalho, e eu não esperava por isso.

No momento em que nos encontramos para começar essa missão, eu tinha claro em minha mente que estaria no controle da situação, eu vi pelo seu jeito que ele seria fácil de manobrar, pois não teria coragem de se impor perante mim, o que não era nenhuma novidade. Estou acostumada a ser a pessoa que manda e os outros obedecem, não conseguia me lembrar de qual foi a última vez que alguém tinha sequer tentado contestar minhas ações, resultado de ser, virtualmete, sempre a pessoa mais inteligente no ambiente.

Pode até ser que eu tenha exagerado ao respondê-lo com tanto deboche no centro de pesquisas, mas eu realmente não confiava que ele executaria seu trabalho com eficácia, esperei ter que me proteger sozinha, afinal sou mais do que qualificada. Não passou pela minha mente, nem de longe, que ele pudesse vir a me desafiar, da maneira como ele fez, para marcar seu território.

Foi tão inesperado que, quando dei por mim, eu já estava a um palmo de distância dele e ao invés de respondê-lo como merecia pela ousadia, fiquei totalmente sem reação. Eu só conseguia ver aqueles olhos azuis me olhando cheios de indgnação, e sentir seu coração batendo acelerado onde minha mão tocava seu peito firme. Toda a raiva que eu estava sentindo foi eclipsada pelo absurdo daquela situação, eu percebi que estava errada, aparentemente aquele era um auror que se importava com seu trabalho e iria brigar por ele, fui realmente supreendida, mas isso ele jamais saberia.

Pior do que a minha falta de resposta enquanto ele me tinha presa em suas mãos, foi a cena patética e infantil que se seguiu. Eu ainda sentia exatemente o lugar onde ele tinha me segurado, acabei cruzando os braços para me impedir de levar meus dedos ao local. Era evidente que minhas idéias estavam seriamente fora de compasso, aproveitei para me acalmar e recompor enquanto ele conversava com os cientistas que nos deram informações. Agir daquela maneira não estava funcionando, percebi que se eu continuasse pressionando, ele poderia devolver na mesma moeda, uma nova estratégia seria necessária.

Optei por ser um pouco menos ácida, se eu respondesse algumas de suas perguntas e tentasse ignorá-lo no restante do tempo as chances de evitar que aquela situação do corredor se repetisse seriam altas. Eu queria distância, o Weasley já tinha me irritado demasiadamente, e isso era mais do que eu deveria sentir em relação à uma pessoa que não tinha nem uma ínfima importancia para mim. “Você acha que está mentindo bem para si mesma?” Às vezes eu tinha raiva dos meus prórpios pensamentos, não dar atenção a eles já tinha virado natural, eu levaria em frente minha nova resolução e pronto.

Para meu desgosto, não durou nem meia hora, ao me permitir ser mais “acessível” acabei por me expor mais do que a minha intenção. Lá estava eu, irritada novamente. Como ele conseguia? Desisti de tentar compreender, não tinha estratégia que fosse funcionar com ele, eu iria respirar fundo e seguir em frente, já tinha passado da hora dessa missão acabar e ainda nem tínhamos começado a caminhada.

Fiquei em silêncio enquanto ele terminava de comer, assim que ele chegou ao fim, recolhemos nossas coisas e partimos e direção à floresta. Recordei-me que o mapa ainda estava em minha posse, e fui procurá-lo para entregar ao Weasley.

—Aqui está o mapa, espero que você saiba ler isso – era simplesmente mais forte do que eu, não conseguia me manter indiferente, eu queria irritá-lo do mesmo modo com o qual ele estava conseguindo me irritar.

Aparentemente não era tão fácil obter essa reação dele, tudo o que ele fez foi pegar o papel da minha mão e responder com um risinho no rosto:

—Tem certeza de que quer dar o mapa para mim, vai que eu leve a gente para um precipício? Muito irresponsável de sua parte – ele estava se divertindo abertamente as minhas custas, isso não ficaria assim.

—Esse não é o SEU trabalho? Achei que não queria intromissões, senhor Auror – bingo! Eu podia não tê-lo respondido do jeito que ele merecia naquela hora, mas me lembrava exatemente do que tinha dito, meu comentário varreu aquele sorriso convencido do seu rosto.

Ele estudou as direções por alguns momentos e eu pude ver que não foi necessário muito esforço de sua parte, parecia que alguma coisa ele realmente sabia fazer direito, ler mapas! A ironia de que eu era péssima em relação a senso de direção não passou batido por mim, obviamente entendo mapas muito bem, mas na hora de transpor essas informações para coordemandas na prática, eu não tinha muita noção do que fazer, fato esse que aquele auror não viria a saber, ele não pararia de me perturbar por isso.

—E lá vamos nós – ele finalmente disse, dobrando o mapa e colocando no bolso interno do seu casaco – Venha, nosso caminho é à direita.

Ele entrou por entre as árvores e eu fui seguindo seus passos, a mata era bem fechada e o terreno irregular, nossa atenção era toda necessária para não acabarmos caindo de cara no chão. Não tinham se passado ainda nem 10 minutos quando eu avistei uma árvore específica que eu achei que nunca veria em pessoa. Fiquei tão empolgada com a descoberta que antes de pensar na sensatez da ação, eu já estava gritando para ele parar.

—O que foi, aconteceu alguma coisa? – ele se voltou para mim com uma expressão preocupada. Aquela reação me deixou um tanto sem jeito, mas rapidamente respondi eufórica.

—Não é nada disso, está vendo aquela árvore? – apontei para o objeto da minha animação.

Ele me olhou como se de repente eu estivesse falando outra língua e ainda confuso respondeu:

—Claro que vejo, é só uma árvore, qual o motivo desse ânimo todo? Fica até estranho em você...

—Essa árvore é listada com em extinção, é muito rara! Pertence a uma espécie que era usada antigamente como ingrediente em uma poção altamente eficaz na cura de vários ferimentos – preferi ignorar seu último comentário, eu estava animada demais por estar em contato com algo tão interessante – Quero levar uma amostra comigo para estudos, quem sabe podemos entender o seu princípio ativo.

—Você é perita em herbologia também, por acaso? – sua expressão de confusão ainda permanecia, minha resposta negativa pareceu intriga-lo ainda mais – Então para que você quer um pedaço desse treco?

Eu já estava na frente da árvore, a copa ficava bem acima da minha cabeça, teria que ser um feitiço ou uma escalada para chegar às folhas, enquanto eu ponderava o melhor curso a seguir, respondi:

—Eu me interesso por várias áreas e, além disso, uma descoberta dessas pode vir a ajudar milhares de bruxos no futuro, pense em quantos podem ser curados! – um feitiço poderia estragar as folhas, eu teria que subir. Deixei minha bolsa no chão e tirei meu casaco para que não me atrapalhasse, eu sabia que ele, sendo bem mais alto do que eu, chegaria mais facilmente ao que eu queria, mas eu não ia pedir ajuda.

Coloquei meu pé entre dois ramos mais baixos do tronco e me impulsionei para cima, ele, que estava me abservando com uma expressão indecifrávél desde minha última resposta, saiu de seu transe e pareceu entender qual era a minha intenção.

—Ei! Sai daí, você vai acabar quebrando o pescoço e arruinando a minha missão, e pra piorar, a culpa ainda vai ser minha – olhei para trás a tempo de vê-lo correr para perto de mim, suas mão pararam no meio do caminho na direção do meu tornozê-lo, minha ameaça aparentemente tinha surtido efeito, dessa vez ele seria mais esperto antes de encostar em mim, esse pensamento me trouxe um sorriso de satisfação aos lábios.

—Se a sua única objeção é em relação à sua missão, não se aflija, ela está segura, pode não parecer, mas eu sei escalar árvores. – continuei subindo, me afastando cada vez mais do auror que ficou grudado ao tronco, me observando apreensivo do chão.

Em poucos instantes eu estava debruçada no galho mais próximo quase alcançando as folhas. Aquela espécie tinha espinhos minúsculos na região das folhas, então eu tentei com todo o cuidado evitá-los, mas não foi o suficiente, senti alguns perfurando a palma da minha mão direita. Eu não podia dizer que não tinha doído, mas não era nada grave, assim que voltássemos a caminhar e meu cão de guarda não estivesse olhando, eu consertaria aquilo. Não havia necessidade de fazer alarde e deixá-lo com cara de quem tinha razão.

Comecei a descida e ao olhar para baixo, ví que ele ainda estava na mesma posição, sem desgrudar seus olhos de mim. Acabei me distraindo com a platéia e colocando meu pé em um local onde não devia. Por sorte eu já estava perto do chão e consegui me equilibrar. Eu percebi que ele tinha ficado tenso no momento da minha quase queda, mas em nenhum instante fez menção de ir ao meu socorro. Quando finalmente colcoquei meus pés no chão, encontrei um Ronald Weasley com uma cara de desagrado.

—Ótimo, já conseguiu o que queria, agora guarde essa porcaria e vamos continuar, já perdemos muito tempo. – ele logo voltou ao caminho enquanto eu ainda colocava a amostra na minha bolsa e recuperava meu casaco. Da onde tinha vindo aquele mau-humor? Não tive tempo para pensar no assunto, ele já estava a uma boa distância de mim.

Com seus passos maiores, não levou muito tempo para eu conseguir distinguir apenas seus cabelos vermelhos por entre as árvores, eu não iria chamá-lo ou pedir para que me esperasse, se ele queria ir na frente, que assim fosse. Eu estava me esforçando ao máximo para alcançá-lo, a dor na minha mão tinha começado a me incomodar de verdade, mas não havia tempo para cuidar disso no momento. Me distraí ao passar por cima de uma raiz especialmente grande e quando olhei para cima de novo, não sabia onde o Weasley estava. Um sentimento de apreensão surgiu no fundo do meu estômago, eu e meu orgulho acabaram por me deixar perdida naquela floresta. Parei, tentanto decidir que direção tomar quando escutei passos em minha direção.

—Aí está você! Olhei para trás e não te vi – o Weasley apareceu por entre as arvorés à minha direita – foi mal, vou mais devagar – seu mau-humor não estava mais a vista e seu tom denunciava sua culpa por ter me deixado para trás. Meu alívio foi tanto, que não tive nem uma resposta torta para dar, simplemente assenti e continuamos em frente.

A partir daquele momento, ele passou a checar regularmente se eu ainda estava no seu campo de visão, o que me impediu de realizar o feitiço necessário para curar minha mão. Eu sentia que o local estava coçando cada vez mais, contudo eu não iria morrer com isso. A floresta era cheia de barulhos, mas felizmente não nos deparamos com nenhuma forma de vida. Continuamos andando por quase uma hora, conversando apenas esporadicamente, quando ele fazia alguma pergunta ou observação, até que chegamos a uma parte do caminho que era especialmente íngreme. Nós teriamos que escalar para chegar ao topo e prosseguir. Ele subiu sem problemas, alcançando facilmente as pedras que permitiam apoiar suas mãos. Aquilo não funcionaria para mim, eu tentei me esticar ao máximo para alcançar, mas minha altura, aliada à dor que eu estava sentindo na minha mão, não iam me permitir continuar aquele trajeto sem ajuda. Fiquei eseprando de braços cruzados até ele perceber que eu não o tinha seguido.

—Anda logo, você não vem? – perguntou lá de cima, inclinando sua cabeça para baixo.

—Não sei se notou, mas essa subida está alta demais para mim, não vai me ajudar? – rebati com um tom condescendente, aquele não era o trabalho dele?

—Eu? Que eu saiba estou proibido de encostar essas minhas mão em você – ele respondeu acenando suas mão para mim – se me lembro direito, não terminaria bem pra mim. – ele terminou rindo.

Agora ele estava usando minhas prórpias palavras contra mim! Tão espertinho, mas eu era mais.

—Como quiser, Weasley! Fique ai esperando enquanto eu pesquiso nos meus livros um feitiço apropriado para resolver essa situação, ou melhor ainda, siga sem mim! Vamos ver como você se sai sozinho – foi a minha resposta, eu sabia que ele não teria coragem de ir sozinho.

Por um momento, ele parou para ponderar o assunto até que, parecendo se decidir, desceu novamente com a cara feia e se colocou ao meu lado para me ajudar.

—Só quero deixar bem claro, que foi você que me pediu ajuda, não quero reclamações – ele se abaixou e colocou as mão entrelaçadas ao meu alcance como uma forma de degrau.

Percebi naquele instante como eu havia sido idiota, acabei me colocando numa situação que eu queria evitar, agora teria que ir praticamente me agarrar a ele para subir aquela bendita trilha. Ele notou minha hesitação e com impaciencia respondeu:

—Não temos o dia todo, vem logo! – eu ja estava com a mão apoiada em seu ombro e o meu pé em suas mãos, tentando me concentrar apenas no meu objetivo e não na nossa proximidade quando ele disse por fim – não se preocupe, eu não mordo.

Aquele comentário me fez, automaticamente, virar para encará-lo, vi em seus olhos que ele estava brincando comigo, mas antes que eu pudesse responder mais aquela impertinência, ele me impulsionou para cima. Chegeui toda desajeitada no topo da inclinação, eu ainda estava de joelhos tentando me levantar no momento em que ele chegou ao meu lado. Sua cara de triunfante conseguiu agravar minha raiva.

—Você fez de propósito! – vociferei olhando em seus olhos

—Do que você está falando? Só fui ajudar como você pediu – aqueles olhos azuis ganharam um tom de inocência fingida que não fez nada para aplacar meu ânimo.

—Não me venha com essa... – acabei me esquecendo que minha mão direita estava doendo e tentei me apoiar nela para me levantar, o resultado foi um grito de dor e eu caindo sentada no chão. Em alguns segundos ele estava ajoelhado ao meu lado, todo o tom de brincadeira esquecido.

—O que foi, eu te machuquei? – novamente ele se conteve ao quase segurar minha mão.

—Não foi nada – tentei desconversar

—Como nada? Niguém grita de dor sem ser nada, deixa eu dar uma olhada na sua mão – dessa vez ele foi realmente com intenção de capturar a minha mão, mas eu desviei.

—Já falei que não foi nada, me machuquei um pouco ao pegar aquelas folhas, nada demais – dei de ombros, tentando minimizar ao máximo o problema.

—Como você é teimosa! – ele falou nervoso, passando a mão pelos cabelos - ainda vai estragar...

—A sua missão, já entendi! – interrompi antes que ele pudesse frizar mais uma vez aquilo - Eu já ia consertar isso.

—E como você pretendia fazer isso? Com a mão esquerda? Não me diga que a senhorita “eu sou boa em tudo” é inclusive ambidestra. Me dê logo essa mão aqui – diante de sua observação, um tanto quanto lógica, fui incapaz de impedir que dessa vez ele tomasse minha mão nas suas. Enquanto ele avaliava meu ferimento pude sentir os calos em suas mãos, provavelmente oriundos de seu treinamento como auror, que eu não percebera antes quando ele tinha segurado meu braço.

Ele puxou a varinha e murmurou um feitiço que surtiu efeito rapidamente, já não havia mais machucado.

—Melhorou? – ele indagou, eu pisquei várias vezes antes de responder, percebi que tinha prendido minha respiração o tempo todo.

—Sim, obrigada – foi tudo o que consegui elaborar.

—Ótimo – ele sorriu e com a minha mão ainda nas suas, aproximou seus lábios e deu um beijo no exato local onde antes estava meu ferimento – Minha mãe sempre falou que um beijo é a melhor cura para os machucados, melhor prevenir. – com um tom divertido ele se afastou, levantou e se virou para continuar o caminho, assim sem mais nem menos.

Ele tinha absolutamente passado dos limites com aquela brincadeira, e tudo o que eu consegui fazer foi ficar encarando a palma da minha mão, ainda sentindo a pressão dos seus lábios macios nela. O que tinha acontecido com a Hermione que eu conhecia?


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Notas finais do capítulo

Preciso dizer que eu adoro esse final! O Ron colocando a Hermione em situações constrangedoras sempre me agrada :)
Espero que vocês tenham gostado
Bjus e até o próximo capítulo.



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