Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 6
Capítulo 05




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Ron Pov

Seria bem difícil arrancar o sorriso bobo estampado no meu rosto enquanto eu me afastava, deixando pela segunda vez uma Hermione confusa para trás. Sou honesto o suficiente comigo mesmo para admitir que aquele beijo não teve nada a ver com a minha mãe. Era óbvio que eu estava bem próximo de realmente passar dos limites, andando por um caminho perigoso pelo qual eu poderia cair e me espatifar muito facilmente, mas esses pensamentos foram abafados no momento. Ela estava ali, me olhando como se me visse pela primeira vez e eu não resisti.

Aquela mulher não era o que eu pensava. A princípio, me parecia que a única coisa que era importante pra ela era seu trabalho e que todo mundo soubesse que ela era a melhor nele. Aí ela me vai e sobe na porcaria de uma árvore para pegar folhas que podem ser que venham a salvar pessoas no futuro. Eu não esperava por isso. A empolgação dela com a descoberta e a determinação de conseguir o que queria me fizeram ver que em algum lugar, de baixo de toda aquela muralha, realmente existe uma pessoa que se importa com os outros. Ela só não gosta de divulgar o fato.

Não consegui me impedir de ficar com os olhos grudados nela enquanto ela escalava atrás das folhas, impossível também foi não notar que, sem o casaco para esconder, ela tinha um corpo muito bonito, curvas em todos os locais certos. Esse pensamento, nada apropriado, foi logo banido pela pequena parte responsável que ainda habitava a minha mente, mas não por muito tempo. O que eu podia fazer? Ela estava ali na minha frente e eu não sou cego, tem coisas que depois que notamos, é impossível não prestar mais atenção.

Eu estava tentando lidar com a minha pequena confusão mental em relação a ela, quando ví que ela ia escorregar. Meu primeiro instinto foi correr para segurá-la. Se ela caisse, ia se machucar e isso era algo que eu não queria, no entanto me lembrei do seu discurso sobre me manter longe. Eu permaneci onde estava, rezando para que nada acontecesse, eu não ia me perdoar. Esse sentimento de proteção súbito me deixou bravo, por que eu estava me preocupando com ela? Com o humor azedo, acabei fazendo besteira novamente, partindo sem nem olhar pra trás.

A raiva comigo mesmo ainda não tinha diminuido completamente quando me dei conta que ela não estava mais atrás de mim. “Pronto, Ron! Você conseguiu perdê-la na floresta.” Comecei a correr na direção que tinha vindo, meu coração martelando no meu peito. Eu tinha certeza que ela não sabia o caminho, só eu tinha lido o mapa, e se ela realmente se perdesse o único culpado seria eu. O alívio foi enorme quando a encontrei parada não muito longe de onde eu estava. Pude perceber que ela tinha ficado nervosa por eu tê-la deixado e não consegui afastar uma pontada de culpa na minha voz ao me desculpar.

Pensei que o restante da nossa caminhada seria tranquilo, conversamos pouco e continuamos sem maiores problemas até encontrar aquela parte íngreme da trilha. Em minha defesa, eu não achei que ela não fosse conseguir escalar sozinha, por isso nem pensei duas vezes antes de continuar, mas sua resposta atrevida ao meu comentário me incentivou a devolver na mesma moeda. Acabei me vendo “obrigado” a ajudá-la a subir. Senti que ela estava apreensiva com a situação e não posso negar que gostei. Lá estava ela de novo, próxima a mim, e a vontade de vê-la confusa mais uma vez me fez abrir a boca e fazer aquele último comentário provocativo antes de lançá-la sem piedade para cima.

Eu esperava encontrar uma Hermione furiosa quando chegasse ao topo da trilha, acho que eu já estava me viciando naquela cara de brava dela, era muito divertido enfurecê-la dessa maneira, mas toda a minha diversão foi embora quando eu escutei seu grito de dor. Em poucos segundos, lá estava eu abaixado ao seu lado, me preocupando de novo. Esse sentimento não era bem vindo, era apenas meu trabalho, certo?

Quando entendi a razão do machucado dela, quase não consegui acreditar, como ela podia ser tão teimosa? Aprendi uma coisa naquele momento: Hermione Granger não sabia pedir ajuda a ninguém e isso era muito triste. Eu já desconfiava do fato, mas ficar com um machucado daqueles foi toda a confirmação que eu precisava. Eu podia ter curado rapidamente aquele ferimento, mas escolhi ficar com sua mão entre as minhas mais do que o necessário. Notei que ela nem se movia - parecia que ela não era totalmente imune a mim também-, nem que fosse por indignação, e quando dei por mim já estava beijando sua palma.

Eu precisava colocar a cabeça no lugar, eu estava ali para completar a minha missão, não para ficar distribuindo beijos em consultoras orgulhosas, mesmo que a em questão tivesse as mãos mais macias que eu já tinha segurado.

Continuamos andando. Fiquei um tanto surpreso por nao ter recebido nenhuma bronca depois da minha última arte, mas eu não ia reclamar. Se eu tinha conseguido a deixar 100% sem reação, ponto pra mim!

Já havia passado mais de duas horas de caminhada, não sei em que passo teríamos que estar para chegarmos ao local marcado no tempo que aqueles dois pamonhas tinham dito. Eu tinha certeza que estávamos no caminho certo, mas nada de achar o local. Eu estava tentando calcular quanto tempo mais teríamos que andar quando uma reclamação soou. Até que demorou muito...

—Devemos estar no caminho errado, está demorando muito para chegar! – Parei e me virei para achar a Hermione me olhando cheia de acusações nos olhos.

—O caminho está certo – Ela levantou as sobrancelhas em resposta, claramente não acreditando em mim – Se você é tão mais esperta, aqui está o mapa.

Retirei o mapa do bolso do meu casaco e estiquei minha mão para entregá-lo a ela, contudo quando a folha estava já tocando seus dedos, sentimos uma rajada de vento passar e lá estava nosso mapa voando para longe. Como ela deixou isso acontecer? Ela tinha que ter pegado a merda do mapa!

Ao invés de nos preocuparmos em como recuperar a nossa única fonte de informação, iniciou-se mais uma batalha:

—Ótimo! Você conseguiu perder nossa única chance de achar o lugar – Eu estava enganado se achava que já tinha visto a Hermione brava, agora ela estava gritando e apontando o dedo indicador na minha cara. Como ela tinha coragem de colocar a culpa em mim?

—Isso não teria acontecido se você não reclamasse tanto, ficasse o tempo todo duvidando de mim e tivesse pegado a merda do mapa! – Os ânimos estavam ficando cada vez mais agitados.

—Muito típico, você não tem competência nem para passar uma folha de papel do ponto A para o ponto B e a culpa é minha por dizer a verdade. – ela se aproximou fazendo com que seu insulto acertasse ainda mais forte em mim.

—A senhorita super gênio não faz nada errado, nunca! Claro que não ia admitir agora que foi você que não pegou o mapa direito. – Retruquei, me sentindo com o poder de discussão de uma criança de cinco anos. Minha indignação era tanta que eu não conseguia nem responder a altura.

—Posso ficar o dia inteiro argumentando o caso, com evidências concretas, de que a razão de estarmos agora sem o mapa foi um lapso seu, Weasley, e não meu! – Seu dedo indicador estava agora a centímetros do meu rosto, sua cabeça ligeiramente inclinada para cima olhando direto nos meus olhos. Ela não ia desistir de ganhar essa disputa, mas eu não ia deixa-la ter a última palavra.

—Você pode pensar o que quiser, minha opinião não vai mudar. – Dei um passo pra trás tentando inconscientemente escapar da sua proximidade.

—Não estou interessada em sua opinião. – Ela já não estava mais gritando, seu tom agora cheio de desdém.

—Pelo menos em alguma coisa concordamos. – Retruquei.

—Ótimo! – Ela respondeu com tom de quem tinha terminado a discussão, e ganhado.

—Ótimo mesmo – Eu estava abusando da infantilidade, mas a ultima palavra não ia ser dela.

Ela claramente se recusou a entrar em uma disputa tão imatura comigo, então terminamos por encarar um ao outro com nossos melhores exemplares de caras feias.

Estava parecendo uma disputa para ver quem ia piscar primeiro e ambos não estavam dispostos a ceder, mas ter aqueles olhos castanhos grudados aos meus estava começando a me incomodar. Era evidente que ela tinha muito mais experiência do que eu em intimidar os outros, desde a sua pose com os braços apoiado na cintura, passando pelas sobrancelhas frisadas, até chegar na quantidade extrema de fúria que saia do seu olhar. Essa luta estava perdida para mim. Respirando fundo, desviei meu olhar e virei de costas passando a mão em meus cabelos, eu não queria ver a cara presunçosa dela sabendo que tinha levado a melhor.

—Não esquente, eu sei pra onde temos que ir e depois é só aparatarmos de volta – falei ainda contrariado, a raiva gerada por aquele embate não iria embora tão depressa.

Eu tinha que acertar aquele caminho, agora era uma questão de honra! Mas eu sabia que a probabilidade de nos perdemos era grande, eu não tinha tanta certeza de para onde devíamos ir quanto parecia na minha afirmação. Prossegui com cuidado dobrado, minha postura passando uma dose alta de confiança. Eu sabia que a Hermione estava me observando mais atentamente ainda, tentando achar qualquer indicação de que eu não fazia ideia do trajeto correto. Meia hora depois e finalmente chegamos à entrada de uma caverna que parecia recém-descoberta, onde sinais de que havia um trabalho em progresso eram visíveis.

—Eu não disse que sabia pra onde ir? – Falei com o simples desejo de irritá-la, e também para tentar me distrair do fato de que agora eu ia ter que entrar numa porra de uma caverna. Não bastava a trilha, agora estaríamos num lugar escuro e apertado e que muito provavelmente continha formas de vida que eu gostaria de manter distância.

—Pura sorte, tenho certeza – Ela não ia me conceder mais essa vitória de bom grado.

Ficamos parados observando a entrada da caverna, percebi que ela também não estava dando pulinhos de alegria por ter que entrar ali. Gostei de saber que não era o único, mas não adiantava adiar, tínhamos que seguir a diante.

Logo nos primeiros metros, a luminosidade diminui consideravelmente. Acendemos nossas varinhas para poder enxergar minimamente o caminho a nossa frente. Não era um lugar aconchegante, o teto era baixo e o caminho estreito o que nos forçava a andar em fila indiana e bem próximos um do outro. Além disso, o cheiro de ar parado já estava me incomodando, e a temperatura também tinha abaixado bastante.

Andamos o que eu calculei ser uns 100 metros para chegar ao final da caverna que finalmente se abria em um espaço circular com pé direito mais alto, no centro em cima do que parecia ser um altar improvisado estava uma caixa. Isso mesmo, uma merda de uma CAIXA, que eu assumi ser o objetivo de nossa viagem até aqui.

Antes que eu pudesse expressar minha indignação com a inutilidade daquele artefato, a Hermione soltou uma exclamação de surpresa e passou como um foguete do meu lado, correndo para se colocar bem em frete da tal caixa.

Ainda bem que um de nós estava feliz com aquela porcaria, que bela missão a minha: um teste de paciência infinito para resgatar uma caixa.

—##-##-

Hermione Pov

Eu mal podia acreditar no que meus olhos estavam vendo! Quando me dei conta que podia estar diante de um artefato tão importante, todo o resto sumiu da minha cabeça. A raiva pelas impertinências e pelas brigas evaporaram. Tudo o que eu conseguia era me concentrar na tarefa diante de mim. Rapidamente, lancei um feitico para iluminar todo o ambiente e me coloquei a estudar as incrições que permeavam as faces da caixa.

—Ainda bem que nos mandaram aqui, se algum trouxa tivesse tentado remover esse objeto, teria acabado em pedaços. Essas runas são feitiços de defesa altamente intrincados – observei mais para mim mesma do que qualquer outra coisa.

—Tanta proteção para isso? – o auror tinha se colocado ao meu lado e tinha uma expressão incrédula no rosto.

—Minha nossa, será que é realmente o que eu estou pensando? – meu coração já estava acelerado com a mera possibilidade de ter ao alcance de minhas mãos tal objeto que eu só conhecia de lendas.

—Não sei no que você está pensando, mas eu sei o que é isso, é uma caixa, uma merda de uma caixa velha! Você está querendo me dizer que eu tive que te aguentar todo esse tempo para resgatar esse lixo? – foi a resposta exasperada que recebi,

Eu nunca admitiria, mas aquelas palavras me machucaram, então recorri a minha melhor arma para esse tipo de situação: fingir não ser afetada e devolver o tapa.

—Cale a boca, Ronald! Alguém aqui pediu sua opinião? Eu estava pensando em voz alta, você não seria qualificado para responder nem que tivesse passado a vida toda estudando artefatos arqueológicos. – retruquei com meu tom mais ácido.

—Ei, pera aí! Eu não sou um dos seus alunos para você sair falando assim comigo. Saiba que eu não sou nenhum burro e, pela milésima vez, não me chame de Ronald! – ele se aproximou de mim, gritando a ultima parte quase ao lado da minha orelha.

Não resisti a revirar os olhos com a resposta tão previsivelmente infantil.

—Se não quer ser tratado como um aluno, seja inteligente o suficiente para não me atrapalhar. Vá para o outro canto e me deixe trabalhar em paz. Quanto antes eu determinar o que temos aqui, mais cedo poderemos nos ver livres um do outro, além disso, eu lembro de alguém dizendo que não ia interfeirir na minha função aqui – eu não via a hora de voltar para a tranquilidade da minha rotina, e ele pareceu concordar com a minha lógica. Ele se virou de costas para mim e foi se sentar o mais distante possível. Ótimo! Assim ele não ficaria me distraindo com aqueles alhos azuis curiosos.

Foi necessária quase uma hora para que eu fizesse uma pesquisa em meus livros e chegasse à conclusão de qual feitiço usar para levantar as barreiras em volta do objeto. Realizei todos os encantamentos necessários e finalmente, apoiando minha varinha no altar, segurei o artefato em minhas mãos. Todo esse tempo o Weasley nao se dignou nem a olhar de relance o que eu estava fazendo, mantendo-se aparentemente distraído do outro lado da caverna.

A minha animação para finalmente abrir a caixa e descobrir o seu conteúdo não estava nem cabendo em mim. Realmente, eu devo ter ficado alheia demais ao meu entorno, pois no exato momento que minha mão estava indo em diração à tampa eu senti uma varinha sendo pressionada na minha nuca e uma voz conhecida dizendo:

—Larguem as varinhas e a caixa, se não a bonitinha aqui vira farelo.


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Notas finais do capítulo

Parece que esse trabalho não será tão simples assim.... e agora o que vai acontecer?
Comentem, opinem, criem teorias. Adoro ouvir o que vocês têm a dizer.
Beijos e até a semana que vem.



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