Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 2
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o primeiro capítulo, espero que vocês gostem :)



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 CAP 01  

 

Muitos anos antes 

 

Ron Pov

O barulho da chuva batendo no carro estava ajudando a azedar mais ainda o meu humor que tinha começado o dia já péssimo. Por que eu fui deixar meu pai me convencer a comprar essa porcaria? Com aquele trânsito eu ia chegar atrasado, novamente, no Ministério. Eu tinha que me lembrar de nunca mais cair na conversa do senhor Arthur Weasley, sua paixão pela tecnologia trouxa era tão grande que ele conseguia apresentar motivos para um bruxo ter os objetos mais inúteis do planeta. Estava decidido, não importava que a política do governo fosse de que a comunidade bruxa se integrasse ao máximo aos costumes trouxas, a partir do dia seguinte eu ia aparatar até o serviço e pronto. Malditas regras! 

Tentei entrar o mais escondido possível no escritório, mas Charles, o chefe da sessão dos aurores, escolheu justamente aquele momento para sair da sua sala, sorte a minha. 

—Nunca lhe ensinaram a usar o relógio, Weasley? Espero que você consiga aprender até amanhã, essa já não é a primeira vez que você chega atrasado – ele me disse, sem nem sequer um bom dia. 

—Desculpe senhor, prometo que não vai se repetir – respondi sem olhar em seus olhos, com meu estado de espírito era capaz de eu falar mais do que devia se não me controlasse. 

—Acho bom, nunca tivemos problemas com nenhum Weasley aqui no Ministério, você não quer ser o primeiro a manchar essa reputação, certo? – sem realmente esperar uma resposta ele foi em direção ao corredor e deixou o departamento. 

Pronto, em menos de cinco minutos ele tinha conseguido me irritar de verdade, parecia realmente um poder especial. “Nunca tiveram problemas com nenhum Waesley”, era assim que as coisas eram, “os Waesleys”, todos categorizados como a mesma pessoa: ruivos e de cara sardenta. Era difícil se desprender da imagem coletiva que todos tinham da minha família. Eu queria ser o Ron, realizar coisas por mim mesmo e não ser apenas “o mais novo dos Weasley”. 

Já fazia mais de um ano que eu trabalhava como auror e a minha chance de mostrar que sou realmente digno de estar entre os melhores ainda não tinha aparecido. Meu amigo, Harry, já tinha saído em missões solo e estava se dado muito bem, não que eu me ressentisse dele, sabia que ele era ótimo no que fazia e merecia o reconhecimento, mas eu continuava ali amargando o trabalho de auxiliar e preenchendo papelada. 

Ficar me lamentando não ia me levar a lugar nenhum, era melhor eu começar logo meu serviço que, claro, estava acumulado. Qualquer dia desses minha chance apareceria, só não imaginava que seria naquele mesmo dia. 

Enquanto eu tentava achar alguma forma de lógica no caos total que era a minha mesa de trabalho, meu supervisor chegou perto de mim, com uma pasta em suas mãos e a cara alegre: 

—Oi Ron, tenho uma surpresa para você – me disse entregando a pasta – Sua primeira missão solo, espero que você esteja preparado para viajar. 

Eu não podia acreditar, fiquei ali parado com os olhos arregalados o encarando. Minha primeira missão! Quem diria que aquele dia de merda ia melhorar tanto? 

—Não vai nem perguntar o que é? Eu posso estar te mandando caçar trasgos no campo – sua voz denunciava um tom de brincadeira e naquele momento eu finalmente consegui fazer meu cérebro voltar a funcionar. 

—Nossa, Mike, eu fiquei surpreso só isso, mas não importa pra onde eu vou, ou qual é a missão, vou cumprir o trabalho com certeza – na verdade eu já não estava conseguindo conter a minha animação, desde que não fosse algo envolvendo aranhas gigantes eu tinha certeza que nada diminuiria minha felicidade. 

—Assim que se fala, garoto! Não se preocupe, não tem nada relacionado a trasgos, tudo está mais bem detalhado ai na pasta que eu te entreguei, mas em resumo uma equipe de pesquisadores trouxas achou um artefato escondido em uma caverna no norte do país e não temos ideia do que seja ou como abri-lo. Já que não podemos removê-lo do lugar sem saber o que é, seu trabalho é ir até Hogwarts encontrar um especialista que vai nos auxiliar no caso e leva-lo em segurança até o local para que esse mistério possa ser resolvido, ok?  

—Com certeza! Vou pegar o primeiro trem amanha mesmo, tudo estará resolvido o mais rápido possível. – respondi confiante. Ele então me disse que eu já poderia ir para casa arrumar o que fosse necessário e foi embora. 

Tudo bem, era apenas um serviço de escolta para algum dos meus antigos professores, não chegava nem perto de todo o glamour que eu esperava, mas eu tinha que começar de algum jeito. Rapidamente enfiei a pasta que ficaria sem ser lida dentro da mochila – afinal eu já sabia o que precisava fazer, não havia razão para perder tempo - e fui para casa. Tinha muito o que arrumar e, logicamente, uma ligação a fazer, o Harry precisava saber disso! 

 

—##-##- 

 

Hermione Pov 

A luz que entrava através da janela do meu escritório não me permitia mais enxergar as letras contidas na pilha de relatórios que meus alunos haviam me entregado naquela última aula do dia. Não que isso fizesse alguma diferença, já estavam todos devidamente corrigidos, comentados e ordenados por nota. Sendo esse um momento pouco típico, não era para trabalhar que eu me encontrava sentada à minha mesa, eu simplesmente precisava de paz para pensar acerca da carta que chegara pela manhã me “convidando” a fazer uma consultoria para o Ministério. 

Dediquei minha vida toda a ser a melhor, sempre soube com o que queria trabalhar e não deixei nada me desviar dos meus objetivos durante meu período na escola. Eu podia dizer que, apesar de tanto trabalho, cheguei exatamente onde queria, com 23 anos, era a professora mais nova a conseguir um cargo em Hogwarts e meus estudos na área de feitiços e runas tinham chamado atenção de muitos estudiosos renomados. Não posso dizer que não sentia orgulho de tudo que havia conquistado, sou naturalmente uma pessoa competitiva e reconhecimento é um ótimo combustível. 

Aquela carta, contudo, não consistia em um convite para atividades das quais eu estaria disposta a participar de livre e espontânea vontade. Eu tinha consciência de que haviam requerido minha presença por saberem que eu possuía amplo conhecimento na área de runas e objetos antigos, mas a ideia de interromper meu cronograma de aulas num período tão próximo dos exames a fim de servir de enciclopédia para um auror, que provavelmente nem tinha completado as disciplinas optativas do assunto no colégio, me desagradava ao extremo. 

Se eu me permitisse ser um pouco mais honesta comigo mesma, eu admitiria que o problema não era apenas a bagunça na ordem perfeita do meu trabalho que me incomodava, mas também a pessoa que seria a razão de tal desordem. Não me permiti pensar nisso, embora o habitual peso da corrente em volta do meu pescoço estivesse ali denunciando minha covardia. 

—Chega de drama! Será apenas um serviço rápido e não é como se pudesse ser recusado de qualquer maneira – pensei em voz alta, hábito que eu cultivava há anos. 

Decidida a desempenhar aquele trabalho com minha costumeira eficiência, deixei de lado as preocupações que estavam rondando a minha cabeça nos últimos minutos e me levantei para começar a catalogar e juntar tudo que seria necessário levar. Eu estava entretida separando os livros que julgava mais importantes quando escutei uma batida na porta. 

—Pode entrar – respondi sem olhar quem estava entrando. 

—Com licença, Professora Granger, eu sei que o relatório é só pra a semana que vem, mas eu queria tirar algumas dúvidas sobre a aula de hoje – disse Penny, uma das minhas alunas mais brilhantes e que secretamente estava entre minhas favoritas. 

—Claro Srta. Williams, mas quanto ao relatório não se preocupe demasiadamente, ele será adiado para a próxima semana, mandarei o recado ainda esta noite para todos – respondi e notei que ela fez uma cara de espanto. 

—Adiado? Nossa isso nunca aconteceu, a Sra. está com algum problema? Posso ajudar? – ela perguntou aflita. Realmente a noticia era inesperada de minha parte, mas me diverti com sua preocupação. 

—Não querida, não é nada demais, só precisarei me ausentar por alguns dias a serviço do Ministério. Antes que vocês percebam que eu fui, já estarei de volta e tudo continuará como sempre, dentro do planejado. – Ela assentiu, tirou suas dúvidas e saiu apressada, provavelmente ansiosa por espalhar a notícia para o resto da turma. 

Fechei meus olhos por um momento, um suspiro surgiu em meus lábios. “Tudo continuará como sempre, dentro do planejado”. Esse era meu maior desejo, mas por que será que no fundo eu sentia que não seria tão simples assim?  


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Notas finais do capítulo

Comentários e críticas são sempre bem vindos, me digam o que vocês estão achando da história.
Vou tentar manter ao máximo um padrão de tempo nas minhas postagens, uma por semana.
Beijos