Partners escrita por Fe Damin


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!
Capítulo super importante e agitado hoje. Finalmente os dois vão conseguir, ou não, resgatar o objeto que é a razão da missão deles.
Será que vai dar tudo certo? Vamos cruzar os dedos!
Espero que gostem :)



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Hermione Pov

 

A nossa dinâmica tinha se alterado em algum ponto do caminho, minha habitual cara fechada não se mantinha mais ao lado dele, dando vez para risos e brincadeiras. Eu ainda não entendia a razão para tal mudança, apenas que me parecia natural rir das suas piadas, sem que isso impedisse de reclamar quando ele estava passando dos limites, o que ele fazia a cada chance que encontrava. Depois do último atrevimento, envolvendo habilidades e a discussão de quem começou aquele beijo, eu fiquei em silêncio, minha mente me acusando de não conseguir mais ser tão incisiva, de ser incapaz de mantê-lo longe como era a minha intenção original.

Será que era possível, no correr de algumas horas, que visões e sentimentos pudessem mudar? “Não foram apenas horas” pensei, foi uma viagem para um lugar desconhecido, sermos atacados por pessoas mal intencionadas, acidentes e um momento de pânico em que eu podia tê-lo visto indo embora na minha frente. Experiências que nada tinham a ver com ficarmos parados em silêncio de frente para o outro esperando as tais horas passarem. Nossos minutos acabaram sendo muito mais significativos, e a cada respiração minha, em que eu sentia o peso do medalhão em meu peito, eu retornava para o momento em que ele tinha me abraçado em meio à floresta escura, onde eu chorei todas as lágrimas que haviam ficado guardadas por tanto tempo e ele tinha me dito que não iria embora.

Eu negaria com todas as minhas forças qualquer tipo de pensamento ou afirmação que indicasse que eu o queria por perto, porque essa era a verdade, eu não queria. Mas... ouvir aquelas palavras conseguiu emendar um dos pedacinhos do meu coração que já não era inteiro há muito tempo, a parte que ansiava por saber que se eu precisasse, teria alguém em quem me apoiar,  alguém para segurar a minha mão, mesmo que não estivesse em meus planos precisar.

Terminei a minha parte do lanche e fiquei observando, de maneira que não desse muito na cara, enquanto ele atacava os últimos pedaços da comida. Reparei como a cor tinha voltado à face dele, os olhos estavam novamente brilhantes, no tom de azul exato que eu agora associava a ele, bem distante do olhar embaçado com o qual ele me fitou quando eu pensei que não conseguiria mais tirá-lo daquela floresta. O pensamento ainda me causava um ligeiro temor, balancei a cabeça para expulsar todas as imagens dele da minha mente e passar a seguir o meu próprio conselho de focar no que era importante ali, que não era nem eu, nem ele e muito menos qualquer tipo de “nós”, o que importava era a missão.

—Vai demorar muito? Temos que ir – observei deixando um pouco da irritação residual transparecer.

—Já terminei – ele colocou o último pedaço, que seria considerado grande demais por uma pessoa um pouco mais delicada, todo na boca e afastando as migalhas que tinham se acomodado na roupa dele, se levantou.

—Ótimo, então vamos – juntei as coisas de cima da mesa e me coloquei ao lado dele.

—Como vai ser? Me conte o seu tal plano tão bem pensado – a leve ironia falhou em me tirar do sério.

—O melhor é aparatar não exatamente no local, em sim algumas quadras antes, dessa forma evitamos chamar atenção de qualquer pessoa envolvida que esteja lá, porque eu não acredito que eles se deram ao trabalho de roubar aquele artefato só para deixa-lo sozinho.

—Até que faz sentido – ele levou a mão ao queixo, ponderando as minhas palavras.

—Até? Faz todo o sentido – revirei os olhos pela forma condescendente com a qual ele tratou a minha ideia – por acaso você tem alguma outra ideia brilhante?

—Não, acho melhor seguirmos seu plano mesmo – disse ele sorrindo, eu já suspeitava que metade dos comentários dele eram feitos só para me provocar, mas eu ainda não tinha conseguido deixar de me importar.

Estendi a mão na direção dele, para poder dar fim logo aquilo e aparatar até o local desejado, ele ficou encarando os meus dedos.

—Anda logo, temos que ir! – falei exasperada com a demora.

Ele finalmente se mexeu, cobrindo a minha mão com a sua, mas não parando por ai. Senti o peso dele me puxando contra si, enquanto passava um braço pelos meus ombros, me prendendo em um abraço apertado.

—Melhor assim, você não quer que aconteçam acidentes, né? – a inocência fingida quase me fez rir, mas eu ainda tinha uma boa dose de autocontrole, e só respondi estreitando os olhos e apertando os lábios antes de aparatar para o que eu esperava ser o fim da nossa missão.

Chegamos a um rua apertada, num dos bairros mais afastados de Londres. Eu sabia que mais algumas quadras para frente estaria o lugar que procurávamos, tinha chegado a hora de recuperar o que nos tinha sido roubado, mas primeiro eu precisava me livrar de outra coisa.

—Já pode me soltar, Weasley, você chegou sem faltar nenhum pedaço – rosnei em sua direção.

—Calma, ainda estou me cerificando disso – ele manteve o braço exatamente onde estava enquanto fazia um teatro de seguir com os olhos, procurando se tinha algo faltando – pronto tudo certo – o contato entre nós foi desfeito e eu me afastei em um pulo.

—Pena que sua cabeça oca não ficou para trás – passei as mãos em minhas roupas, desamassando vincos inexistentes.

—Acho que você não quer entrar na discussão sobre a minha cabeça oca de novo, ou quer? – o sorrisinho petulante no canto da boca lembrava todas as palavras da nossa conversa anterior sobre o assunto e eu senti meu rosto queimando.

—O armazém onde eles estão fica a algumas quadras naquela direção – apontei para o local certo, propositalmente ignorando a pergunta anterior – vamos nos aproximar com muita cautela, quando chegarmos lá decidimos a melhor maneira de prosseguir.

Fizemos exatamente isso, tentando ocultar ao máximo a nossa aproximação, nos escondemos atrás da estrutura do armazém que ficava ao lado daquele que tínhamos a intenção de invadir. Esperamos alguns minutos, observando a movimentação, ou melhor, a falta dela, até que julgamos seguro nos aproximar. Seria uma burrice sem tamanho entrar pela porta da frente, se fizéssemos isso, poderíamos chegar logo gritando a nossa localização que daria no mesmo, sendo assim eu o chamei silenciosamente, para dar a volta no local até que encontramos uma janela da qual não parecia vir luz nenhuma.

—Acho que podemos entrar por aqui – eu murmurei um feitiço para me certificar de que não havia ninguém no interior, e outro para destrancar a abertura.

—Vem, eu te ajudo – ele se ajoelhou para que eu pudesse pegar impulso e pular sobre a janela, que ficava numa altura um pouco grande demais para mim, mas eu hesitei, lembrando do que tinha acontecido da última vez em que nos encontramos na mesma situação.

—Eu não vou te jogar de qualquer jeito, prometo – o sorriso sincero ajudou a frear a minha desconfiança e eu me aproximei deixando que ele me ajudasse, dessa vez da forma correta.

A sala estava escura, e cheia de caixas de papelão, cujo o conteúdo eu nem queria saber, esperei que ele se juntasse ao meu lado e conjurei uma luz branda para que pudéssemos enxergar minimamente aonde estávamos indo. Ele passou na minha frente, se adiantando em direção à porta. Abrindo uma frestinha, ele observou para os dois lados antes de me dizer que a área estava limpa. Tínhamos concordado que o melhor plano seria tentar achar onde a caixa estava, tentando com todo o afinco não sermos descoberto. Eu sabia que as chances de isso acontecerem eram próximas a zero, mas não dava para planejar mais do que isso. Eu sugeri que chamássemos reforços, porém ele ressaltou que só ficaríamos com cara de idiotas se nem tivesse alguma coisa lá e um destacamento de aurores tivesse sido mandado do Ministério em nosso auxílio.

Passamos pelo corredor, andando pé ante pé, até as nossas respirações pareciam minimizadas ao menor nível de ruído. Chegamos a uma ante-sala que provavelmente se abriria para o espaço maior do galpão, seu eu tivesse que apostar, o nosso objeto se encontrava ali dentro. Ele colou o ouvido na porta antes de abri-la.

—Estou ouvindo vozes, tem gente ai – a mão dele foi direto para a fechadura, mas eu o impedi prendendo os meus dedos em torno dos dele.

—Você não pode simplesmente entrar aí, nem sabe quantos são! – agi tão rápido que não consegui disfarçar a preocupação.

—Claro que não, não sou tão idiota assim, eu ia só dar uma espiada – o olhar que ele me lançou me fez perceber, para o meu desgosto, que ele tinha gostado muito da atenção.

—Vá em frente então, se você for visto, não reclame depois – retirei a minha mão e dei de ombros.

—Não vou ser – ele girou a maçaneta e levou os olhos ao espaço mínimo que ele tinha aberto – mas que merd...

Coloquei a mão na boca dele, puxando-o para trás, a fim de abafar o barulho, temendo já termos sido descobertos. Ele não esperava a minha atitude e acabou se desequilibrando e batendo de costas na parede que estava ao seu lado.

—Quer fazer o favor de ficar quieto? - sibilei quase sem emitir som - se você está tentando com tanto afinco ser descoberto pelos ladrões, eu mesma posso te fazer aparecer no meio daquela sala.

Eu esperava muitas reações por parte dele mediante a mais uma repreensão minha, mas o que recebi foi um olhar onde eu enxerguei um misto de confusão e pânico. De repente eu registrei a posição em que nos encontrávamos, ele empresado na parede eu com a mão ainda calando a boca dele, a apenas alguns centímetros de distância, nossos narizes quase se tocando com a proximidade. Senti minhas bochechas pegando fogo por eu ter me colocado nessa situação. Dei um passo para trás, fazendo surgir uma quantidade aceitável de espaço entre nós, percebi que tinha alguma coisa realmente errada quando eu não escutei nenhuma gracinha dele e não vi, nem de relance, um dos sorrisos desconcertantes que eu já conhecia bem.

—O que foi? - perguntei apreensiva.

—Tem muitas pessoas ali dentro, umas 5...

—Tudo bem, vamos ter que bolar um plano e certamente chamar reforços.

—Você não está entendendo, Mione - mais uma vez ele m chamava pelo apelido que anteriormente era propriedade dos meus pais, eu até podia dizer a mim mesma que não o corrigi em virtude do momento decisivo em que nos encontrávamos, mas a verdade era que de alguma forma eu gostava do som daquelas sílabas na voz dele - um deles ali é o meu supervisor, foi ele que me deu essa missão, como dá pra gente chamar a porcaria do Ministério? Vai que estão todos juntos nessa maracutaia?

Ele estava visivelmente abalado, eu via a tensão em suas têmporas enquanto ele apertava a mandíbula no que eu suspeitava ser uma tentativa de não gritar de raiva.

—Meu deus! Tudo faz sentido agora – as peças, que me pareciam erradas desde o princípio da nossa viagem, finalmente se encaixaram.

—O que? – ele perguntou tentando manter o mesmo tom baixo que eu usava.

—O porquê de eles terem enviado um novato para recuperar um objeto tão valioso, isso deveria ter sido missão de alguém muito mais experiente, ele não queria chamar atenção.

—Você está me chamando de incompetente? De novo? – resmungou.

—Não é isso, você não vê? – balancei as mãos, ansiosa demais com a conclusão a qual eu tinha chegado – Ele, o seu supervisor, estava contando que nós íamos falhar e ser presas fáceis, só pode ser isso.

—Eu vou entrar lá e dar um soco na cara dele! – eu escutei a convicção na voz dele e tive que me jogar na sua frente, empurrando-o pelos ombros, para impedi-lo de chegar a porta, eu diria que naquele momento ele estava com tanta raiva que tinha esquecido todo o risco que corríamos.

—Para, Ron! – eu não tive a intenção de chamá-lo assim, mas minha ação pareceu surtir efeito, porque nem que fosse por surpresa, ele parou a investida - São muitos ali e só dois de nós, não é hora para sermos esquentadinhos, temos que ser inteligentes e usar a cabeça

—Eu quero usar minha cabeça sim, mas pra quebrar a porra do nariz dele! Ele quer arruinar a minha carreira!

—Eu sou a inteligente dessa parceria, melhor deixar o planejamento comigo - ele me olhou de um jeito engraçado e eu fiquei tentada a perguntar o que eu havia dito para causar tal reação, mas não tínhamos tempo para frivolidades.

—Então me diz, oh grande planejadora, o que a gente faz agora? – perguntou sem maneirar na ironia, que em prol do sucesso da missão eu decidi ignorar.

—Me deixa pensar – fechei os olhos me concentrando nas opções que tínhamos a disposição, infelizmente não eram muitas – eu tenho que dar uma olhada na sala onde eles estão.

Repeti a ação anterior dele, e com o coração martelando nos ouvidos, espiei pela fresta na porta. Eram realmente 5 homens ali, a sala era bem grande e eu consegui avistar a caixa no extremo oposto, ladeada pelos dois idiotas que nos roubaram. Havia uma porta igual a que tínhamos a frente do outro lado. Notei uma certa agitação entre eles e percebi que eles estavam guardando várias coisas, nossos ladrões estavam partindo.

—Temos que nos apressar, Weasley, eles estão indo embora – ele me olhou alarmado – tem alguém no Ministério que você confie sem dúvidas?

—Tem, o Harry, meu amigo – respondeu sem nem pensar.

—Ah sim, vamos fazer o seguinte então, você manda uma mensagem para ele, dizendo a nossa localização e pedindo para vir nos encontrar com qualquer pessoa de confiança, toda ajuda será necessária – ele assentiu calado, esperando que eu continuasse – eu vi que tem uma porta do outro lado bem próxima ao objeto, nossa única chance é um de nós causar uma distração desse lado enquanto o outro vai para a outra porta e pega a caixa, é um plano com alguns pontos falhos, mas é o melhor que dá para fazer com as circunstâncias.

—Alguns? Tá me parecendo um plano suicida isso sim, eu já estou achando que chegamos até aqui fácil demais – ele não tinha se convencido.

—Weasley, o nosso principal trunfo é que eles nos subestimam, nunca vão imaginar que estamos aqui, você não viu a cara deles? Estão totalmente despreocupados, se formos rápidos, vai dar certo – afirmei tentando convencê-lo ao mesmo tempo que  a mim mesma – e tem que ser agora, não dá pra esperar seu amigo chegar, ou eles vão embora.

—Podemos selar a área para eles não saírem aparatando, assim a gente pode esperar o Harry – sugeriu.

—É uma ótima ideia, mas mesmo assim não podemos esperar porque na hora que eles descobrirem que não conseguem ir embora, vão saber que tem mais alguém aqui e nosso elemento surpresa estará perdido – ele pareceu ponderar as minhas palavras e ainda meio contrariado concordou.

Eu me concentrei em elaborar o feitiço necessário para bloquear o local enquanto o Ron enviava uma mensagem ao Harry, eu estava seriamente nervosa com esse meu tal “plano”, porém eu não havia exagerado, era a única maneira que eu via de conseguir reaver o que era nosso. Muito podia dar errado, mas não tínhamos chegado até ali para desistir sem nem tentar.

—Pronto, primeira parte finalizada, agora temos que partir para o momento principal. Acho melhor você ficar aqui criando a distração e eu vou pegar a caixa – falei por fim.

—Não mesmo! Vai ser muito perigoso, você vai ter que entrar no galpão e se eles não vieram todos para cá...

—Weasley, deixe de bobeiras, aqui também vai ser perigoso e eu sou menor e com certeza consigo passar mais despercebida do que você com essa altura toda e esses cabelos pouco chamativos – revirei os olhos exasperada, não era hora para discussões do tipo.

—Ah, agora até o meu cabelo tem culpa – ele levou a mão a testa.

—Não foi isso que eu falei, seus cabelos são lindos... – limpei a garganta mudando rapidamente de assunto, eu não tinha nada que ter falado aquilo, mas o olhar que eu recebi me disse que ele percebeu mesmo assim – só estou tentando melhorar nossas chances de conseguir atingir nosso objetivo.

—E me diz, como você vai chegar até lá? – felizmente ele resolveu ignorar o meu comentário muito inoportuno.

—Tenho quase certeza que se eu voltar por esse corredor, entrando pela outra direção, eu chego até a porta que está atrás do artefato – respondi.

—Quase certeza não é o suficiente – ele balançou a cabeça veementemente, antes de fazer uma pausa – acho que eu tive uma ideia, ele olhou para cima e ao acompanha o movimento, enxerguei os dutos de tubulação de ar que ficavam suspensos.

—Eu vi que os dutos de ventilação passam pelo galpão em linha reta, devem chegar até o outro lado.

—Ótima ideia, assim eu não serei vista – como eu não tinha pensado nisso antes?

—Mas pode ser ouvida... Não, cancela não gostei da ideia, você ia ter que passar por cima de todos eles e ainda não vai ter ajuda para descer do outro lado. – ele parecia convencido a não gostar de nenhuma opção.

—Weasley, temos que fazer isso, de um jeito ou de outro, já perdemos muito tempo! – bati o pé no chão, apenas para me lembrar que deveríamos estar fazendo o menor ruído possível.

—Eu sei, mas se for pra você se machucar – eu o interrompi antes que ele pudesse terminar o discurso de como a missão dele ainda era garantir a minha segurança.

—Já passamos dessa fase, Weasley eu vou até lá com ou sem a sua ajuda, então se você está tão preocupado assim com o meu bem estar, eu sugeriria que me ajudasse a subir até a tubulação.

Ele ficou alguns segundos me encarando, os olhos dele me perfurando sem pena, eu já estava começando a ficar incomodada com a atenção quando um suspiro escapou pelos seus lábios e os ombros dele se inclinaram num claro sinal de derrota, aquela parte do plano também estava decidida.

—Tudo bem, não estou gostando disso, mas vamos logo – ele acenou para que eu me aproximasse, se colocando embaixo da abertura da tubulação. – só espero que o Harry chegue rápido – escutei-o murmurando.

—Você entendeu o plano, então? A sua parte é criar uma distração assim que eu chegar do outro lado, me de alguns minutos para conseguir me posicionar, e assim que eu pegar a caixa corremos daqui. Você não vai ter como saber se eles estão chegando aqui, então se mantenha escondido, não quero você testando suas chances contra 5 bruxos – discursei, preocupada que ele entendesse cada detalhe.

—Ok, eu entendi direitinho – ele pegou a minha mão com a desculpa de me ajudar a subir, porém sem fazer nenhum movimento a mais – entendi também que eu não sou o único preocupado – a frase foi dita bem baixinho, os lábios dele próximos ao meu ouvido.

—Não estou preocupada com você, só quero que tudo dê certo – respondi em tom de desafio.

—Tá certo, pense o que quiser, mas você não me engana – ele balançou o dedo indicador e quando eu abri a boca para retrucar de forma nada educada, a expressão dele assumiu um tom sério, que me impediu de continuar – mas falando sério, Mione toma cuidado, se você achar que eles estão indo atrás de você ou se eles te virem, não liga pra merda da caixa e corre, entendeu?

—Só se você fizer o mesmo – ele acenou com a cabeça selando o nosso acordo tácito.

Ele ainda tinha minha mão presa na dele, com um movimento rápido me puxou para perto e sem nenhum aviso colou os lábios nos meus, roubando um beijo que a surpresa da ação me impediu de contestar.

—O que foi isso? – perguntei atordoada quando ele se afastou de mim.

—Um beijo de boa sorte, esse foi o seu, agora eu quero o meu – ele manteve a boca tão perto da minha que bastaria eu me inclinar ligeiramente para frente para dar o que ele queria.

—Essas coisas não passam de besteira – minha respiração começou a perder o compasso.

—Você quer arriscar? Depois se alguma coisa acontecer...

Antes que ele pudesse terminar a demonstração de chantagem emocional, eu eliminei a pequena distância entre nós, concedendo o que ele pedia. O beijo dessa vez foi mais longo e mais profundo, terminando com nossas mãos enlaçadas nos corpos um do outro. Eu já não conseguia negar a mim mesma que eu gostava das sensações que os lábios dele me provocavam, ele só não precisava saber.

—Pronto, agora vai dar tudo certo – ele sussurrou, decidi nem responder a mais aquele disparate, pois eu não confiava que a minha voz saísse firme.

Ele se abaixou para que eu pudesse me apoiar no joelho dele e me impulsionar para cima. Parecia que aquela cena estava se repetindo vezes demais, porém diferente das anteriores, o local que eu precisava alcançar era mais alto e seria necessário que eu me equilibrasse nos ombros dele para chegar lá, algo que eu preferia nem pensar muito para não desistir da ideia. Me empoleirei nos ombros dele, conseguindo levantar a grade da tubulação, porém eu estava tendo um pouco de dificuldade em conseguir me içar para dentro, devido a altura.

—Eu agradeço se não demorar muito, tá meio difícil aqui em baixo – veio o comentário sarcástico dele.

—Para o seu governo, está meio difícil aqui em cima também – nessa hora ele colocou as mãos, circulando as minhas coxas, e deu mais um impulso para cima, fazendo com que eu conseguisse levar a parte superior do corpo para dentro da tubulação, eu estava tentando me puxar para entrar de vez no local quando escutei a voz dele exasperada:

—Anda logo, mulher! – senti uma tapa de leve na minha bunda, e não acreditei que ele tivesse feito aquilo.

—Ronald! Não encosta essa mão em mim! – o susto acabou me fazendo conseguir subir o suficiente para entrar no sistema de ventilação.

—Meio tarde pra isso, não é mesmo? Mas deu certo, não deu? Você está ai em cima, devia me agradecer... E fala baixo!

Como ele tinha a cara de pau de falar aquilo para mim? A sorte dele é que estávamos no meio de uma parte muito delicada da nossa missão, se não eu desceria até lá só para fazê-lo engolir aquelas palavras e pagar pela insolência, ele que não pensasse que aquilo ficaria assim e muito menos que ele podia repetir a dose.

—Depois eu acerto esse assunto com você – respondi azeda, e mesmo com meu tom baixo eu sabia que ele tinha escutado, pois consegui identificar um risinho.

Engatinhei o mais silenciosamente possível até chegar à saída do outro lado, meu coração batia acelerado ao percorrer os metros que passavam por cima das cabeças do grupo de bruxos que guardava o nosso artefato. Eu consegui saltar na ante-sala de frente para a porta do outro lado sem me machucar, bem a tempo de escutar um barulho alto vindo de longe, o Weasley tinha dado inicio ao nosso plano, era hora de eu fazer a minha parte.

Abri a porta com todo cuidado, vendo o homem, que eu supunha ser o supervisor do Weasley por parecer ser quem estava no comando, chamar a atenção de mais dois dos capangas presentes e ir em direção da porta. Droga! Os dois idiotas tinham ficado para trás, parados feito estátuas a frente da mesa onde a caixa se encontrava. Será que eu conseguiria chegar até lá pegar o objeto e voltar sem ser percebida? Eu teria que contar muito com a sorte, mas eu não desistia fácil. Abri bem devagar, um espaço que permitisse a minha passagem, esperando alguns segundos só para me assegurar de que eles não tinham detectado nada de errado, ambos permaneciam com o olhar fixo na direção oposta, onde o Weasley estava, como se esperando que algo fosse acontecer vindo dali.

Eu sabia que não tinha muito tempo, o trio que foi na direção oposta a minha já tinha alcançado a porta e estavam prestes a entrar no que eu rezava para ser uma ante sala vazia, caso o contrário, o Weasley estaria com problemas. Retirando esse pensamento da cabeça, fui pé ante pé até chegar à mesa e respirando fundo peguei a caixa, foi ai que tudo virou um caos. Eu não esperava pelo som de um alarme agudo que sibilou por todos os lados assim que meus dedos fizeram contato com o objeto, eu devia ter pensado nessa possibilidade! Contudo, não adiantava mais pensar a respeito, com o barulho ensurdecedor, os dois incompetentes que tinham nos roubado se viraram em minha direção, empunhando as varinhas. Eu lancei alguns contra-feitiços, me protegendo de forma que eu pudesse chegar a porta e sair daquele espaço aberto, para ter algum tipo de chance de escapar, mas eles foram mais rápidos, lançando um feitiço para trancar a minha única saída.

Nesse mesmo momento, os outros três integrantes da quadrilha apareceram correndo, eu estava encurralada, os cinco vindo em minha direção. Minha mente trabalhava para achar alguma saída, mas eu me vi sem nenhuma opção visível. A porta de onde os outros vieram se abriu novamente e eu vi o Weasley aparecer correndo, chegou já lançando feitiços nos criminosos, chamando a atenção para si. O que se seguiu foi uma batalha entre os dois lados, feitiços sendo atirados e combatidos, mas nós estávamos em menor número, logo as nossas chances não eram boas. Conseguimos continuar por algum tempo.

Quando eu achava que as esperanças estavam se acabando, ouvi vozes e passos vindos pelo corredor atrás de mim e rezei para que fossem os reforços que nós pedimos, mas eu não saberia, pois a disputa ainda continuava e num segundo de distração, um feitiço me atingiu em cheio, fazendo com que eu caísse no chão e derrubasse a caixa. Eu senti a minha consciência se esvaindo, mas não antes de ver o Weasley sendo atingido de maneira a cair já sem sentidos no chão.


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Notas finais do capítulo

Vixe, as coisas não terminaram muito bem para a nossa querida dupla.... Será que era a ajuda que estava a caminho?
Me contam o que vocês acharam :)
Que tal a Mione já não conseguindo mais se afastar tão facilmente? E o Ron danadinho com beijos de boa sorte huahauah
Comentem!!
Bjus



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