“Eu não vou fazer uma lista de presentes e mandar

Para o Polo Norte

Nem vou ficar acordada até tarde

Para ouvir os sininhos das renas”

— Por que ainda vamos nisso mesmo? - perguntou Albus, Ginny arrumou a gravata borboleta do filho.

— Porque somos convidados especiais e é um evento que não tem todo ano.

— E você vai ser do Ministério ano que vem,tem que se acostumar. - disse Harry.

Albus revirou os olhos.

— Não posso só receber meu bônus de natal e ficar em casa de pijama?

— Falou como um homem adulto,filho.

Isso mesmo Albus Potter estava tendo aquela mesma conversa com dezesseis anos de idade, mas ele questionava a razão da festa de Natal do Ministério desde que percebeu o quão chato o evento era.

Os Potters estavam no pé da escada de casa se preparando para aparatar, Albus queria ir logo e acabar com aquilo de uma vez, ver Lucy também era um forte incentivo.

— É Albus quantos anos você tem? Cinco?

— Não irmã acho que essa é você. - Lily revirou os olhos e ajeitou o cabelo ruivo nos ombros que se destacavam ainda mais por causa do vestido preto que usava, quase não dava pra dizer que a Potter só tinha quinze anos, Albus queria jogar um casaco nela.

— E o James? - perguntou ela.

— Austrália. - respondeu o garoto.

— Que conveniente.

— Ele vem amanhã.

— Acha que ele tem uma namorada? - Albus deu ombros, Lily fez o mesmo.- Pelo menos ele não está aqui pra reclamar do meu vestido e de tudo que eu faço.

— Ei essa é a minha função.

— Você tem uma namorada agora, não sei como, sua função é fazer isso com ela.

— Você quer que eu morra? - Lily riu mas não respondeu.

— Tá legal lembrem-se de sorrir e tentem não colocar fogo em nada. - disse Harry olhando para os filhos e esposa, ele estava falando sério.

— Esse é o melhor conselho que você já deu Harry. - comentou Ginny.

— Obrigada querida.

Albus riu se curvando para caber na lareira.

— Pare com isso e se concentre Albus. - reclamou Lily, o garoto fechou os olhos e deixou o fogo verde o consumir.

O Átrio,no oitavo andar do Ministério, continuava o mesmo com o teto azul, paredes de madeira como o piso e a grande Fonte dos Irmãos Mágicos no meio do salão.

Albus não entendia a necessidade de ficar ali no meio daqueles adultos bem vestidos lhe perguntando sobre o seu futuro, ele só tinha dezesseis anos que grandes aspirações eles esperavam que tivesse na vida? Mas ele era filho do grande Harry Potter, James se livrou disso se tornando jogador de quadribol então é conhecido como o filho de Ginevra Potter, então o cargo de filho prodígio salvador de tudo e todos ficou para o segundo filho.

Nesses momento eu queria ser a Lily, pensou passeando os olhos pelo salão. Então ele a viu sorrindo para o homem guardando o seu casaco, Lucy Adams o impressionava cada vez mais, ele deixou o grupo conversando sobre alguma coisa e começou a caminhar para a entrada.

— Albus Potter! Eu…- ele ouviu alguém dizer.

— Agora não. - respondeu desviando de outras pessoas que adoravam ficar andando de um lado para o outro em seu caminho.

— Alguém estava com saudades. - comentou Rose ao ver o primo chegando meio sem folego.

— Eles aumentaram o tamanho desse salão, estou falando. - respondeu Scorpius.

Mas Albus só tinha olhos para a morena na sua frente.

— Você está linda. - Ela usava um vestido longo azul escuro brilhante, seu cabelo estava jogado para o lado com cachos nos ombros, ela usava batom vermelho nos lábios. Lucy sorriu.

— Também senti sua falta.

— An vocês não se viram tipo semana passada? - perguntou Scorpius, Rose lhe deu uma cotovelada.

— Diz o cara que não conseguia nem dormir num comodo diferente da namorada nas férias. - respondeu Lucy, o casal ficou vermelho. - Oh sim Malfoy eu sei os seus segredos.

— Nós somos a sua kriptonita.- completou Albus.

Rose riu pelo nariz.

— Eu chamo o Scorpius assim.

— E nós somos estranhos, claro. - disse Lucy entrelaçando seus dedos nos do namorado. - Esse lugar é gigante.

— Parecia maior quando eu era criança.- respondeu o Potter dando ombros.

— Vocês praticamente nasceram aqui.

— Por ai.

A música ambiente mudou ficando mais alta, um pequeno palco apareceu com um microfone e as luzes diminuíram. Lucy parou no lugar.

— O que está acontecendo?

— Discurso do ministro. Vem. - ele a puxou para uma mesa vazia com Scorpius e Rose e algumas pessoas aleatórias que já estavam nela.

— Quanto tempo isso demora? - Lucy sussurrou.

— Uma eternidade, tipo o Papai Noel fica confuso porque não tem ninguém nas casas pra receber os presentes já que ainda estão aqui ouvindo o discurso.

— Deviam convidar ele então.

E foi quase uma eternidade no mesmo discurso de sempre sobre como o Ministério era ótimo protegendo o mundo bruxo dos trouxas, de como suas pesquisas estavam progredindo, mais gente trabalhando era mais progresso para o mundo bruxo e etc.

No final o salão todo aplaudiu fingindo que ainda queriam estar ali.

— Não fui feita pra essa vida. - comentou Lucy, Albus sorriu .

— E alguém foi?

— Dementadores?

— Coitado deles.

— Qual o objetivo desses jantares?

— Mostrar para as pessoas influentes como o dinheiro delas esta valendo. - respondeu Rose.

— E torturar os filhos delas a aguentar isso toda vez.- completou o Potter.

— Por que eu estou aqui então?

— Eu precisava de uma garota descente pra conversar. - respondeu Rose.

— Precisávamos de uma quarta integrante pra nossa banda. - respondeu Scorpius ,eles olharam para o moreno esperando uma resposta.

— Eu te acho uma gata. E é o nosso primeiro natal juntos.- Lucy sorriu.

— Ei, vamos para a mesa do pessoal.- sugeriu Scorpius.

— Vocês tem uma mesa?- perguntou a morena.

— É claro, ela é afastada das outras porque gostamos de privacidade sabe.

— E fazemos muito barulho.

— É,isso também.- concordou Albus.

— Mesa das crianças ?

— Sim.

Ela era mesmo um pouco afastada das outras, e eram algumas mesas separadas que aproximavam um pouco para fazer uma grande mesa com os jovens que queriam falar besteira e comer sem precisar ser chique.

Lucy ainda não estava tão á vontade com o salão tão cheio mas ver os rostos familiares a acalmou um pouco, como Lily que acenou e andou até ela sorrindo.

— Seu vestido é lindo.- disse a ruiva.

— O seu que é lindo, como seu pai deixou você sair assim?

— Eu tenho os meus truques,- ela piscou.-  é com o chato ali que tenho que me preocupar.

Albus estava mais para frente conversando com Hugo e Teddy, Lucy estava adorando o fato dele estar de terno e gravata borboleta. Tá que os uniformes em Hogwarts eram quase isso, camisa calça e sapato social, mas tinha algo sobre um terno completo que a conquistava sempre.

— Mas ele é tão tranquilo.- comentou sarcasticamente.

— Ele está lá considerando jogar uma cortina pra nos esconder do mundo.

— Eu acho fofo. - a morena deu ombros.

— Mas você é obrigada a achar isso, eu não. - Lucy riu e observou Scorpius e Rose já sentados conversando calmamente.

— Tão lindos.

— Eles vieram discutindo receitas de poções o caminho todo até aqui, e nós aparatamos.

— Eles nunca mudam.

— Do que estão falando? - perguntou Albus se juntando a elas algum tempo depois.

— Nada de importante, mas sabe o que é importante? - respondeu Lucy se aproximando.

— O que?

— Comida.

Albus sorriu.

— Você está alta.

— É um problema?

— Nenhum pouco. - ele continuou encarando seus olhos azuis de Lucy que estavam quase na mesma altura que os dele.- Vamos lá Adams.

“Porque eu só quero você aqui esta noite

Me segurando bem apertado

O que mais eu posso fazer

Querido, tudo que eu quero de Natal é você

Você, querido”

— Concorde que mesmo que isso aqui seja uma droga, a comida é ótima. - comentou Rose para Scorpius depois do jantar.

— Mesmo sendo o meus instinto natural dizer que não, eu concordo com você. - respondeu o loiro.

— Quase um ano de namoro e vocês ainda estão nisso? - disse Albus com o braço envolta de Lucy, Scorpius olhou no relógio de pulso.

— Faz um ano em algumas horas, depois disso a gente resolve.

— Eu só quero ir pra casa e dormir. - murmurou a morena se aconchegando.

— É melhor não fazer isso ou vai perder a dança.

— Dança? - Lucy se sentou rapidamente. - Você não disse que ia ter dança.

Albus lançou um olhar mortal para o loiro.

— Depois da meia noite eles fazendo tipo um baile e tem danças, é só isso.- explicou.

— Espero que esteja preparado para dançar comigo.

— Oh eu não deixaria você dançar com mais ninguém.

— Eu sei.

— Albus, querido, Harry está te chamando ele quer te apresentar a algumas pessoas. - disse Hermione fazendo o casal diminuir a proximidade.

— Claro tia Hermione, eu já vou.- ela sorriu para Lucy.

— Rose,tia Fleur estava te procurando.

— Sério? - a ruiva revirou os olhos.

— Trate de falar com ela.

Rose bufou quando a mãe saiu.

— Qual o objetivo de fugir dela se ela sempre me acha?

— Por que está fugindo? - perguntou Lucy,

— Fleur sempre está maravilhosa, é a função dela no mundo, dai toda vez que ela quer falar comigo parece que eu sou uma descabelada de batom borrado.

— Já tentou falar de algo que te deixa confortável, tipo quadribol?

— Ela não entende de quadribol.

— Ponto pra você então. Quer saber eu vou com você, mas antes vamos passar no banheiro arrumar esse seu cabelo.

— Mas…

— E você vá falar com o seu pai, fazer amizades.- disse ela para o namorado.

— E eu? - perguntou Scorpius.

— Vai com o Albus.

— Quando você ficou tão mandona?- perguntou Rose rindo.

— Aprendi com você. - Lucy se levantou com a amiga e olhou para Albus ainda sentado, perdido.

— Te vejo depois. - ela lhe deu um beijo rápido e saiu.

— Essa menina é estranha. - comentou Scorpius.

— Nem me fale.

“Oh, todas as luzinhas estão brilhando

Por todos os lugares, tão brilhosas

E o barulho das risadas das crianças

Estão pelo ar.”

— Já escolheu uma profissão Severus? - quem era aquela pessoa o chamando pelo segundo nome? Eu também não sei.

— Ainda não.

— Tem que decidir logo garoto, é certo que você tem todas essas possibilidades mas…

Então Albus desligava pela quarta vez naquele minuto e fingia estar interessado pensando em como fugir daquilo novamente. As pessoas estavam espalhadas ao nosso redor falando sobre politica, regras e futuro Scorpius já tinha sumido e Rose também.

Albus pensou em como tinha convencido Lucy a participar disso, estavam almoçando falando sobre o que iriam fazer no Natal e ele lembrou que tinha o jantar do ministério.

— Não é aquele negócio que vocês odeiam? - perguntou ela.

— Por ai, mas com você lá não vou poder odiar nada.

— Eu tenho que ver com os meus pais, mas acho que tudo bem.

— Você é incrível.

— Se isso for ruim eu soco a sua cara.

— Dai vai ficar sem presente de natal.

— Aah dai é sacanagem.  

Lucy veio com aquele vestido que a deixava ainda mais linda e ele nem conseguia vê-la no salão.

Então as conversas aleatórias ficaram demais, os risos por educação as perguntas sem fundamento, os sorrisos amarelos e as respostas sem graça. Tudo lhe ocorreu como se fosse o meu primeiro natal ali finalmente percebendo o que estava acontecendo, mas era o primeiro natal de outra pessoa que estava provavelmente do outro lado do salão sozinha mesmo no meio de tanta gente.

Ignorou quem ainda estava falando e saiu da roda, ele precisava de ar puro, foi andando sem perceber para onde mas apareceu nos jardins cobertos de neve, o que não fazia muito sentido mas era o Ministério da magia não pode se esperar muita sanidade. O calor de estar no salão cheio de pessoas começou a sumir quando o frio de inverno lhe atingiu.

Ele tinha trazido a namorada para a pior festa de natal, tá que no começo não era tão ruim, mas ainda era o pior encontro.  E nem ficaram tanto tempo juntos.

Ele suspirou vendo minha respiração virar névoa.

— Parabéns Albus Potter você estragou tudo, de novo.

Um barulho de galho quebrando chamou sua atenção lhe tirando de seus pensamentos.

— Olá? - perguntou, sua voz ecoou na noite. Então ela apareceu na pouca iluminação que vinha lá de dentro, de vestido azul escuro e provavelmente congelando. - Lucy. - mesmo com sua voz saindo como um sussurro ela olhou para ele, não com um olhar de Que saco onde você estava, ou de Te odeio por me trazer aqui, mas com um olhar que fez ele correr até ela e a beijar.

Seus corpos se tocando criando uma fagulha de calor no meio daquela neve toda, uma chama de esperança e aconchego que encontravam um no outro. Quando se separam para respirar ele sentia sua pele gelada contra a sua mas por dentro estava queimando.

— Por que fez isso? - perguntou.

— Eu preciso de uma razão pra beijar a minha linda namorada no natal? - Lucy deu um pequeno sorriso. - Por que está aqui fora?

— Eu não te achava e usei isso como desculpa pra sair de uma conversa sobre o que eu quero fazer no futuro dai te vi correndo pra cá.

— Então eu sou uma desculpa?

— Uma muito bonita que beija bem. E qual a sua desculpa pra estar aqui fora?

— Eu cansei daquelas pessoas falando sobre os mesmos assuntos, perguntando as mesmas coisas como se só aquilo existisse.

Então as pessoas começaram a comemorar lá dentro, era a coisa mais animada que acontecia naquela noite.  

— É natal. - comentou ele vendo as pessoas se abraçando e escutando a música começando a tocar.

— O que você pediu de natal? - perguntou Lucy voltando seus olhos para os seus.

— Você, nesse vestido.- ela sorriu.

— Ah é?

—  É,na verdade você devia estar embaixo da arvore e eu só te abriria de manhã.

— E o que eu estou fazendo aqui?

— Não consegui esperar.

— Acho que vou ter que arranjar outro presente então. - passou seus braços por sua cintura.

— Você é o suficiente.

Lucy sorriu.

— Se você diz.

E se beijaram de novo na noite de natal, congelando de frio e propensos a pegar alguma doença mas ainda era melhor do que ficar naquele salão.

— Eles notariam se só fossemos embora agora? - perguntou Albus beijando o seu nariz.

— Você ainda me deve uma dança. - respondeu ela se afastando e entrelaçando suas mãos.

— Você não desiste hein?

— É uma das minhas características, além de usar azul em todas as ocasiões.

Albus não pode evitar de retribuir o sorriso da garota.

— Feliz Natal Lucy.

— Feliz natal Albus.