Money Power Glory escrita por WeekendWarrior


Capítulo 2
Black Beauty


Notas iniciais do capítulo

E Q A VINGANÇA COMECE! HUAHUA



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Jake

Tempos atuais

 

Socava o saco de pancadas com fúria e determinação. Minha mente não estava ali, estava fora desse lugar. Descontava toda frustração e determinação naquele objeto vermelho. Maxilar travado, golpes bem centrados e milimetricamente treinados.

O suor escorria pelas minhas têmporas, mas não era o bastante, meu corpo ainda não doía. Mais um soco e outro, e outro, mais outro. Mal sabia o que descontava ali, mas parecia que descarregava tudo e ao mesmo tempo recarregava minhas energias.

Então ela vem novamente em minha mente. Aquela mulher… podia chamá-la de feiticeira. Uma desalmada, sem coração, porém bela, tão linda que poderia fitá-la por horas sem cansar. E tocá-la então? Nunca cansaria.

Lembro-me que nunca mais a terei, que a perdi. Que ela quem me perdeu, ela quem me desperdiçou. Suas palavras são vivas em minha mente, suas palavras ásperas e dolorosas ecoam em minha mente.

Porém tudo aquilo me serviu de combustível, um gás que me infiltra o corpo. Me deu energia e garra para chegar aqui, aonde cheguei e não mais sairei. Provei para todos que podia sim ser um vitorioso, o melhor.

Em cada passo, cada luta, cada vitória. Era como se eu a vencesse para ela, para mostrá-la o quanto errada estava, pois agora sou alguém! Sou imbatível, o melhor, invencível. Renasci o Boxe. Renasci minha alma e matei aquela maldita em meu coração.

Jake Tiger. O Grande Jake Tiger. O Maior Boxeador da Atualidade. Jake Tiger a flecha rápida, certeira e mortal.

Esse é o significado mais profundo do tigre. Tigre significa flecha, por ser certeira, rápida, silenciosa e perigosamente mortal. Levei isso comigo, fiz isso parte de mim, fiz de mim um vencedor.

Me tornei o que um dia sonhei, me tornei o que um dia ela disse que eu nunca seria. Não a deixaria passar por cima de mim daquele modo. Tudo que conquistei, de certo modo, foi por ela. Graças ao meu ódio, graças a humilhação que ela me faz passar. Depois daquela noite, nunca mais fui o mesmo.

Se passaram onze anos desde aquela noite, mas suas palavras repulsivas ainda estão vivas em minha mente. Aquela noite está viva em minha mente e um ódio me abate quando penso naquela situação.

Disparo seguidos socos no saco de pancadas, sinto minha raiva desvair.

— Ei, ei, ei! Calma, Jake – disse meu treinador e fiel amigo, Curtis – Tenha dó do saco de pancadas – o negro musculoso cruzou os braços e sorriu.

Parei de desferir os socos. Dei um sorriso cansado.

— O dia da luta está chegando. Preciso treinar o máximo que puder – tomei fôlego, estava ofegante – Não posso deixar aquele desgraçado pegar meu cinturão.

Curtis riu convencido.

— Sim, claro. Vejo que está dando seu melhor, você sempre deu, Jake – ele franziu o cenho – Mas precisa espairecer um pouco, não acha?

Bufei e fui em direção a minha garrafa d'água. Tomei um abundante gole.

— Não, sem tempo pra isso. Talvez depois dessa luta, mas agora… melhor não.

Curtis me estendeu uma toalha, a peguei e sequei meu rosto.

— Qual é, cara? Tem duas semanas aí e esse bastardo do Sawyer não vai vencer. Você é o melhor. Jake Tiger. O homem que renasceu o Boxe.

Sorri assentindo.

— Que mau há em praticar um pouco de egocentrismo, não?

Curtis sorriu de canto.

— Mas agora sério, Jake. Não se esqueça, hoje à noite acontecerá o evento beneficente do grupo qual você faz parte.

Puta merda! Como esqueci disso? Esses encontros de ricaços narcisistas é um porre.

— Tenho mesmo de ir? – indaguei me movimentando para o vestiário.

Meu amigo deu de ombros.

— Será bom pra sua imagem e… – ele deu sorriso de canto, lá vinha! – ela vai estar lá.

O joguei um olhar frio. Quando se tratava dela, meus sentimentos e ações eram frios, calculados. Curtis era o único que sabia de minha história, somente ele sabia daquele ato de humilhação.

Já no vestiário, fui ao meu armário, peguei uma toalha de banho e suspirei.

— Alugue a limusine, estarei lá.

— Certo – balbuciou um convencido Curtis.

Segurando o sorriso o homem saiu dali, me deixando sozinho com meus pensamentos. Encarei a toalha branca em minha mão e soltei o ar de meus pulmões. Tirei as faixas de minhas mãos, me livrei do calção e parti pro chuveiro.

Entrei embaixo da água morna, que rápido relaxou meus músculos tensos. Apoiei-me na parede fria e deixei as lembranças me tomarem. O silêncio da academia ajudava para isso, nenhum som era ouvido, eu era o único ali.

Não sei muito bem o que está certo, mas entendo essa dor que me rodeia. Cara, isso tudo não me atingiu de maneira fácil como muitos devem dizer por aí. Merda! Isso dói pra caralho, mas ponho a culpa em meu temperamento explosivo e jogo tudo ali, em meus atos impensados.

Maldita, mulher! Maldita, Elizabeth!

Quando penso nos momentos bons, parece que tudo foi em vão e de certo modo foi. Não existem remédios para a memória, elas continuarão sempre ali, nos torturando ou nos acalentando.

 

— Eu quero muito ir embora daqui, Jake – murmurou uma triste Lizzy enroscada em meus braços.

A garota se lamentava pelo pouco que tinha, pela vida que levava, isso fazia parte dela. Sempre se queixava de algo ou do quanto queria mais.

A garota se ajeitou no banco triplo da minha picape e me encarou com aqueles olhos verdes grandes. Os cílios espessos piscavam de forma frenética, os lábios chamativos num quase sorriso. Sua mão foi ao meu rosto, curvou-se e me beijou de leve.

— Você me ama, Jake?

Franzi o cenho diante da pergunta, claro que eu a amava.

— Mais que tudo.

Ela olhou pra baixo, encarava sua mão sobre minha coxa. Eu fitava seu rosto, levantou o olhar e vi ali esperança.

— Eu quero muito, mas muito partir daqui – pegou ar e depois o soltou. Seu olhar agora firme no meu – só que… com você.

Sorri de canto e a trouxe pela nuca para perto de mim. Sabia que ela gostava quando fazia assim. Coloquei meu rosto bem perto do seu. Lizzy mordia o lábio inferior, um ato de apreensão.

— Então, vamos – sussurrei e a beijei.

Logo senti minha garota passar os braços ao redor de meu pescoço. Se apoiava em mim para um grande e forte beijo. Seus lábios eram doces, eu nunca teria o bastante dela. Quase dois anos e ainda estou aqui, loucamente apaixonado.

Ela se afastou e sorriu abertamente. Suas mãos em meu pescoço, olhos acesos de alegria.

— Vamos, vamos, Jake – falava afobada – Você poderá me dar tudo o que prometeu.

A garota sorria em meus braços. Eu faria qualquer coisa para vê-la feliz, até mesmo desistiria de tudo por aqui e começaria novamente em outro lugar.

— Tudo que quiser, Lizzy.

Ela sorriu e me beijou. Olhos fechados e coração acelerado. Mãos bobas ali dentro daquele carro, era praticamente nosso ninho de amor.

Meu amor me abraçou e ficou ali alguns segundos, com a rosto na curvatura do meu pescoço. Sua respiração quente em minha pele, parecia adentrar meus poros e parar em meus pulmões. Ela era meu ar, meu viver.

— Te amo pra sempre, Jake – sussurrou calma.

Toda vez que a ouvia dizer isso, parecia que tudo fazia sentido. Afaguei seus cabelos caramelos.

— Amo você eternamente.

 

 Merda! – exclamei dando um soco na parede.

Odiava quando relembrava o passado. Nada mais disso voltará, não posso viver com a sombra de uma desalmada me atormentando. Eu posso ter tudo, qualquer uma, qualquer mulher. Porém ela continua me atormentando os pensamentos. Deus, se foram onze anos, não onze dias.

Comprimo meus olhos e a única imagem que me vem na cabeça é ela. Agora famosa, bela, influente, sensual… Uma mulher cheia de si. Lana Del Rey.

Parece que ela conseguiu o que um dia tanto almejou, a fama, dinheiro, poder, glória. Mas tudo a que preço? Se a mesma admite viver num paraíso obscuro. Do que lhe adianta a fortuna se a vida não lhe faz sentido?

A última vez que a vi foi naquela fatídica noite, depois disso, somente por meios comunicativos. Ela sempre estava lá, na televisão, rádio… Sua voz e seu rosto pareciam estar para qualquer lugar que eu olhasse, quase como numa perseguição.

Mas hoje me vingarei, eu a terei. A terei implorando, quase desesperada para que eu a possua, depois a terei chorando para que eu não vá, para que eu não parta.

Provarei de Elizabeth e essa será a última vez.

 

Elizabeth

Os flashes do lado de fora da limusine negra me hipnotizavam. Eu amava isso. Adorava do fundo do meu coração toda essa comoção sobre meu ser. As luzes fortes, a falaria, a atenção em mim, o brilho.

Curvei meus lábios num belo sorriso e a porta foi aberta pelo chofer. Agradeci inaudivelmente, ele apenas assentiu.

Logo levantei meu rosto para a multidão de rostos e câmeras. Sorri e me movimentei em meu longo preto, qual continha uma fenda na perna esquerda, indo de minha coxa e se abrindo até o fim.

Posei numa feição séria e característica minha. As câmeras borbulharam e repórteres chamaram pelo meu nome. Movi-me de forma lenta, os olhos vidrados em mim. Acenei de leve como uma Rainha da Beleza.

O tapete vermelho sob meus scarpins pretos. Maquiagem realçando meus olhos grandes, longas unhas vermelhas. A Rainha Solitária acenava para a multidão apaixonada. Movimentei meus cabelos, agora num tom mais escuros. A Beleza Negra.

Sorri falsamente pela milionésima vez e me dirigi para dentro do salão. Passeei meu olhar pelo salão repleto de celebridades e pessoas influentes. Agora eu era um deles.

Avistei Tahliah, minha melhor amiga, ao lado do noivo Robert. A morena me acenou, andei até os dois.

— Nossa, amiga! – exclamou a moça – Está esplêndida.

Sorri sem mostrar os dentes, diziam que eu ficava meiga fazendo isso.

— Obrigada. Mas olhe para você. – avistei seu longo rosa com alguns enfeites pretos – Linda!

A garota me sorriu e agradeceu.

— Olá, Rob – cumprimentei o alto de olhos claros.

— Oi.

O alto era caladão mesmo, apenas sorri. Fiquei a observar o braço de Rob na cintura de Tahliah. Estavam noivos há seis meses. Ela uma famosa cantora e ele um ator renomado. Bela combinação, não?

— Lana, Lana! – escuto a voz de meu produtor. Viro-me para avistar Luke – Estava a sua procura.

— Achou-me então – brinquei.

O homem riu e chamou o garçom, qual veio e nos ofereceu uma taça de champanhe. Pegamos e bebericamos.

— Venha, tem alguém que eu quero lhe apresentar – puxou-me Luke de leve pelo braço – Conhece Alex Turner? Ele está aqui.

Comecei a acompanhar o homem calmamente.

— Sim, o cantor.

Luke assentiu.

— Disse que você estava aqui. Ele quer conhecê-la.

Franzi o cenho e sorri.

— Tudo bem.

Começamos a nos movimentar pelo enorme – monumental – recinto. Meus olhos passeavam por todos os lugares, acenava para alguns conhecidos. Andar gracioso e pomposo. Sorriso pra uns, feição séria para outros.

E num movimento gracioso o encontrei. Meu mundo pareceu sucumbir, senti-me pequena e indefesa. Um olhar gélido e frio me era direcionado pelos seus olhos. Olhos azuis, agora num tom frio e amargurado.

Sua feição dura, de maxilar travado me causou arrepios. Droga. Eu e Luke passaríamos bem pela roda onde Jake estava. Soltei o ar de meus pulmões e coloquei uma feição dura em meu rosto para esconder meu temor interno. Faziam mais de dez anos que não o via assim, tão perto.

Ele estava tão frio e tão sensual naquele smoking. Está ainda mais lindo do que no dia em que o deixei.

Ao passar por ele, não desgrudei meu olhar do seu. O verde esmeralda contra o frio azul. Minhas pernas queriam falhar, mas não deixei. Mantive-me forte e agressiva. Olhar firme no seu, olhar de uma má garota triste.

Sua face era impassível, olhar fixo ao meu. Quase senti o ódio que emanava de seu corpo. Seu corpo forte me atraiu… Ele está tão belo.

Não o julgo por odiar-me, ele tem todo direito. No fundo, ele deveria me agradecer pelo que fiz. O dei dor e determinação, bela mistura para se chegar ao sucesso.

Agora, já longe de Jake, fora do alcance de seu olhar perturbadoramente frio, pude sucumbir ao desespero. Não entendi uma única palavra torpe do que Alex ou do que todos ao meu redor diziam, eu apenas sorria e assentia, dava respostas evasivas.

A cada segundo olhava pra trás, mas ele havia sumido. Havia desaparecido de meu olhar e eu estava aqui, assombrada pela situação de segundos atrás. Umedeci meus lábios e pedi licença.

Parei na frente de um garçom, tomei uma taça de champanhe inteira em menos de dois segundos, a depositei na bandeja e saí dali.

Precisava sumir, mas não ir embora. Onde estaria Tahliah agora? Me sentia sozinha e desesperada. Minha amiga sabia de minha história, sentia-me segura com ela, mas agora, sentia-me vulnerável.

Não me deixaria transpirar, comecei a sair do aglomerado. Passos rápidos em meus saltos, adentrei um tipo de corredor. Andei toda a extensão do mesmo, subi uma escada à direita, encontrei outro enorme e assombroso corredor.

Inúmeras portas, papel de parede musgo, chão de madeira rústica, quadros esquisitos pendurados, lamparinas amareladas, tudo me ajudava para enlouquecer.

Encostei-me na parede, o peito subia e descia. Eu não sabia ao certo porquê. Bom, na verdade eu sabia. Jake. Jacob Benjamin Gyllenhaal. Agora mundialmente conhecido como Jake Tiger.

Fechei meus olhos e deixei-me acalmar. Coloquei minha mão sobre o coração, o mesmo estava disparado segundos atrás, como se eu fosse perseguida, perseguida por um tigre.

— Fugindo de alguém srta. Del Rey?

Abri meus olhos rapidamente e virei meu rosto para avistá-lo. Lá estava o desgraçado a metros de mim. Nojentamente lindo em seu smoking feito sob medida, cabelos ralos e olhos perigosamente frios.

Meu coração disparou novamente quando ele começou a se aproximar de maneira lenta. Parecia um predador, um nato tigre, enquanto eu, a presa.

Ele estava tão perto agora, me devorando com o olhar. Eu me sentia estúpida por não conseguir enfrentá-lo. Deveria ser a culpa no fundo de meu ser, deixando-me sem forças. Um dia eu sempre soube, a culpa me corroeria.

Jake parou em minha frente, apoiou uma mão na parede, um pouco acima de minha cabeça. Eu podia sentir seu cheiro, seu perfume. Seu olhar recriminador em meu rosto, senti minhas forças se esvaírem.

Ele sorriu de canto e vi ali, minhas barreiras irem por chão.

— O que foi? – ele tocou meus lábios com a ponta dos dedos – O tigre comeu sua língua?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler! bjs



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