Money Power Glory escrita por WeekendWarrior


Capítulo 3
Flipside


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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— O que você pensa que está fazendo? – inquiri raivosa encarando fortemente aqueles sombrios e nebulosos olhos azuis.

Ele encarou meus lábios e deu um sorriso nojentamente lindo. Ah, que ódio! Minha postura rude e solene parecia não intimidá-lo, quem parecia mais intimidado aqui, era eu.

Movi meu rosto para a direita, fazendo com que seus dedos parassem de tocar meu queixo e seu polegar, meu lábio inferior. Era tentação demais, ele estava lindo demais. Podia sentir seu perfume entrar por entre minhas narinas, sentia sua masculinidade e prepotência. Ridiculamente desejável.

— Apenas revendo uma velha amiga.

Respondeu calmo, ainda tinha um resquício do sorriso no canto dos lábios. Ele parecia tão calmo, tão suave. Deveria estar adorando essa situação, ter-me a sua mercê.

Ergui meu queixo e falei:

— Agora que já teve a honra de me rever – debochei – realmente gostaria de ficar sozinha. Se me der licença…

Apontei para o corredor.

— Algum problema? – indagou cínico.

Ele nem ao menos se mexeu. Continuou ali, em minha frente, corpo perigosamente próximo do meu. O antebraço ainda apoiado na parede um pouco acima de minha cabeça, sentia sua respiração calma.

Não minto, ele ainda me atrai e muito. Mas há um tipo de ódio e mágoa que nos rodeia. Essa aura que ao nosso redor está, nos faz ter uma química inexplicável. Ódio que um dia foi amor.

— Problema algum – respondi seca o encarando nos olhos.

Ponderei em dizer: Sim, o problema é você. Porém preferi manter-me intacta nessa luta silenciosa e perigosamente excitante.

— Hum, entendo... – ele se aproximou milimetricamente, umedeceu os lábios antes de falar e meus olhos caíram sobre a cena, ele percebeu – A vi no salão um pouco antes, parecia um tanto desfocada.

— Apenas um mal-estar, por isso gostaria de ficar só.

Jake deu um riso anasalado, um tanto debochado. Ele sabia o motivo pelo qual eu fiquei naquele estado, ele mesmo havia causado aquilo e fazia questão de me atiçar.

— Minha presença a incomoda?

Fiquei a encarar sua face. Como responder àquilo sem me comprometer?

— Você tem o direito de estar aonde quiser.

Ele meneou a cabeça negativamente.

— Não foi isso que perguntei.

Droga, ele estava tão perto, era difícil raciocinar com aquele par de olhos azuis sobre mim, ora com cobiça, ora com indiferença.

— Não, não me incomoda.

— Foi o que pensei – falou baixo e sorriu de canto.

Caramba! Mas que merda ele quer com isso? Matar-me de nervosismo ou de tesão? Ele está tão lindo esta noite, ele está sempre lindo, ele sempre foi. Porém o homem que encaro agora, não é o mesmo por quem me apaixonei anos atrás. Vejo um homem cheio de si e tão, mas tão confiante que poderia me intimidar e ao mesmo tempo fascinar-me.

Não faço ideia do que se passa na mente de Jake nesse exato momento, mas aposto que deve estar se divertindo. Devo estar parecendo tola e indefesa. Nada que tentei transparecer até agora deu certo, ele sempre deu um jeito de quebrar minhas paredes e chegar até mim, o meu verdadeiro eu.

Num movimento lento, ele começou a movimentar seu rosto para perto do meu, seus olhos fixos em meus lábios entreabertos e ansiosos. Deus do Céu! Fechei meus olhos e esperei pelo toque, qual não veio… Abri meus olhos rapidamente e percebi seu jogo, qual caí. Ele tinha seu rosto ao lado do meu, lábios em meu ouvido esquerdo.

— Gostaria que eu a beijasse? – sussurrou em meu ouvido de um modo tão tentador, que despertou partes de meu corpo até agora “calmas”.

Soltei um suspiro por entre meus lábios, não conseguindo verbalizar algo. Então, o homem colou seu quadril ao meu e não resistindo ao impulso, coloquei minhas mãos em seus largos ombros. Colei meu corpo ao seu.

Virei meu rosto para o seu, para tentar beijá-lo, mas ele esquivou. Suas mãos nem ao menos tocavam meu corpo, queria senti-las.

— Diga, – balbuciou em meu ouvido – quero ouvir.

Maldito! Queria ver-me implorar por um mero beijo. Seduziu-me do modo mais torpe e desejoso possível para ver-me rastejar. Mas eu quero tanto… Duvido que ele não me queira tanto quanto eu o quero agora.

— Sim, gostaria muito, Jake – deixei as palavras escaparem por meus lábios – E você? – eu precisava saber dele também. Não queria sentir-me a única morrendo de desejo.

Seu rosto se posicionou em frente ao meu, seus lábios rentes aos meus. Eu queria ouvi-lo dizer que também me queria, eu precisava, seria como uma redenção para mim. Um tipo de perdão.

Pela primeira vez suas mãos tocaram meu corpo, as senti em minha cintura, trazendo-me para mais perto dele.

— É o que eu mais quero no momento.

A primeira coisa que veio a minha mente foi a última vez que o beijei naquela fatídica noite. Foi um beijo raivoso e esse não seria diferente.

Senti seus lábios tocarem os meus com certa rudeza, meu corpo reagiu àquele toque de modo fervoroso. Foram tantos anos sem senti-lo, estar a tocá-lo agora deixou-me entorpecida.

Com um movimento lento prensou-me contra a parede, suas mãos passeavam por meu corpo. Era um beijo violento, rápido, algo carnal. Retribuía tudo na mesma medida, meu corpo pedia para estar mais perto, algo impossível.

Colando meu quadril ao seu senti sua excitação, qual atiçou a minha. Um choque corria meu corpo e encontrava meu baixo-ventre, meu corpo desejoso implorava por mais. O sentia no mesmo estado que eu, querendo obter mais.

Afastamos nossos lábios, pois o ar foi preciso. Minha mão esquerda em seus cabelos, a outra acariciando seu rosto, a barba rala parecia suave sob meus dedos. Mãos possessivas em minhas costas, seu olhar era forte em meu rosto. Nenhuma palavra foi dita antes do próximo beijo, ainda mais explosivo.

Meu corpo estava quente enquanto sua língua explorava minha boca numa dança sensual. Senti sua mão na minha coxa exposta pela fenda do vestido, seus dedos habitaram o local trazendo minha coxa para sua cintura. Um arfar foi solto pela minha garganta, sentia-me queimar.

Que inferno era isso? O paraíso? Sinto-me enlouquecer. Minha feminilidade anseia por seus toques, todo meu corpo anseia pela sua masculinidade. Isso era um pequenino gosto do Céu.

Afastei meus lábios dos seus, o rosto próximo um do outro. Não haviam palavras para descreverem esse momento. Jake aqui, tocando-me, beijando-me. Sinto meu corpo leve, como se um peso saísse de mim.

Não contendo ao impulso e não segurando o desespero que me abateu, o abracei. Passei meus braços ao redor de seu pescoço e encostei minha cabeça em seu ombro. O apertei em meus braços, o desespero em meu ser me culpava, mas o alívio de tê-lo em meus braços me acalmava.

— Jake, eu… – meu balbucio saiu quase inaudível.

Queria poder falar algo ou explicar toda a confusão em minha mente, mas no turbilhão de pensamentos que eu me encontrava, parecia ser difícil.

— Senti sua falta – falei baixo perto de seu ouvido.

Já não era mais eu ali, Lizzy havia voltado à tona e com ela, todo o amor que por Jake sentia. O homem ficou em silêncio, o que fez meu coração murchar, porém não me senti tola ao revelar meu desespero interno.

— Você está linda – ele trouxe meu rosto para frente do seu, para poder fitar-me nos olhos – Dance comigo.

Primeiramente franzi meu cenho, pois a primeira coisa que veio em minha mente foi: Fotógrafos. Seria uma bela notícia, mesmo que aqui dentro a imprensa fosse pouca, ainda chamaríamos a atenção.

Mordi meu lábio inferior e sorri.

— Adoraria.

Ele sorriu de lado e se movimentou solene para fora dali, comigo agarrada a seu braço. Sentia-me bem, mas ao mesmo tempo estranha. Ele estava agindo como se nada do que aconteceu segundos atrás o afetasse. Eu ainda sentia minhas pernas bambas e o coração louco dentro do peito.

Antes de adentrarmos o salão, Jake capturou meus lábios num beijo rápido e guiou-me para fora, para todas as pessoas presentes no evento. Tomei uma respiração e ganchei meu braço no dele, admito que agi com um pouco de posse.

Passamos pelos olhares impiedosos de estranhos, ouvia o clique da câmera fotográfica, todos deviam estar estranhando, pois não chegamos juntos. Fodam-se esses idiotas.

Alguns casais dançavam suavemente na pista de dança em frente a banda que tocava um Jazz. Nesse momento meu coração acelerou pela milionésima vez. Meu Deus do céu! Era Jake aqui comigo, o homem que um dia massacrei os sentimentos.

Suas mãos se apossaram de minhas costas e cintura. Pus levemente minhas mãos em volta de seu pescoço, acariciei sua nuca e sorri sem mostrar os dentes. Nossos corpos se moviam juntos, num incessante roçar.

— Estão todos olhando – sussurrou em meu ouvido.

Um arrepio passou meu corpo e encontrou meu ponto sensível. Mas que infernos é isso? Voltei a ser uma adolescente movida a hormônios?

Dei uma olhada rápida ao nosso redor, olhares fervorosos e curiosos. Alguns fotógrafos contratados pelo evento nos tiravam fotos, desviei o olhar e olhei para outro canto, canto qual encontrei Tahlia. A morena tinha a boca em formato de “O”. Contive o sorriso para minha amiga, se ela não estava acreditando, quem diria eu.

— Vamos estar em todos os sites de fofoca amanhã.

Ele riu, aquele riso lindo, que por tantos anos não ouvi.

— Pensei que gostasse. Não era o que queria?

O tom de suas palavram me feriram, mas tentei transparecer passividade.

— Sim, era. Mas não pensei que também quisesse isso – falei me referindo a fama.

Ergui meu rosto para encará-lo. A alegria de seu rosto havia desaparecido.

— Junto com o empenho, dedicação e honestidade, coisas boas veem. Não precisei humilhar ninguém para estar aqui.

Aposto que um soco no estômago doeria menos, uma facada em minha coxa verteria menos sangue do que meu coração agora parecia verter.

Procurei palavras para revidar, mas não achei. Abaixei o olhar e olhei um tanto perdida para os outros rostos. Engoli a saliva de minha boca, tomei coragem e abri meus lábios para falar.

— Jake, eu fui tão…

— Lana, Lana! – escuto a voz de Luke a interromper-me, praguejo mentalmente – Como se atreve a sumir assim?

Desfiz-me do abraço de Jake e encaro meu sorridente produtor.

— Eu estava um tanto…

— Xiu! – cortou-me – Sem desculpas, por favor. Lembra de nosso combinado? – virei os olhos – Sim, isso mesmo. Sua noite para socializar.

— Mas eu… – tentei falar.

— Desculpe-me Sr. Tiger, por tirá-la de sua companhia – Luke segurou meu braço e sorriu para Jake – Logo a libero.

Procurei por seus olhos azuis, ele sorria. Dei de ombros e deixei o homem mais velho guiar-me até sua roda estúpida de colegas de trabalho.

Cada segundo ali parecia uma eternidade, tentava soar o mais simpática possível, porém só queria saber onde Jake estava, queria estar com ele. Merda!

Não me aguentei cedi a meu desejo. Deixei os idiotas pra trás e andei apressada por entre o salão, feição esperançosa e coração a mil. Onde estaria ele? Fui até a pista, onde estávamos antes. Porém lá chegando, senti minhas expectativas caírem por terra.

Jake tinha um loira na mesma posição que eu minutos antes, seus braços bronzeados por sobre os ombros largos dele. Estavam tão próximos, meus olhos queimaram ao perceber as mãos que a segundos atrás tocavam-me, agora tocando outra. Ela sorria de algo que ele falava, Jake esticou-se e cochichou algo em seu ouvido, no exato momento seu olhar encontrou o meu.

Eu estava parada que nem uma idiota ali, óbvio que ele havia virado um galinha e não perderia a chance de me tirar uma casquinha. A raiva me subiu a cabeça, não admitia ele fazer isso. Mal suas mãos saíram de meu corpo, já acariciavam outro. Maldito! Saí dali em passos rápidos, não antes de dá-lo uma encarada cheia de ódio.

Como sou tola, idiota, imbecil! Me deixei ser fácil, mas sempre fui assim com Jake, me entreguei a seu amor sem uma única reserva.

Quando dei-me conta estava no hall parcialmente vazio do salão, parei ao ouvir a falaria que vinha lá de fora, uma multidão de fotógrafos.

— A não ser que queira encontrar um mar de fotógrafos, pode sair por essa porta.

Fechei minha feição, cruzei meus braços e virei-me para encará-lo.

— Como você mesmo disse: Eu quis isso!

Ele riu de canto e levantou os braços num modo de rendimento. Parecia se divertir com a situação.

— Sim e fez de tudo para que isso fosse real.

— Vai se ferrar, Jake. Vai embora!

O dei as costas e comecei a andar em direção a porta.

— Estou indo embora, venha comigo.

No mesmo instante virei-me para encará-lo indignada. Comecei a andar em sua direção, era um cínico mesmo!

— Ouvi bem? O que disse?

— Venha comigo – pediu – Minha limusine está na saída dos fundos.

Fiquei a encará-lo, sua postura egocêntrica fazia-me tê-lo ódio, mas era praticamente irresistível. Mordi meu lábio inferior.

— Me dê um bom motivo.

Ele sorriu convencido, sabia que estava por cima na situação, me tinha por vencida.

— Se não vier comigo agora, Elizabeth – ele se aproximou alguns passos – nunca mais me verá.

Minha boca se abriu para falar umas três vezes, nada saía. A verdade é que eu seria uma completa idiota se não fosse com ele e três vezes mais idiota se fosse. Uma luta entre razão e sentimento. Droga!

— Para onde vai me levar? – perguntei dando-me por vencida, assim tirando dele um sorriso presunçoso.

O homem estendeu-me sua mão.

— Apenas confie em mim.

Receosa aceitei sua mão e fui conduzida para fora dali. Logo estávamos na limusine, as luzes noturnas de Los Angeles ao nosso redor.

— Pra onde estamos indo? – indaguei.

Jake passou seu braço por sobre meus ombros e beijou-me o canto dos lábios.

— Para o melhor Hotel de L.A.

Franzi meu cenho e o afastei.

— O que você quer, Jake? – perguntei incrédula.

— Terminar o que começamos naquele corredor – sua mão puxou meu rosto, deu-me um beijo, qual não neguei, retribuí. Sua mão puxou minha coxa para seu colo, soltei um arfar – Não quer isso também?

Deus, é o que mais quero. Sinto minha feminilidade implorar pelo desejo carnal, meu corpo grita. Num impulso trago seu rosto para mim e o beijo. Dane-se tudo! Eu o quero e não ligo o quão tola possa estar sendo agora. Afasto meus lábios dos seus, acaricio sua nuca.

— Sim, Jake, eu quero – o beijo lentamente – Muito.

Somos adultos, crescidos, por que fingir? O quero, ele me quer. Vamos ao menos, essa noite, esquecer do passado.

Logo já estávamos na suíte presidencial daquele Hotel. Minha mente não pensava em mais nada que não fosse Jake, o homem que me tinha nos braços nesse exato momento. Corpo quente e grande, contra meu corpo curvilíneo em chamas. O necessitava mais do que o próprio ar em meus pulmões.

Sua boca não desgruda de meu corpo, suas mãos vagam por todos os lados. Sinto o zíper de meu vestido descer e depois o vestido negro escorre por meu corpo até o chão. Ele fica a encarar-me por alguns segundos, admira meu corpo, agora de uma mulher, não mais da garotinha que ele um dia amou.

Sou levada para o enorme quarto e depositada na cama, igualmente grande. Só penso em tocá-lo, por todo o corpo, só penso em tê-lo me tocando. Nós juntos, assim, me parece tão certo. Será que vale citar agora que me arrependi amargamente cada dia sem ele, desde aquela fatídica noite?

Ergo-me e desfaço sua gravata, tiro sua camisa com uma pressa descomunal. Ataco sua boca e levo meu tronco ao seu, preciso sentir seu toque. Sinto o desespero voltar…

— Senti tanto a sua falta – falo enquanto seu corpo pesa sobre o meu, seus beijos cobrem meu queixo e pescoço – Preciso tanto de você.

Não me importando, deixo as palavras fluírem. Pra que esconder se já estamos aqui?

— Lizzy… – murmura e beija minha clavícula.

Solto um sorriso ao ouvi-lo chamar-me por meu antigo apelido, é como se houvesse uma aceitação de perdão. Será que ele sente isso? Oh, como o necessito.

Segundos depois, nossas roupas já não habitam nossos corpos e fazemos parte um do outro. Não sabia se sorria ou centrava-me no prazer que me era proporcionado. Parecia surreal demais, pois Jake estava me amando, amando-me forte e decidido.

Apertei minhas coxas ao seu redor e finquei minhas unhas em suas costas largas. Havia quase me esquecido do quão bom era tê-lo em mim, quase podia lembrar da primeira vez que nos amamos, quando o entreguei minha virgindade.

Fechei os olhos e deixei meus gemidos fluírem junto com os dele. Corpos que se roçavam, bocas coladas, um mínimo suor nos tinha envolvidos. Não queria que parasse, nunca. Jake me tinha como se não fosse obter o bastante, estava indo com ardor, eu apenas fazia receber e retribuir de meu jeito.

Nossos olhares se encontraram em toda aquela paixão e pude ver redenção, pude ver sinceridade, pude ver muita coisa, coisas que não poderia decifrar, não nesse momento, não com Jake entre minhas pernas enlouquecendo-me pouco a pouco.

Beijei-o entregando-o minha chama interna, apenas apartamos os lábios quando o ar foi preciso, quando os gemidos tomaram conta, quando tudo esquentou como lava. Pendi minha cabeça para trás prensando os olhos em prazer, boca aberta e gemidos dóceis, sons guturais, sentia o tempo parar enquanto a pele firme de Jake roçava de encontro a minha.

E no meio de toda essa redenção sinto meu corpo flamejar, sinto Jake amar-me mais rápido, derreto-me no prazer do orgasmo, logo meu homem alcança seu paraíso. Dou um mínimo sorriso e o sinto pesar seu corpo sobre mim relaxando, uma sensação deliciosa.

O sinto mexer-se e deitar ao meu lado, peito ofegante. Não me contendo, agarro-me a seu tronco, o abraço. Passo meu braço sobre seu abdômen como uma condenada, uma viciada. Uma alegria abate meu ser como nunca antes senti, quero dizer, como há muito não sinto.

Nenhuma palavra é pronunciada, mas aposto que sua mente está igual a minha, num turbilhão de pensamentos, sem fim.

— Não acredito que é você aqui comigo – balbuciei meio grogue.

— Sou eu, Elizabeth. Jake.

— Eu sei… Acho que estou um pouco fora de mim, só isso.

Ele ajeitou-se de modo a me encarar. Era tão bom poder fitá-lo nesses olhos azuis novamente, se não fosse por isso, juraria estar sonhando.

— Também posso dizer que não estou em meu melhor estado mental.

Ri de seu tom cômico, algo que também senti muita falta. A questão era: Oque eu não sentia falta? E sorrindo levei minha mão até seu rosto, tocando a macia barba rala.

— Nenhum de nós esperava esse encontro… essa noite… Ou esperava?

Ele demorou um pouco para responder.

— Pois é, não esperávamos. Mas o que acha de um champanhe? – perguntou levantando-se – Está com fome?

Sorri de canto encarando suas belas costas e traseiro perfeito, mordi meu lábio inferior enquanto Jake pegava sua boxer do chão e a vestia. Ele virou-se com o rosto ainda em indagação.

— Champanhe seria ótimo – respondi.

Logo nos servíamos na sala de estar da suíte, que por assim dizer era enorme, bem arejada, toda em tons brancos, com uma enorme janela com a bela visão panorâmica de Los Angeles.

Sentei-me no colo de Jake sorrindo, peguei um morango na bandeja sobre a mesa, o banhei no chocolate derretido e o levei até a sua boca. Ele sorriu abocanhando o fruto, depois pegou uma uva e fez o mesmo comigo. Dei risada quando espalhou chocolate propositalmente pela minha boca.

— Opa, desculpa. Agora acho que vou ter de limpar isso – disse num tom fingido.

Arqueei as sobrancelhas.

— É bom que limpe certinho.

Sorrindo ele chegou até meus lábios, lambeu-os lentamente e sem esperar lancei minha língua contra a sua, sentindo variados sabores, morango, chocolate, álcool; mistura deliciosa e sensual.

Passei meus braços ao redor de seu pescoço aprofundando o beijo doce, qual logo deixou-me excitada, e me ajeitando sobre ele, passei minhas pernas ao redor de sua cintura, sem desconectar o beijo, que também o levava aos extremos.

Quando nos apartamos senti-me mais pronta que antes, mais faminta, faminta por ele. Eu não sabia o porque de ter resposto minha lingerie se teria de tirá-la novamente. Porém fitando fundo em seus olhos a pergunta brotou na ponta de minha língua:

— Você sentiu minha falta?

Jake ficou a me encarar por longos segundos, apenas fitando fundo em meus olhos. Eu sabia que ele pensava em um milhão de coisas, porém não as dizia, ele era assim, eu já sabia.

— Eu sei que éramos jovens, – continuei minha fala – que faz tempo. Não estou dizendo que ainda sentimos o mesmo, mas… Eu senti sua falta… De verdade.

Ele segurou meu rosto com ambas as mãos.

— Senti sua falta todos os dias, Elizabeth.

Arfei e segurei a surpresa ao ouvir isso vindo dele. O que fiz foi apenas beijá-lo mais uma vez, assim esquecendo tudo ao redor, porém ele apartou-nos com vagar.

— Sempre senti sua falta, todos esses anos e ao mesmo tempo que odiava vê-la nas revistas, eu adorava… Adorava vê-la, saber que havia finalmente alcançado seu sonho e saído daquela cidade. Fiquei feliz por você, Elizabeth.

— Jake, eu…

— E eu entendi que talvez nossa separação tenha sido melhor para nós, claro que naquela época aquilo me destruiu, mas nunca saberíamos como poderia ter sido. Só quero que saiba que sempre estive a torcer por você, mesmo em meus dias mais odiosos.

Suspirei cansada sentindo a culpa me corroer.

— Nós podemos concertar isso, não acha?

Mas ele não respondeu minha pergunta, apenas pegou mais um morango, terminou seu champanhe perguntando:

— Que tal a banheira de hidromassagem?

Apenas assenti escondendo minha tristeza.

E nus na banheira enorme de hidromassagem repleta de espumas sorríamos. Enquanto arrumava meu cabelo num coque falei:

— Quem diria que estaríamos aqui, não?

— Sim, quem diria – proferiu encostando-se na beirada da banheira – A famosa Lana Del Rey. Alguns morreriam e matariam pra te ter assim.

O empurrei no ombro.

— Não fale assim, Jake. Credo!

Ele riu me trazendo para perto de si, pondo-me rente a seu peito. Levou seu polegar e indicador para meu queixo o acariciando com carinho.

— Mas só eu te tenho aqui, agora, nesse momento.

— Estou tão feliz por isso.

— A vi no exato momento que entrou no salão, demorou tanto pra me notar.

Ri me lembrando da cena.

— Eu quase tive uma síncope quando o vi lá. Pensei que fosse cair dura no chão, então você chegou do nada, me sufocando, me beijando… O que tinha na cabeça?

— Não sei, fui movido por ímpetos.

— Posso dizer que eu também fui movida por ímpetos, por isso estou aqui.

— Somos os sortudos da vez então.

Assenti o beijando e Deus, como era bom beijá-lo, havia quase me esquecido de como era bom sentir seus lábios nos meus, sua língua numa disputa sensual contra a minha. Seu jeito único de beijar, de me enlouquecer. O modo que segurava minha nuca, inclinava sua cabeça em direção a minha, a mão que descia por minhas costas por fim apalpando meu traseiro, trazendo-me para seu colo, escarranchada sobre si.

Gemi já excitada quando senti a dureza de sua excitação contra meu ponto sensível e num deslize logo fazíamos parte um do outro, nos amando freneticamente dentro daquela banheira cheia de espuma.

Num movimento rápido virou-me ficando por cima, dando-me seu melhor, com força, com maestria, fazendo com que eu rolasse meu olhos e me agarrasse mais em seus ombros. E sem nenhum tipo de pudor gemi me entregando a toda a sensualidade ao nosso redor, dentro de nós.

Por fim chegamos no ápice de nosso prazer, relaxando nossos corpos e aproveitando o conforto do corpo do outro. Encostei minha cabeça em seu peito e inevitavelmente lembranças de nosso passado juntos me abateram. Levantei meu rosto para o seu, qual achei preocupação.

— Tudo bem, Jake?

Rapidamente seu cenho franzido se desfez, sorriu pra mim.

— Tudo ótimo.

Sorri me ajeitando na banheira.

— Estava pensando em nós, em Wimberley. Lembra da primeira vez que nos vimos?

Ele riu assentindo, as lembranças tomando sua mente.

— Sim, lembro e como esqueceria? Você era a garota mais emburrada que eu conhecia.

— Oh, não fale assim! Eu apenas não era tão fácil assim e bom, admito que eu era um tanto difícil de lidar.

— Difícil? Tive que quase implorar por nosso primeiro beijo.

Cruzei os braços em fingida raiva.

— Pare! Não foi bem assim.

Ele riu de minha feição.

— Claro que foi! Fiquei semanas te rodeando, chamando sua atenção, te convidando pra sair, cortejando a madame difícil, mas sabe o quê? Valeu a pena no final.

Pendi o rosto pro lado sorrindo minimamente.

— Tá bom… Eu admito – proferi me aproximando e o segurando pela nuca – que fui um pouco resistente.

— Um pouco?

Ri finalmente cedendo a verdade.

— Tudo bem, fui muito chata com você, mas eu não queria admitir pra mim mesma que estava terrivelmente atraída por você, foi questão de tempo até me apaixonar perdidamente.

Ele sorriu de canto fitando-me intensamente nos olhos, seus dedos foram até as mechas que haviam soltado-se do coque e as colocou atrás de minha orelha. Seus olhos analisando toda minha face, meu nariz, boca, olhos… O que será que ele pensava?

— Também me apaixonei perdidamente por você, Lizzy.

— Você me chamou de Lizzy... – falei chegando mais perto sorrindo.

Jake rapidamente virou o rosto pigarreando.

— Hum, bom, então… Que tal sairmos? A água já está esfriando.

Apenas assenti sem entender direito. Ele logo saiu da banheira, quase num rompante, deixando-me sozinha ali, com meus pensamentos. Impressão minha ou ela estava um tanto evasivo? Meneei a cabeça negativamente saindo dali, peguei uma toalha e a enrolei em meu corpo.

Encontrei Jake com uma toalha ao redor da cintura sentado na beirada da enorme cama, de costas para mim. Ombros relaxados, cabeça baixa, suspirou passando a mão pelo rosto.

— Algum problema? – indaguei me aproximando.

O homem virou-se para me fitar.

— Está tudo bem, nenhum problema.

Franzi o cenho me aproximando, sentei-me ao seu lado.

— O senti distante por um segundo.

— Apenas cansaço, tenho treinado muito.

— Oh, entendo. Sua luta está chegando, não? Ouvi algo sobre isso.

Ele assentiu devagar. Apoiei meu queixo em seu ombro fitando-o de perto.

— Por que não esquecemos o mundo lá fora? Pelo menos hoje? – o indaguei – Todos os problemas e compromissos.

Virou o rosto para me encarar.

— Parece uma boa ideia.

E mais nada foi dito, ele apenas arrancou a toalha de meu corpo enquanto devorava minha boca num beijo avassalador. Fui pega de surpresa, mas correspondi na mesma medida, forte e decidido.

Agarrei seus ombros o trazendo para o centro da cama, ficando sob ele, sentindo seu peso, o corpo quente, o coração pulsante. Mas dessa vez era diferente, Jake estava faminto, muito mais que da primeira vez. Eram mordidas, chupões e mãos firmes. Não, eu não estava reclamando, muito pelo contrário, estava adorando tudo.

Num movimento rápido me pôs de quatro me penetrando sem dó, gemi de dor e prazer arqueando minhas costas. Segurei com força nos lençóis, fechei os olhos gemendo seu nome, pois era a única coisa que se passava em minha mente.

— Jake… – arfei.

E com maestria enrolou meus cabelos em sua mão, assim pendendo minha cabeça para trás. Encostou seu corpo ao meu, sem parar de mover um segundo sequer, sentia-me mole de prazer, explodiria a qualquer momento.

— Diz que é minha, Elizabeth – rosnou em meu ouvido.

— Sou sua, Jake…

— Que sempre foi minha.

— Sempre fui sua… Oh, Jake… Sempre sua... Só sua.

Soltou meus cabelos e arremeteu com força me levando ao paraíso, logo em seguida quem obteve seu ápice foi ele, gemendo roucamente, tombando na cama junto de mim.

Uau! Isso foi intenso, mal podia lembrar-me da última vez que transei três vezes em apenas uma noite. E Deus, eu pude até sentir um certo tipo de raiva no jeito que ele tomou-me nessa última rodada.

Rolei na cama ainda exasperada, extasiada. Sorrio e me aconchego mais ao calor de seu corpo, porém repentinamente ele se senta, depois se levanta. Franzo meu cenho confusa, pois ele não diz nada. Sento-me na cama para observá-lo, Jake anda até suas roupas espalhadas pelo quarto e as recolhe, logo veste a calça e termina de abotoar o cinto quando saio de meu estupor.

— O-o quê… – meus lábios tremem – Jake, o que você… O que é isso? Aconteceu algo?

Sentindo-me envergonhada cubro meu corpo com o lençol. Ele nada responde, pega a camisa social e começa a vesti-la. Meus olhos enchem-se de lágrimas não acreditando no que vejo.

Levanto-me da cama embolando o lençol a minha volta.

— Que merda está fazendo? O que é isso? Não haja assim! – exclamei ao seu lado – Estou aqui! Olhe pra mim! Me responde o que você…

— Já tive o que quis – diz rudemente me olhando firme nos olhos.

Meu cenho se franze, não sei se de raiva ou tristeza, talvez nojo ou vergonha. Meu peito arfa por segurar o choro repentino, não consigo segurar a droga das lágrimas.

— Mas eu pensei que…

— Pensou errado – me interrompeu – Fique tranquila, vou dar ótimas recomendações suas – disse com deboche.

Não contendo meu ódio, avanço nele. O dou socos no peito, no braço, aonde consigo alcançar.

— Seu desgraçado! Bastardo! Miserável! – digo raivosa enquanto ele segura meus pulsos sem esforço algum – Por que não me levou de uma vez pra um motel barato? – indaguei puxando meus braços num solavanco – Por que fez isso? Por que fez isso comigo, Jake? – gritei a última frase – Arquitetou tudo, não foi? Por isso estava tão evasivo. Meu Deus, como sou tola! Como pude cair na sua laia? Como pôde, Jake?

Por um segundo vi um resquício de culpa em seu olhar, qual imediatamente sumiu.

— Você quem aceitou vir comigo, Elizabeth.

As lágrimas já não estavam sob meu controle. Me afastei dele e fiz cara de nojo. Apertei o lençol contra meu corpo, sentia-me enojada.

— Nunca me senti tão usada… Nunca…

Disse aos prantos, sentia-me uma prostituta barata. Porém Jake não se abalou, andou até onde estavam seus sapatos e os calçou, depois centrou sua atenção em mim.

— Vou chamar um táxi pra você.

Não consegui manter seu olhar sombrio, virei o rosto e deixei as lágrimas escorrerem. O ouvi dar um suspiro e dizer:

— Adeus, Elizabeth.

E o homem sumiu pela porta do quarto, depois ouvi a porta de entrada ser batida. Meus lábios tremularam, minhas pernas falharam, não tinha forças para manter-me em pé, fui escorando meu corpo na parede até o chão.

Levei minhas mãos até meus ombros e desci arranhando fortemente o local. Sentia-me suja, enojada, envergonhada, usada… Acima de tudo humilhada. Fui tratada como uma puta barata, talvez nem as mesmas fossem tratadas assim.

Olhei para a cama que minutos antes, foi onde nos amamos. Poderia jurar que aquilo foi real, mas nada foi o que pensei. Nada do que fizemos ou falamos foi levado a sério, tudo perdido no ar. Como pôde? Como pôde usar-me de tal maneira? Obviamente ele havia arquitetado tudo isso, uma vingança pessoal. Maldito! Maléfico! Ordinário! Mal consigo achar adjetivos para defini-lo.

Aperto meus braços em torno de meus joelhos e abaixo a cabeça. Eu sempre soube que esse dia chegaria, o dia que eu pagaria pelo que fiz. Sinto-me tão indefesa agora… Depois de ter abaixado minha guarda e me iludido.

Nada posso fazer para melhorar isso, nada poderei fazer. Soluço aqui, nesse canto, encolhida. Pequena e indefesa, volto a ser uma criança boba, qual foi enganada, ludibriada.

Por Deus, odeio-me tanto, mas tanto por ainda amá-lo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



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