Money Power Glory escrita por WeekendWarrior


Capítulo 1
Goodbye Kiss


Notas iniciais do capítulo

O começo do fim... ;'(
Boa leitura.



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Wimberley – Texas 30 de agosto de 2004

 

— Aonde vai com tanta pressa, minha filha? – perguntou-me mamãe, pois eu havia descido as escadas num rompante.

— Vou me encontrar com Jake.

Aproximei-me dela e a dei um beijo de até mais.

— Esses jovens apaixonados – divagou ela sorrindo – Não volte tarde, hein!

Já me encontrava na porta quando dei um suspiro pesaroso antes de abri-la.

— Com certeza voltarei cedo, mamãe – proferi num tom triste.

Estava com medo do que estaria prestes a fazer, porém não haveria mais volta. Desde o começo eu sempre soube que seria assim, sempre soube que teria um final destrutivo.

Corri até a garagem e peguei minha bicicleta. Montei na mesma e me distanciei do bairro.

Eu pedalava a bicicleta com pressa. A noite já havia caído e as estrelas brilhavam acima de mim. O vento quente do verão batia em meu rosto, meus cabelos esvoaçavam pra trás, meu coração palpitava em antecipação, eu estaria prestes a desperdiçar a melhor e pior coisa da minha vida.

Minhas pernas começaram a amolecer e pedalar foi ficando difícil, forcei meus músculos para não falharem, sentia minhas mãos suarem e meu coração bater ainda mais rápido.

Adentrei a estrada de terra onde combinamos de nos encontrar. Um desespero me abateu, quando eu visse seu rosto, com certeza pensaria em desistir de fazer isso, mas era o certo, sempre foi. Mas por que a cada pedalada mais perto eu sentia vontade de não fazê-lo? Merda.

E lá estava ele, o avistei encostado na frente de sua picape C10. Braços cruzados e semblante sério, seriedade qual se desfez ao me ver. Não retribuí seu belo sorriso.

Desci da bicicleta, a joguei num canto qualquer, aproximei-me dele com o peito subindo e descendo. Como antes pensei: Seria dolorosamente difícil fazer isso. Depois que o encarei nos olhos azuis ponderei desistir… Deus!

Jake; em sua regata branca e jeans surrado veio ao meu encontro e me abraçou, logo seus lábios acharam os meus. Retribuí àquele beijo como se fosse o último – e talvez fosse.

Ele segurou-me o rosto e me encarou. Seu cenho franziu.

— Não trouxe nada?

Tirei suas mãos de meu rosto e segurei as lágrimas. Umedeci meus lábios e engoli a saliva de minha boca. Eu não conseguia falar.

— Jake… e-eu não vou – disse dando dois passos pra trás – Eu não posso.

Sua face estava num misto de surpresa, raiva, decepção… tristeza. O rapaz balançou a cabeça de um lado pro outro, parecia não entender.

— Lizzy… O que? Não entendi bem.

— Sim, você entendeu muito bem – tomei uma respiração – Eu não vou embora com você – proferi calma e pausadamente.

Ele riu, um riso incrédulo. Parecia ainda não acreditar. Eu estava o deixando sem chão, estava o magoando, estava o deixando partir.

— Não, não, não – se aproximou e segurou meu rosto – Nós fizemos uma promessa, juntos pra sempre, lembra?

Abaixei meu olhar e senti algo quente escorrer meu rosto, eram lágrimas, dolorosas lágrimas. Não poderia fraquejar, não agora. Eu não teria futuro ao lado de Jake, um caipira ignorante e estudado até o ensino médio.

Tirei suas mãos de meu rosto com rudeza.

— Juntos pra sempre? – ri debochada – Pra que? Que futuro teríamos? Você num trabalho meia-boca, tendo uma vidinha meia-boca enquanto isso, eu em casa, três filhos ranhentos correndo de lá pra cá, comigo grávida do próximo, relando a barriga no fogão? É isso que quer? Eu não! – apontei para meu peito com força, minha voz soava áspera e rude. Teria de ser assim – Por esse e outros motivos não partirei contigo.

Ele ficou a me encarar como se não acreditasse, seus olhos estavam lacrimosos. Podia quase ouvir seu coração se quebrar, pois o meu já estava em um milhão de pedaços. O garoto tinha o peito arfado, como se segurasse o mundo ali dentro, talvez se segurasse para ser forte e não chorar.

Finalmente ele disse algo, depois de um silêncio infernal.

— Seriam nossos filhos, Lizzy. Você sabe, vou ser um grande lutador um dia…

Bufei o interrompendo.

— Jake, nem de uma academia você faz parte. Fica nessas lutas clandestinas ridículas, se quebrando por míseros dólares… Vai passar a vida toda assim? Se matando por uns míseros dólares?

Ele passou a mão pelo rosto num ato de autocontrole. Sua fúria e tristeza pareciam transpassar seu corpo e chegar ao meu. Eu estava acabando conosco, eu estava acabando com Jake.

— Mas que merda você quer, então? Dinheiro? Eu te dou. Vou ao inferno, vendo minha alma, viro o maior traficante dos Estados Unidos por você, Lizzy – seu desespero era visto – Só não… me deixe.

As lágrimas já não estavam mais sob meu controle. Vê-lo assim, desesperado e temendo por perder-me, fazia-me querer deixar disso e fugir com ele. Mas minha ambiciosidade era maior que qualquer coisa. Eu sairia daqui um dia, dessa cidade, seria alguém grande e importante, não seria Jake a me libertar dessa situação, nem mesmo a si Jake conseguiria salvar.

— Não faça promessas que não pode cumprir. Ponha em sua mente, você nunca será ninguém – cuspi a frase – Nada, ninguém! Não viveria nem ao menos um dia em seus moldes. Jake, não nasci pra ser a esposa de um pobre coitado… – suspirei – Não posso.

Meneei a cabeça com força, as lágrimas haviam secado. Jake parecia desolado e perdido, igual um cãozinho sem dono. Seu olhar perdido o entregava, estava aos cacos. A verdade havia o atingido como um balde de água fria.

— Eu te amo, Lizzy e quase não posso acreditar no que você está fazendo e dizendo, mas… Você tem o direito de viver sua vida do jeito que quer. Mas pelo amor de Deus, não faça isso – o garoto pegou uma respiração e expirou com força por entre os lábios – Se você não vier comigo, irei sozinho, eu irei.

Franzi o cenho com força e mordi meu lábio inferior.

— Vá e nos faça um grande favor. Não há nada em você de meu interesse – o olhei firme nos olhos, fingi desprezo – Eu não te amo… não mais.

Isso soou como um tapa no rosto de Jake, pois ele arregalou os olhos de um modo espantado. Ele não esperaria isso de mim, tanta frieza. Não depois desses dois anos. Dois anos juntos, dois anos de completo amor. Acredito piamente que Jake seja o amor de minha vida, mas não posso me entregar a isso, a essa vida miserável.

Meus dezoito anos não mentem, o tempo passado ao lado de Jake foi o melhor, cada dia, cada instante. O garoto, cinco anos mais velho que eu, agora chora.

— Não faça isso, meu amor – se aproxima, me esquivo de suas mãos – Ontem mesmo você disse que…

— Eu sei o que disse. Nada mais importa, vá embora e nunca mais volte – o interrompi.

A noite passada passamos juntos, nos amamos de maneira tórrida. Prometi que o amaria pra sempre e que nunca o deixaria ir. Nós iríamos embora juntos de Wimberley essa noite, mas nada mais disso importa, nada.

De um segundo pro outro, a feição de Jake mudou. Um muro foi posto entre nós, desse modo que teria de ser. Eu escolhi, eu fiz assim.

— Você vai se arrepender por cada palavra dita, Lizzy – falou por entre os dentes – Eu… eu nunca vou esquecer isso. Você vai se arrepender.

Meu coração disparou em desespero e dor. Estava finalmente feito. Sorri com tristeza.

— Sim, eu sei, Jake.

Me virei e comecei a andar em direção a minha bicicleta, porém logo sinto um aperto em meu braço e num impulso ele me vira. Sinto seus lábios prensarem os meus com fúria, uma de suas mãos aperta meu maxilar.

Jake ataca minha boca com fúria, como um dia nunca fez. Eu mal consigo corresponder à rapidez de seu beijo e a fúria dele também. Lágrimas caem enquanto damos esse beijo, uma despedida raivosa e rancorosa.

Aproveito esse ódio momentâneo e retribuo ao beijo. Nenhum de nós sairá o mesmo daqui, nenhum de nós dois sairá com o coração intacto.

O garoto me afasta de seu corpo com força, fazendo-me dar dois passos pra trás. Meu peito sobe e desce, ele parece estar no mesmo estado.

— Vai sentir muita falta disso – disse com raiva, depois sorriu com deboche – Adeus, Elizabeth.

Ele anda rápido até a picape, adentra o automóvel. Uma vontade de correr atrás dele me assola enquanto fito suas costas, mas não faço nada disso.

— Adeus, Jake – sussurro enquanto o contemplo partir.

Logo seus faróis somem e me deixam na escuridão daquele lugar. Seguro-me para não cair de joelhos naquela terra rochosa. Movimento meu corpo inerte até minha bicicleta. Limpo as lágrimas e tento me recompor.

Não foi o que você quis, Elizabeth? Está feito.

Agora preciso manter-me firme, preciso superar isso, foi o melhor. Jake me seria um empecilho, tento convencer minha mente disso. Engulo o choro.

Conheci um produtor musical de uma gravadora influente e ele está disposto a me ajudar nessa caminhada ao sucesso. E bom, eu estou disposta a qualquer coisa para conseguir minha glória. Nem que eu tenha que dormir com vários homens da indústria musical, mas alcançarei meu destino até o topo. Nem que eu tenha que fodê-lo até lá. Nem que eu tenha que desperdiçar o melhor que já tive, como o amor da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler. xx



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