Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 38
Condecorações




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Iskendar estava sentado na varanda do quarto. Não conseguia dormir desde o dia do acidente e naquela noite não foi diferente. Passou o tempo olhando a luz do sol incidir nos edifícios que tinham que resistido aos ataques.

O semblante estava cansado, com grandes olheiras abaixo dos olhos. O brilho azul dos olhos estavam opacos. Nunca se sentiu tão só. Não tinha mais os pais, Samir e agora o irmão. Abraçou as pernas começando a chorar. O que faria agora? Não tinha mais sentido em permanecer em Ranpur. Nunca desejou o trono e ainda mais agora depois da morte de Eron. Haykan tinha perdido a guerra, mas alcançou seu objetivo. A família Tempestta iria desaparecer.

— Você é um estúpido... - murmurou enquanto segurava sua corrente. - seu pirralho estúpido...

Nos andares acima, Lirya trazia o olhar vago enquanto abraçava a foto do filho e do marido. Sua vida tinha perdido o sentido. Perdeu Soren e agora perdia Eron de forma tão trágica. Não era justo sua morte depois que levou tantos anos para se reencontrarem.

— Eron... - levou as mãos ao rosto começando a chorar.

Os dourados também estavam consternados. A morte de Giovanni abalou a todos. Gustavv era o que mais sentia. Desde o fadigo dia, vivia trancado ora desaparecia nas dependências do palácio.

O sueco estava agora no quarto de Giovanni. Estava sentado ao lado da cama, olhando a roupa militar que ele costumava usar. Estava tão alheio ao mundo que não escutou a porta se abrindo. Era Iskendar. O policial ficou surpreso ao ver o cavaleiro.

— Não sabia que estava aqui.

Gustavv virou o rosto.

— Desculpe por invadir o quarto.

— Você tem mais direito de ficar aqui do que eu. - sentou na cama, ao lado dele. - foi muito mais irmão dele do que eu.

— Giovanni se importava com você. - o fitou.

— E eu fiz tantas coisas... - murmurou. - nem tive tempo de consertar os meus erros.

— Governando GS o deixará feliz. Você será um bom líder.

— A armadura de Câncer se foi para sempre?

— Sim. Só restou onze cavaleiros de ouro...

No fim da noite, as buscas por Eron tinham se encerrado. Não havia mais sinais que Atália existia e tão pouco acharam algum indicio do cavaleiro. Lirya chorou copiosamente nos braços de Iskendar e só conseguiu se acalmar a base de tranqüilizantes. Todos se recolheram, pois o dia seguinte seria importante para GS. O tratado de paz seria assinado...

... Trigésimo dia dos cavaleiros em GS...

Durante a noite, Shaka havia tido um sono tranqüilo, entretanto nas primeiras horas da manhã estava tendo sonhos. Sonhou com a explosão de Atália, misturado com a destruição do muro das lamentações e por último com a imagem de Mask em Ikari. Via claramente o canceriano, deitado no salão oval do palácio. Acordou de repente.

— Giovanni!!!!

— O que foi Shaka? – Aioria sentou na cama, esfregando os olhos.

— Um sonho... – murmurou o indiano. – muito estranho.

— Com o que? – Dite aproximou.

— Com o Mask...ele estava em Ikari...

— Foi só um sonho Shaka. – disse Afrodite dando as costas. – Giovanni está morto.

Aioria abaixou o rosto. Infelizmente Gustavv estava certo.

— Será...? – Shaka não estava muito certo. Algo dentro dele dizia que havia algo.

— Teve alguma visão? – indagou Aioria.

— Não, mas... eu sinto que devemos ir a Ikari.

— Iskendar. – disse o leonino. – ele pode entrar em Ikari.

Gustavv não disse nada, viu o cosmo de Giovanni se extinguir. Não havia possibilidade dele ter sobrevivido.

Rapidamente, Shaka foi procurar Shion. Queria consultá-lo, antes de levar falsas esperanças a rainha. Encontrou com mestre no quarto de Alisha. Contou sobre o sonho e suas suspeitas, Shion ouviu sem interromper.

— Shaka apenas ficou impressionado, mestre. – disse Dite.

— Você nunca foi cético. – rebateu o virginiano.

— Silêncio. – disse o ariano antes que os dois começassem uma discussão. – todos os seus sonhos e visões aconteceram Shaka. Vamos falar com o senhor Marius primeiro. E se ele concordar vamos a Ikari, sem mencionar a rainha. Ela está sofrendo demais.

Expuseram a Marius e aos demais cavaleiros. Ao contrário de Afrodite o chanceler de Ranpur acreditou no sonho de Shaka. Sem grandes alarmes, organizaria um grupo de busca. Iriam naRamaei.

— Só a um, porém, – disse Sttup. – como entraremos no palácio?

— Existe essa possibilidade...?

Olharam para a porta. Era Iskendar. Ficaram surpresos pelo estado dele. Praticamente depois do ocorrido, o policial passava a maior parte do tempo em seu quarto.

— O meu irmão está vivo?

— O que sente Iskendar? – indagou o grande mestre.

— Eu vi a explosão, mas...

— Era o que eu queria ouvir. – disse Marius. – partam agora mesmo, a assinatura do tratado de paz será em poucas horas.

O.o.O.o.O

Os diretores tinham muito trabalho. Contabilizavam as perdas e os trabalhos de reestruturaçãopós guerra. Com o fechamento dos hadrens vermelhos a locomoção estava mais lenta.

Niive supervisionava os trabalhos da reestruturação da frota de Alaron e Clamp. Era muito trabalho, mas estava aliviada pelo fim do conflito. Agora sua família e os demais povos poderiam viver em paz. Pena que a custa de muitas vidas.

— Niive.

A diretora olhou para trás. Era Urara.

— Já terminou? – brincou a kalahasti.

— Sem Obi e com Lain praticamente destruído fica fácil. – deu um meio sorriso.

— Desculpe, eu não quis...

— Eu sei Niive. – tocou lhe no ombro para tranqüilizá-la. – apesar de tudo que aconteceu estou feliz que a guerra tenha terminado. Vamos reconstruir tudo. – sorriu.

— Sim, e espero que a paz seja duradoura sobre o reinado do príncipe Iskendar.

— Ele não vai reinar.

A voz forte fez as duas se virarem. Dara chegava na companhia de alguns policiais.

— Não acredita no seu protegido? – indagou a eiji.

— Por acreditar nele é que digo isso, senhoritas, ou melhor senhoras, já que o conflito terminou. – sorriu.

— Mas ele é o herdeiro. – Niive nem quis pensar sobre o “senhora”.

— Mas não foi criado como tal. Não duvido que ele abdique em favor da rainha. – deu alguns passos parando perto de uma janela. – o meu desejo era que Eron reinasse. Ele seria um bom rei, contudo... foi uma morte muito trágica.

— Perdemos o rei Soren e agora perdemos o príncipe Eron... – murmurou Urara. – é até ironia. Haypen e o filho Haykan foram os responsáveis.

— Felizmente Haykan foi preso e vai pagar caro por tudo que fez. – rematou Dara. – vamos focar agora em reorganizar nossa galáxia.

O.o.O.o.O

O líder de S1 estava numa cela pequena e sem janelas. O rosto não parecia perturbado com a prisão. Estava satisfeito. Se não levou destruição a GS pelo menos matara o príncipe. Saber que Eron tinha explodido junto com Atália foi uma grande vitória. Só faltava o xeque-mate. Na assinatura do tratado de paz, ou Iskendar ou Lirya iriam comparecer e nesse momento, daria sua última cartada. Escondido em meio as vestes, estava um pedaço pontiagudo de metal. Era com aquilo que traria mais sangue a casa Tempestta.

O.o.O.o.O

Beatrice estava na sede do governo. Enquanto Etah cuidava da segurança, ela seguia com os procedimentos da assinatura do tratado de paz, a cerimônia de condecorações e o funeral do jovem Tempestta. A imagem de Atália sendo engolida passava e repassava em sua mente. Jamais esqueceria aquilo.

— O sistema de segurança está pronto Bia. – disse Etah entrando. – em poucas horas teremos paz oficialmente.

— Já não era sem tempo. – sentou-se num banco. – lembra da ultima vez?

— Sim. – sentou ao lado dela. – foi tão devastador quanto essa, alias foi pior. Nessa perdemos um planeta inteiro.

— E pensar que Haykan poderia exterminar três de uma vez... seriamos extintos.

— Devemos nossa vida ao príncipe. – a fitou. – ele nos protegeu até o fim.

— Ele tinha nossa idade Etah... e com tanta responsabilidade! Estou morrendo de dó da rainha. Ela não para de chorar.

— Antes ela tinha esperança que ele estava vivo em algum lugar, agora... – fitou o teto. – quando será o enterro?

— Daqui dois dias. Ela quer condecorar nossos heróis e depois fazer a cerimônia. Ela não acha justo enaltecer apenas o luto.

— Compreendo. – levantou. – vou olhar o sistema de segurança da condecoração.

Ele saiu, deixando a garota pensativa. Como seria de agora em diante?

O.o.O.o.O

Lirya estava sentada na cama. O olhar estava opaco e não mirava nada. Alisha, ao seu lado, lhe preparava uma xícara de chá. Estava abalada, mas Lirya estava sofrendo mais. Podia entender a dor dela.

— Vai lhe fazer bem. – mostrou a xícara.

— Eu não quero... – murmurou.

— Por favor tia Lirya. – usou esse termo.

A rainha desviou o olhar, fitando-a. Alisha desde cedo aprendera sobre a dor. Primeiro a mãe, depois o pai, depois Soren a quem considerava muito e agora Eron.

— Obrigada querida. – aceitou.

— Vai te fazer bem.

— E agora Alisha? – indagou depois de tomar um gole. – o que será de mim? Eu perdi meu filho para sempre.

A princesa ficou em silêncio pois não sabia o que responder de imediato.

— Antes Eron estava perdido em algum lugar, hoje ele está morto...

— Pense que agora meu pai e o tio Soren estão cuidando dele. – pegou na mão dela. – e ele cuidará de nós.

Lirya deu um sorriso fraco.

— Pode me fazer um favor?

— Claro. – a princesa prontificou-se de imediato.

— Aliás são três.  Primeiro escolha uma roupa para mim, preciso ir onde o tratado será assinado.

— Sim e o que deseja mais?

— Beatrice já cuidou das bandeiras, mas poderia pedir para colocar a faixa negra na fachada do palácio?

— Claro. Em Alaron também já pedi isso.

— Obrigada. E por último chame Gustavv, por favor.

O.o.O.o.O

Para aquela missão, seguiriam poucas pessoas. Iskendar, Sttup e alguns cavaleiros: Shion, Shaka, Shura, Miro e Saga. Afrodite recusou-se a ir, pois achava que tudo era uma ilusão do virginiano. Durante todo o trajeto Iskendar permaneceu em silêncio. Queria acreditar na visão de Shaka, mas tinha medo que tudo não passasse de um mal entendido.

A chegada a Ikari demorou devido a utilização de um hadren comum. Como esperado, a pequena nave que os levaria até a superfície, passou por turbulências.

— Iskendar e eu vamos teleporta-los. – disse Shion.

— Acredita que ele esteja naquela sala? – indagou o príncipe ao virginiano.

— É onde o meu sonho indicou.

Ele concordou. Segundos depois estavam diante da porta dourada. Shion deixou que Iskendar fizesse as honras. Ainda hesitante, o policial abriu a porta. A principio não viu nada, mas o olhar foi para o pequeno altar...

— Não é possível... – os olhos marejaram. – Eron...

O policial correu até o altar parando no ultimo degrau.

— Mask?! – exclamou Shura.

O canceriano estava deitado no chão. Usava roupas comuns e sua armadura estava montada ao seu lado.

— Estava certo Shaka. – disse Saga bastante aliviado.

— Mask! – Miro passou a frente de todos e agachou ao lado do italiano. Pegou seu pulso. – está vivo.

— Eron! – Iskendar ajoelhou do lado dele. – Eron! Eron!

— Tenha calma Iskendar. – Shion aproximou. Tocou o pulso e depois fechou os olhos. Sentia bem fracamente o cosmo dele, mas não os pensamentos. – ele está vivo, mas precisamos levá-lo a um hospital.

— Claro... - murmurou, só então fitou os cabelos do irmão, estavam negros. - não pode ser...

Shura também olhou para os fios escuros. Lembrou-se que os cabelos de Iskendar ficaram assim indicando que sua vida corria perigo.

Rapidamente o ariano fez o grupo surgir dentro da pequena nave. Em minutos a Ramaei, preparava-se para a viagem de volta.

O.o.O.o.O

Os dourados estavam trancados no quarto de Aioria, acharam melhor esperar por notícias ali e não preocupar a rainha desnecessariamente.

— Será que o sonho de Shaka está certo? - indagou Deba olhando para os companheiros.

— Desde que chegou aqui ele nunca errou. - disse Dohko. - e espero que dessa vez não tenha errado.

— E como ele foi parar lá? - Kanon olhava a paisagem.

— Só o próprio Giovanni poderá nos dizer.

— Deve ter dedo dos tais elementares. - comentou Aioria. - Torin não disse que o destino de Mask estava escrito?

— Mas nem todas as ações podem ser previstas Aioria. - disse Mu. - mas tudo é possível.

— De todo jeito, temos que esperar. - arrematou o libriano.

 

O.o.O.o.O

A sede do governo de Ranpur estava bem guardada. Dezenas de policias faziam a segurança tanto em terra quanto no ar. Apesar de não houver a chance de contra ataque de S1 todo cuidado era pouco. Uma nave pequena aterrissou na pista de pouso. Um homem fortemente vigiado foi levado para o interior do prédio. Em sua face não havia preocupação apenas um sorriso presunçoso. Haykan sabia que sua ação poderia levá-lo a morte, mas não ligava. Se sua morte levasse a outra, faria de bom agrado. Não tinha nada mais a perder.

Vários andares acima, outra nave também aterrissava. Ela trazia a rainha de Ranpur, Marius, Etah, Beatrice, Kamus e Dite que faziam a guarda da soberana. Afrodite fez questão de participar.

O grupo foi conduzido para uma sala, onde o tratado seria assinado pondo de uma vez por todas fim na guerra. Lirya trazia um semblante triste.

—Eu não queria ter que vê-lo. – disse.

— Sinto muito majestade, mas infelizmente é preciso. Por mais que Haykan tenha usado métodos cruéis conosco devemos fazer o correto. - disse Marius.

— Se ele estivesse no santuário já teria sido morto. – a voz de Dite saiu com ódio. – não devemos ter compaixão com os inimigos.

— Afrodite... – pediu Kamus. – por favor.

— Ele merecia uma rosa branca no peito...

A pequena discussão foi interrompida pela porta se abrindo. Entraram vários policiais e depois Evans que conduzia pessoalmente o líder de S1.

Haykan ao ver a rainha sorriu desdenhoso.

— Cretino... – Dite cerrou o punho.

— Calma Gustavv. – Kamus segurou o ombro dele.

— Eu gostaria de vê-los em outra situação, - disse Haykan. – uma que fosse mais favorável a mim.

— Aqui está o contrato. – Marius colocou um dispositivo na tela, quanto menos conversa melhor. – apenas leia as cláusulas.

— Para que? Já perdi mesmo. Isso é apenas formalidade. Meu exército foi destruído assim como o príncipe Eron. Pensei que ele tinha morrido pela radiação.

— O que?! – exclamou a rainha. – envenenou meu filho?

— Claro. Eu não sou burro, rainha. Seu filho usava essas roupas amarelas, - apontou para Kamus. – precisava usar as armas que eu tinha. Como ele não é um Tooiusei radiação. – sorriu. – mas confesso que o garoto foi esperto. Destruiu Atália.

— Assassino...

— Será que morreu pela radiação ou pela explosão? – nem se importou com o termo.

— Leia o contrato Haykan. – a voz de Marius saiu fria.

— Vou perdoar sua frieza, afinal teve a mesma dor que sua rainha teve. Seu filho também foi muito corajoso.

— Haykan...

— Basicamente o tratado fala que o território de S1 fica sobre os cuidados de GS, - Kamus tomou a frente antes que a situação ficasse mais tensa. - fica proibido a formação de um exército, todos os cidadãos de S1 ficarão sobre nossa jurisdição.

— Meu neto é que irá governar? – ironizou.

— Isso não lhe cabe saber. – o próprio aquariano respondeu usando seu tom frio. – terá prisão perpetua pelos crimes de guerra que cometeu. Será levado para Wan.

— Sem julgamento?

Afrodite estava tentando se controlar. A qualquer momento mataria aquele homem.

— Considere afortunado por não ter recebido a pena capital. – Kamus devolveu. – ou prefere morrer?

— As leis de GS são muito humanistas e ingênuas para me matar.

— Mas eu não estou sob as leis de GS. – disse Afrodite com um olhar frio. – posso matar a qualquer momento.

Haykan não rendeu, até porque faltava pouco para concluir seu último plano.

— Quem assina primeiro? – indagou.

Lirya tomou a frente. Não suportou nem olhar para o algoz de seu filho. Com o dedo indicador gravou sua digital. Haykan aproximou para fazer o mesmo. Só tinha uma mão livre, mas era suficiente para fazer o que queria fazer. Ele gravou sua digital. Vendo que o tratado tinha sido consumado, a rainha deu as costas e foi aí que Haykan agiu. Sendo mais rápido que os policiais, o líder de S1 lançou contra a rainha um punhal. Pela distância, Lirya receberia o golpe no meio das costas ferindo-a talvez fatalmente, contudo... havia um brilho dourado entre ela e a mesa do tratado. Afrodite segurava o punhal.

— Um atentado contra a rainha! – gritou um dos policiais.

— Não se mexam! – gritou Afrodite.

A voz saiu tão imponente e fria que nem Haykan se mexeu. 

— Senhor Marius o que acontece se Haykan morrer?

O chanceler o fitou, piscando algumas vezes os olhos. Não tinha visto quando Afrodite parou na frente da rainha.

— Ele assinou o tratado... mas se ele morrer por mortes não naturais poderá ocorrer uma investigação e...

— Já entendi. – o pisciano fez surgir uma rosa branca.

Kamus até pensou em conter o amigo, pois era claro que Afrodite o mataria, mas não se mexeu. Haykan procurou a morte ao tentar contra a rainha.

— Como disse senhor Haykan, eu não estou sob o julgo de GS e se alguém achar condenável minhas atitudes vai ter o mesmo fim.

— Vai me matar? – achou graça na rosa.

Gustavv deu o sorriso mais cruel que já dera em vida, assustando até Kamus.

— Sim vou.

Foi tudo rápido, quando os presentes perceberam havia uma rosa branca no peito do líder de S1.

— O que você fez sua aberração? - gritou Haykan vendo a rosa no peito.

— Terminando o serviço de Eron. - a voz saiu fria.

O líder de S1, deu um passo para trás, vendo a rosa tornar-se vermelha. Em poucos minutos a cor rubra tomou conta, levando Haykan ao chão.

Completamente chocados com a cena ninguém se mexeu.

— Está morto. -Afrodite caminhou até o homem arrancando a rosa vermelha. - Todos foram testemunha da tentativa contra a vida da rainha, ele teve que ser morto. Alguém contra essa versão?

Os policiais balançaram a cabeça negativamente, muito assustados com tudo. No fim Marius não se importou assim como Bia.

— Isso é o que constará nos autos Gustavv. A morte de Haykan foi para preservar a vida da rainha. – disse Evans.

— Ótimo. Livrem-se desse lixo.

O.o.O.o.O

Dentro da Ramaei, Mask tinha recebido os primeiros socorros. Os médicos fizeram uma bateria de exames,não encontrando nada de anormal na condição física do príncipe exceto seu estado inconsciente, mas mesmo com o diagnostico dos médicos, Iskendar estava muito preocupado. Os cabelos do irmão ainda continuavam negros.

Assim que chegou da sede do governo, a rainha quis ficar sozinha em seu aposento. Apenas minutos depois é que Dite bateu a sua porta para lhe levar uma xícara de chá.

— Ao menos posso fazer isso pela senhora. – disse o pisciano depositando a bandeja sobre uma mesinha.

A rainha levantou de onde estava e caminhou até o cavaleiro. Fitou longamente a armadura e surpreendendo-o o abraçou com ternura.

— Obrigada por me proteger. Nunca poderei compensar por tudo que fez ao meu filho e a mim. Eu sou eternamente grata a você.

Gustavv ficou surpreso com as palavras, nunca pensou que a perda do companheiro tivesse mexido tanto com ele.  Começou a chorar.

— Sei que gostava muito dele. Igual a um irmão. – ela completou.

— Nós sempre brigávamos, mas... – a voz saiu embargada. – ele sempre estava ao meu lado... nos bons e maus momentos...

— Eu sei. – afastou um pouco, mas sem soltá-lo. – e ele também.

Os dois sorriram. Um pouco mais refeito, Dite foi servir o chá.

— SENHORA LYRIA! – Aioria abriu a porta num rompante, não se importando com as formalidades. – O Giovanni!

Não precisou o leonino repetir o nome, os dois olharam entre si e seguiram com ele. Quando a rainha viu o filho deitado numa cama, começou a chorar copiosamente.

— Eron... – ajoelhou ao lado. – por Atena. – até usou a expressão que os dourados diziam. – meu filho...

Afrodite ainda estava em estado de choque.

— Ele está vivo...?

Shura tocou no ombro dele dando um leve sorriso.

Lirya foi para tocar nos cabelos quando finalmente reparou na tonalidade, estavam negros.

— Eron está morto? – indagou chocada.

— Os médicos disseram que está vivo e fisicamente bem. – disse Shion.

— Mas ele sofreu com a radiação. - voltou o olhar para o filho. -Haykan disse que o envenenou.

— Não encontraram nada de anormal nele. – comentou Saga, agora sim preocupado.

— Mas os cabelos continuam negros. – Iskendar o fitava fixamente. – Haykan disse que o envenenou?

— Sim. Disse que a única forma que tinha para matá-lo era através da radiação.

— Eron! – gritou Alisha. Assim que soube da noticia correu até eles.

— Chamem os médicos novamente. – pediu Shion. – algo está errado, se um Tempestta quando está prestes a morrer tem seus cabelos negros e ao que parece Eron não é exceção, ele corre risco.

— Não... – a rainha tentou segurar as lágrimas.

— Como assim corre risco? - indagou Alisha sem entender nada.

— Tenha fé senhora Lirya. – disse Mu. – talvez seja mais complexo que pensamos, mas não tão grave, pois Atália e Ikari ficam a milhares de quilômetros de distância, e Giovanni foi parar lá.

A observação de Mu era sensata. Algo tinha acontecido entre a explosão de Atália e o encontro dele no palácio em Ikari.

— Teremos que esperar ele acordar. – disse Shaka por fim. – só ele pode nos dizer o que aconteceu. Enquanto isso vamos cuidar do corpo dele.

A notícia que Eron foi encontrado espalhou-se rapidamente pelo planeta e por toda GS. Vigílias foram feitas, numa torcida única para a recuperação do príncipe. Os médicos foram chamados e novos exames feitos. O corpo de Giovanni estava bem, mas parecia que o italiano estava em uma espécie de coma.

— Desde o ocorrido até agora se passou três dias e sem atendimento, majestade. - disse o médico. - fizemos tudo que nossa medicina permite, mas agora depende do príncipe.

— Ele corre risco? - indagou Iskendar apreensivo pelos cabelos continuarem negros.

— Infelizmente. Não sabemos até onde o cérebro foi danificado. O coma pode durar dias, anos ou a lesão se agravar e ele...

Lirya abaixou o rosto e o policial saiu do quarto.

— Obrigado doutor. - disse Afrodite.

— Voltaremos amanhã para novos exames.

Afrodite o acompanhou e achou melhor deixar a rainha a sós com o filho.

Alguns andares abaixo, Alisha andava de um lado para o outro. Esperava a chegada de Dohko, pois ele era o único que poderia lhe ajudar. Não apenas o estado de Eron, lhe trazia preocupações.

— Mandou me chamar? - Dohko abriu a porta lentamente.

— Sim, por favor entre. - indicou uma cadeira, mas sem fitá-lo. - desculpe tomar seu tempo num momento como esse.

— O que aconteceu Alisha? - indagou logo de cara pois notou o nervosismo. - Shion fez alguma coisa?

— Não... e sim... promete que não contará nada a ninguém? Muito menos a ele.

O chinês franziu o cenho.

— Prometo.

— O momento não é propício mas não sei a quem recorrer.

— Pode confiar Alisha. - deu um leve sorriso para confortá-la.

Alisha ainda esperou alguns minutos para abrir a boca.

— Estou grávida.

A expressão de Dohko não se alterou, deixando a princesa preocupada. A mente dele trabalhava. Talvez não tivesse escutado direito.

— O que disse?

— Estou esperando um filho de Shion. - praticamente cuspiu as palavras.

Primeiro ele arqueou a sobrancelha, depois ficou sério, em seguida os olhos arregalaram.

— O que?? - levantou. - grávida???!!! - berrou.

— Sim.... - arrependeu-se por ter contado.

— Mas como? - a fitou, não tinha barriga, alias não era para ter mesmo. Havia apenas um mês que estavam em GS e nos primeiros dias eles não... - está certa disso? - voltou a sentar. - Não tem muito tempo... - não que duvidava da palavra dela, mas as vezes poderia ser alarme falso.

— Estou grávida.  Nós mulheres atlantiks temos mais sensibilidade em relação as outras mulheres. Podemos sentir uma nova vida quase no momento exato do seu surgimento. - levou a mão a barriga. - eu carrego um filho de Shion.

Dohko estava chocado. Jamais passou em sua mente que Shion fosse pai, ainda mais naquelas circunstâncias.

— Isso não poderia ter acontecido... - os olhos marejaram. - eu não sei o que fazer...

 Gentilmente Dohko pegou nas mãos dela, colocando-as entre as suas.

— Há alguma conseqüência desse ato por ser a princesa? Algo político?

— Não. Muitas mulheres da nossa raça querem ser mães sem ter um compromisso. Isso é normal. A questão é... - abaixou o rosto.

— Diga Alisha.

— Shion. Ele se sentirá obrigado a alguma coisa e... eu... - derramou algumas lágrimas.

— Fique calma. - Dohko a confortou. - Shion já pretendia ficar e você sabe disso.

— Mas não havia um filho no meio.

— Mais um motivo para ele ficar. Eu o conheço há séculos e sei que ele não fugiria de uma responsabilidade dessa.

— Não quero que ele fique por obrigação.

— Ele ficará porque ama você. - disse convicto. - Alisha, Shion ficará muito feliz ao saber que será pai.

— E se... e se ele... - queria acreditar nas palavras dele mas... - e se ele...

— Se Shion voltar para a Terra por medo de assumir a responsabilidade será a maior decepção que eu terei. Eu não conheço alguém tão responsável quanto ele. Ele jamais faria isso. Precisa contar a ele.

— Mas...

— Alisha... - aproximou um pouco mais. - Shion ama você. Embora as vezes ele não admita. - sorriu. - você se tornou muito importante para ele, assim como essa criança irá se tornar. - tocou a barriga dela. - conte-o.

— Está bem. - enxugou as lagrimas. - obrigada.

— Eu quero ser o padrinho. - sorriu. - e vou opinar na criação. Não quero que meu afilhado seja careta como o pai.

Alisha riu.

— Tudo bem.

— Tudo vai terminar bem. Acredite.

O.o.O.o.O

Marius, Evans e Sttup estavam no hospital, numa visita a Yahiku. O capitão da Antares, ainda levaria alguns dias até se restabelecer completamente.

— Ele teve o que merece. - disse ao saber sobre Haykan. - ainda teve uma morte rápida. Deveria ter sido como a de Rihen.

— A família Pen foi extirpada. Isso que é importante. - completou Evans.

— Não totalmente, - Marius fitou os amigos. - Iskendar é metade sloani.

— E metade Tempestta. - observou Sttup. - e o estado de saúde de Eron, nos leva a um dilema.

— Realmente não tem previsão de quando ele vai acordar? - perguntou Yahiku.

— Infelizmente. - respondeu o chanceler de Ranpur. - pode ser amanhã ou daqui a anos. A rainha poderá governar ainda por muito tempo, mas será necessário indicar um sucessor.

— Poderemos prorrogar a lei do conselho. - sugeriu o presidente da polícia.

— É uma situação que ainda teremos tempo para resolver. - Marius aproximou da cama. - é uma pena não estar conosco na cerimônia.

— Verei tudo daqui.

Mesmo com o estado de Eron, Lirya não quis adiar as cerimônias. Era o mínimo a se fazer a todos homens e mulheres que deram sua coragem e vida para o fim do conflito. Urara, Dara e Niive que estavam fora, chegaram para a cerimônia que também contaria com os líderes do grupo dos nove.

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Kanon ao saber da chegada de Niive foi para a pista de pouso, Saga e Aldebaran foram junto. Para a celebração do final da guerra, a família da diretora assim como a de Célica, que seria homenageada foram convidados.

— Tio Kanon! - Estelli correu pelo pátio pulando no pescoço do marina.

— Que saudades da minha princesa. - brincou com os cabelos.

— Oi Deba! - a pequena acenou para o taurino, abrindo um grande sorriso.

— Oi. - também brincou com os cabelos.

Estelli tombou um pouco o rosto, vendo Saga.

— Oi. - disse séria.

Saga apenas acenou. Deba ficou surpreso. Achara que era uma invenção de Kanon, mas parecia que realmente Estelli não ia muito com a cara do geminiano mais velho.

— Tem razão... - murmurou baixo.

— Por isso tenho que dar o mundo para essa princesa. - apertou as bochechas da garota. - a única mulher que odeia Saga e gosta só de mim.

— Menos Kanon. - Niive aproximou. - a Estelli não odeia o Saga.

— Mas eu não gosto dele mesmo. - respondeu a kalahasti rapidamente.

— Estelli. - Lya a recriminou.

— Tudo bem senhora Lya. - disse Saga, não adiantaria forçar.

Enquanto ocorria a pequena discussão, Aldebaran aproximou dos pais de Célica. Recebeu um abraço afetuoso da mãe dela.

— Fico aliviada por vê-lo bem.

— Obrigado. - disse sem graça. - por favor entrem.

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Beatrice corria de um lado para o outro. A cerimônia iria acontecer em poucas horas e tudo tinha que ocorrer de forma perfeita. Kamus a ajudava.

— Está tudo perfeito Bia. - disse o francês.

— Este dia ficará na memória de todos, - o fitou. - é preciso que nada saia errado.

— É assim que me sinto. - Miro chegou a porta. - quando diz que não está perfeito.

— O que está fazendo aqui?

— Veio me ajudar. - respondeu a auxiliar.

— Sou útil, senhor ice. - deu um sorriso debochado. - o que quer que eu faça? - fitou a moça.

— Leve tudo isso para fora. - apontou para uma pilha. - muitos telões serão montados por toda a capital.

— Ok. - pegou a pilha.

— Miro sendo prestativo... - Kamus o fitou desconfiado. - o que vai ganhar fazendo isso?

— Um título nobre. - deu uma piscadinha, saindo.

— Como assim um título? - o francês olhou para a namorada.

— Ele não vai ganhar nada. Está te irritando. - aproximou dando um selinho. - ele só está ajudando mesmo.

— Sei... não conhece aquela mente. Alguma coisa tem.

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Shaka e Urara estavam com Dara. O governador de Sidon explicava a eles o plano da construção de uma nova Obi.

— Toulus fica numa área vizinha a Obi. - mostrou no mapa. - abriga muitos eijis e tem a biosfera mais parecida com o nosso antigo lar.

— Terá espaço para todos? - perguntou Urara. - sei que não sobrou muitos mas...

— Terá diretora. Contaremos com a ajuda de todos. Creio que em poucos meses, teremos nosso lar novamente.

— Vamos morar lá? - Shaka fitou a mulher.

— Pensa em ficar? - Dara ficou surpreso com a pergunta.

— Sim. Meu lugar é aqui ao lado de vocês.

— Ele já havia decidido isso senhor Dara. - Urara sorriu. - vamos morar em Toulus. - o fitou.

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Depois da conversa com Dohko, Alisha tentava ter coragem para contar a Shion, mas não conseguia. Tanto que evitava-o a todo instante alegando ajudar na cerimônia. Como Alaron estava estritamente envolvido, o ariano nem percebeu a ação da princesa.

Desde o diagnostico do médico, Iskendar estava refugiado no telhado do palácio.  Pensava no que faria caso Eron não acordasse mais.

— Então está aí.

O policial olhou para trás.

— Aconteceu alguma coisa com o meu irmão?!

— Não. - Dite parou ao lado dele. - é apenas a rainha chamando para os preparativos finais. A cerimônia irá começar em uma hora.

— Já vou... - murmurou desanimado. - é uma pena ele não participar.

— Giovanni vai acordar e com aquele humor maravilhoso que ele tem.

A observação fez o príncipe sorrir, porém...

— E se ele não acordar?

— Vamos dar tempo ao tempo. - o fitou. - vamos?

Concordou, partindo com ele.

Depois de um longo banho, Iskendar achou sobre a cama, a veste que usaria. Nunca se imaginou usando aquele tipo de roupa, mas não tendo muita opção vestiu-se. Antes de seguir para o local, resolveu passar no quarto de Eron. A rainha assim que o viu deu um leve sorriso. O filho mais velho de Soren, usava tradicionais roupas militares, num azul marinho. A faixa real estava devidamente presa no ombro certo, tendo do outro lado a insígnia dos Tempesttas.

— Está muito parecido com seu pai quando nos casamos. - sorriu. - está muito bonito.

— Obrigado. - respondeu sem graça.

— Mesmo as vezes negando seu sangue, colocou a faixa e a insígnia corretamente.

— Sério? - ficou ainda mais sem graça. - coloquei assim por colocar.

— Com todos esses acontecimentos não deu tempo de confeccionar uma tiara para você. - levantou, indo até o closet de Eron. - espero que não se importe.

Iskendar logo pensou que usaria a tiara do irmão, mas ficou surpreso ao ver a caixa. Era muito suntuosa.

— Não sei qual dos dois usará, mas qualquer um que for coroado levará prosperidade a GS.

Lirya abriu a caixa. O policial arregalou os olhos. Não era a tiara de Eron e sim a coroa de Soren.

— Não posso usar isso! - exclamou. - É do Soren e além do mais o direito de usar é do Eron.

— Ambos são Tempesttas, ambos são filhos de Soren. Por favor Iskendar use-a.

— Sou um misero príncipe e só um rei pode usar...

— Você é o primeiro na linha sucessora. - pegou o objeto, colocando nele. - tem todos os direitos. Eron ficaria muito feliz se concordasse em usá-la.

Iskendar olhou para o irmão que parecia apenas dormir. Voltou a atenção para o grande espelho que havia nos fundos vendo sua imagem.

— Vamos?

Lirya não queria que ele pensasse muito pois poderia desistir. Deu um beijo no filho e saiu na companhia dele.

A hora havia chegado. Todos os povos de GS, em festa, acompanhavam a transmissão que colocaria a guerra contra S1 no passado.

O pátio do palácio deRanpur estava tomado por gente, todos ansiosos para saudar e reverenciar os heróis de guerra. Para que os presentes pudessem acompanhar, foi instalado a frente do palácio um grande palanque.

Todos os membros de governos e membros da polícia galáctica estavam devidamente em trajes tradicionais de seus planetas e uniformizados respectivamente. Alisha trazia todos os adornos que uma princesa deveria usar. Os dourados usavam suas armaduras. Sorrisos estavam estampados na face de todos. Iskendar surgiu, arrancando olhares de todos, principalmente dos mais velhos que reconheceram a coroa que ele usava. O policial não fixou olhar em ninguém, pois estava sem graça. Parou entre Alisha e Dara.

— Finalmente assumiu seu lugar por direito. - disse Dara.

— Estou com ela pois não tem outra. - respondeu rapidamente. - não estou confortável.

— Está tão parecido com Soren... - murmurou a princesa. - me lembro de vê-lo assim várias vezes.

O policial ficou em silêncio e agradeceu mentalmente o vozerio do povo que aumentou quando a rainha surgiu. Houve reverência, seguida de uma grande euforia. Como era uma cerimônia festiva, ela deixou de lado as cores sóbrias para vestir-se de branco.

A senhora Tempestta ergueu um pouco a mão pedindo silêncio.

— Agradeço imensamente a presença de todos. - a voz preencheu o ambiente. - Para chegarmos a esse momento andamos por um longo caminho árduo e cheio de dor. Entretanto nossa galáxia foi coroada novamente com a paz. Essa e as próximas gerações poderão viver na tranqüilidade, na mansidão e no progresso. Eu, rainha Lirya, da casa real Tempestta declaro a todos os povos, a todos os planetas de nossa querida GS que a guerra findou-se.

O povo gritou de alegria em todos os quantos da galáxia. Feixes de luz coloridas enfeitaram os céus e fogos de artifícios estouravam em homenagem a paz. A rainha não conteve as lágrimas ao se lembrar desse dia, quinze anos atrás. Declarava a paz a todos, mas ela própria não estava em paz. Soren havia morrido e com ele a dúvida se seu filho estaria morto ou não. Felizmente, hoje, a situação era diferente. Eron estava ferido, mas tinha esperança que ele melhoraria.

Uma suave música começou a entoar enquanto pétalas de flores eram jogadas do alto abrilhantando ainda mais a festa.

— Graças a Atena que tudo terminou bem. - disse Dohko.

— Todos merecem paz, depois de tudo que aconteceu. - Shion fitava o povo.

Novamente a rainha levantou o braço pedindo a palavra.

— Estamos em festa, mas não podemos esquecer das pessoas que morreram em prol da nossa paz.

Sobre eles, de forma que todos enxergassem, apareceu as fotos de todos combates. Enquanto as imagens eram transmitidas, Lirya caminhou até uma jovem menina que carregava uma bandeja. Pegou um objeto e caminhou até os pais de Célica.

— Isso não trará nossa filha de volta. - fitou-os, tentando conter as lágrimas. - porém é uma homenagem a quem honrou seu dever até o final. GS agradece, a casa real de Ranpur agradece e eu serei eternamente grata. - entregou a mãe da kalahasti.

As duas abraçaram. Lirya pegou outra medalha e dessa vez caminhou até Marius.

— Uso as mesmas palavras. Ren foi um policial excepcional.

— Obrigado majestade. - Marius respirou fundo para não chorar.

De posse de duas medalhas, Lirya parou na frente de Iskendar.

— Faça as honras. - mostrou-lhe uma. - Diretor Dara Bertie essa medalha é para Noah que durante todos esses anos dedicou-se para o bem estar de GS.

— Obrigado. - ficou emocionado ao se lembrar do irmão.

— Essa é para Jhapei. - disse Iskendar sorrindo.

— A nossa dívida com ela é imensurável. - Lirya completou. - E se estamos celebrando a paz é graças a ela. A ela e a Noah nossa eterna gratidão.

— Obrigado majestade. Tenho certeza que os dois estão felizes por ter ajudado.

Outros homenageados foram o chanceler de Maris, o capitão Kopal e a tripulação da Galaxy e Hely.

Um minuto de silêncio, seguido de uma forte salve de palmas findou aquela homenagem.

Dessa vez foi a vez de Marius falar.

— Heróis nos deixaram, mas muitos ficaram e também devemos homenageá-los hoje. Homens e mulheres que não mediram esforços para nos devolver a paz. Não apenas medalhas devem ser dadas, mas premiações pelas ações empregadas.

As últimas palavras pegou-os de surpresa.

— Tenente TizianoSttup, - começou a rainha. - suas ações a frente da polícia galáctica nos levaram a vitória. Graças a sua dedicação a academia de polícia, nosso quadro de policiais tornou-se eficiente e queremos que isso continue. - ela sorriu. - espero que não fique intimidado com a dupla responsabilidade. - pegou a medalha colocando nele. - perante todos e com autoridade a mim dada pelo conselho de GS, devolvo-lhe o cargo de presidente da academia e nomeio como novo chanceler de Maris.

Sttup ficou surpreso. Ele realmente não queria o posto de presidente, pois acreditava que o novo líder da polícia deveria ser alguém jovem e até sugeriu um nome para a rainha, mas se tornar chanceler de Maris foi totalmente inesperado.

— Não sei o que dizer...

— Apenas aceite. - sorriu.

— Obrigado.

Lirya parou ao lado de Dara.

— Guarda alguma surpresa para mim majestade? - brincou.

— Sim. Sei que preza seu planeta Sidon, mas tem capacidades imprescindíveis para guiar os eijis a um novo mundo. Eu te nomeio chanceler da Nova Obi.

— Como?? - o eiji até engasgou. - eu?

— Noah ficará muito feliz se aceitar. - disse Iskendar.

— Sou um homem das armas, mas posso tentar ser das letras. Obrigado pela confiança majestade.

— Agradeça a Urara. Ela que o indicou e eu gostei.

A rainha parou diante de Niive e Urara.

— O que seria de nós sem vocês duas.

— Era a nossa obrigação majestade. - disse Urara.

— De forma alguma. - pegou uma medalha dando a cada uma. - chanceler Sttup.

O ex presidente da polícia aproximou das duas. Aquilo não era surpresa para ele, pois havia conversando com Evans, Yahiku, Dianeira, Marius e outros líderes no conselho.

— Niive Jay subirá de capitã para general, assim como Urara Trieste que também terá a patente de general.

As duas olharam-se surpresas. Kanon e Shaka sorriram.

— A seriedade dos seus trabalhos sempre estiveram presentes na polícia e não é mistério para ninguém que as duas eram favoritas ao cargo de presidente da organização. Pois então, eu TizianoSttup passo o cargo de presidente da polícia galáctica para a general Jay e o cargo de vice para a general Trieste.

Elas arregalaram os olhos.

— Eu? Presidente? - Niive não acreditou. - mas há eleições e...

— Nossa convenção permite esse tipo de nomeação. Não vejo nomes melhores para ocuparem esses cargos.

— Eu... - a kalahasti nem sabia o que dizer.

— Agradecemos a confiança. - disse Urara. - e a honraremos.

— Eu sei que sim. - Lirya sorriu.

Kanon sorria de canto de boca. Se como diretora ela tocava o terror, como presidente tinha muita dó dos policiais.

A soberana de Ranpur aproximou-se de Etah. O piloto de Lego ficou surpreso.

— Tão jovem e com tanto êxito.

— Obrigado majestade. - deu um sorriso acanhado.

— Marius, faça as honras. - fitou o chanceler.

Marius aproximou trazendo uma medalha.

— Essa medalha é por tudo que fez em prol de GS e a nomeação de superintendente da área 36 é por merecimento. Tenho certeza que Ren aprovaria.

— Sou um simples piloto...

— Não diminua suas qualidades Etah, - disse Evans. - sentirei sua falta na Euroxx, mas tenho certeza que nossa área ficará bem protegida.

— Aproveitando a presença de todos, - Marius voltou a falar. - nada que pessoas jovens para conduzir nossa galáxia a prosperidade. Etah, Niive, Urara... quero anunciar que em breve deixarei meu cargo.

A noticia pegou todos de surpresa, inclusive Lirya e Beatrice.

— Nos deixar chanceler? - indagou a auxiliar.

— Sim. É preciso sangue novo e nada melhor que minha auxiliar Beatrice Vronsk para o cargo.

A garota arregalou os olhos. Ela? Candidata a chanceler de Ranpur?

— E nem diga que não é apta. - Lirya a premiou com uma medalha. - sua dedicação a esse governo e suas ações na guerra mostraram que é completamente capaz para o cargo.

Kamus sorriu. Beatrice merecia aquela promoção.

Logo após a última entrega, o povo saudou os novos condecorados. Os tramites legais seriam feitos nos próximos dias, mas a composição da nova ordem política e militar de GS estava pronta. Novamente Lirya ergueu o braço.

— O resultado dessa guerra poderia ter sido diferente, contudo tivemos a sorte de contar com doze rapazes, que abraçaram nossa galáxia e nossa causa. Eram estrangeiros e não tinham nada a ver com nosso conflito, mas chegaram a arriscar a própria vida para que tivéssemos paz. - Lirya voltou o olhar para os dourados. - não apenas cuidaram do meu filho, como também nos deram a chance de continuar existindo. - sorriu.

Os cavaleiros sorriram. Não precisavam daquele reconhecimento. Jamais deixaram GS em perigo.

— Seus nomes entrarão para nossa história e serão lembrados por gerações. Os doze enviados pelos elementares. Os valorosos guerreiros da luz. Os cavaleiros da esperança. Nós, o povo de GS, não temos como retribuir tudo que fizeram, mas quero que aceitem nossa eterna gratidão.

 Surpreendendo-os, Lirya reverenciou-os. O movimento foi acompanhado por todos que estavam na tribuna e pelo povo na parte de baixo.

Os dourados ficaram completamente sem graça ao verem todos ajoelhados.

— Senhora Lirya não se curve. - Dite a levantou. - nós apenas ajudamos. Vocês que nos deram suporte para que pudéssemos fazer alguma coisa.

— Ele tem razão majestade. - disse Shion. - nossa ajuda foi mínima.

— Se não fosse vocês não teríamos para onde voltar. - disse Radesh. - e em nome de Lain, - o chanceler pegou quatro medalhas. -recebam essas condecorações.

Radesh entregou a Shaka, Aioria, Dohko e Aldebaran.

— Faço das palavras de Radesh as minhas, - falou Skip. - Clamp deve muito a vocês principalmente Aldebaran e Kanon.

O presidente do planeta entregou uma medalha ao taurino, enquanto Niive entregou a Kanon.

— Não é para ficar se gabando.

— Não sou eu quem vai mandar na porra toda. - disse no ouvido dela. - general.

— O povo de Maris também tem uma grande dívida para convosco e em especial Kanon e Saga. - Sttup pegou duas medalhas. - Kopal, Rodhes e Ren aprovariam.

— Todos temos esse sentimento de gratidão. - Alisha pegou três medalhas. - Dohko, Mu e Shion.

— Obrigado princesa. - disse Mu.

— Aioria protegeu Orion, mesmo com a possibilidade de perder a vida. - Stiepanofertou lhe uma medalha. - obrigado.

— Não precisava. - o leonino ficou sem graça.

— Miro e Kamus. - foi a vez do chanceler de Eike. - nosso eterna gratidão.

Os dourados sorriam felizes, ainda ganharam medalhas do planeta Ox, da polícia e do governo de Ranpur.

— São tantas. - Deba as pegou.

— E insuficientes para a nossa gratidão. - Lirya tomou a palavra. - Beatrice.

A auxiliar parou ao lado da rainha portando uma caixa negra. A rainha aproximou-se de Shion, o primeiro da fila.

— Pelos serviços prestados a Ranpur, grande mestre do santuário de Atena, Shion de Áries, receba a ordem imperial Tempestta.

A comenda consistia num colar de fita azul turquesa, tendo como insígnia uma estrela de quatro pontas prateada. Ao centro dela a letra "T" em dourado.

— Obrigado majestade.

Lirya deu a cada um dos cavaleiros, que recebiam orgulhosos e gratos.

— Gustavv de Peixes, pelos serviços prestados a Ranpur, receba a ordem imperial Tempestta.

— Obrigado. - beijou lhe as mãos.

Ela sorriu afetuosamente e voltando a atenção para o publico...

— Saúdam os cavaleiros de GS.

Houve uma grande salve de palmas. Quatro naves deram um rasante sob o palácio, soltando fumaça nas cores Tempestta: azul e dourado. Lirya deu por encerrada a cerimônia, mas a festa continuou nas ruas. Devido ao estado Eron, ela achou melhor oferecer uma festa quando o filho restabelecesse.

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Logo após a condecoração, Alisha levou Shion para seu quarto. Apesar das palavras de Dohko ainda temia uma reação negativa por parte do ariano. Fizeram o trajeto em silêncio, o que deixou o grande mestre preocupado. Só depois que a princesa acomodou-se que Shion perguntou:

— Está com algum problema?

Alisha o fitou para baixar o rosto. Nem sabia por onde começar.

— O que aconteceu Alisha? - insistiu.

— Está resoluto em ficar?

— Claro. Por que?

— E vai ficar comigo? Em Alaron?

— Onde mais eu ficaria? Lá é o meu lar. Por que Alisha? O que está havendo?

Ela ficou em silêncio.

— Por acaso há algum impedimento para ficarmos juntos? Do tipo eu não ser um nobre?

— Não. Não se trata disso. - a voz saiu baixa. - eu tenho autonomia para escolher quem eu quiser, mas...

— Mas... - já estava ficando impaciente com a hesitação. Estava acontecendo algo bem sério.

— Diga logo Alisha. Não me quer mais é isso?

— Claro que não! É que... Shion... eu... eu... estou grávida. - a voz saiu baixa.

O grande mestre arqueou a sobrancelha.

— Você o que?

— Grávida. Alaron terá um herdeiro. - o fitou.

Por segundos a expressão dele não se alterou e depois sentou num divã.

— Vou ser pai?

— Sim. Sei que diante disso, tudo muda. Não quero que se sinta obrigado a ficar comigo por causa da criança. Você tem sua vida no santuário e...

— Alisha. - a cortou.

Ela ficou em silêncio, abaixando o rosto. Shion não ficaria mais em Alaron.

O ariano levantou de onde estava sentando-se ao lado dela. Pegou em sua mão, colocando entre as dele.

— Como sabe que está grávida?

— Essa é uma particularidade das mulheres atlantiks. Sabemos que seremos mãe em questão de horas ou até mesmo minutos depois da concepção.

— Quando sofremos aquele acidente já estava assim??

— Sim...

— Por Atena! - exclamou levantando. - eu coloquei sua vida em risco? E a do bebê?

— Não, ao contrário nos salvou. - levantou parando em frente a ele. - você salvou nós dois. - sorriu. - mas...

— Eu serei pai... - murmurou sorrindo.

— Não está preocupado?

— Estou. Eu não tenho a menor ideia de como criar um bebê. Estou acostumado aos meninos, mas eles já tinham mais idade e... e ser for uma menina. Como eu faço?

Alisha estava atônica. Não esperava aquele tipo de reação dele.

— Está tudo bem para você?

— Porque não estaria? - tocou gentilmente o queixo dela. - estou na terra dos meus ancestrais, tenho o amor da mulher mais linda do universo e ainda vou ser pai. Quer felicidade maior?

Ouvir aquilo tirou um peso dos ombros dela, tanto que começou a chorar.

— Está sentindo algo?

— Não. - enxugou as lágrimas. - não esperava uma confissão dessa. Estava receosa em contar, mas Dohko me encorajou.

— Contou para ele??

— Sim. Ele até brincou em ser o padrinho.

— De jeito nenhum! Ele vai levar meu filho para o mau caminho. O menino ou menina vai virar uma peste.

Ela sorriu.

— E quanto ao povo, o conselho de Alaron, essas coisas... afinal não somos casados e...

— Não somos tão conservadores. Casamentos, uniões, filhos antes ou depois, não ligamos para isso.

— Mas eu ligo. Vamos nos casar como manda o costume. Teremos uma família certinha.

Alisha achou graça. Apesar da aparência jovem, realmente Shion tinha os anos que dizia ter. Ele até parecia seu avô na moral e nos bons costumes.

— Irei para VL equando eu voltar vamos oficializar nossa união.

— Como quiser, futuro rei consorte de Alaron. - sorriu tocando o colarinho da roupa dele.

— Rei consorte?

— Ainda temos leis idiotas. Somente o herdeiro pode receber o título de rei, diferente de Ranpur. A senhora Lirya é uma rainha Tempestta por casamento.  Burocracias...

— Eu não ligo para isso. O que importa é a família que vamos construir.

A beijou.

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Depois das condecorações, alguns dourados reuniram-se numa ampla sala de estar. A todo momento olhavam suas medalhas. Os pais de Cely estavam com o taurino.

— Cely iria adorar vê-lo assim. - a senhora Enya tocou nos ombros dele.

— Eu sinto falta dela.

— Sabemos que sim. - disse Kaleb. - mas não se esqueça que todas foram merecidas.

— Obrigado.

— Aiolos vai ficar com inveja. - disse Aioria chamando a atenção de todos. - recebemos várias medalhas e a ordem imperial Tempestta.  - a voz saiu orgulhosa.

— Me sinto um nobre. - Dite polia a sua.

— Nobre eu serei quando Mask cumprir a promessa que me fez. - Shura espreguiçou no sofá. - ele falou que me daria um título de nobreza.

— Não viaja Shura, - brincou Miro. - nem deve ter isso aqui. Sinta-se satisfeito com suas medalhas.

— Não precisam desses títulos, - falou Enya. - já são nobres por natureza.

Os dourados sorriram.

A porta abriu revelando Kanon que segurava a mão de Estelli.

— São todos os seus amigos? - indagou a garota.

— Sim.

— Eles tem cabelo azul! - apontou para Miro e Kamus. - o dele é claro. - ficou olhando para Afrodite. - como ele é bonito.

— Menos Estelli. -Kanon revirou os olhos.

— Ela merece uma rosa. - o pisciano ajoelhou diante dela e fez aparecer uma rosa branca.

— Ele faz mágica... que legal...

— Qual o seu nome?

— É Estelli e minha tia é a Niive. - sorriu divertida.

— Seu nome é muito bonito. Eu me chamo Gustavv.

— Você é muito bonito.

— Hey! Não tem que achar ninguém bonito. - Kanon ficou bravo. - vou te levar para sua tia agora e contar a ela.

— Ela também o acha bonito. - mostrou a língua.

— Como?

Saga balançava a cabeça negativamente. Kanon parecia ser da idade da menina.

— Chega Kanon, vê se cresce. - disse.

O marina o fitou ferino.

— Quais são os planos de todos de agora em diante? - indagou Kaleb.

Ficaram em silêncio, pois não tinham pensado nisso.

— Pelas contas... - murmurou Saga. - tem um mês que estamos aqui.

— Nós vamos voltar? - indagou Mu.

— Mas o Mask nem acordou. - disse Dite.

— Mas GS está em paz. - a voz de Dohko preencheu o ambiente. - lembra que combinamos que ficaríamos até a guerra acabar? - fitou os amigos. - não há "motivos" para permanecermos aqui, pelo menos a maioria de nós.

— E o santuário ficou por muito tempo desprotegido. - completou o geminiano. - nosso lugar não é aqui.

— Vou chamar Shion. - disse Dohko. - precisamos decidir o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

A fic está caminhando para o final. Deverá ter mais três capítulos.



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