Tempestta escrita por Krika Haruno


Capítulo 39
A volta para a Terra




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Beatrice estava muito nervosa. A sala de reunião da sede do governo contava com muitos ministros. Antigamente, aquilo não era nada para ela, pois tinha apenas que preparar e fazer as anotações penitentes, mas agora ela era o centro das atenções. O anúncio que seria a candidata de Marius provocou aquela reunião.

O sistema político de Ranpur era complexo e competia aos ministros escolherem o chanceler e o rei aprovar a decisão.

Depois de deixar a sala pronta, Beatrice foi para o gabinete de Marius. Esperaria lá a decisão de todos.

Queria que Kamus estivesse com ela, mas era um assunto de Estado, que não competia a civis.

Toda sua vida estudou para chegar ao cargo de auxiliar e não para se tornar a autoridade máxima. Além do mais não era de Ranpur e aquilo contava muito.

Tirando-a dos pensamentos, uma das secretárias de Marius a chamou. A hora do veredito tinha chegado.

— Sente-se senhorita Vronsk. - pediu Marius em tom sério. - tem ciência que a indicação para o cargo de chanceler engloba várias variáveis.

Ela concordou.

— Analisamos todo o seu currículo e principalmente suas ações durante a guerra.

Beatrice nem olhava para os lados. Fixou o olhar no chanceler.

— O maior impedimento seria sua origem, já que nasceu em Eike.

— Entendo.

— Diante disso senhorita Vronsk. - iniciou um dos ministros. - nós iremos consultar nossos juristas para ver se há possibilidade de ser a nova chanceler de Ranpur. Nós temos uma clausula que diz que uma pessoa que fez grandes feitos para o planeta, torna-se igual a qualquer pessoa nata, então...

— Compreendo.

— Nós temos acompanhado seu trabalho de perto, - disse uma ministra. - e durante a guerra mostrou-se muito dedicada e perspicaz. Quanto a nós, não haveria problema em tornar-se nossa chanceler. - sorriu. - acredito que para a rainha e os príncipes também não.

— Iremos ter a resposta em poucos dias.

— Obrigada pela confiança e se eu me tornar, espero corresponder a suas expectativas.

A reunião findou-se, restando apenas Marius e Beatrice.

— Já se considere como a nova chanceler. - brincou Marius.

— Ainda precisa de aprovação.

— Quando Eron acordar ele irá aprovar. - sorriu. - assim como Iskendar. Já pode ir pensando num auxiliar.

— Tem certeza senhor Marius?

— Não há ninguém em que mais confio que você. Ranpur estará em boas mãos.

O.o.O.o.O

Enya e Kaleb deram licença aos cavaleiros e levariam Estelli até Niive. Os doze homens de Atena estavam espalhados pela sala. Dohko comentou com Shion sobre as datas.

— Não podemos ficar mais tempo aqui, Shion, apesar da condição de Giovanni.

O grande mestre não disse nada de imediato. A volta deles para a Terra sempre esteve em sua mente, mas no seu caso, já tinha decidido ficar, ainda mais que seria pai.

— Kamus, Kanon e Shaka o que decidiram para suas vidas?

— Eu vou ficar. - disse o marina. - mas irei para conversar com Poseidon e Atena.

— Digo o mesmo. - pronunciou Kamus. - Hyoga já é meu sucessor.

— Shaka?

Os olhares foram para o indiano. Apesar do sentimento que ele nutria pela eiji, era um exímio cumpridor de suas tarefas. Ele deixaria a armadura para Shun?

— Jamais pensei que teria que deixar a armadura por algo que não fosse minha morte. - iniciou. - confesso que apesar de ter decidido ficar, ainda tenho certa apreensão.

— Disse isso a Urara? - indagou Mu.

— Sim.

— De toda forma irá conosco?

— Sim. Não posso simplesmente ficar e não dar uma satisfação a Atena.

— Eu também irei ficar. - disse Shion. - Aiolos está mais que preparado para assumir o meu lugar. Vamos conversar com a senhora Lirya e se possível iremos amanhã mesmo.

— Tão rápido? - Miro queria ficar mais.

— Sim. Quanto mais demorarmos mais a situação ficará delicada.

E como havida dito Shion, solicitou a presença de Lirya. Iskendar, Alisha, Beatrice, Marius, Evans, Sttup, Dara, além das diretoras também foram chamados.

— Primeiramente senhora Lirya não temos como agradecer a hospitalidade e cuidado que teve conosco. - iniciou o ariano mais velho. - nos proporcionou um grande aprendizado.

— Eu que agradeço.

— O motivo de todos aqui é que decidimos voltar para Terra.

— Já? - indagou a rainha. - mas mal tiveram tempo para descansar.

— Devemos voltar majestade. - disse Dohko. - o santuário ficou por muito tempo desprotegido.

— E quando pretendem ir? - perguntou Marius.

— Se possível amanhã mesmo. Não sei das condições da Euroxx, mas se pudermos...

— A viagem é tranqüila, não tem problema. - disse Evans.

— E meu filho? E se ele acordar nesse ínterim?

— Giovanni pertence a GS. Atena tem ciência disso.

— Pretendem voltar para sempre? - indagou Sttup.

— Um mês. - Shion não fitou o militar, mas sim Alisha. - em um mês iremos voltar. Shaka, Kamus, Kanon e eu. Se o senhor Evans puder nos buscar... - sorriu.

— Claro. - o capitão sorriu.

— Quero que todos voltem. - disse Alisha. - a casa real de Alpertiti irá celebrar um casamento. - sorriu.

— Não era sem tempo! - exclamou Dohko. - casamento e depois nascimento.

— Nascimento? - Lirya fitou o casal.

— Dohko... - murmurou Shion. - anunciaríamos depois, mas já que falou... Alisha está grávida.

— O QUE?!  - berraram Aioria, Miro e Shura.

— Pai? - Saga o fitou.

— E eu serei o padrinho. - disse Dohko todo orgulhoso. - estou até pensando em ficar, quero acompanhar a educação de perto. Shiryu vai cuidar de Libra.

— Dohko por favor...

— Parabéns Alisha. - Lirya a abraçou, assim como as demais meninas.

— Quem diria que o grande mestre seria pai. - brincou Dite. - Atena vai ficar chocada.

— Se é assim que desejam, estou de acordo. - Lirya fitou os dourados. - espero todos daqui um mês.

 - E quando Eron acordar? - indagou Iskendar, até então em silêncio. - ele tem alguém que pode substituí-lo em VL?

— Não. - disse Shaka. - ele terá que decidir.

— Eu poderia substituí-lo? - tinha essa curiosidade. - eu vesti aquela armadura.

— Verdade... - murmurou Kanon. - além de não sofrer nada quando estava em contato com o cosmo. Existe um por quê?

— A várias razões para isso. - Shion tomou a palavra. - o fato de serem irmãos, o fato de serem descendentes de elementares e terem o mesmo signo. É muito raro irmãos, sem ser gêmeos, terem a mesma data de nascimento. Tudo isso tornou possível você ser "imune" ao cosmo de Giovanni e conseguir trajar a armadura. Ela te aceitou. Agora ser um novo cavaleiro de Câncer não, pois não recebeu treinamento para isso. 

— Entendi...

— Vou preparar a Euroxx, - disse Evans. - partimos amanhã a tarde.

O restante da tarde foi para acertos sobre o retorno.

Dispensada do trabalho, Beatrice ajeitava a mesa para o jantar. Queria fazer algo especial para a ultima noite de Kamus em Ranpur. Fez pratos típicos daquele planeta e de Eike. Jantaram e logo após foram para a varanda do apartamento dela.

— Não está cansada? - indagou enquanto brincava com as madeixas rosadas. - o dia foi cheio.

— Não. Sinto me em paz pela guerra ter terminado. - o fitou. - a de quinze anos atrás foi mais longa, mas essa de longe foi a mais desgastante e traumática. Jamais vou esquecer as mortes da Hely, Cely e do Ren.

— Eles morreram cumprindo seus deveres.

— Eu sei...

— Vai aceitar a proposta de Marius?

— Eu acho que ele está louco. - ajeitou-sena cadeira, fitando-o. - eu não tenho capacidade para ser chanceler.

— Claro que tem. Você é muito inteligente Beatrice. Tem plena competência para o cargo.

— Acha isso? - não ficou muito convencida.

— Sim. - a envolveu nos braços. - não duvide de você.

— Você...  vai ficar aqui mesmo?

— Por que pergunta?

— Quando voltar para seu planeta, pode ficar balançado. E tem a sua elementar. E se ela não te liberar?

— Atena nunca seria contra. E quanto a Terra... eu gosto de lá, é o meu lar, mas você está aqui.

— Tem certeza disso?

O aquariano elevou delicadamente o queixo dela, fazendo-a encará-lo.

— Não quer mais seu ser exótico?

Bia riu com a frase.

— É claro que quero. - passou o braço pelo pescoço dele. - quero muito.

O beijou.

— Ficaremos juntos, senhora chanceler de Ranpur.

Ela sorriu.

O.o.O.o.O

Shaka olhava as estrelas pela varanda do quarto. Havia pedido a rainha um quarto exclusivo para ele e Urara.

— Demorei?

Ele olhou para o lado. A eiji usava uma camisola de cetim na cor branca. A luz da lua deixava seus cabelos ainda mais brancos.

— Não. - sorriu. - sente-se aqui.

Ela acomodou-se ao lado dele, passando a fitar as estrelas. O céu de Ranpur era bonito, mas não se comparava o de Obi.

— Acho que a última vez que vi o céu noturno de Obi foi quando você esteve lá. Da primeira vez.

— Cuidou tão bem de mim. - disse, não querendo tocar no assunto Obi.

— Tocar na Enraiha poderia ter conseqüências. Fiquei preocupada.

— Eu sei. Vamos entrar?

Urara fechou a porta da varanda. Shaka estava sentado na cama, fitando-a intensamente, já a eiji tinha o olhar vago.

— O que te preocupa? - indagou. - não quer que eu vá, ou não quer que eu volte?

A eiji caminhou lentamente sentando ao lado dele. Pegou em sua mão, vendo pedaços da linha vermelha.

— Tenho medo que vá e não volte mais. Vai reencontrar os seus, a sua vida, a sua elementar e GS irá ser apenas um sonho distante. Eu sei que está dividido.

— Não estou.

— Está sim Shaka. Minha idade permite ver mais coisas. Você tem um grande senso de dever e responsabilidade, está temeroso em abandonar Atena.

Shaka ficou calado. Dizer que não, seria mentira. Apesar de ter Shun como substituto não queria abandonar a armadura de virgem.

— Eu te amo Shaka.

A frase pegou o indiano de surpresa e ficou ainda mais quando foi beijado.

— Qualquer que seja a sua escolha, eu sempre amarei você.

Ele sorriu, passando a acariciar o rosto da eiji.

— Nós sempre nos teremos.

Ele a beijou.

O.o.O.o.O

Dara ficaria no hotel que tinha costume de ficar. Apenas despediria de Iskendar antes de ir. Procurou pelo policial por todo o local, até saber por Lirya, que ele estava no antigo escritório de Soren. Deu duas batidas antes de entrar.

— Atrapalho?

— Não. - estava sentado na cadeira do pai. - só estava pensando na vida. - indicou uma cadeira.

— Desde que nos conhecemos muita coisa aconteceu. - sentou-se. - voltas e reviravoltas.

— Nossa vida foi animada, senhor presidente da Nova Obi.

Dara sorriu.

— No fim Noah tinha razão. Eu acabaria sendo levado para a política.

— Foi educado para tal Dara. E não podemos fugir do nosso destino. Olha onde estou agora. - apontou para a sala. - até a coroa dele eu usei.

— Se o Eron não acordar, o que irá fazer?

— Eu não sei. Eu não tenho vocação para ser rei, mas...

— O sangue é forte. - sorriu. - sendo rei ou não, você irá cuidar de GS.

— Quer ser meu conselheiro? - brincou.

— Já tenho responsabilidades demais alteza. Mas agradeço o convite. Vou para o hotel.

— Por que não fica aqui?

— Prefiro o hotel. Retorno amanhã para despedir dos guerreiros. - levantou.

— Dara. - Iskendar deu a volta na mesa parando na frente do eiji. - muito obrigado. Obrigado por ter me tirado daquela mina, por ter cuidado de mim, me dado um teto, estudo e principalmente por não ter desistido de mim quando... você sabe.

— Desse jeito me deixa sem graça.

— Eu sei que Soren é o meu pai, mas Samir e você sempre serão meus pais. Samir me deu a base e você me ensinou a ser homem.

O eiji ficou emocionado com os dizeres. Lembrou-se dos dias tranqüilos em Sidon, quando ao final da tarde, sentava na sua varanda tendo ao lado Iskendar e Jhapei. Foram felizes.

— Eu nunca desistiria de você. - o abraçou. - nunca.

O policial correspondeu o gesto.

 

O.o.O.o.O

Kanon jogou a blusa de Niive longe, pressionando-a contra a parede. Com dificuldade conseguiu arrancar a diretora do meio familiar, estando agora trancados no quarto reservado a ela.

— Calma Kanon...

— Eu vou ficar um mês sem te ver. - livrou-se da própria blusa.

Os dois se livraram do restante das roupas e fizeram ali mesmo. Depois de saciados, acomodaram-se na cama.

— Você não pensa. E se a Estelli aparece. - brincava com as madeixas azuis.

— Por isso tranquei a porta. - dava pequenos selinhos no ombro dela. - sou muito esperto.

— É muito idiota isso sim.

— Confessa que sentirá falta desse idiota. - a beijou.

— Não sentirei. Terei tanto trabalho que nem vou lembrar que você existe.

— Mentira. - a beijou novamente.

— Verdade. - afastou um pouco.

Os dois fitaram-se.

— Eu vou sentir a sua. - tocou no rosto dela. - e contarei os dias para voltar.

— Isso se não encontrar as outras.

— Que outras?

— As várias mulheres que deve enrolar.

— Senhorita Niive não há ninguém além de você. - disse sério. - Estou te colocando acima de Saga. Isso é muito sério.

Ela ficou em silêncio.

— Não vou só voltar, como vou morar com você em Clamp. No seu apartamento. Lá será nosso lar. Nós, seus avós, Usain e Estelli. Seremos uma família.

— Quando chegar a VL não vai querer ficar? - a voz saiu ressabiada. - é o seu lar...

— Meu lar é aqui. - acariciou o rosto. - junto com você.

Voltou a beijá-la.

O.o.O.o.O

Shion não cansava de acariciar a barriga de Alisha. Pensava se seria menino ou menina.

— Quando saberemos o sexo? - a fitou.

— Em dois ou três meses. Já pensou nos nomes? - o olhou divertida.

— Vocês tem alguma tradição? Sua família?

— Sim. Meninos têm nomes iniciados com "S" e meninas com "A".

— Alicia e Samir.

Alisha o fitou.

— Uma homenagem ao seu pai. Podem ter o mesmo nome?

— Não é muito comum, mas sim. - sorriu. - obrigada pela homenagem.

O.o.O.o.O

Lirya estava ao lado do filho. Contava a ele as últimas novidades. Mesmo os médicos dizendo que ele não escutava, não ligou.

— Em breve teremos uma criança correndo por aqui. - sorriu. - estou muito feliz pela Alisha e espero ter esse castelo cheio de crianças. Vou me recolher. - deu um beijo na testa dele. - amanhã será um longo dia. Boa noite filho.

Ela saiu e cerca de minutos depois foi a vez de Iskendar. O policial sentou no mesmo lugar ocupado pela rainha anteriormente. O olhar foi para as madeixas negras. Aquilo era sinal que a condição de Eron era a mesma.

— O que iremos fazer se você não acordar? - a pergunta se perdeu. - eu não posso governar GS. Não tenho capacidade para isso, além do mais você é o filho legitimo. - dizia como se ele pudesse responder. - Eron... sei que tivemos problemas, mas... acorda por favor. Todos precisam de você, eu preciso de você. É a minha única família.

O quarto continuou num profundo silêncio.

— Seu idiota... - os olhos marejaram. - precisa acordar.

A atenção foi chamada pela urna dourada, num canto.

Iskendar levantou, enxugando as lágrimas. Cedendo a curiosidade tocou a caixa dourada. Ela brilhou e abriu, revelando a armadura de Câncer.

Ficou por um tempo fitando aquele objeto. Por que sentia algo vindo dele? Perguntava-se. Seria a hipótese de Shion?

Tocou a armadura, mas nada aconteceu.

Soltou um suspiro desanimado. Olhou mais uma vez para o irmão antes de sair.

Trigésimo primeiro dia em Ranpur. Os trabalhos de reconstrução da cidade seguiam a todo vapor, assim como os preparativos para a partida dos dourados. Bem cedo, Lirya tinha ido dar uma olhada no filho e depois foi supervisionar os inúmeros presentes que eles levariam para VL.

A Euroxx estava em pleno funcionamento, apenas esperando o momento.

Enquanto aguardava o momento, Afrodite dirigiu-se para o quarto de Giovanni. Apesar da volta ser necessária não queria deixar o amigo naquele estado. Quando abriu a porta levou um susto. A coloração do cabelo estava parte branca parte azul. Rapidamente chamou a rainha e os demais.

— Estavam negros ontem. - disse Iskendar. - eu vi.

— Hoje de manhã também estavam escuros. - Lirya tocou no rosto do filho. - vou chamar os médicos.

A equipe foi acionada e exames feitos. O corpo estava normal, contudo o que causava estranheza em todos era que a medida que o tempo passava mais os cabelos ficavam brancos. Cerca de uma hora depois estavam completamente na cor branca. Por segurança a equipe médica decidiu que seria melhor ele num hospital e já estavam preparando a ida dele.

— O que pode ser mestre? - indagou Mu.

— Se os cabelos estão assim pode ser sinal que ele está bem.

O som de uma respiração mais pesada chamou a atenção deles. Viram que o canceriano havia mexido o braço...

Abriu os olhos lentamente. Sentia a cabeça zonza e os pensamentos estavam em desordem.

— Eron...

Giovanni olhou para o lado vendo a mãe.

— Mãe...

— Que susto me deu. - o abraçou. - como se sente?

— Meu corpo dói.

Ele olhou para frente vendo Iskendar. O irmão mais velho sorriu aliviado. Temia que ele nunca acordasse.

— Eron... - deu um passo e o abraçou com força. - Eron.

— Pai...?

A indagação pegou todos de surpresa.

— Realmente me acha parecido com Soren. - falou sem graça.

— Ele bateu a cabeça. - brincou Miro. - é isso.

Giovanni olhou para a voz, estranhou ver tantos rostos estranhos. Quando ia dizer alguma coisa, a porta abriu de uma vez. Alisha praticamente pulou em cima dele.

— Seu idiota quase me matou de preocupação.

— O que...

— Pare de bancar o heroi.

Ela afastou um pouco. Giovanni mirou o rosto. Cabelos lilases e marcas atlantiks.

— Ali-sha?! - engasgou. - o que aconteceu com você?? Por que está grande? - a olhou de cima a baixo. - E não está gorda??? E baixinha??!!

A princesa arqueou a sobrancelha.

— Já melhorou. - sorriu. - pare de brincar.

— Mãe... - fitou a rainha. - por que a Alisha está grande e quem são essas pessoas? - apenas não estranhou Mu, Shion e Aldebaran.

— Para de palhaçada Mask. - ralhou Shura. - nós ficamos preocupados. Atena nos mataria se voltássemos sem você.

O cavaleiro fitou o espelho que estava atrás de Shura.

— Por que meus cabelos estão brancos???!!! Minha cara!!!! - exclamou. Olhou para o próprio corpo. - o que aconteceu comigo??? Por que estou grande???!!!!

— Eron... - Lirya não entendia a reação.

Shaka o observava.

— Qual a sua ultima lembrança, Eron? - indagou usando o nome dele de Ranpur.

— Eu... - ele forçou a mente. - estava entrando num hadren quando a Euroxx explodiu e... - ele arregalou os olhos, para em seguida ficarem marejados. - mãe... o que aconteceu com o papai? Cadê o papai? - desesperou. - a Euroxx explodiu! Cadê o papai??? - começou a chorar.

Lirya o fitava sem entender. Será que pelo fato do coma aquelas lembranças estavam mais fortes?

— Calma Eron... - o amparou. - são só lembranças daquele dia. Passou.

— Mas e o papai? Cadê o papai? Alisha, - olhou para a amiga. - papai está com tio Samir? Cadê os dois?

— Eron... - ela não estava entendendo.

— Eron, - Shaka o chamou. A julgar pelas reações e o nome de Samir surgir na conversa a situação era muito mais grave. - quantos anos você tem?

— Nove... por que?

Os presentes arregalaram os olhos ao ouvir.

— Eron, - Lirya achou que o impacto tinha sido forte, a ponto de fazê-lo delirar. - descanse mais um pouco. Despertou depressa por isso está confuso.

— Ele está bem senhora Lirya. - Shaka o fitava seriamente. - o que ele tem é mais delicado... Eron quem é Giovanni?

— Eu o conheço? Trabalha aqui?

Shion, Saga e Kamus fitaram um ao outro.

— Como assim? - indagou Deba. - você é o Giovanni.

— Está encenando bem. - brincou Kanon. - daqui a pouco vai dizer que não conhece Atena.

Aioria e Shura riram do comentário.

— O meu nome é Eron. - fitou o kalahasti seriamente.

— Não adianta Aldebaran. - Shaka abriu os olhos. - Giovanni perdeu a memória.

— O que?! - exclamaram todos.

— Mas ele disse meu nome. - falou a princesa.

— Ele desde pequeno a conhece. A memória dele só vai até os nove anos, tudo que aconteceu depois foi apagado.

— Não se lembra de mim? - Iskendar estava chocado.

— Não... mas se parece muito com meu pai.

— Eron, - Lirya pegou nas mãos dele. - não se lembra dos seus amigos? Não se lembra do seu irmão?

— Eu tenho um irmão?? - arregalou os olhos. - você é meu irmão??

— Do santuário. - Dohko aproximou. - não lembra do santuário? De Atena? Que é um cavaleiro?

— Eu não sei do que fala... - fitou a mãe. - o que está acontecendo?

— Helena. - disse Dite perplexo. - lembra dela?

— Eu...

Bisogna ricordare Helena.— falou em italiano, talvez aquilo ajudasse.

Non so chi parla.— respondeu.

Shion suspirou aliviado. Ao menos a língua aprendida não havia sido apagada. Era um bom sinal. Contudo a vida desde que passara pelo hadren até a explosão de Atália havia apagado. Quinze anos de vida tinham deixado de existir.

— Eron. - Shion aproximou. - me permite fazer algo?

Giovanni fitou o mestre, para em seguida voltar o olhar para Alisha.

— Ele está comigo. Pode confiar.

— Tudo bem...

O ariano sentou em frente a ele. Liberou seu cosmo. A mente de Giovanni tinha lembranças perfeitas de sua vida como o pequeno Eron, entretanto quando a mente projetou a ultima lembrança, a da Euroxx explodindo, tudo se tornou um borrão.

— Dos nove até agora, foi apagado. - disse.

— Apagado? O que quer dizer? - indagou o próprio. - eu conheço vocês?

— Todos fazemos parte da sua história, mas se lembra apenas da sua mãe e da Alisha. Você sofreu um acidente e suas lembranças foram apagadas. - Shion contou a vida dele de forma mais resumida e sem mencionar detalhes desagradáveis.

— Quer dizer que somos amigos?

— Sim Gio. - Afrodite sentou na cama. - somos amigos há muitos anos. Todos nós.

— Não se preocupe com isso agora. - disse Dohko. - o importante é que está bem. Com o tempo vai se lembrar.

— E os meus cabelos... - tocou-os. - por que estão assim?

— Pouca importa meu filho. - Lirya o abraçou. - com o tempo descobriremos.

A noticia da perda da memória de Eron pegou todos de surpresa, mas apenas Marius foi lembrado por Giovanni. Fizeram exames no canceriano, constatando que o cérebro dele estava bem, o que não correspondia com a perda de memória. Havia de algo de errado com ele.

Shion olhava atentamente para o canceriano, enquanto ele conversava com Marius. O olhar desviou para a armadura de Câncer que estava ao lado.

— Majestade, - chamou Lirya. - permita-me uma ação?

— Claro.

— Eron pode tocar aquele objeto? - o ariano apontou para a armadura.

Giovanni fitou o objeto amarelo. Achou-o bem estranho, formava um caranguejo.

— É seu filho. - disse Lirya. - não vai acontecer nada.

Ainda meio ressabiado Gio aproximou. Os cavaleiros estavam apostos caso algo acontecesse.

Ele agachou diante da armadura, demorando o olhar nela. Shion e Shaka olhavam.

— Vocês disseram que isso é meu?

— Sim. - respondeu Shaka.

O italiano tocou em uma das pontas, nada aconteceu. Vendo que era seguro, tocou em outras partes. Nada acontecia. O grande mestre franziu o cenho.

— Shion... - murmurou Dohko fitando-o.

O ariano não respondeu. Desde que Giovanni despertara tentava sentir o cosmo dele, mas não conseguia.

— Iskendar, sente a energia de Eron? - indagou.

O policial voltou a atenção para o irmão. Até aquele momento não tinha prestado atenção, mas agora percebera que parara de sentir. Era como se ela tivesse desaparecido.

— Não sinto... por que?

— Isso é grave Shion? - indagou Lirya.

— Mais ou menos. A armadura não o repeliu, mas também não o reconheceu. Para ela, é como se Eron fosse um humano normal desprovido de cosmo.

— O que é cosmo? - indagou o próprio.

— Câncer não vê Giovanni como cavaleiro? - indagou Dite, passando por cima da pergunta.

— Não.

— Renegou-o? - perguntou Shura.

— Também não. Não é como daquela vez. A conexão entre ela e o cosmo de Giovanni foi perdida, devido a perda da memória. Ela só vai reagir quando o cosmo do seu cavaleiro a envolver. Isso dependerá da memória dele.

— Quer dizer que não posso usar isso? - Giovanni apontou para a armadura.

— Não. Enquanto for apenas Eron Tempestta não. Vamos arrumar nossas coisas.

Shion saiu seguido de alguns cavaleiros. Miro e Afrodite ainda olharam para Giovanni antes de saírem.

O italiano abaixou o rosto, olhando para a armadura. Iskendar foi atrás dos outros.

— Não fique assim. - Alisha ajoelhou diante dele. - vai se lembrar.

— E se eu não lembrar? - a fitou. - não é só por eles é por Ranpur também. Se estou assim... - olhou para os braços. - é sinal que muita coisa aconteceu. E eu não entendo...

— É como Alisha falou, filho. Será questão de tempo lembrar-se.

— Diga, do que se lembra da nossa infância? - indagou a princesa.

Talvez na tentativa de forçar a memória pudesse ajudá-lo.

Iskendar alcançou os dourados ainda no corredor.

— Senhor Shion, o fato dele ter perdido o cosmo, afeta seu poder Tempestta?

— Não totalmente. Seu teleporte talvez diminuía de intensidade, já que o cosmo potencializava, mas as demais coisas não. Faz parte de vocês.

— Deveriam ficar mais tempo.

— Não podemos. - disse Saga. - não sabemos como está a Terra.

— Iskendar, - Shion tocou no ombro dele. - independente da memória dele, teríamos que voltar. Te peço que tome conta dele e da armadura.

— Tomarei...

Faltando poucas horas para a partida, cada dourado foi para seu quarto. Não tinham trago mala, mas Lirya providenciou presentes e tudo que eles quisessem levar para a Terra.

— E se a memória dele não voltar? - indagou Miro.

— Com memória ou sem, ele poderia ficar aqui. - disse Kamus. - o lar dele é aqui.

— E se quando voltarmos ele continuar na mesma?

— A rainha terá seu filho de volta e o santuário um cavaleiro a menos.

— O que pode ter acontecido? - Shura sentou na cama. - se passou quase quatro dias entre a explosão e agora. Será que o fato dele ter aparecido em Ikari tem a ver com a memória? E os cabelos brancos?

— São perguntas que só teremos respostas quando ele lembrar-se de si.

Iskendar voltou para o quarto. A rainha e Alisha contavam detalhes para ajudá-lo a lembrar.

— Eron volto daqui a pouco. - disse Alisha, ela queria conversar com Shion.

— Está bem.

— E eu vou verificar se tudo está pronto para seus amigos, - Lirya levantou. - Iskendar vai ficar com você.

As duas saíram. O policial sentou numa cadeira. Demorou tanto tempo para ter intimidade com o irmão e depois que conquistou a perdeu novamente. Eron fitava o suposto irmão. Ele era realmente parecido com o pai.

— Você se parece muito com meu pai. - disse. - e com a avó Bruni.

— Já me disse inúmeras vezes. - sorriu.

Giovanni notou a correntinha que ele usava.

— Temos iguais? - apontou.

— Samir fez para nós. Você foi com seu pai até Sora, lembra?

— Sim. Enchi a paciência do pai. - sorriu, mas o sorriso desapareceu em seguida. Lembrou-se do pai. - eu não queria ter ido... eu não queria ter ido... - começou a chorar.

Iskendar levantou de onde estava, sentando ao lado de Eron. O abraçou.

— Já passou.

— E eu não me lembro de nada...

— Eu vou te ajudar. - o fitou. - Se lembrará de tudo, inclusive da Helena.

— Quem é ela?

— A sua garota.

— Eu tinha uma namorada? - arregalou os olhos. - mas as meninas são chatas!

Iskendar gargalhou com o comentário.

— Espere se lembrar de tudo. - brincou com os cabelos brancos. - depois me diga.

Giovanni sorriu.

— Eu gostei de ter um irmão mais velho. Tenho com quem brincar.

A frase deixou Iskendar surpreso. Quando soube que era filho de Soren, pensou na infância e adolescência que poderia ter passado ao lado Eron. Agora de certa forma poderia viver isso. Poderia construir uma relação legal com o irmão.

— Tem sim. - o envolveu. - vou tomar conta de você.

A hora havia chegado, a nave que os conduziria até a Euroxx estava na pista de pouso principal.

— Cuide-se Aldebaran. - Enya o abraçou - e quando puder nos faça uma visita.

— Farei.

— Proteja sua elementar. - Kaleb estendeu-lhe a mão.

— Protegerei.

Ao lado...

— Não o deixe a ir a festas. - disse Beatrice pendurada em Kamus. - conto com você Miro.

— Pode deixar. Ficarei de olho. - sorriu.

— Como se eu fosse você. - disse Kamus.

— Cuide-se também Miro. - Bia o abraçou.

— Virei fazer visitas. Chame suas amigas.

— Prometo que te levarei na melhor festa de Ranpur. - Etah aproximou.

— Vou cobrar. - apertaram as mãos.

— Isso é para você.

Miro pegou a pequena caixa.

— Espero que funcione em VL. É um simulador de Lego, para você não perder o costume.

— Obrigado! - exclamou animado. - se não funcionar eu faço funcionar. Obrigado Etah.

Deram um abraço.

Na roda ao lado...

— Eu vou sentir saudades... - Estelli choramingava.

— Eu volto. - a abraçou. - e trago presentes.

— Presentes...? - sorriu animada.

— Não sei quem essa menina puxou. - disse Lya.

— A tia dela. - respondeu Kanon, recebendo um tapa de Niive. - ai!

— Saga, vigie-o de perto! - virou-se para o cunhado.

— Pode deixar.

— Saga, deixa o tio Kanon voltar e cuida dele. - pediu a garota surpreendendo a todos.

— Pode deixar Estelli.

— Usain dedique-se aos estudos. - o marina o abraçou. - sua tia agora...

— Eu sei. - riu.

— Façam uma boa viagem. - Lya abraçou Kanon e depois Saga.

— Digo o mesmo. - disse Ethel.

— Obrigado. - disseram ao mesmo tempo.

Kanon abraçou a diretora.

— Comporte-se. - disse no ouvido dela.

— E você também.

Os dois deram um beijo, com Estelli tampando os olhos.

Shion fazia as mesmas recomendações a Alisha. A princesa só ouvia.

— Estou vendo que terei que me mudar. - disse Dohko. - Shion não vai te deixar em paz e nem o meu afilhado!

— São só recomendações.

— Eu sei Shion. - Alisha acariciou o rosto dele. - quero os dois daqui um mês. - olhou para Dohko e Mu.

— Estaremos sim princesa. - disse Mu. - Obrigado pela acolhida.

— Rana mandou dizer que irá achar o nome da sua família.

— Agradeça a ela por mim.

— Comadre, - diante da estranheza, Dohko explicou o termo a ela. - não faça muito esforço e descanse.

— Pode deixar. - riu. - e vocês cuidem-se. Boa viagem.

Shaka e Dara trocavam os últimos agradecimentos enquanto Urara olhava as outras meninas. Elas sorriam e nem pareciam preocupadas pela partida deles ao contrário dela. Estava receosa. Normalmente as mulheres eijis são mais centradas, o que não acontecia.

— Urara.

A voz de Shaka a trouxe de volta.

— Está preocupada?

— Não... - abaixou o olhar.

Shaka pegou a mão direita dela, passando seu mindinho no dela. Com a outra mão a envolveu.

— Nossa linha está aqui. Ela só vai esticar um pouco, mas em breve estará curtinha novamente. Sabe disso não é?

— Sei...

Shaka a beijou e a ex diretora correspondeu.

Lirya fazia fortes recomendações a Afrodite, Shura e Aioria, principalmente ao sueco.

— Cuide-se está bem.

— Obrigado por tudo. - Gustavv pegou nas mãos dela. - principalmente pela confiança.

— Faça uma boa viagem. - o abraçou. - todos vocês.

Agradeceram.

Um pouco afastado, na companhia do irmão Mask observava a movimentação. Sentia-se estranho.

Marius pediu a atenção de todos para agradecer mais uma vez a ajuda.

Dara olhava Urara fitar Shaka. Era bastante experiente para saber que a eiji estava sofrendo com a partida dele.

— Ele vai voltar Urara. - disse baixo.

— Será...? Eu deveria pensar racionalmente e ficar feliz se ele decidir ficar, mas meu coração... ele quer o Shaka.

— Li uma frase num livro que se encaixa para nossa situação, - era Kamus que parou ao lado dos eijis e tinha escutado a conversa. - Se o que encontramos é feito de matéria pura, jamais perecerá e poderemos voltar um dia.— os eijis o fitavam. — se foi apenas um ponto de luz, como a explosão de uma estrela, não encontraremos nada quando voltarmos, mas terá valido a pena pois teremos visto uma explosão*. Todos estamos sujeitos a isso, resta-nos esperar.

— Sábias palavras meu jovem. Confie na linha vermelha. - fitou Urara.

Urara voltou o olhar para Shaka. Confiaria.

O grupo foi despedir da rainha. Giovanni olhava-os. Não sabia o porque, mas estava incomodado com a partida deles. Iskendar aproximou.

— Tudo bem?

— Sim... - não o fitou. - eu não queria que eles fossem embora...

O policial ficou surpreso.

— Por que? - indagou, talvez pudesse ajudá-lo a lembrar.

— Não sei ao certo... eles fazem parte do meu passado. Talvez seja por isso.

— Não se preocupe. - tocou no ombro dele. - com o tempo vai se lembrar.

O canceriano voltou o olhar para as urnas douradas. Estavam todas juntas num canto. De menos a suposta dele. Se eram tão importantes talvez fosse melhor eles levarem para VL.

— Senhor Shion.

O chamado fizeram todos olharem para ele. Por estar de cabelos brancos, os dois irmãos se pareciam ainda mais.

— Sim alteza.

— Só Eron. - era esquisito ser tratado formalmente por eles. - não é melhor levar a armadura. Podem precisar dela e aqui...

— Não se preocupe com isso Eron. Voltaremos em um mês e até lá terei consultado Atena. Ela saberá a destinação para a armadura.

— Se quer assim...

— Iskendar tome conta dele. - Dite aproximou. - não o deixe fazer besteiras. Controle a boca suja dele.

— Pode deixar. Faça uma boa viagem. - estendeu a mão.

— Obrigado. - retribuiu. - e você, seu grosso, cuida da sua mãe.

— Cuidarei... - disse sem graça, sentia-se estranho. Não se lembrava dos rostos deles, mas sentia-se muito próximos a eles. - volte mesmo...

— Não vai se livrar de mim. - Dite deu um sorrisinho. - não vou te deixar em paz.

— Está bem. - sorriu. - Boa viagem. - mostrou a mão.

— Obrigado. - apertaram.

— Cuide-se Giovanni. - Shura apertou o ombro dele.

— Você também.

— Giovanni, - Shaka aproximou. - sei que não se lembra, mas trarei noticias de Asgard. - referia-se aos irmãos de Helena.

— Obrigado. - não tinha a menor ideia do que era Asgard, porém aquele nome trazia bons sentimentos.

Com o horário chegando, os dourados embarcaram na nave. As pessoas na pista acenaram até a nave desaparecer entre as nuvens...

— Que Atena os proteja. - disse Lirya.

Giovanni olhava o céu, os olhos marejaram. Sentia como se parte dele tivesse partido e não voltaria tão cedo.

— Voltem... - tentava segurar as lágrimas. - não me deixem aqui sozinho...

— Eron... - Lirya o abraçou. - em breve eles estarão de volta. - sorriu, pois parecia que a memória afetiva não tinha sido tão afetada.

— E se eles não voltarem...?

— Voltam sim. - disse Iskendar. - eles vão voltar.

Na orbita de Ranpur, a Euroxx preparava-se para entrar no hadren.

— Terra, estamos voltando. - brincou Aldebaran, fazendo-os rir.

Os cavaleiros voltaram a atenção para a grande janela de vidro lateral, viram aos poucos uma luz azulada aparecer na frente da Euroxx. A luz transformou-se em vários círculos que se propagavam como ondas, segundos depois os círculos transformaram se em cones e a nave transpassou. No lugar restou um rastro de vários feixes de luz...

Seis meses depois...

Shion olhava com a tez triste para a caixa de madeira presenteada por Alisha. Apesar de ser os instrumentos que ele usava para o conserto das armaduras, não teve coragem de usá-los.

Ao chegarem, depois de um mês em GS, o santuário continuava o mesmo. Seiya e Kiki enchiam a todos de perguntas de como era a outra galáxia. Eles contaram com entusiasmo. As sucessões foram realizadas com Shun, Hyoga, Seiya e Shiryu recebendo as armaduras de ouro. Shion passou o elmo de grande mestre para Aiolos e Kanon havia entregado a sua Escama para Poseidon. Quando o grande dia chegou estavam preparados para a chegada de Evans, mas isso não aconteceu.

Nos primeiros dias não se abalaram pensando apenas que era questão de tempo, porém os dias transformaram-se em semanas, semanas em meses... Perguntavam-se o que tinha acontecido e se Giovanni, as meninas e os demais estavam bem. Atena tentava animá-los ao máximo, contudo...

Com o tempo a caixa de madeira transformou se na doce lembrança das terras dos seus ancestrais e de sua princesa. Atena que tinha chegado na porta notou o olhar vago de seu ex grande mestre.

— Shion.

— A-tena. - virou-se. - desculpe estava distraído.

A deusa caminhou até ele olhando a caixa ricamente decorada.

— Tenha fé que irá voltar.

— Estou tentando, mas... tenho medo de nunca mais vê-la ou conhecer o meu filho.

— Tudo vai se resolver. - tocou no ombro dele. - terá sua família de volta.

— Obrigado.

As primeiras estrelas apareciam no céu do santuário de Atena. O vento mais fresco indicava que o outono aproximava. Aguardando os companheiros, para uma reunião marcada pela deusa, Shaka estava sentado na porta do templo principal. Os olhos azuis estavam perdidos na imensidão escura que se formava. Observar as estrelas a noite tinha si tornado um hábito.

— Está anoitecendo mais rápido.

A voz chamou a atenção do indiano. Era Mu, acompanhado por Kanon, Deba, Miro, Kamus e Shura.

— É o que parece. - respondeu.

— Parece que foi ontem. - Kanon também olhou para o céu. - a guerra e nossa volta.

— O que terá acontecido? - indagou Miro. - Evans prometeu enviar uma nave, mas...

— Não pode ser uma nova guerra. - disse Shura. - S1 foi derrotado.

— Deve ter acontecido algo, mas sinto que não é grave. - Shaka tomou a palavra. - apesar de termos perdidos nossos "poderes extras" ainda guardo essas sensações.

— Uma viagem inter galáctica não é algo simples. - disse Kamus. - na certa estão tentando vir para cá.

— Se não estiverem a caminho. - Deba tentou animá-los.

— Acho bom. - Mu sorriu. - Shion está quase surtando. A essa altura Alisha está de sete meses.

— Elas estão esperando por nós. - o marina continuava a fitar o céu. - Contudo se acontecer de não voltarmos, pelo menos Giovanni está lá tomando conta de tudo. Enquanto isso, vamos vivendo.

Concordaram.

O.o.O.o.O

Com a morte de seus principais líderes, S1 ficou a mercê de GS. A população via com ressalvas Iskendar, neto de Haykan, mas o príncipe havia deixado bem claro suas intenções. Não queria ser governador ou algo parecido de S1. A galáxia vitoriosa auxiliaria na reconstrução de S1 dando todo o apoio necessário e em contra partida os sloanis estariam proibidos de constituírem um exército. Toda proteção seria feita apenas por GS.

Depois do ataque a Lain, o planeta tem passado por constantes transformações. O dano feito ao núcleo, tinha afetado a biosfera e ainda levaria alguns meses para tornar-se habitável novamente.

Dara, eleito como presidente, estava a frente da construção de moradias no planeta Toulous que seria rebatizado como Nova Obi. Em poucos meses, os eijis que quisessem poderiam mudar.

E esse seria os acontecimentos que os dourados veriam se tivessem voltado no tempo certo.

Os planetas arrasados pela guerra estavam sendo reconstruídos, assim como a nova sede da policia galáctica. E nos primeiros andares já construídos, Niive e Urara estavam reunidas.

— A ala leste estará pronta em três meses. - disse a eiji que trazia os cabelos mais curtos, na altura dos ombros.

— Nesse ritmo teremos nossa sede em no máximo um ano. - Niive ajeitou na cadeira, ela por sua vez trazia os cabelos ainda mais longos.

Batidas a porta chamaram a atenção. Uma moça de cabelos rosados curtos entrou.

— Chanceler Vronsk. - Niive levantou.

— Niive, por favor. - Bia sorriu. - só Bia. Somos amigas, deixe as formalidades para as reuniões.

— Como quiser, a mais jovem chanceler de Ranpur.

Ela ficou vermelha. Como Marius havia previsto, o nascimento em Eike não atrapalhou a jovem auxiliar subir ao governo de Ranpur. Sua escolha foi por unanimidade inclusive pelo povo do planeta.

— Como está indo? - indagou Urara achando graça.

— Como auxiliar não imaginava que fosse tão difícil! Estou trabalhando muito, mas ver Ranpur voltando a ser o que era é gratificante.

— Sábias palavras. - a kalahasti sorriu. - Alisha virá?

— Confirmou a presença, mas a gravidez está bastante adiantada.

— Mas não me impede de trabalhar.

As três olharam para a porta. Alisha não mudara nada exceto pela barriga.

— Alteza.

— Sem formalidades. - sentou-se. - e estou ótima, posso trabalhar até o parto. - sorriu.

— Antes de começarmos, - Bia tomou a palavra. - notícias da Euroxx.

Os rosto das outras três iluminaram.

— Não são animadoras... eles só conseguiram chegar até a fronteira de GS. Não há caminho para lá.

— Tentaram por outras vias? - indagou Urara.

— Tentaram tudo, mas nossos instrumentos não conseguem localizar VL. É como se o planeta não existisse.

— Localização não encontrada e hadrens que não abrem para lá... - Alisha tocou a barriga. - já tem seis meses, eles devem está pensando que nós os abandonamos.

— Não estão. - Niive disse com firmeza. - eles sabem que a galáxia passou por dificuldades, por isso a demora em ir buscá-los.

— Não é só isso Niive. - disse Urara. - A Euroxx, Genesis ou Ramaei podem perfeitamente viajar. Mas o caminho fechou, se perdeu. Não há como. Mesmo que um hadren abra em VL, não tem como eles virem até nós. Precisamos é aceitar o fato. Desculpe princesa, mas...

— Então vai desistir disto? - Niive pegou a mão direita da eiji. - quer se conformar que sua linha ficará esticada para sempre?

— Não, mas...

— Ainda temos o príncipe. - lembrou Bia. - mesmo sem ele se lembrar ainda pode acontecer um milagre. Vamos começar a reunião? - não queria pensar mais naquilo. -Pois sei bem que certo cavaleiro não vai deixar a nossa presidente em paz quando voltar. - sorriu.

— É a chanceler, mas me deve respeito. - ficou sem graça. - vamos começar.

Alisha riu. Urara soltou um suspiro, precisava ser otimista como elas.

O fato de nenhuma nave conseguir transpor os limites de GS, era devido ao fechamento do hadren que ligava a galáxia a Terra. Inexplicavelmente a via tinha sido perdida. Lirya não cansava de enviar naves, mas todas só alcançavam o limite de GS. Tentaram como da primeira vez, que Marius foi a VL, mas os instrumentos de localização não conseguiam determinar a rota, nem mesmo a galáxia onde a Terra estava. Fizeram muitos estudos, mas nenhum conclusivo. Com isso o desejo de ver os amigos de seu filho tornava-se distante.

O.o.O.o.O

Dara andava por entre as lápides, a procura de um nome querido. Olhava atentamente para o chão pois estava no rumo certo. Alguns metros a frente parou diante de uma pequena placa, colocada no chão.

O eiji agachou.

— Oi Jhapei. - sorriu. - está num bonito lugar. - havia um jardim perto dali.

Ficou olhando para o nome da humana. Sentia muita falta dela e queria que tudo tivesse sido diferente. Na GS de paz, ela merecia viver. Estava lembrando se de fatos passados que nem se deu conta que alguém se aproximava.

— Não me disse que viria. - falou o eiji.

— Estava aqui perto. - Iskendar agachou ao lado. - resolvi passar antes de seguir para o palácio. - depositou um ramalhete de flores.

— Solicitei a rainha que deixassem levar o tumulo dela para Toulous. Ficará mais perto de mim.

— Ela não vai se opor.

— Eu desejava que ao final da guerra, nós três poderíamos voltar a viver em Sidon. Noah continuaria no governo, Jhapei não teria que trabalhar como espiã e Eron assumiria o governo.

— Uma pena que não terminou assim. - fitou o nome da garota. - mas ela está feliz pois sabe que você está bem.

— Acho que sim. - levantou. - volto para te buscar. - disse como se ela pudesse ouvir.

— Está voltando?

— Sim. Preciso resolver sobre Sidon, mas volto quando sair a autorização.

— Vou ver o que posso fazer. - sorriu. - sou influente agora.

Dara riu.

— Esqueci desse detalhe.

O eiji passou o braço pelo pescoço do garoto.

— Vamos?

Iskendar concordou.

xxxxxx

Shermie estava em obras. Surpreendentemente, Iskendar estava a frente de tudo, já que Eron ainda não tinha recuperado a memória. Durante esses seis meses desde a partida dos dourados só conseguira se lembrar que esteve num lugar frio e que neste lugar morava quatro crianças. Diante disso, começava a se habituar a vida de Ranpur e a esquecer que era também um cavaleiro de Atena. Nesses meses só chegou próximo da armadura três vezes. Ela estava agora, guardada no escritório de Soren. Lirya e Iskendar faziam o possível para lembrá-lo de sua condição em VL, mas tiveram sucesso.

Por outro lado a perda da memória deixou os dois irmãos ainda mais próximos. Giovanni acompanhava o policial sempre que podia, aprendendo com ele sobre política e administração.

Marius, Lirya e Iskendar caminhavam por um dos corredores do palácio em direção a sala de reunião. Desde que entregara o posto a Beatrice, Marius tinha virado uma espécie de conselheiro.

— Em poucos meses, toda Ranpur estará reconstruída. - disse.

— Beatrice está fazendo um excelente trabalho, chanceler. - Iskendar o fitou. - todos os ministros estão satisfeitos com o trabalho dela. O povo nem sem fala.

— A Bia é muito competente. - sorriu. - ela conduzirá muito bem o planeta. Vossa alteza também tem mostrado habilidades com a política.

— Obrigado. No começo me enxergavam com ressalvas pelo fato de também ser um sloani, mas o  tempo que passei com Dara em Sidon me ajudou muito a mudar as opiniões.

— Sem se esquecer do fato de ser o mais parecido com Soren. - disse Lirya.

— Eron é mais majestade. - sorriu. - ainda mais com os cabelos parcialmente brancos.

— E como anda a memória dele? - indagou o ex chanceler.

— Sem muita evolução. - a voz da rainha saiu pesarosa. - todos os fatos ocorridos até os nove anos estão bem marcantes. Mesmo com o tempo fora, Eron está assimilando bem nosso modo de vida, mas com relação a sua vida em VL...

— Estamos tentando ajudá-lo nisso, - iniciou Iskendar. - mas não temos como aprofundar nas lembranças e nem contá-lo das suas reais ações. Saber que matou muita gente poderia desencadear algo pior. Só os amigos dele é que podem ajudar nessa parte. Até o jeito que ele falava e seus gestos estão diferentes. Não parece com o Giovanni que chegou aqui.

— Sem eles a recuperação será mais lenta. - lamentou o chanceler. - ainda mais com o hadren perdido. Craig está tentando encontrar uma razão pelo hadren não chegar até lá e porque nossos localizadores não conseguem encontrar VL.

— Isso dificulta as coisas. Se demorarmos a desvendar esse mistério, o passado de Eron em VL ficará cada vez mais perdido. - disse Iskendar. - eu tentei abrir um hadren, mas a Euroxx chegou apenas até o limite de GS.

— Pelo menos em meio a isso vocês ficaram mais próximos.

— Sim. - o policial sorriu.  - e isso dá um pouco de medo. Como será quando ele recuperar a memória? - fitou os dois. - nós tivemos um começo conturbado e depois de Haykan ficou ainda mais difícil. Temo que as coisas mudem.

— Vão continuar do mesmo jeito. - Lirya tocou no ombro do príncipe. - Eron já gostava de você antes de tudo acontecer, isso não vai mudar.

— Mãe. - o cavaleiro surgiu no corredor.

— Tão depressa? - o fitou. Não era apenas a perda da memória era intrigante, mas também a coloração do cabelo voltando ao azul lentamente. Giovanni fez vários exames, mas nenhum acusou coisa alguma.

— A Ramaei está incrível. Yahiku é um excelente capitão. - virou-se para Marius. - chanceler.

— Como tem passado alteza?

— Na medida do possível bem. Ainda é difícil acostumar com tantas mudanças. Lembro de uma Shermie pequena e a cidade está enorme.

— Com o tempo vai se acostumar.

— Até onde foram? - perguntou o policial.

— Até Ikari. Eu queria ir até a superfície, mas se algo desse errado você não estaria para me ajudar, como daquela vez.

Os três entreolharam-se.

— Que vez? - indagou Marius.

— Em que a minha nave sofreu um atentado e Iskendar me salvou. Está certo que me deixar vagar no espaço, não foi legal, mas...

— Se lembra disso? - Iskendar o cortou. - do acidente?

— Sim. Até me deu um soco. - virou a cara. Iskendar arregalou os olhos. Essa lembrança foi da primeira vez que estiveram cara a cara.

— Eron você... - murmurou Lirya.

— Foi preciso. - Marius interrompeu a rainha. - mas tudo terminou bem.

— Mas também não posso reclamar, já joguei uma menina do alto de uma cachoeira.

— Que menina?

— Não lembro o nome, mas ela caiu de uma altura muito grande, sorte que um cara com tatuagem de dragão a salvou depois.

— De quem está falando Eron? - era claro que aquilo era alguma lembrança de Eron, mas Iskendar não se lembrava dela, será que era de VL?

— Lembro dos rostos, mas não dos nomes e quem são. Parece que temos uma reunião agora, vamos? - fitou o irmão.

— Vai na frente, já estou indo.

Mask deu um beijo na testa da mãe e saiu.

— Deveríamos ter perguntado mais.

— Talvez não majestade. - disse Marius. - essas lembranças vieram de maneira espontânea, se perguntássemos demais poderia assustá-lo.

— Fiquei surpreso por ele lembrar do acidente.

— Não totalmente. Ele sabe que esteve em Ikari, que aconteceu algo e que você o ajudou, mas não sabe as circunstâncias que levaram a isso. E com certeza a outra lembrança deve ser de VL. E essas duas pessoas podem fazer parte do passado dele.

— Se ao menos Gustavv estivesse aqui... ele poderia nos ajudar.

— De toda forma, quando testemunharem ele dizer algo que não pareça ser daqui, perguntem, mas de forma mais evasiva. Deixem que a mente dele vá liberando aos poucos a memória.

— E se fossemos até Ikari? - sugeriu Iskendar.

— É melhor não. Pode ter efeito contrário. Vamos dar mais tempo.

O.o.O.o.O

Dara andava sobre a obra da futura sede da Nova Obi. O projeto seguia os moldes do antecessor, como a maioria das novas construções de Toulous. A cidade seria habitada por uma maioria eiji, mas o chanceler fez questão de abrir as portas para os demais povos. Depois de uma longa caminhada, sentou num jardim próximo, fitando o céu azul. Sentiu falta do irmão. Pensava nele com carinho, quando subitamente teve a mente invadida por imagens. Via o palácio de Ranpur ser alvo de uma nave desconhecida.

Ele piscou os olhos várias vezes, assustado.

— O que foi isso...? - murmurou. - não pode ser uma visão... estamos em paz.

Ficou atordoado. Precisava relatar a Niive sofre o fato.

O.o.O.o.O

A reunião que Giovanni e Iskendar participaram não durou mais que uma hora. Logo após ela, os dois irmãos foram para o alto do palácio. Sentaram lado a lado. Iskendar fitava o irmão, ainda não conseguia sentir a "energia" dele, mas inexplicavelmente restava apenas uma mecha branca em sua cabeça.

Giovanni estava com o olhar perdido na paisagem, achava sua cidade linda, mas algo na paisagem o deixava saudoso. Não sabia o que era, mas sentia que faltava alguma coisa, ou alguma construção. Subitamente se viu sentado no alto de um prédio, vendo uma cidade de construções baixas no horizonte. O coração apertou. Involuntariamente derramou uma lágrima.

— O que foi? - indagou Iskendar notando a lágrima.

— Nada. - limpou o rosto. - só saudade de um lugar que não faço ideia onde seja ou o que é. Acha que é em VL?

— Quais imagens esse sentimento desperta?

— Sentado como estou agora e vendo uma cidade, com construções bem baixas e nas cores branco e marrom. É uma cidade grande e com a arquitetura diferente daqui.

— Pode ser a cidade em que morou.

— Talvez... minha mãe disse que nos conhecemos a pouco tempo, como eu era? Antes do que aconteceu a mim?

Iskendar franziu o cenho. Seria adequado dizer?

— Um pouco mais impulsivo e inconseqüente. - sorriu. - você não pensa muito antes de agir.

— Já me viu vestindo aquela coisa amarela?

— Sim.

Giovanni voltou a atenção para a paisagem.

— Minha mente continua um borrão. Por mais que eu tente não consigo lembrar, porém, quando vou fazer alguma coisa, ou dizer, tenho a sensação dejavú.

— Tem pesadelos a noite?

— As vezes. Sonho com um homem vestindo algo negro, muito parecido com a tal armadura e fujo dele, mas ele me ataca por trás e depois me joga de uma montanha.

— E o que sente quando se lembra disso? - Iskendar prestava muita atenção no relato.

— Eu... - o italiano abriu a boca para fechar. - sinto vergonha.

— Vergonha? - estranhou. - mas ele não te atacou?

— Foi merecido. Eu estava fugindo, como um covarde. - o fitou. - por isso te perguntei como eu era. Tenho a sensação que sou uma pessoa má.

Iskendar ficou em silêncio. Eron já havia lhe contado seu passado como assassino e outras ações que ele fizera enquanto cavaleiro. E pelo teor da lembrança isso estava envolvido.

— Seja o que tenha acontecido, ou que tenha feito, passou. Todos temos nosso lado ruim. - lembrou-se de si próprio. - não fique preocupado com sua memória, ela vai voltar.

— E se não voltar? Quem eu sou na verdade, Iskendar? Eron Tempestta? Giovanni Romanelli? Ou Giovanni Tempestta? Eu não tenho identidade. Sou o que vocês dizem que eu sou.

— Eu queria te ajudar mais, queria muito, mas...

— Já está ajudando ficando do meu lado. - sorriu. -E aposto que eu devo ser uma peste. - riu. - e você o certo da família.

— Para ser sincero, nós dois não valemos nada. - brincou.

— Imagino. - gargalhou.

— Fique calmo. - tocou no ombro dele. - tudo vai voltar ao normal.

 


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Notas finais do capítulo

* Frase do personagem Alquimista, do Livro "O Alquimista" de Paulo Coelho.



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