Guerra dos mares - Duologia escrita por KhatySeraph


Capítulo 11
11° Mergulho - A chegada do rei


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos ♥



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Arregalei os olhos surpresas.

Hairu tinha um irmão! Tudo bem, isso é normal para uma família, todavia nunca imaginei aquele tritão abobado ser um irmão mais velho, talvez o irmão caçula...

Ri pensando nisso.

Os olhos escuros do garotinho fitaram-me e seu sorriso murchou.

— Quem é ela?

— Uma amiga. — Hairu bagunçou os cabelos negros do pequeno. — Não seja má com ela!

Sorri daquela cena. Admitia que era tão fofo ver Hairu bagunçado os cabelos do menor que o fitava com admiração.

Acenei para ele enquanto ainda me mantinha sentada.

— Você é a nova namorada do maninho?

Pisquei não sabendo o que falar. Ou melhor, a maldita voz não saia para dizer um não! Cadê ela! Cadê minha voz!

Fiquei corada, cerrando os dentes.

Não conseguia falar absolutamente nada, nenhum som saia.

— Não. — Hairu respondeu me olhando de soslaio, apenas desviei o olhar. — A trouxe aqui para conhecer a nossa família.

O garotinho fitou brevemente o irmão e logo voltou-se para mim, já que não sabia o que falar e muito menos, se minha voz me deixaria na mão. Sorri.

— Você é humana! — Berrou.

Olhei em volta, mas apenas o loiro tinha se virado para nós.

— Fique quieto fedelho. — Hairu o abraçou fortemente enquanto fazia o pequeno rir alto.

Balancei a cabeça vendo aquela cena, porém, o que me chamou mais a atenção foi os olhos do loiro sobre mim. Ele tinha escutado sobre eu ser humana? Mesmo que me virasse em sua direção, ele ao menos desviava aquelas orbitas.

— Esse é o Naih. — Hairu me apresentou o pequeno que acenou sorrindo. — Cuidado! Ele apronta muito.

Ri daquilo, me lembrando das histórias que Hairu tinha me contado minutos antes.

— Puxou o irmão. — disse rindo.

O pequeno Naih riu juntamente, como se concordasse, e em base talvez Naih seguia os mesmos passo do irmão mais velho, uma figura que idolatrava com aqueles olhinhos brilhantes.

— Naih. — Gritou o loiro.

Hairu levantou o olhar e por um breve instante vi um pequeno clima pesado entre aquela troca de olhares. Seria também irmão do Hairu?

O pequeno se despediu e foi correndo para o loiro, sem mais nada dizer o que deixou Hairu mais tenso.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei mesmo não sendo da minha conta.

Hairu apenas seguiu os dois com o olhar, e logo voltou-se a se sentar. Esperei, não queria me intrometer, mas não sabia o que falar para aliviar o clima ali... Talvez fosse sábio, apenas fiquei em silêncio.

— Aquele é meu primo. Ele é dois anos mais velho que eu. — Começava ele. — E por meus pais terem o criado como filho, ele queria ser o próximo sucessor.

Desviei o olhar.

Uma briga de família da típica, inveja e de querer mais que o outro. Não sabia muito bem como era, porém, também tinha uma irmã.

— Ele nunca veio falar com você?

Hairu rosnou.

— Ele apenas me comprava quando era menor, ele me tratava bem para meu pai ver e elogia-lo, fazia tudo para meu pai a medida que eu ia crescendo, me atrapalhava para ele ser o exemplo. — O mesmo suspirou. — Não conhecia ainda o lado ruim das pessoas, e nunca pensei que conheceria da minha própria família.

Até mesmo os seres do mar tinham problemas com família... por que isso tinha que ser tão complicado? Por que as famílias tinham que ser tão difíceis?

— A medida que fui crescendo e vendo isso, fiquei furioso. Meu pai culpou a mim, todavia por eu ser o herdeiro legitimo, Kalede, não podia tirar meu trono.

— Isso está parecendo histórias da idade média. — Sorri me lembrando que adorava história na escola.

Hairu por não saber sobre as histórias dos humanos, me fitou arqueando a sobrancelha confuso, ri balançando a cabeça em negativa.

— É uma data marcada na linha do tempo dos humanos. Como vocês tem, humanos também tem. Há muito tempo atrás tudo era comandado por reis, a monarquia que você vive, um dia os humanos viveram.

Continue a explicar sobre a história da monarquia para Hairu. Ele parecia cada vez mais fascinado com tudo que contava. Não sabia muito, todavia nunca tinha me esquecido das épocas preferidas. Disse tudo que sabia e não esperava que um tritão ficasse tão animado com isso.

Ri alto vendo-o tão animado.

— Entre meu povo há muitas histórias também e lendas. Um dia a levarei na "grande pedra". — disse dando ênfase a grande pedra.

O que seria isso? Realmente uma pedra? E por que me levaria lá?

— Existe uma lenda. Havia dois... — Hairu arregalou os olhos enquanto fitava o vidro em sobre nossas cabeças.

Um grupo de tritões passaram, e entre eles um que se destacou bastante. Dava para perceber que era o rei por suas joias que usava e seu tridente brilhante em suas mãos. Vi sua cauda diferente da de Hairu, um tanto verde musgo, seus cabelos negros eram compridos, e apenas isso fora que conseguira notar do famoso rei dos mares.

— Venha. — Puxou-me rapidamente.

Corria a medida que Hairu olhava para cima. Sabia que seu pai não fazia ideia que uma humana estava em seu reino, e acima de tudo com seu filho prometido.

Desacelerei ao pensar essas palavras.

— Preciso escondê-la. — Hairu tirou-me de meus devaneios.

Perto das portas uma silhueta familiar nos esperava. Thamille também observava o imenso vidro vendo movimentação fora da cidade. A mesma nos fitou com preocupação em seus olhos.

— Não dará tempo de vocês saírem. — disse baixo.

Hairu desviou o olhar.

Realmente, se ele me visse Hairu que sofreria as consequências. Não era apenas por ele estar comprometido com outra, mas também por ele estar apaixonado por uma humana.

— Leve-a para dentro. — Thamille dizia mandando entrar logo. — Esconda-a.

Hairu assentiu e o segui.

— Esconderei você na sala de minha mãe. Não saia de lá até eu voltar. — Ele ditava as ordens.

Assenti.

Não queria dar problemas para ninguém ali. Eles estavam sendo tão gentis comigo. Sua mãe era tão diferente de uma imagem materna que via na minha.

Novamente naquela sala que ainda fica deslumbrada, Hairu me escondeu perto de algumas pilhas de livro. Sorrindo ele aproximou de mim depositando um beijo em minha testa.

— Aproveite os livros. — disse irônico.

Todavia, não conseguia responder ironicamente. Não conseguia responder nada apenas ficar corada e virar as costas pegando um livro. O ouvi sorrir e logo e afastar.

Tritão abusado!

Ele me pagaria!

Pisquei enquanto passava meus dedos sobre a capa do livro. Por que se arriscar tanto? O que eu tinha de especial para ter chamado sua atenção? Sou apenas uma humana que nada trará. Abracei o livro ficando em silêncio naquela imensa sala, fechei meus olhos repensando aquilo. Por que? Por que? Não queria me magoar, não queria descobrir esses sentimentos e serem quebrados.

Não sabia quantos minutos tinha ficado naquela sala, nem mesmo sabia se eles tinham noção de horas debaixo da água.

Levantei a cabeça ao ouvir passos, continuei escondida. Se fosse Hairu ele me encontraria e jogaria aquele livro em sua cabeça!

Abusado!

Todavia, os passos se sessaram e em meio aquelas pilhas tortas consegui ver um vão e logo a "pessoa" na sala.

O loiro? Aquele loiro do jardim estava olhando em volta. Voltei a me encolher. Hairu não se dava com ele então era impossível aquele tritão ter vindo aqui me ajudar. Ouvi o som de resmungo e logo em seguida passos que consegui ver ele saindo da sala.

Suspirei aliviada.

Realmente ele não estava ali para me ajudar, o que ele queria? Continuei escondida pensando, se ele queria a coroa de Hairu isso significava que ele o prejudicaria em tudo.

Isso inclui o que a mim?

Voltei a observar pelo vão entre os livros e agora escutava mais de um tipo de passos. Quem estava vindo?

Continue a observar vendo a silhueta grande do rei dos mares e ao seu lado, Hairu. O mesmo falava algo com o pai que ainda não conseguia ouvir.

A cada passo, se aproximavam mais da pilha de livros. Ele sabia que eu estava aqui?

— Você precisa se casar e assumir o trono! — Consegui ouvir o rei falar.

Hairu suspirou.

— Por que? Nunca quisemos guerra! — Hairu levantava a voz. — Eles agora depois de anos veem com essa "guerra"!

Estavam falando sobre o casamento de Hairu. Baixei a cabeça desistindo de olhar a cena. Eu apenas estava atrapalhando eles, nem pertencia aquele mundo. O que eu queria? No final, magoaria a mim mesma também.

— Eu não entendo por que tanto protesto! — Revidou o homem. — Você e Shaunne eram amigos. Brincavam os dois no castelo juntos! O que aconteceu?

Pisquei ainda escutando atentamente.

— Você foi para o mundo humano, não é?

Não ouvi Hairu responder, certamente sua expressão já tinha entregado tudo. O rei suspirou resmungando alguma coisa.

— Humanos. Eles vão dar problemas a você!

Baixei a cabeça.

— Você casou com uma humana! — Berrou. — E por que eu devo me casar obrigado! Por que não posso escolher! — Sua voz parecia tremula. — Só por causa de uma ameaça.

Olhei novamente pelo vão vendo os dois em silencio apenas um som abafado surgir. Observando a cena Hairu estava com a face um pouco inclinada para o lado e o braço do rei baixava-se devagar.

— É nosso povo! Você é o príncipe! Deve protegê-los acima de tudo, como eles devem os mesmos votos a você.

Hairu continuou com os olhos desviado do pai.

— Sendo uma ameaça ou não, a união dos dois últimos povos significará muito. Desde os tempos antigos sempre foram quatro reinos e a união fez apenas dois ficarem. — Contava. — Agora ficará apenas um reino.

Pisquei.

Realmente tinha muito mais história que poderia imaginar por trás de tudo aquilo, porém, o que mais estava surpresa, e um pouco curiosa era sobre a relação de Hairu no passado com Shaunne.

Foram apenas amigos? Por que a amizade acabou?

— Você é meu único filho mais velho, preciso de você e nunca pensei que seria uma tortura casar com uma amiga.

— Eu amo outra. — Sussurrou fazendo-me arregalar os olhos.

Os dois ficaram novamente em silêncio. Realmente, nem eu mesmo saberia o que falar naquele momento.

Apenas vi o rei afastar-se um pouco a medida que fitava alguém vindo em direção a sala, conseguia ver a sombra distorcida. E por fim Thamille apareceu com o pequeno Naih.

— Você ama uma humana? — O rei falou sem olhar nos olhos do filho.

Hairu assentiu de leve.

Vi o rei abrindo a boca para dizer algo, mas acabou desistindo.

— Alguns humanos são bons, outro não. — Começou. — Todavia, não posso permitir isso. — disse por fim.

Hairu fechou brevemente os olhos.

Thamille olhava em volta enquanto dava mais atenção ao seu filho sobre seu olhar.

— A garota está aqui? — Hairu não respondeu. — Vai me mentir? — Sorriu sem emoção. — Leve-a embora e volte o mais rápido possível.

Ele realmente sabia pela expressão de Hairu ou pelo loiro?

O rei beijou rapidamente a esposa, e se retirou da sala com seu pequeno filho. Thamille se aproximou colocando a mão nos ombros do filho.

Levantei-me, entretanto ele não olhou em minha direção.

— Melhor irmos. — Ele sorriu de leve.

Assenti.

O segui automaticamente.

Hairu nada falou, nem ao menos brincou ou fez piadinhas.

— Hairu. — Chamei já entrando dentro da capsula. — Não se preocupe.

Piscando, ele me fitou confuso.

— Você precisa ajudar seu povo, eles precisam de você. — O mesmo voltou a desviar o olhar. — Aprendi que muitos humanos devem sacrificar muitas coisas para conseguir outras.

Ele continuava em silencio, todavia nem sei se eu já tinha sacrificado algo grande para obter outro em troca.

— O que irei conquistar me casando com ela? — disse. — Shaunne mudou. Está cada vez mais pior que sua mãe... — sussurrou.

Pisquei não entendendo toda a história.

Ele mandou preparar-me. Assenti colocando aqueles malditos acessórios novamente. Aquilo era muito pesado!

As portas de trás se fecharam e as da frente se abriu e a água adentrou. Hairu segurou-me protendo meu corpo daquela "onda".

— Ainda não desisti. — Sussurrou ele me abraçando mesmo que não precisa-se mais.

Ainda não desistiu?

Nem sabia se realmente era fácil desistir.


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Notas finais do capítulo

As coisas estão ficando cada vez piores para nosso casal 3 O que será que vai acontecer?

E pai do Hairu é um troço ruim, para não falar outra coisa, ne? ¬¬ Não deixa nem o Hairu ser feliz 3 tadinhoo :'(

Então gostaram do capitulo :3



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