Assim que chegamos na sala, fomos recebidos por um olhar duro da diretora. Castiel se sentou perto de Lysandre de eu fui até Kim.

–Agora que estão todos aqui - a diretora começou - Acho que posso explicar o porquê disso. Existem dois motivos para estarmos fazendo isso tudo de última hora, a primeira é que não podemos esperar mais tempo, pois o Sr. Patrick só estará na cidade até amanhã, e o outro é que teremos a presença de alguém muito importante para escola.

A diretora se calou olhando para a professora Delanay, que logo continuou de forma severa.

–Vocês permanecem na escola para que consigamos realizar todos os preparativos para que tudo fique pronto até amanhã - ela olhou para os alunos - Isso exigirá muito esforço, ou seja, terão de ficar acordados até tarde, e acordar cedo pela manhã, para que assim tudo fique pronto até a uma da tarde de amanhã.

Todos os alunos começaram a falar ao mesmo tempo, reclamando sobre a notícia.

–Mas e nossos pais? - Bia perguntou.
–Eles já foram comunicado, alguns inclusive ajudaram trazendo as cobertas com as quais iremos improvisar camas. - respondeu o Prof. Faraize.

–Todos irão dormir no mesmo ambiente? - Nathaniel perguntou de repente.

–Então nosso querido representante acredita mesmo que irá dormir em um quarto cheio de garotas? - Castiel o provocou - Isto vai ser o mais próximo que você já chegou de uma não é?

Fiz um gesto com a cabeça, rindo e depois olhei para Melody, que estava corada. Nathaniel acabou ignorando a provocação de Castiel, talvez pelo olhar assassino da Professora Delanay.

–Os garotos terão de improvisar algo na sala de aula B, e as garotas ficaram aqui, mesmo em quartos diferentes deixaremos vocês sobre supervisão, caso pensem em fazer coisas erradas - Delanay explicou.

Por fim, depois que a diretora explicou tudo que deveria ser feito, começamos a por a mão na massa. Eu me ofereci para ajudar com as faixas que seriam penduradas pela escola. Os garotos já não tiveram tanta escolha, todos tinham que ajudar a mover mobília e nossos trabalhos de lugar.

Ambre que também resolveu "ajudar" com as faixas, me olhava de soslaio durante todo nosso trabalho, estava começando a temer o que ela seria capaz de fazer enquanto eu estivesse dormindo.

–Acho que é hora de dormir - falou Boris entrando na sala - Podem terminar isso amanhã. As mochilas com as coisas que seus pais trouxeram está na sala de ciências.

Olhei para meu celular a procura das horas, era 1:45 da madrugada, não era exatamente tarde da noite, mas me senti grata por já estar liberada, meus braços doíam tanto da faxina que fiz no porão quanto por passar horas pintando faixas e avisos.

Fui até a sala de Ciências onde Delanay estava dando as mochilas para os alunos. Ela estava atendendo Castiel no momento, então me encostei em na mesa, esperando minha vez.

–Não conseguimos falar com seus pais...

–Ótimo - Castiel a cortou irritado - Isso significa que posso ir para casa.

–Deixe-me terminar - a professora falou de cara feia - O irmão do seu amigo trouxe uma mochila de coisas para você.

–Então por  que você está enrolado tanto?

–Só que você precisa da autorização de seus responsáveis.

–Mas eu sou emancipado! - Castiel berrou.

–Olhe como fala comigo se não tem interesse em ficar após o horário!

–Mas já são duas da manhã! Já é depois do horário.

Pigarreei fazendo-os me notarem. A professora arrumou seu jaleco e entregou por fim uma mochila para Castiel, que a pegou e saiu da sala.

–Aqui está - ela falou me entregando minha mochila preta cheia de botoons e um cobertor listrado.

Sai da sala logo que peguei as coisas.

¤

A noite foi longa e horrível,  era incrivelmente desconfortável dormir apenas com um cobertor separando meu corpo do chão. Na manhã seguinte, quando acordei, minhas costas estavam doloridas e minha cabeça doía com se eu estivesse de ressaca.

Observei a sala um pouco desatenta antes de guardar meu cobertor, pegar minha mochila e ir para o banheiro do colégio escovar meus dentes e cabelos.

Quando acabei fui até o ginásio, onde os outros alunos já estavam reunidos.

–O que está acontecendo? - perguntei para Armin, que estava aparentemente irritado.

–Estão querendo nos deixar loucos, é isso que está acontecendo! - ele exclamou, quase gritando - A bateria do meu console já acabou e meus pais não colocaram nenhum carregador ou bateria extra em minha mochila!

–Oh, vamos Armin, tenho certeza que você pode se divertir com outras coisas... - murmurei, o que o fez me olhar como se eu tivesse pirado totalmente. Abri um pequeno sorriso e ele bateu em minhas costas com certo cuidado.

–Talvez você esteja tão louca como eu estou prestes a ficar - falou rindo e caminhando até Alexy.

¤

Acabamos tendo que arrumar o restante das coisas nas qutro horas e meia que tivemos durante a manhã. Terminamos os cartazes e faixas e os penduramos, quer dizer, os rapazes penduraram, não posso dizer que mesmo se eu quisesse pendurar seria de utilidade. A diretora fez questão que o piso estivesse brilhante e que tivéssemos algo para oferecer caso os pais sentissem fome durante o evento. Ela parecia tensa, e seus nervos não se acalmaram quando terminamos tudo. Estava tudo impecavelmente organizado e limpo, inclusive o porão.

Por fim os alunos acabaram indo se trocar no vestiário. Coloquei o vestido preto que minha mãe separara para mim e minhas coturnos de couro.

–Estou começando a achar que você está fugindo de mim - falou Castiel assim que saí do vestiário. Olhei para o ginásio, os pais estavam começando a chegar.

–Droga! Eu nem almocei! - reclamei ignorando a observação de Castiel.

–Ei, você me ouviu? - ele insistiu, seu sorriso sumiu de seus lábios.

–Claro que ouvi - respondi levando minha mãe até sua bochecha - Mas é que você sabe a resposta, Casty, não tivemos tempo.

Com um suspiro ele assentiu, e logo franziu o cenho.

–Casty? É sério isso? - perguntou negando com a cabeça.

–Bem, não é a primeira vez que te chamo assim - murmurei - Mas acredite, poderia ser pior...

–O que podia ser pior? - perguntou meu pai surgindo como um fantasma. Abri um sorriso antes de abraçá-lo.

–Sobre ter dormido aqui - falei - Castiel estava reclamando sobre estar com dor nas costas...

–Nada haver, sua filha que estava me contando sobre o frio que passou - Castiel falou olhando para meu pai, parecia um pouco nervoso.

–Ah é? Então o cobertor não foi o suficiente? - perguntou minha mãe preocupada. Eu queria muito saber como se aparecia tão de repente.

Ela me abraçou e beijou minha testa como sempre fazia, então começamos a conversar. Senti que Castiel nos observava de forma sentindo-se desconfortável, acho que não fui a única a perceber, pois logo minha mãe o incluiu.

–Seus pais virão aqui, Castiel? - ela perguntou - Vocês ficam tão... à vontade juntos...

–Talvez - Castiel deu de ombros - Bem, tenho que ir fazer algo...

Castiel saiu do ginásio e eu fiquei com meus pais, olhando as "obras" de meus colegas. A diretora conversava distraída com os pais dos alunos, falando sobre o que cada um fazia na escola. Ficamos lá a tarde inteira, e sempre que alguém tentava ir embora, a professora Delanay pedia, falando que algo aconteceria.

Algumas horas depois, quase no final de tarde, a diretora, ao lado de um homem bem-vestido e do sr. Patrick mexeu no microfone para chamar atenção de todos que estavam ali.

–Bem, este é um evento para que consigamos mostrar para todos os talentos artísticos de nossos alunos, e apresentar à todos o dono disso tudo, digo, da nossa instituição. Este é o Sr. Hollys, dono da instituição Sweet Amorim. - falou a diretora.

Ouve um murmúrio pelo ginásio enquanto todos observavam o homem de terno com cabelos grisalhos em gel e uma postura exemplar. Ele não falou nada, apenas observou o local antes que a diretora voltasse a falar.

–Bem, acho que é apenas isso, obrigado pela presença de todos.

Meu estômago revirou, ele parecia tão estranho. Olhei ao redor procurando Castiel, não demorei muito para achar seus cabelos vermelhos. Sua mãe estava ao seu lado, falando algo de forma animada, então achei melhor não falar nada com ele.

Simplesmente fui embora ao lado de meus pais.