Assim que cheguei em casa, encontrei meus pais discutindo no sofá sobre a comédia romântica que passava na TV, mas nem mesmo a discussão dos dois foi o suficiente para me fazer "passar batido".

–Emma! - meu pai falou enquanto eu ainda estava nas escadas - Onde você estava até agora?

–Com o Castiel, aproveitei que estava fora e fui vê-lo. - falei, me sentia um pouco culpada por mentir sobre isso, afinal eu tinha dito que iria dormir na casa da Rosa.

–Ah - ele falou - E vocês almoçaram juntos?

–Phillipe! - minha mãe o censurou - Até parece que você não se lembra de quando tínhamos a idade deles.

Meu pai ficou completamente vermelho, e abriu a boca hesitante, mas desistiu.

– Bem, venha ver o resto do filme conosco. - meu pai disse por fim e eu obedeci, me sentei entre eles e observei o clichê que passava.

Mais tarde eu e minha mãe fomos até a cozinha, onde preparamos o jantar. Tomei um banho longo e me deitei em minha cama, fechando os olhos com força e quando estava quase pegando no sona...

Meu telefone tocou.

Me levantei, sentando-me em minha cama e peguei o aparelho, olhando o nome de Castiel brilhar na tela antes de atender.

— Oi – falei com a voz abafada pelo sono.

— Emma, eu... – ele parecia aflito, como se algo tivesse acontecido.

— O que houve? – perguntei para que ele prosseguisse.

— Lysandre...

Foi isso tudo que eu ouvi antes que minha mente começasse a dar um nó. As palavras de Castiel escorreram, me explicando sobre a tristeza de Lysandre e sobre um acidente onde esse estava envolvido. Falou tudo que estava lhe engasgando, e quando terminou, eu me senti mal.

— Estou indo para aí – falei sentindo lagrimas em meus olhos.

Desliguei o telefone e tirei minha camisola, vestindo calças jeans e uma camiseta básica.

Sai de casa com o maximo de cuidado para não fazer barulho.

∆

Assim que cheguei no hospital que Castiel me disse que estaria, vi uma silhueta conhecida, porem não era de meu namorado, e sim Armin.

— O que você está fazendo aqui? – foi a primeira coisa que saiu de meus lábios.

Armin e Lysandre não faziam o tipo amigos, afinal Lys era fechado e Armin possuía mais interesse em jogos do que em pessoas.

— Ei Emma, também estou feliz em vê-la – ele disse encontrando meu olhar por um momento, depois se voltou para o PSVita em suas mãos – Rosalia estava lá em casa quando recebeu a notícia e Alexy me obrigou a vir junto.

— Então eu sou a ultima a saber? – perguntei mudando meu peso de perna – Onde eles estão?

— Foram comprar algo na cantina do hospital – falou – Você foi a ultima a saber porque Castiel hesitou em dizer algo pra você, ele não queria que você se preocupasse, Emma.

Me sentei ao lado de Armin, colocando meus pés em cima da cadeira e abraçando minhas pernas. Apoiei meu queixo entre os joelhos.

— E onde está ele?

— A ultima vez que o vi, ele estava falando com os médicos.

— E o que aconteceu? Como o Lysandre está?

— Ele vai ficar bem, eu acho, os médicos não tem muita certeza do que vai acontecer – Armin abaixou a voz e então desligou o jogo – Parece que o Lysandre esqueceu de olhar para os lados.

Senti uma vontade imensa de socar ele, mas então forcei um sorriso, foi então que senti as lagrimas escorrerem, eu podia até não ser a melhor amiga dele, mas só de pensar em não vê-lo ou no estado em que Casty ficaria ou está...

Não Emma! Tudo vai ficar bem! Tudo tem que ficar bem.

— Emma... – uma voz fraca falou atrás de mim, me coloquei de pé e olhei quem era, apesar de já saber.

Castiel me olhav com seus olhos cinzentos completamente vermelhos, seu rosto parecia mais pálido e ele estava com olheiras, seus cabelos vermelhos bagunçados, me aproximei e o abracei com força, sinto seu cheiro forte de cigarro.

— Tudo vai ficar bem – meus murmúrios soavam abafados por sua jaqueta quente e suas mão apertavam minhas costas, enquanto sua testa pousa em meu ombro.

— Eu sei que vai – concordou.

Armin pigarreou onde estava sentado, e Castiel se afastou, entrelaçando nossos dedos.

— Acho que vou até a cantina, preciso de uma tomada. – falou ele e saiu.

Castiel e eu nos sentamos, ele enlaçou minha cintura e acariciou meu rosto com a mão livre, nossos olhos se fixaram e eu vi algo que não estava lá antes, nem quando Lysandre disse que sairia da banda.

— Alguns segundos antes de me avisarem sobre o acidente de Lysandre, uma gravadora me ligou, se ele ficar bem e se topar, iremos assinar um contrato e fazer uma turnê no final do ano letivo...

— Castiel, isso é ótimo! – falei e ele negou. Deixando um silêncio durante o tempo. As aulas terminariam no próximo mês e eu tinha esquecido disso completamente.

— Sim, mas eu sairia pelo mundo, não teríamos limites, e você iria ficar pra trás...

Isso me cortou, entendi então porque ele negara com a cabeça. O pouco entusiasmo que eu tive me deixou novamente, levando mais alguma coisa junto.

— Vamos dar um jeito – murmurei, apesar de não acreditar nisso completamente – Podemos nos ver quando você fizer uma pause disso, ou...

Ele me puxou para si, colando nossos líbios e então acariciou meus cabelos.

— Eu vou te esperar – murmurei, e ele concordou, me aninhando – Como Lys está?

— O medico falou que foi apenas um susto, ele vai ser liberado logo e vai acordar amanhã mesmo.

***

Como previsto, Lysandre acordou no dia seguinte aquele e foi liberado uma semana depois disso. Aproveitei a ultima semana de aula para passar o máximo de tempo perto de Castiel, apesar de ter ficado de castigo por sair sem avisar no meio da noite. Os dias passaram rápidos e quanto mais chegava perto do fim do período de aulas, mais meu estômago embrulhava. Se Castiel e eu dariamos certo, mesmo longe, isso só o tempo iria nos dizer.