Pov Annabeth

— Ah mas pode levantando essa bunda dai – falei andando em direção ao Nico.

— Por que? Eu to cansando e vai demorar um pouco para eles chegarem até aqui, acho que da tempo de tirar um cochilo – falou ele ainda deitado no sofá.

— Não quero saber, não sabemos exatamente que horas eles vão chegar e nós vamos esperar eles do lado de fora. Anda, estou logo atrás de vocês.

Assim que falei, lancei um olhar mortal para eles que pelo visto foi o suficiente para fazer o Nico levantar do sofá e, apesar de reclamando, seguir Dylan em direção a escada do bunker. Subimos as escadas comigo atrás e o Dylan na frente e esperamos sentados em frente a grande pedra que escondia a porta do bunker. Como nunca nos demos bem, também não tínhamos nenhum assunto a tratar, mas então lembrei de um fato que aconteceu no bunker que até agora estava me consumindo por dentro, então não consegui aguentar a não puxar esse assunto.

— Dylan, desde quando você a Clary se dão bem?

Ele ficou quieto por um tempo, e quando olhei para ele percebi que ele estava vermelho que nem um pimentão.

— DYLAN – gritou Nico acordando-o do seu pequeno transe – responde, também quero saber.

— Ah não sei... acho que desde a primeira noite que passamos aqui, quando a Marry bateu com um pedaço de madeira na minha cabeça e Clary me ajudou a cuidar do ferimento, mas depois que a peguei cantando uma música que ela escreveu, voltou a ficar meio estranho, mas não como antes, espera, por que eu to contando isso? Não é da conta de vocês. – Terminou ele se levantando e indo se escorar em uma arvore a uns dois metros de distância da gente.

— Porque será que ele ficou assim? – Perguntou Nico baixinho para mim.

— Primeiramente porque nunca nos demos bem, e segundo porque eu acho que ele ta gostando dela, mas também não sei, nunca vi ele assim, nem antes da guerra.

Quando olhei para frente, Dylan estava sentado no chão com uma cara de pensativo, até ouvirmos um barulho vindo da floresta e ele levantou no mesmo segundo. Assim que olhei para o lado em que o barulho estava vindo, apareceu a Thalia com a cara fechada concentrada em uma lasca de madeira na mão e Luke logo atrás com uma cara meio triste. Algo ali aconteceu.

— Thalia desculpe, eu não... – falou ele tentando puxar conversa até olhar para frende e perceber que estávamos aqui.

— Não queria o que idiota - falou Thalia tirando a concentração da lasca e depois percebendo o porque de Luke ter parado de falar.

— Acho que chegamos – Concluiu Luke.

— Ah você acha traidor? – Falou ela de um jeito sarcástico. Ué ela não tinha perdoado ele?

— Ótimo, tinha que ser eles os primeiros a chegar? – falou Nico para mim, incrédulo.

— Ué, preferia a Marry? – perguntei e ele ficou calado no mesmo momento.

— O que tem eu? – ouvi a voz da Marry vindo do outro lado.

Virei a cabeça para a direção da voz e encontrei Marry com a Clary ao seu lado, e logo atrás das duas vinha o Percy, senti meu coração disparando no meu peito, fazia tanto tempo que eu não o via, que não sabia mais qual seria minha reação ao ver o cabeça de algas (ok, foram somente 2 dias, mas para quem está acostumado a ve-lo todas as horas, é uma reação completamente normal!). Dylan veio em nossa direção, talvez percebendo minha situação e minha cara vermelha que eu sentia queimando.

— Muito bem, acho que como todos estão aqui podemos entrar, né Annie? – Falou Dylan chegando ao meu lado e me fazendo acordar do meu devaneio.

— É... – falei atordoada.

— Entrar onde? Não tem nada aqui, somente essas pedras ai na frente – falou Marry apontando para as pedras.

— Exatamente - respondeu Nico já apertando no botão/pedra para entrar no bunker.

Assim que a parede abriu, vi de lado o queixo de Clary cair, confesso que foi um pouco engraçado. Fiz um gesto para todos entrarem logo depois que Nico entrou apressado, assim que todos entraram fechei a porta e os acompanhei até o ultimo chegar ao interior do bunker.

— Caralho, isso é enorme – disse Percy surpreso, nossa como eu amo essa carinha de surpreso, mas se concentra Annie, ele não te quer mais, você também não, supera.

— Quem encontrou este lugar? – perguntou Thalia – espera, não precisa responder, é obvio que foi a Annie, vocês dois não conseguiriam.

— Para falar a verdade, nós também achamos esse lugar, mas só depois que Annie já estava aqui, porém não sabíamos que ela estava aqui – disse o Dylan que já estava sentado na ponta da única cama que se encontrava ali.

— E sinto na obrigação de avisa que quando eles me encontraram gritaram que nem umas menininhas – falei rindo e os outros me acompanharam.

— Isso era totalmente desnecessário Chase – disse Nico com seu olhar sombrio.

— Ok, mas agora que já estamos todos aqui, o que vamos fazer? Não podemos ficar aqui ate morrer – Falou Clary

— Até vocês morrerem, eu vou ter que ficar aqui para sempre se não começarmos a nos entender, sou imortal lembra? Então acho bom a gente começar a progredir porque não quero ficar presa aqui pra sempre – falou Thalia em um tom de exigência.

— Acho que para começar, poderíamos nos organizar onde cada um irá dormir e o que vamos comer até o milagre acontecer – falou Dylan.

— EU FICO COM A CAMA – Nico e Marry gritaram em uníssimo.

— AH NÃO PODE TIRANDO O CAVALINHO DA CHUVA EU DISSE PRIMEIRO, E A CAMA É MINHA - rebateu Marry gritando com o Nico.

— E lá vamos nós de novo – comentou Clary revirando os olhos.

— ATÉ PARECE, VOCÊ E TODOS NESTA SALA SABEM MUITO BEM QUE EU QUE DISSE PRIMEIRO, SEM CONTAR QUE EU ENCONTREI ESTE LUGAR ANTES DE VOCÊ. – rebateu Nico.

— Se fosse assim a cama teria que ser minha - murmurei, mas não alto o suficiente para todos me ouvirem.

— JÁ CHEGA, NÃO VEEM QUE ESTAMOS TENTANDO NOS ENTENDER AQUI? – gritou Thalia, acho que ela me ouviu.

— Vamos fazer o seguinte – falei indo em direção a mesa de materiais que tem no canto da sala e pegando uma folha de papel e lápis – vou escrever neste papel o nome de todos nós, os dois primeiros nomes que saírem ficam com a cama, e o terceiro no sofá, os outros vemos depois, o que acham?

— Acho justo – comentou Clary.

— Concordo com a Annie – falou Percy meio envergonhado. Ele fica tão fofo envergonhado, e eu sinto tanto a falta dele, mas nossa briga foi feia e não tem como voltar atrás.

— Ok então, pode anotar Annie – falou Luke, por um instante tinha até esquecido de que ele estava neste recinto, está tão quieto ultimamente.

— Meu nome é Annabeth, Annie é somente para os mais próximos - falei fuzilando o Percy e o Luke com meus olhos cinzas.

Quanto todos finalmente concordaram, anotei todos os nomes no pedaço de papel, rasguei por entre os nomes e os coloquei dentro de uma lata em que tirei os pregos que haviam dentro.

— Para vocês não acharem que estou roubando, Clary você tira o primeiro papel – falei colocando a lata em sua frente, e ela pegou um papel – qual o(a) sortudo(a)?

— Dylan – falou ela o encarando e, no fundo, parece que vi um brilho em seus olhos azuis ao falar o nome dele.

— Dylan, agora como você já é um felizardo vai tirar o nome do seu ou sua companheiro(a) – falei colocando a lata em sua frente. Ele colocou devagar a mão dentro da lata e tirou o papel, assim que olhou o nome no pedaço de papel, suas bochechas ficaram vermelhas – eae, qual foi?

— C... Clary – falou ele, no mesmo instante Clary olhou para Marry vermelha e as duas tiveram meio que uma conversa entre olhos que eu tenho quase certeza que foi um pedido de socorro, porque foi logo quebrando o memento tenso. Acho que todos aqui nesta sala sabem que rola alguma coisa entre o Dylan e a Clary, agora mais que sempre.

— Bom agora deixa eu tirar o papel de quem vai dormir no sofá – falou Marry socorrendo Clary e já colocando a mão dentro da lata e tirando um papel – Olha só a sortuda sou eu – ela falou mostrando o papel para todos confirmarem e se exibindo, obviamente esfregando mais na cara do irmão, essa menina tem uma paixão e um ódio por ele inacreditável.

— Agora que as três pessoas já estão decididas, estive pensando...

— Como assim maninho? Você sabe pensar? - falou Marry para irritar o irmão, mas Percy não ligou para o comentário da irmã.

— Continuando, estive pensando em 2 opções, poderíamos ir até a cabana de Calipso pegar o colchão e o sofá que está lá agora, ou esperamos até amanhã e improvisamos com o que achamos aqui – falou Pecry para cortar o barato da irmã.

— E não é que o cabeça de algas ta usando o cérebro? – falou Thalia de um canto da sala.

— Olha, só sei que eu não quero dormir no chão duro, então alguém pode por favor me acompanhar até o bendito chalé para eu poder dormir? – falei já de saco cheio.

— Eu vou com você – falou Percy indo em direção a porta.

Na hora em que ele disse isso fiquei sem reação, não tinha mais ficado com ele sozinha em um local desde a nossa briga e não estava muito afim de que isso acontecesse. O silêncio que se formou no lugar estava me consumindo por dentro, tinha medo de que as pessoas ouvissem meu coração batendo de tão forte e alto que ele estava batendo agora. Queria falar alguma coisa para quebrar este maldito silêncio, mas não saia nada.

— Eu também, vocês vão precisar de mais pessoas para carregar tudo – falou Luke como se tivesse acabado de ler minha mente, ou viu como eu estava tensa com a situação, porém consegui soltar o ar que nem sabia que estava prendendo.

— Então vamos logo porque já deve estar escurecendo – falei abrindo a porta do bunker e subindo as escadas com os meninos logo atrás de mim, já vi que a noite vai ser longa.

POV Percy

Sinceramente, eu não sei o que deu na minha cabeça de me dispor para ir com a Annie até a cabana de Calipso, mas eu não resisto aos pedidos dela, e foi totalmente involuntário. O caminho até la foi silencioso, o que já estava me deixando inquieto, queria poder falar com a Annie mas o Luke não desgrudava da gente, já estava me deixando arrependido de ter pedido aos Deuses para trazer ele de volta. Eu já não estava mais aguentando aquele silencio e a minha vontade de falar com ela foi maior que eu.

— Oi Annie – falei chegando ao seu lado.

— Para você, é Annabeth – falou ela indo um pouco mais rápido. Era obvio que minha tentativa de falar com ela iria ser um fracasso, mas mesmo assim ainda não desisti, e mal conseguimos conversar depois da nossa briga.

— Você ainda está chateada por causa daquele dia? – falei meio baixo e de canto observei Luke se afastando um pouco de nós, talvez para nos deixar conversar, talvez ele não seja tão ruim assim.

— Chateada? Chateada é pouco para descrever como eu me sinto em relação a você neste momento, você descontou em mim os problemas que VOCÊ tinha, eu te aguentei com aquele mau humor pós-guerra durante semanas, mas aquele dia foi a gota da água, a sua atitude foi desonrosa para um herói, na verdade você não deveria nem ser chamado por este título, herói é a última coisa que você é depois daquele dia – falou ela parando no meio do caminho e virando para mim. Tenho que admitir que aquelas palavras me atingiram em cheio, senti meu coração se despedaçando naquele momento, ver aquela garota loira com seus olhos cinza cheios de raiva como uma tempestade, me fez ficar sem chão, nunca achei que estava tão arrependido da minha atitude até este momento. Tentei falar alguma coisa mas não consegui, naquele momento parecia que eu estava em um pesadelo. Annabeth continuou olhando para mim esperando uma resposta que não teve, queria dizer a ela o quanto ainda a amo e como estou arrependido pelos meus atos, mas a voz não saia, então ela virou e voltou a andar para o chalé.

— Seja lá o que você tenha feito, acho melhor você pensar em algum modo de se desculpar, por que se não vai perde-la para sempre, e sei que não é isso que você quer – falou Luke baixinho no meu ouvido me despertando do transe.