HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 7
Ascensão e queda


Notas iniciais do capítulo

Voltei, amores e amoras.
Onde estão vocês, leitores fofos? Vocês sumiram no último capítulo.
Bem, independente dos comentários, quero agradecer pra quem leu (beijos, Ally ♥) e dizer que estou muito empolgada com o planejamento de PG.

Sem mais enrolação...
Boa leitura.



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Por mais que o clima outonal fizesse as pessoas tirarem seus casacos do armário para caminharem pelas calçadas de Nova York, o quarto de Dean Simmons parecia não ser afetado pelo vento frio que soprava devagar pelo lado de fora.

O lugar estava aconchegante e quente o bastante para que Rose caísse em um sono profundo, enquanto o cientista acariciava a pele negra de seu braço nu.

Após ter certeza de que a moça dormia, levantou-se da cama, ainda vestido apenas com sua cueca box cinza e foi tomar um banho quente. Enquanto a água caia por seu corpo musculoso e encharcava seus cabelos loiros, o rapaz mantinha os olhos frios perdidos no nada, tentando visualizar o que o futuro lhe reservava. Não queria passar mais um ano como um assistente cruel nos planos fantasiosos de um cientista lunático.

Vestiu-se para sair e pegou as chaves do carro, enquanto ligava para Jared.

 

— Senhor Harper, temos problemas. — Dean já saía de casa, fechando a porta atrás de si. — A Rachel entrou em contato?

Não. O que aconteceu, Simmons? — perguntou o cientista do outro lado da linha.

— Parece que temos  mais uma traidora entre nós, doutor. Rose disse que a Sra Reed contou para a Rachel sobre a invasão da Nexus e a chamou para ser aliada. Se ela não avisou nada, é porque pretende sair ilesa disso tudo. — explicou. — Eles vêm amanhã pela manhã, então precisamos tirar o Projeto Y de lá ainda hoje.

Tirar o projeto e nosso corpo da linha de tiro. — comentou, suspirando. — Me encontra no laboratório o quanto antes.

— Sim, senhor. Já estou indo pra lá. — Desligou o celular e o jogou no banco ao lado, saindo com o carro em seguida.

 

Jared colocou o rosto entre as mãos, suspirando profundamente. A Nexus estava se metendo em seus planos mais uma vez e isso não ficaria assim por muito tempo.

Guardou em uma pequena mala uns poucos pertences pessoais e anotou em uma folha um endereço e uma data, antes de ir até o quarto de Alice.

 

— Atrapalho? — perguntou ao entrar, encontrando a garota afundada nos travesseiro e coberta com um edredom fofo, estampado com os Ursinhos Carinhosos. Ela comia pipoca, espalhando-as por toda a cama, enquanto chorava assistindo “E se fosse verdade”. — Esse filme de novo?

— Eu gosto. — Deu de ombros, limpando o rosto molhado.

— Filha, tive alguns imprevistos e vou ter que ir para Londres por alguns dias. Pode ficar viva durante a minha ausência? — Brincou, acariciando os cabelos bagunçados de Alice.

— Você me ofende assim, pai. — Cruzou os braços, fingindo estar braba.

— Não gosto de te deixar sozinha, Alice. Você já pôs fogo na cozinha uma vez, não lembra? — Jared riu, levantando uma sobrancelha acusadora.

— Foi porque um cara estava fazendo uma criança de refém! — protestou.

— E o banheiro inundado?

— Bem… isso foi porque eu me distraí com a correspondência, mas eu tinha só dezessete anos. Não é como se isso fosse acontecer de novo. — Riu fraco com pai, antes de o abraçar. — Vai demorar para voltar?

— Não, Lice. Voltarei mais breve do que possa imaginar. — Entregou o papel para a filha. — Amanhã alguém vai me levar uma encomenda nesse endereço. Como não vou estar aqui, preciso que você pegue para mim. É só você apresentar a credencial da Nêmesis e eles te entregam.

— Mas a Jordan disse que eu não posso ser agente da Nêmesis, esqueceu? — Desviou o olhar, reparando na sujeira em sua cama.

— Ela não precisa saber. — Piscou para a garota, dizendo baixinho.

— Pai, eu já disse que não vou fazer mais nada ilegal. — Sua expressão mudou, fitando os olhos azuis do pai com seriedade. — Eu já colaborei muito com suas pesquisas, pai. Eu roubei a Nexus tantas vezes que eu nem me lembro. Minhas mãos estão sujas de sangue inocente. Todos aqueles agentes que eu já matei sempre voltam pra me assombrar. Eu só não quero passar por isso mais uma vez.

— Não vai, Lice. — Abraçou a garota, acariciando suas costas. — Aquela foi uma fase ruim e você era só uma criança. Aquilo nunca mais vai acontecer. Eu prometo.

— Confio em você, pai. Estarei lá no horário marcado. — Beijou o rosto do homem e observou ele se levantar. — Tchau, pai. Boa viagem.

 

— Tchau, filha. Chame a Srta Grey para ficar aqui, se você quiser.

 

— Vou chamar. — Acenou antes que ele fechasse a porta.



Minutos depois, Alice ouviu o barulho do carro saindo e deu play no filme que já estava no final.

Sentiu o celular vibrar e o tirou debaixo do travesseiro, visualizando o nome do Will na tela.

 

“Você está bem?”, perguntava a mensagem.

 

“Ótima =’) ”

 

“Precisa de sorvete?”

 

“Dois potes e muita cobertura.”

 

“Chego em meia hora.”

 

“Ok”

 

“ =) ”

 

~*~

 

Rachel saiu tarde da casa de Jordan, sentindo-se mal depois de tudo o que ouviu sobre a Nêmesis e a Nexus. Ela não tinha conhecimento nem da metade das atrocidades que o chefe cometia, o que a assustou bastante.

Mas aquele era o seu emprego. Gostava do que fazia no laboratório. Gostava de fazer seus próprios testes nas horas vagas.

Sua cabeça estava confusa demais para conseguir dirigir, então chamou um táxi.

Fitou o contato de Jared em seu celular, com um conflito interno para decidir se o avisaria ou não sobre o que estava para acontecer.

Assim que o táxi chegou, ela respirou fundo e guardou o celular na bolsa, entrando no carro em seguida.

 

— Para onde vamos, moça? — perguntou o homem barrigudo, de meia idade.

— Pegar algumas coisas que esqueci no trabalho. — divagou, antes de passar o endereço para o taxista.



O laboratório de Jared Harper não ficava muito longe da casa da agente dupla, permitindo que Rachel chegasse rápido até lá. Pagou o táxi e o dispensou, dizendo que não havia necessidade de esperá-la.

Usou sua credencial para ter acesso ao leitor biométrico, fazendo a porta se abrir.

As luzes se acenderam e ela observou todo o local por um breve momento.

 

— Certo, Rachel. Se é para sair da Nêmesis, vamos sair com estilo. — Pegou uma caixa no estoque e começou a guardar alguns compostos dentro dela. A maioria deles viera da Nexus graças as habilidades de se infiltrar em qualquer lugar sem deixar rastros que Alice possuía.

 

Substituiu o frasco grande que continha um líquido parecido com chá mate, com uma etiqueta escrita “HT90X”.

Essa era a preciosidade de Jared. Um composto retirado do sangue de alienígenas que vieram à Terra na década de noventa. Ele fazia com que os traços Neo-humanos ocultos no DNA humano fossem despertados, podendo fazer de uma pessoa comum, um novo experimento em potencial.

Depois de encher a caixa, a mulher decidiu dar uma última olhada no local onde passou longos anos e provavelmente nunca voltaria.

Ao chegar no setor de tecnologia, lembrou dos arquivos que estavam no computador central e correu até ele, pegando um pendrive na gaveta ao lado.

 

— Vamos lá. Mostra para aquele hacker metido a zelador que você também sabe brincar de nerd. — Ela conhecia os códigos de acesso, o que facilitou a procura pelos arquivos confidenciais.

 

Na tela, apareceu a frase “EXTRAÇÃO EM 3%”

 

— Vai, lata velha. Demora bastante! — Reclamou, voltando a mexer na caixa.

 

Momentos depois, ouviu o som de um furgão estacionando e sentiu o coração parar por um instante, enquanto um arrepio percorreu seu corpo em um mau presságio.

Teve tempo apenas de apagar as luzes, desligar o monitor do computador que extraía os arquivos e esconder a caixa debaixo de uma mesa, quando a porta foi aberta.

Rachel conseguiu entrar em um armário de metal, repleto de jalecos brancos, antes que os dois cientistas passassem pela sala onde ela estava.

Seu coração batia tão rápido quanto sua respiração, e seus olhos tentavam se acostumar com a pouca luz, que entrava pelas frestas da porta do armário.

 

— Péssima hora para a Jordan entrar em ação. — Jared reclamou, digitando um código em um painel eletrônico que dava acesso à uma passagem secreta atrás de uma parede coberta por um espelho.

— Já pensou no que vai fazer com a Rachel? — Dean perguntou, entrando na passagem com o chefe.

— Não se preocupe com isso agora. Ela vai ter o que merece na hora certa, Simmons.

 

Foi a última coisa que Rachel ouviu antes da porta se fechar atrás deles.

Tremendo, a loira levou a mão até a porta, pronta para empurra-la, mas não teve coragem. Pensou na possibilidade de ter mais pessoas pelo laboratório e recuou, com medo de ser descoberta por Jared, pois sabia quão perigoso ele poderia ser.

O tempo parecia ter parado para a mulher presa no armário. Suas pernas já estavam doendo por ficar na mesma posição, mesmo trocando o peso de um lado para o outro de vez em quando.

Cerca de vinte minutos depois, o espelho se abriu mais uma vez e Rachel se aproximou da porta, tentando ver o que havia ali.

Foi quando Jared e Dean saíram de lá, carregando uma cápsula de vidro com cerca de dois metros de altura.

Dentro dela, havia uma mulher pequena, mergulhada em um líquido esverdeado.

Mesmo com pouca iluminação, a cientista escondida conseguiu ver que seus cabelos ondulados flutuavam em meio a solução desconhecida e seus olhos estavam fechados. Seu corpo estava envolto por algumas ataduras, principalmente nas partes íntimas.

 

— Alice! — Rachel sussurrou, desesperada ao ver aquilo.

— Disse alguma coisa? — Jared perguntou, aproximando-se do armário.

 

A mulher assustada pôs as mãos na boca, silenciando a própria respiração, enquanto tremia de cima à baixo, ignorando as lágrimas que se formavam no canto dos olhos.

 

— Não disse nada. — Dean deu de ombros, seguindo em frente ao empurrar com cuidado o experimento.

— Devo estar cansado. — O homem de cabelos grisalhos suspirou, fitando a mulher presa na cápsula. — Logo você sairá daí. Faremos grande coisas juntos, querida.

 

Dean apenas revirou os olhos ao perceber que o chefe estava distraído o bastante para vê-lo fazer aquilo.

Quando os dois saíram do laboratório, Rachel abriu bruscamente a porta do armário, buscando ar com o se o oxigênio estivesse deixado de existir.

Após se recuperar, ligou o monitor do computador central, agora com a mensagem de “EXTRAÇÃO EM 98%”

Tirou a caixa debaixo da mesa, agradecendo aos céus por não ter sido encontrada.

Um bip foi ouvido por ela assim que a extração dos arquivos foi concluída.

Guardou o pendrive no sutiã e saiu pelos fundos, sem acender nenhuma das luzes.

Tudo aquilo fora realmente estressante para uma única noite.

Tudo o que a mulher precisava agora era de um banho demorado e algumas doses de tequila para relaxar.

 

~*~

 

Alice escutou o barulho do carro de William chegando e se levantou rápido, chacoalhando o edredom cheio de pipocas, derrubando-as no chão.

Rapidamente as chutou para debaixo da cama e voltou a deitar, mexendo no celular como se nada tivesse acontecido.

William sabia onde Alice guardava as chaves extras e não esperou ser atendido, mesmo sabendo que Jared não gostava de quando ele fazia isso. Ou melhor, mesmo sabendo que Jared não gostava dele.

Entrou sem cerimônias e foi até a cozinha para pegar colheres e uma garrafa de água.

Subiu, tentando fazer menos barulho possível, na tentativa de não ter que encarar o dono da casa com cara de maluco, já que não fora avisado de que o cientista não estava em casa.

Encostou no batente da porta aberta, sorrindo para a garota distraída.

 

— Belo edredom. — Apontou para os desenhos fofinhos, usando as colheres.

— Will! Pensei que você não vinha mais. — Se afastou na cama, deixando um espaço ao seu lado para o rapaz.

— Demorei para achar seu sabor favorito, mas aqui está. — Mostrou o pote e sentou na cama, sorrindo para Alice. — Cerejas silvestres com calda de chocolate.

— Eba! — Disse, animada, colocando uma mexa de cabelo atrás de cada orelha. — Me dá a colher.

— Não! O que eu ganho com isso? — Sorriu de canto, lançando um olhar malicioso para a amiga.

 

Alice revirou os olhos e abraçou o rapaz, dando um beijo demorado em sua bochecha.

 

— Colher! — Estendeu a mão, ainda abraçada em Will.

 

Ele usou o talher para bater na cabeça de Alice, antes de lhe entregar, junto com o pote.

 

— O que o Dean fez para você? — Perguntou, pronunciando o nome do cientista com desprezo.

— Não fez. — Deu de ombros, provando o sorvete. — Ele me acha infantil e mimada. E eu pensando que ele não falava comigo por causa do meu pai. — Fitou o chão, sentindo o peito apertar.

— Você veste pijama cor de rosa de listras e tem um edredom dos Ursinhos Carinhosos. Por que ele pensaria isso de você? — brincou com ela, bagunçando seus cabelos ondulados. — Ele é um idiota, Lice. Depois que você acabar com esse pote de sorvete, vai esquecer ele.

— Você é um amor, Will. — Encostou a cabeça no ombro do rapaz, comendo mais um pouco da sobremesa. — O que vamos assistir hoje?

— Não sei. Que tal “De repente, Trinta”, “Amizade Colorida”, “O Melhor Amigo da Noiva”...

— Vou fingir que não entendi a indireta. — Deu um soco no braço de Will, corando um pouco.

— Qual é, Lice. Nem sei porquê você ainda reage assim com as minhas indiretas. — A abraçou de lado, trazendo-a para perto. — Eu já me conformei com o posto de melhor amigo e prefiro estar ao seu lado assim do que de jeito nenhum.

— Não precisa ser tão direto, não é, Faz-Tudo?

— Faço tudo, menos você feliz. — Comentou, ligando a televisão. — Vamos assistir uma comédia idiota. Nada de drama ou romance de mulherzinha na TPM.

— Ei! Eu sou uma mulherzinha na TPM! Me respeita. — Protestou, colocando mais uma colherada na boca.

— Principalmente a parte do “zinha”. — Will juntou o polegar e o indicador, mostrando o tamanho de Alice e recebeu alguns tapas da amiga.

 

Quando o filme e o sorvete acabaram, a pequena já havia pegado no sono ao lado de William, que a observava dormir.

Acariciou o rosto delicado dela, tirando alguns fios de cabelo que se soltaram do coque mal feito que ela improvisou.

Pensava em quão frágil ela era e no quanto gostava dessa garota tão divertida e maluca, ao mesmo tempo que era responsável e bondosa com todos.

Deu um beijo em sua testa e a envolveu em seus braços fortes, permitindo que as pálpebras pesadas se fechassem também, pegando no sono rapidamente.

 

~*~

 

O relógio sobre o criado mudo tão bagunçado quanto o quarto com mais roupas pelo chão do que dentro do armário com as portas escancaradas, marcava uma hora da manhã.

Uma luz forte iluminava o cômodo, vindo da tela do computador ligado.

A menina de cabelos mesclados de vermelho, amarelo e alaranjado estava vidrada no monitor, enquanto jogava Overwatch.

 

— Vai, D-Va. — Sussurrou, acertando um ataque no inimigo.

— Isso são horas, mocinha? — Um homem alto e de cabelos castanho claros comentou, encostado no batente da porta, com os braços cruzados e um sorriso travesso no rosto.

— Phillip… Desculpa. — Balançou a cabeça, como se afastasse os pensamentos. — Pai! Eu já estava indo dormir. Só ia terminar essa partida. — Tirou os fones e observou sua campeã ser massacrada.

— Jogo online? — Perguntou, se aproximando.

Ela apenas assentiu, suspirando.

— Então o que está esperando para acabar a partida? — Apoiou uma mão na mesa e a outra no encosto da cadeira, abaixando-se para beijar o topo da cabeça da garota. — Quero ver se você é tão boa quanto parece.

Sorrindo, colocou o headset mais uma vez e voltou a jogar.

— Valeu, Phil… pai. — Revirou os olhos, tentando se acostumar com sua nova vida.

— Não precisa se preocupar em me chamar de pai, Annie. Sei que vai ser difícil para nós dois, já que ninguém sabia disso até… Bem. Até sua mãe…

— Morrer. — Ela comentou, dando de ombros. — Ela e o outro pai não gostavam de mim, então não precisa fazer da morte deles um tabu.

— Nossa! Acho que você puxou esse lado um pouco frio de mim. — Phillip riu fraco, acariciando os cabelos curtos da menina.

— Fria não, realista! — Riu, finalizando a partida.

— Gosto cada vez mais de você, Annie.

— E eu de você, pai. — Sorriu, virando-se para o homem.

 

~*~

 

A manhã de William foi a mais agradável que tivera nos últimos meses.

Abrir os olhos e ver a pequena Harper ao seu lado o fez sorrir feito um bobo, parecendo que tudo naquele dia estava mais bonito do que de costume.

Os dois foram juntos para o trabalho, fazendo os alunos e professores cochicharem pelos corredores, enquanto todos os olhares, seja de curiosidade ou de raiva, eram mantidos neles.

 

— Parece que suas fãs não ficaram muito felizes, Will-Faz-Tudo. — Alice levantou o rosto levemente para olhar o rosto do amigo muito maior do que ela que caminhava ao seu lado.

— São um bando de adolescentes com os hormônios em fúria. — Sorriu fraco, ajeitando o crachá na camisa polo azul escuro que usava.

— Vou deixar elas com mais raiva, quer ver? — Lançou um sorriso travesso para as garotas, antes de se apoiar no braço forte do rapaz, dando-lhe um beijo na bochecha.

 

Uma aluna que estava observando a cena encostada em um armário, saiu batendo os pés, com lágrimas nos olhos.

 

— Você é uma bruxa, Lice. — Will comentou, rindo da menina frustrada. — Isso foi para destruir o coração da garota ou para me provocar?

— Não sei. Um pouco dos dois, talvez. — piscou, entrando na sala do primeiro ano, onde daria a primeira aula do dia.

 

William continuou parado, assimilando o que Alice acabara de dizer e tentando não criar esperanças em relação a amiga. Mas quando percebeu, já estava imaginando uma vida com ela, com direito a um garotinho correndo pela casa.

Ele rir, afastando os pensamentos ao ouvir um “Carter, pode me ajudar?” da Srta Izanami.

O rapaz não entendia porquê todos sorriam ao vê-lo passar. Apenas imaginava que sua felicidade era contagiante.

Não sabia ele ue todos estavam rindo de sua bochecha marcada com o batom cor de rosa de Alice.

 

~*~

 

Poucos minutos antes do sinal tocar indicando o fim das aulas, a professora Harper se levantou e encarou a turma com um sorriso gentil.

 

— Encerramos por aqui, pessoal. Podem ir descansar e não se esqueçam do trabalho daqui à duas semanas. Se não estiver bem feito...

— Perde pontos. — concluiu a turma em uníssono.

— Não é que vocês aprendem rápido mesmo? — Ela brincou. — Estão liberados. — Indicou a saída para os alunos. — Ah! Sr Johnson e Srta Parker, fiquem mais um pouco, por favor.

— Foi o Johnson, eu estava quieta estudando. — Taylor se defendeu, cruzando os braços e encostando na cadeira.

 

Alice riu do comentário da garota e sentou-se na ponta da mesa.

 

— Benny, pode esperar lá fora por favor? Assunto de garotas.

— Então por que me chamou? — perguntou confuso.

— Porque nossa "conversinha" vai ser depois. — A professora apontou séria para a saída e o garoto obedeceu, fechando a porta atrás de si. — Acho que temos algumas coisas para conversar, Trajetória.

— Eu não sei do que você está falando, professora. — Taylor desviou o olhar, embora sentisse o rosto esquentar com a mentira.

— Não precisa mentir pra mim, Taylor. Você também já deve saber que eu não sou só uma professora. — Ela sorriu, olhando para a garota. — Seu segredo está bem guardado comigo, mas preciso ter certeza de que o meu também está.

— Tá, eu sou a Trajetória. E sim, seu segredo está bem guardado comigo. — Concordou no fim, suspirando. — Mas relaxa, o reator aumenta todas as minhas habilidades físicas. Sei me cuidar.

— Ainda assim é bem arriscado. Seria bom se você não enfrentasse os perigos da cidade, Tay. Eu faço isso desde que era bem menor do que você e posso garantir que não é nada maravilhoso quanto se passa nos filmes.

— Faz isso desde sempre então? — Taylor acabou rindo com o próprio comentário sobre o tamanho dela. — Desculpa, professora, não resisti. Mas eu sei me cuidar, como você mesma viu e ainda salvei aquele garoto ali fora.

— Muito cuidado com ele, Taylor. — advertiu, abaixando o tom de voz. — O Benny sabe sobre mim. Ele é muito observador e quando ele olha nos olhos, não tem como mentir.

— Ele tentou fazer isso comigo ontem, quando nós encerramos com aquele cara lá. — Ela olhou para a porta e depois voltou a fitar a professora. — Não acabou muito bem para ele.

— Eu imagino. — Ela riu e se levantou, tirando um pedaço de papel com um número anotado do meio de um caderno e o entregou para a garota. — Se precisar da ajuda da Pocket, é só ligar. Agora pode ir, Srta Parker. E cuidado!

— Vou me lembrar disso. — Taylor sorriu, pegando o papel e colocando no bolso da calça, retirando o celular em seguida. — Me empresta seu celular?

Alice tirou o aparelho do bolso e o entregou para a aluna.

— O que vai fazer?

— Só isso aqui. — A aluna tocou na tela do celular da professora com o seu aparelho, passando o seu número automaticamente. — É um aplicativo que estou desenvolvendo. Assim como o alerta de Neo-Humanos. Agora você também tem o número da Trajetória.

— Não tem como não me surpreender com você, Taylor. — Ela sorriu ao olhar para o contato em seu celular. — Agora vai pra casa. Tem alguém que vai ter dor nas orelhas com a bronca que vai levar. — Olhou para a porta e depois para a aluna, com um sorriso maldoso.

— Pode deixar. E não precisa pegar leve com o orelhudo. — Taylor riu baixo e caminhou até a porta após pegar a mochila, mas acabou parando no meio do caminho. — Professora, só tome cuidado com pessoas da Nêmesis. Mais cedo ou mais tarde, você cruzará com eles.

Alice colocou as mãos no bolso do casaco que usava, sentindo a credencial da Nêmesis guardada ali e suspirou.

— Eu já os encontrei, Taylor. Infelizmente os encontrei.

— Fique atenta com eles. — A morena assentiu com a cabeça e saiu, encontrando Benny do lado de fora. — Ela vai te comer vivo. — Sorriu de canto, passando por ele.

— Mas eu não fiz nada! Eu juro! — disse para Taylor, antes de encarar a porta com os olhos arregalados, ajeitando o cachecol azul.

— Será mesmo? — Ela forçou uma risada maligna enquanto seguia pelo corredor.

 

O garoto respirou fundo, girando a maçaneta.

 

— Feche a porta. — A voz de Alice saiu firme, fazendo o aluno assustado estremecer, obedecendo imediatamente a ordem dada.

— Senhorita Harper, eu…

— Calado! — A pequena mulher bradou, trazendo o rosto dele para perto do seu ao puxá-lo pelo cachecol, forçando-o a se curvar até ficar na mesmo altura que ela e fitou os olhos azuis assustados de seu aluno favorito.

 

A respiração do menino acelerou, assim como seus batimentos.

 

— Vou dizer uma vez, Senhor Benjamin Johnson. — falou pausadamente, com a voz rouca. — Da próxima vez que a Pocket Girl ver você no meio de uma briga com Neo-humanos, ela vai cortar esse par de orelhas que você exibe por ai, entendeu?

 

Ele apenas assentiu rápido, engolindo seco as palavras de Alice.

Quando a mulher o soltou, Benny passou a mão na garganta, ainda a observando, assustado.

 

— Pode ir! — Voltou para sua mesa, sem olhar para o garoto, segurando o riso.

— Obrigado, Srta. Harper. — disse baixo, dando as costas para a mulher.

— Benny.

— Sim. — Respondeu, receoso.

— Quando estivermos a sós, pode me chamar de Lice. — Piscou para o garoto, voltando a sorrir.

 

O aluno sorriu de volta, saindo aliviado da sala. No fundo sabia que ela não arrancaria suas orelhas.

 

~*~

 

Faltava pouco para o meio dia quando Jared estacionou em frente a uma bela casa de paredes amarelas e um jardim bem cuidado, com um grande carvalho o enfeitando.

O cientista levou o celular até a orelha, esperando que alguém atendesse.

 

Senhor Harper, não esperava dua ligação uma hora dessas. — A voz feminina do outro lado era baixa e apreensiva.

— Notícias, Rose. Preciso de notícias! Vou ficar maluco se não souber o que está acontecendo. — disse rápido, batendo os dedos no volante.

A Nexus invadiu o laboratório. — Ela respondeu. — Todos que vieram trabalhar foram presos, menos a Srta Grey, como já era de se esperar.

— Não se preocupe com isso, Rose. A Rachel não vai aproveitar a liberdade por muito tempo. — Sorriu, fitando a casa. — Agora preciso que você me confirme os dados do garoto. Estou em frente a casa e quero acabar logo com isso.

Tem certeza, Sr. Harper? Não é perigoso mexer com alguém que não representa riscos? — advertiu, a moça.

— Representa risco para a Lice. Agora me dê os dados dele, por favor.

Benjamin Johnson. Mora apenas com a mãe e parece que o pai desapareceu em uma expedição na Floresta Amazônica, no Brasil. Um aluno comum. Só se destaca em artes e biologia. Tem poucos amigos e…

— Já tenho o suficiente, Rose. Obrigado. — Desligou o telefone antes que a assistente dissesse algo.

 

Tirou do bolso da calça preta, um pequeno frasco com um líquido transparente.

 

— Sinto muito, Benny, mas você não vai para a faculdade. — Sorriu, guardando o veneno novamente. — Não se preocupe. Mandarei meus cumprimentos à sua mãe.

 

O homem cruél desceu do carro, ajeitando suas roupas, enquanto caminhava com um sorriso gentil até a casa do garoto.

Tocou a campainha e aguardou, com a serenidade de um assassino sem coração.

 

— Um momento. — Ouviu uma mulher dizendo, seguido do som das chaves abrindo a porta. — Pois não? — O sorriso dela se apagou assim que viu Jared em sua porta.

— Jessica? — Sussurrou, franzindo as sobrancelhas, sem acreditar que era a mulher em sua frente.

 

Assustada, a mãe de Benny tentou fechar a porta, mas Jared a impediu, entrando sem autorização.

 

— É você, não é? — Ele questinou, fitando os olhos verdes da bela mulher. — Quase não te reconheci, Jessica.

— Você pode não se lembrar do meu rosto, mas eu jamais esquecerei a face de um assassino.


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Notas finais do capítulo

E então, seus lindos. O que acharam desse capítulo? Eu gostaria muito de saber a opinião de vocês, seja ela qual for.
"Amei, continua" são lindos e fazem autores felizes também. Kkkkk
Mas sem pressão. Amo todos os meus fantasminhas.
O primeiro spin off de PG está para sair, contando o passado de Jared, não percam.
Muito obrigada a todos.
Beijos da Mini e até o próximo =*