HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 6
Inesquecível


Notas iniciais do capítulo

"Eu me lembro, de volta ao começo
Eu me lembro dos anos todos muito bem
Eu me lembro dos sonhos de um mundo melhor
E eu me lembro o que eles fizeram comigo

Eu sei que eu posso sobreviver a isso
Eu sei que há um caminho
Eu sei que eu posso sobreviver a isso
Eu vejo um caminho

Liberte-me dessas memórias
E me mostre um jeito de ser livre
Liberte-me dessas correntes
E me mostre um jeito de eu começar de novo e recomeçar tudo"
Remember - In This Moment.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686114/chapter/6

Décima terceira base da Nêmesis, Londres, Maio de 2011.

 

Os olhos azuis e assustados do garoto fitavam as luzes fluorescentes no teto passarem rápido, uma após outra ao ser carregado em uma maca por dois cientistas, ambos usando máscaras cirúrgicas e roupas brancas, além de uma touca que lhes cobria os cabelos. A mãe do garoto caminhava apressada ao lado de um dos homens, olhando com preocupação para o filhos que balançava levemente sobre a estrutura de rodas que vazia um barulho metálico vez ou outra.

Ao virarem em um corredor, um dos cientistas segurou o ombro da mulher, impedindo-a de continuar.

— A senhora só pode acompanhar até aqui. — Disse o homem ao fitar seus olhos esmeraldinos.

— Mas eu…

— Não se preocupe. É o último teste. Depois vamos retirar o aparelho de monitoramento que foi implantado atrás da orelha dele e o seu filho estará liberado. — explicou, verificando as instruções em uma ficha presa em uma prancheta de metal.

— Tudo bem. — A voz da mulher preocupada saiu baixo ao desviar o olhar do cientista. — Vou esperar aqui.

— Aconselho que vá até a sala de espera, Sra Johnson. — Indicou a direção para a mulher com a mão, sorrindo sob a máscara.

— Prefiro ficar perto do meu filho, doutor.

— Como queira. — O homem deu de ombros, seguindo para dentro do corredor.

 

Já longe da mãe do garoto, o cientista tirou um comunicador do bolso do jaleco, apertando um botão em seguida.

 

— Doutor Noah, o experimento MR27, Benjamin Johnson, está pronto para o teste final. Esperamos pelo senhor ou prosseguimos? — perguntou, aproximando o aparelho da boca.

— Prossigam, chegarei em dez minutos. — respondeu, apertando o comunicador na mesa. Pegando seu jaleco pendurado no tripé de sua sala, Noah dirigiu-se a saída, a caminho de sua promissora experiência.

 

~*~

 

Benny observava a mesma equipe que ministrou os outros testes que foi submetido desde que suas habilidades foram descobertas, prevendo os movimentos ensaiados de cada um dos cientistas.

A mesma moça de sempre se aproximou com um sorriso meigo e acariciou os cabelos negros do menino antes de afivelar seus braços, pernas, tronco e ombros.

 

— Não tenha medo, Benjamin. Esse é o último teste. Logo você estará livre de nós. — Riu fraco, já puxando uma mesinha com rodas e sobre ela, estava uma bandeja com algodão, álcool e uma seringa cheia de uma substância azul.

 

Ele engoliu seco, desviando os olhos da agulha fina e grande.

Depois de colocar as luvas descartáveis, a moça de cabelos loiros limpou o braço do garoto com o algodão embebido em álcool e procurou uma veia sob a pele arroxeada e cheia de marcas de outras aplicações.

Injetou lentamente o líquido e os olhos do menino ganharam um tom de azul ainda mais brilhante, emanando uma luz fraca deles.

Aos poucos, uma dor indescritível percorreu o braço ossudo de Benny, se alastrando por todo seu corpo.

Um grito súbito ecoou pela sala e ele começou a se debater, preso a maca de testes, deixando o som sair de sua garganta, externando a dor que sentia.

 

— Benjamin, preciso que você suporte. — A cientista se aproximou, tentando acalmá-lo.

— Dói! — gritou, deixando o choro preso descer por seus olhos, enquanto se contorcia, tentando se livrar das amarras que já marcavam seus pulsos magrelos.

— Eu sei. Sinto muito por isso. Mas preciso que você aguente mais um pouquinho. — Acariciou os cabelos do menino e fixou os olhos nos dele. — Consegue ver o que eu fiz nos últimos dias?

 

Ele assentiu com a cabeça e olhou para a mulher, lendo suas memórias.

Após alguns minutos, a moça foi tirada do transe e confirmou todas as informações que Benny passou.

 

— Podemos liberar o paciente, Dr. Noah? — perguntou o cientista responsável pelo experimento MR27.

— Claro, só irei lançar os dados no sistema e você estará liberado, Benny. — disse Noah,  sorrindo para o garoto. Ao andar em direção ao computador da sala, acenou para que o cientista assistente o seguisse. — Prepare a equipe de testes de aptidão. Se ele passar, o convidarei para minha equipe.

— Sim, senhor. — O homem se afastou de Noah e chamou pelo comunicador da sala a equipe médica para os exames.

 

— Chloe, pensei que não haveria mais testes. O que vão fazer agora? — Benny observava assustado os novos rostos entrando na sala, enquanto a cientista gentil o desamarrava.

— Isso é um exame para saber se está tudo bem com você. — respondeu, desafivelando os pés do garoto. — Não precisa ter medo. Isso não vai doer nada.

 

Embora não confiasse em cientistas, preferiu acreditar em Chloe que sempre fora, como o Dr. Noah, honesta e amigável, ao contrário dos outros que o tratavam como um cadáver nas mãos de estudantes de medicina.

 

~*~

 

Chloe, que era a assistente do responsável pelos experimentos em Benny, bateu na porta do escritório de Noah após os testes, carregando um envelope pardo nas mãos.

— Doutor, os resultados dos exames do experimento MR27 estão prontos. — disse, após entrar na sala do homem.

— Ótimo. Continue monitorando o garoto, ele é muito valioso.

— Pretende mesmo deixar o garoto entrar para a equipe, doutor? — questionou a moça. — Ele não é como o Iving. Não vai conseguir agir com um agente da Nêmesis.

— Com os "estímulos" certos, tenho certeza que vai. — respondeu, sorrindo ao largar o envelope e olhar para uma máquina coberta com um pano branco. — Aquilo fará ele agir como um verdadeiro agente da Nêmesis.

— Mas, senhor, ele é tão novinho. Uma criança!

— Near tem doze anos como ele e apesar da pouca idade, sabe o que deve fazer como agente. Infelizmente alguns traços da personalidade permaneceram, mas Benjamin terá uma lavagem total, sem falhas. O neo-humano perfeito.

— Sim, senhor. — Chloe respondeu baixo, desviando o olhar. — Devo mandar ele e sua mãe entrarem?

— Sim, por favor. — respondeu pegando o envelope novamente, enquanto a moça saía.



Alguns minutos depois, Jessica e Benny entraram na sala do cientista. O garoto ainda assustado, olhava com medo para Noah.

— Então, doutor. Meu filho está pronto para voltar a ter uma vida normal?

— Por favor, sentem-se. — Sorriu, indicando as cadeiras a sua frente. — Ele está pronto para viver normalmente, mas gostaria de fazer um convite para o garoto, se me permitir, Sra Johnson.

— Um convite? E o que seria? — perguntou, confusa.

— Bem, seu filho possui um grande potencial e seria gratificante vê-lo ser usado para um bem maior. — Noah virou-se para Benny, olhando em seus olhos. — Benny, quero convidá-lo para entrar na Nêmesis. Temos as melhores tecnologias e técnicas de treinamento, em alguns anos você será um Neo-Humano nível Ômega se ficar aqui comigo.

— Ficar? — disse, assustado. Olhou para sua mãe, arregalando os olhos e balançou a cabeça negativamente algumas vezes.

— Filho, você pode ser um herói. Não é o que você sempre quis? — Jéssica tentou convencer o filho, mas sem sucesso.

— Não quero ficar aqui. Eles me machucam. — choramingou.

 

— Benny, querido, acabou. Não vão mais machucar você. Não é mesmo, doutor?

— Claro que não, Benny. Sinto muito, ainda não temos meios cem por cento seguros para administrar nosso soro capacitador de modo indolor sem afetar seu cérebro. — respondeu franzindo o cenho ao olhar para o garoto. Noah parecia tranquilo, convencido de que o jovem seria sua mais nova peça no time de elite da Nêmesis. — Eu coordeno um dos maiores setores de pesquisa do mundo, além de ter os melhores profissionais especialistas em Neo-humanos. Aqui é seu lugar, meu jovem.

 

O garoto ainda implorava com os olhos para a mãe não deixá-lo ali.

— Filho, espere lá fora. Vou me desculpar com o doutor, tudo bem? — Disse Jessica, acariciando o rosto de Benny.

 

Depois que o menino saiu, ela se voltou para o cientista, sorrindo fraco.

— Me desculpe por isso. Ele está muito assustado, mas se der a ele alguns dias, posso convencê-lo a aceitar.

— Não tenha pressa, Sra Johnson. Só lembre-o que estamos aqui para ajudá-lo, nada além disso. — disse, sorrido para a mulher. — Mais uma vez peço desculpas por não termos meios mais seguros de desvendar os mistérios deste jovem.

— O senhor salvou a vida dele, Dr. Noah. Devo mais do que minha vida ao senhor, então não se desculpe. — Sorriu fraco, fitando suas mãos. — Só peço que não deixe que o Benny descubra sobre o pai. Não quero que ele ouça o nome daquele monstro.

— Garanto que esse nome não será ouvido pelo garoto e nem falado por ninguém nesta unidade. — Assentiu com a cabeça ao confirmar que concordava com a condição imposta por ela. — Ele ficará seguro conosco, não se preocupe.

— Obrigada, doutor. — Apertou a mão do homem, com um sorriso agradecido. — Em breve enviarei notícias.

— Sou eu quem agradeço pela incrível experiência com seu filho. — Fitou a bela mulher por alguns segundos,levantando-se de sua cadeira em seguida. — Aguardarei ansioso.

 

~*~

 

Jessica e Benny caminhavam em silêncio pelo corredor que os conduzia para a saída, quando Chloe os chamou para entrarem na sala em que ela estava.

 

— Algum problema, Srta. Cooper? — perguntou Jessica, já preocupada.

— Não. Mas vai acontecer. — disse baixo, trancando a porta. — Vocês têm que fugir o quanto antes. Não vai demorar até irem atrás do Benny.

— Espera. Quem e por que vão atrás do meu filho?! — Jéssica abraçou o garoto assustado, acariciando os cabelos negros dele.

— Noah. Ele não é um homem bom como aparenta ser. Ele quer o Benjamin como agente a todo custo, nem que isso signifique sequestrar, matar você ou fazer uma lavagem cerebral nele. — Segurou as mãos da mulher, segurando o choro. — Sra. Johnson, eu já vi muita coisa aqui. Nem sempre eu consigo ajudar os experimentos a fugirem. Foram poucos os que saíram com vida desse lugar. Eu imploro que leve o Benny para longe. Não suportaria vê-lo se transformar em uma máquina de matar como os outros, deixando de ser o menino gentil que ele é.

— Mãe, vamos embora. — pediu o garoto.

— E você, Chloe? Se eles descobrirem? — questionou a mulher.

— Não se preocupe comigo. Cuide do Benny e já será o suficiente para me deixar bem. — Voltou-se para o menino, fitando seus belos olhos azuis. — Cuide da sua mãe também. Eu vou distrair eles ao máximo. Ninguém mais vai fazer mal a você.

 

Benny a abraçou forte, acariciando os fios dourados da cientista, ganhando um beijo bela em sua bochecha, que ficou marcada com o batom cor de rosa.

— Não se esqueça de mim, Chloe. Quando eu for um herói, virei te buscar. — Prometeu, sorrindo para a moça.

— Não me esquecerei, Benny. E se lembre de mim também, principalmente quando você for um herói. Vou ficar te esperando. — Chloe secou rapidamente uma lágrima que rolou de seu rosto, caminhando até a porta. — Agora vão. Quanto mais rápido vocês saírem, melhor.

— Obrigada, Chloe. Nunca serei capaz de agradecer pelo que você fez pelo meu filho hoje. — Jessica abraçou a cientista, chorando com a moça. — Adeus.

— Adeus. — Acenou, vendo os dois saírem rapidamente do local.



Chegando em casa, a mulher de cabelos negros como os de Benny pegou as malas que guardava em um quarto de bagunça e começou as encher com alguns pertences.

— Pegue apenas o necessário, querido. — avisou o filho, jogando as roupas na mala.

— Para onde vamos? E a escola, a nossa casa, meus amigos? — Benny questionou, sentindo o peito apertar ao pensar nas inúmeras coisas que teria que deixar para trás.

— Vamos para a casa da tia Elizabeth, nos Estados Unidos. — Fitou o garoto, suspirando fundo. — Eu sinto muito, querido. Não queria que nada disso estivesse acontecendo. Agora pegue suas coisas.

— Sim, mãe.



Benny guardou o máximo de coisas que conseguiu, tentando levar todas as lembranças daquele lugar em sua mala.

Pegou a caixinha de música de sua mãe e deu corda, fazendo o som encher o quarto, enquanto uma pequena bailarina girava no centro de um espelho.

Distraído, não percebeu quando sua mãe o puxou pelo braço, fazendo-o derrubar a caixinha que despedaçou ao tocar o chão.

Jessica o apressou, já levando as malas para o carro.

Benny ainda conseguiu pegar a bailarina jogada no chão e a guardar no bolso, antes de seguir a mãe para ajudá-la com as malas.

Partiram rumo a um futuro incerto, deixando tudo para trás, menos suas memórias. Essas os seguiriam por toda a vida.

 

~*~

 

Poucas horas depois que Jessica e o filho embarcaram em fulga, um agente da Nêmesis descobriu o que Chloe havia feito por Benny e outras três cobaias.

Noah enviou uma equipe até a casa do garoto, apenas para confirmar que seu precioso futuro agente havia escapado por entre os dedos.

Deixar que isso acontecesse era inaceitável, por isso, mandou que a traidora fosse interrogada e que a fizessem dizer para onde o garoto foi, não se importando com os métodos usados para isso.



Mais um grito ecoou pela sala de interrogatório, quando um agente espetou mais uma agulha no corpo marcado da mulher que estava pendurada pelos braços, amarrados sobre a cabeça. Usava apenas a lingerie que não quiseram cortar em seu corpo, como o resto de suas roupas

 

— Vou perguntar só mais uma vez. Onde está o garoto! — disse pausadamente, usando um bisturi para lhe fazer um corte em seu braço esquerdo, enquanto observava o sangue escorrer sobre a pele cheia de hematomas.

— Me mata logo, maldito. — gritou Chloe

— Algum progresso? — perguntou uma mulher ruiva, fazendo o barulho dos saltos ecoarem pela sala.

— Ainda não, Elena. Ela se recusa a falar. — Suspirou o agente, deixando o bisturi sobre a mesa. — Já arranquei unhas, já queimei a pele com ferro em brasas, já furei ela com várias agulhas, mas nada faz essa vadia abrir a boca.

— Então você é durona? — perguntou, olhando para a mulher, mas sem obter resposta. Aproximando-se de Chloe, Elena pegou uma agulha na pequena mesa, encostando-a do olho da mulher. — Melhor falar logo. Eu não sou boazinha como ele, Chloe. Você sabe disso.

— Eu já disse que não sei, Lena. — Chloe sorriu, sentindo a agulha encostar em seu olho. — Não sou idiota. Sabia que se descobrissem o que eu fazia, me forçariam a falar, então preferi não saber para onde eles foram.

— E mesmo assim se deixou ser pega. Tudo por um garoto. Quantos você já viu morrerem aqui? Já é quase impossível contar e você ajudou a matá-los! — Com sua mão esquerda, Ellena concentrou sua força e raiva, acertando em cheio o rosto de Chloe. — Não seja idiota, me diga onde ele está e não morrerá. — gritou, irritada.

— Se eu soubesse, eu morreria dizendo que não sei. — disse, após cuspir um dente que soltara de sua boca. — Acaba logo com isso, Lena. Nós duas sabemos onde isso vai terminar.

— Sim, sabemos. — A ruiva respirou fundo, abrindo seu jaleco e retirando uma arma calibre trinta e oito e começou a colocar as balas lentamente. — A última coisa que eu queria era matá-la. Afinal, trabalhamos muito tempo juntas. Algum último desejo antes de eu explodir sua cabeça?

— A última coisa que eu queria, já foi feita. Salvei uma vida — Sussurrou, fechando os olhos.

— Adeus, Chloe. — disse apontando a arma para a mulher e disparando em seguida.

 

Algumas gotas de sangue respingaram no rosto de Elena, contrastando com seus fios ruivos e a pele alva.

Usando uma faca que estava com os instrumentos de tortura, cortou as cordas que sustentavam Chloe pelos braços, fazendo o corpo sem vida da loira cair no chão.

 

— É isso o que acontece com traidores.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Primeiro crossover com Immortal ❤
Quero agradecer muito ao meu amigo e parceiro do HL, Alee (Alexandre Nascimento), autor de Immortal, uma história ótima com esse cientista do mal e mais uma equipe incrível Não deixem de conferir ❤
Obrigada a você que leu até aqui, me deixem saber o que vocês acharam desse capítulo pelos comentários e até o próximo.
Beijos da Mini =*