HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 15
Uma delicada flor de papel


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente linda ❤
Muitos agradecimentos aos meus leitores que eu amo tanto. PG cresce cada vez mais graças a vocês ❤
Sem enrolação hoje.
Boa leitura ^^



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Na pequena sala do apartamento de Valerie, o agente Knoxx entrou carregando dois copos de chocolate quente, com marshmallows e calda de chocolate por cima. Seu cabelo estava preso em um coque mal feito e as mangas de sua blusa estavam levantadas.

 

— Bem, se isso não te animar, não sei mais o que pode — disse ele.

— O milagroso copo da felicidade do Mike. Isso me lembra os tempos de academia. — Valerie sorriu fraco, pegando o copo. — Obrigada por vir.

— Não te deixaria sozinha nessa. — Sorriu de canto, sentando-se em uma poltrona e tomando um gole de sua bebida. — Desculpe por não poder aparecer hoje.

— Imagina! Você nem precisava ter deixado as garotas só para me ver. — Fitou o copo por um instante antes de tomar a bebida. — Você tem sido um grande amigo desde sempre, ainda mais depois do que aconteceu com o Jasper e o bebê Mike.

— Eu levaria um tiro por você, Jones, sabe disso. Fazer um pouco de companhia não é nada. — Riu baixo, colocando o copo em cima da mesa de centro.

— Mas quem levou o tiro foi eu, lembra? — Levantou uma sobrancelha, mostrando uma pequena cicatriz em seu braço esquerdo.

— Lembro sim. Sorriu fraco. — Mas, falando sério, eu achava que morreria antes da  Jordan — disse por fim. — Qual é, ela domou a Corvo. Já a considerava uma lenda. — Sorriu.

— A Jordan deveria ser imortal. Ela tinha o dom de instruir todos aqueles doidos indisciplinados. Lembra quando ela pegou você e o Jasper espiando as meninas?

— Ela nos fez limpar os jatos com uma escova de dente. — Knoxx franziu o cenho enquanto lembrava. — A nossa escova de dente. E não estávamos espionando, apenas fazendo um trabalho de campo.

— Logo no horário de banho? Sei! — Cruzou os braços, sorrindo. — Aquela mulher era uma mistura de Amanda Waller com Legião, não acha?

—  Pra ser sincero, acho que ela conseguia ser pior que os dois em alguns momentos. — Riu baixo. — Ela vai fazer falta.

— E como. Ela era única. — Suspirou, com um sorriso tristonho em seu rosto. — O diretor Campbell quer me colocar no lugar dela, Mike. Eu não tenho nem a metade do talento da Jordan. — Fitou o colega, com os olhos marejados.

— E eu não vejo ninguém com metade do seu. — Sorriu de volta, assentindo para a mulher. — Você é a melhor opção Valerie e, creio eu, que a Jordan tenha te treinado para esse momento. Sei que é mais fácil falar do que fazer, mas a gente pode dar um jeito nisso.

— Obrigada — disse tão baixo que sua voz mal foi ouvida, ao mesmo tempo que deixou as lágrimas molharem o seu rosto.

Knoxx suspirou, antes de se levantar e sentar ao lado da agente, enquanto lhe envolvia em um abraço e acariciava seus cabelos.

 

— Vai ficar tudo bem, Valerie.

— Como? Todas as pessoas que eu amo são tiradas brutalmente de mim. Eu não suporto mais isso, Mike. Não suporto! — disse, encostando o rosto em seu peito.

— Bem, acho melhor amarrarmos as que nos restam e mantê-las embaixo da cama — brincou, tentando acalmá-la.

— Acho que a Isabella não ia gostar de ter o marido preso embaixo da minha cama. — Ela fez uma careta, secando o rosto.

— É, olhando por esse lado, talvez pudesse ter algum problema, não sei. — Riu fraco, feliz por ela estar melhor.

Jones se afastou do amigo, suspirando.

 

— Falando em cama, está na hora de dormir. Ou tentar dormir. — Deu de ombros. — Deixei muito trabalho acumulado nos últimos dias e agora sem a Jordan, o caso da Pocket Girl ficou nas minhas mãos.

— Manda o Luke e o Liam resolverem isso. — Knoxx sorriu e piscou, se levantando. — Considere isso como uma pequena folga.

— Como não pensei neles? — Sorriu, mais animada. — Vou mandar uma mensagem agora mesmo!

— Avisa ao Luke. — O moreno pediu. — Eu ainda preciso contar ao Liam o que aconteceu.

— Ele ainda não... — Viu Knoxx balançar a cabeça e suspirou, desviando o olhar. — Ele vai ficar arrasado.

— Sim, ele vai. — comentou baixo. — Mas diferente de muitos, isso faz ele ficar mais focado em suas missões. Pode deixar que eu cuido dele.

— Não sei como agradecer, Mike. — Sorriu fraco, fitando o agente.

— Bem, eu vi que a loja ao lado do seu prédio trouxe um novo relógio... — Ele riu, antes de pegar os copos vazios em cima da mesa. — Mentira, não precisa agradecer.

— Besta. — Riu baixinho, se levantando.

 

Enquanto Michael lavava os copos, Valerie arrumou uma cama improvisada na sala para ele.

Desejou boa noite ao colega, dando-lhe um beijo carinhoso na testa, antes de ir para seu quarto.

No banheiro, tomou um comprimido a mais do que o recomendado, pois sabia que era a única maneira de pegar no sono.

 

~*~

 

Logo após o almoço, Madson foi até a Universidade de Princeton e estacionou próximo à entrada. Observou o movimento ao redor antes de descer do carro e encostar no capô, tirando o celular do bolso.

Ligou para Annie em mais uma tentativa de conseguir o perdão da filha, mas não foi muito efetivo. A garota o xingou pelo telefone, embora tenha sido menos rude do que da última vez que se falaram. Aos poucos, Philip conseguia convencê-la de que não era um cara do mal, mas uma espécie de justiceiro.

Percebeu que uma garota com as descrições que Jared passou se despedia de duas amigas e desligou o telefone, sorrindo ao vê-la se aproximar. Ela estava com os cabelos soltos, que chegavam até a metade de suas costas e usava uma blusa de manga comprida, com listras pretas e brancas e um jeans azul claro, rasgado na altura dos joelhos.

Após um rápido cumprimento, partiram em direção ao laboratório. Phillip tomou o cuidado de ir por um caminho mais longo, sempre observando se não havia ninguém os seguindo.
Cerca de quarenta minutos depois, chegaram ao laboratório, onde Jared os esperava com um largo sorriso ao lado de Dean e Rose.

— Seja bem-vinda, Srta. Bernardini.

— Obrigada, Sr. Harper. — Sorriu, olhando em volta, tentando reconhecer o lugar em que estava. Seus olhos foram de Jared para o homem ao seu lado, mas logo os voltou para o cientista. — O laboratório fica mais longe do que eu pensei.

— Eu prefiro mantê-lo mais afastado para evitar especulações de curiosos. Mesmo não estando mais na idade média, cientistas ainda são vistos como loucos. — Riu fraco e caminhou até sua mesa. — A Srta. Reed vai fazer uma ficha com seus dados e o Sr. Simmons vai coletar uma amostra de sangue para alguns exames de rotina. Depois disso, ele vai mostrar o laboratório para você.

— É, sei como é. — Violeta respondeu, fitando o Simmons brevemente. Pelo o que aparentava, não teria problemas em trabalhar ali. — Precisa da amostra de sangue agora?

— Precisa, senhorita. — Dean respondeu, sorrindo fraco. — Mas eu prometo que não vai sentir nada.

— Espero que sim, não gosto de agulhas. — Comentou, acariciando o braço esquerdo.

— Dean tem as mãos de anjo, Violeta. Não precisa ter medo — disse Rose, guiando-a até uma sala pequena, parecida com uma enfermaria. — Eu vou fazer as perguntas enquanto ele faz a coleta. Nome, idade e nacionalidade.

— Certo, certo. — respondeu, engolindo em seco, enquanto se sentava em uma maca. — Violeta Bernardini, dezenove anos, italiana.

— Relaxa esse braço. — Dean falou baixo, colocando as luvas descartáveis. — Agora olha para mim e não presta atenção na agulha. — Fitou a garota enquanto amarrava o braço dela com uma borracha, procurando a sua veia em seguida.

Rose sorriu de canto, voltando a atenção para a ficha.

— Tem alguma doença genética, crônica ou tem possibilidade de estar grávida?

Violeta respirou devagar enquanto fitava o rapaz. Apenas torcia para que aquilo não demorasse demais.

— Não, não e com certeza não. — Respondeu rápido, tentando evitar de olhar para a pequena mesa com seringas.

Dean pegou uma delas e, após limpar o braço dela com um algodão embebido em álcool, tirou a amostra de sangue rapidamente. Não pode deixar de sorrir ao vê-la fechar os olhos com força.

— Prontinho, senhorita. — Colocou um curativo no braço de Violeta e pegou o tubo cheio de sangue, colando uma etiqueta nele. — Eu disse que não ia doer.

— Fale por si só — resmungou, sentindo uma leve irritação no local onde foi aplicada a agulha. — O que falta agora?

— Me acompanhar. — Ele sorriu, estendendo a mão para a garota.

Violeta fitou o homem e depois sua mão, um pouco desconfiada. Talvez fosse o fato de ter sido espetada, mas por fim, aceitou, segurando em sua mão e descendo da maca.

 

— Pode deixar que eu levo isso, Simmons. — Rose pegou o frasco com ele e saiu na frente. — Termino o formulário com a sua matrícula da faculdade.

— O que você quer conhecer primeiro, Srta. Bernardini? — Dean colocou as mãos no bolso do jaleco, observando a garota.

— A parte de mecânica seria interessante, mas eu como eu já conheço um pouco disso, me mostra a parte de estudo biológicos, por favor.

— Espero que não tenha problemas com coisas assustadoras — comentou, indicando a direção.

— Mais assustador do que as aulas de cálculo? — perguntou, enquanto colocava as mãos no bolso da calça e o seguia. — Duvido muito.

— Para quem tem medo de agulhas, alguns cadáveres não devem ser assustadores — provocou a garota enquanto digitava o código de acesso à sala de estudos biológicos.

— Já estou acostumada. — O ignorou, parando ao seu lado. — As aulas de biologia ajudam a superar isso facilmente.

— Eu demorei todo o período de anatomia para me acostumar. — Riu fraco, enquanto a porta se abria para eles. — Esse é o nosso playground.

— Anatomia foi tranquilo. Os cadáveres nem fediam tanto. — comentou, olhando em volta.

O centro do local estava cheio de macas vazias. Na parede da frente havia uma espécie de armário, com diversas gavetas, onde se eram guardados os corpos para pesquisa. À esquerda, havia uma parede coberta por prateleiras com compostos químicos e uma mesa com instrumentos cirúrgicos. Porém, o que lhe chamou atenção, estava na parede da direita. Uma cápsula com uma mulher dentro, boiando no líquido verde e brilhante.

— Quem é aquela? — perguntou baixo, mais assustada do que gostaria de admitir.
— Aquela é a peça chave para o Projeto Y. — Se aproximou da incubadora, observando a mulher com os olhos fechados.

— Por favor, me diz que esse Projeto Y vai criar unicórnios — comentou, o acompanhando até a cápsula e sentindo um calafrio percorrer sua espinha ao fitar a mulher.

— Acho que essa baixinha não parece um unicórnio. — Riu baixo, percebendo que a garota estava assustada.

— E o que vão fazer com ela? — Desviou o olhar, o mantendo no rapaz. — Ela está viva pelo menos?

— Não mesmo. — Deu uma última olhada na mulher e se voltou para a garota. — O Dr. Harper está tentando trazê-la à vida com as células neo-humanas da filha.

A garota levou a mão até a boca, contendo qualquer som que pudesse sair dali, enquanto voltava sua atenção para a mulher novamente.

— Isso é muito errado.

— Vai dizer isso para um homem apaixonado? — Suspirou, analisando as reações da garota. — Posso te contar um segredo? — Sussurrou, aproximando o rosto do dela. — Isso pode acabar com a minha carreira, mas eu estou confiando em você.

Violeta afastou-se um pouco, com medo do que poderia ouvir agora.

— Vai dizer que aliens existem. — Riu fraco, embora estivesse nervosa. — Espera, eles existem?

— Eu acredito que sim, embora não tenha visto nenhuma evidência. — Mentiu. — Mas não é isso. Eu sempre que posso, troco alguns compostos usados por ele, por isso o Projeto Y nunca funcionou. — Segurou o ombro da menina, fitando seus olhos profundamente. — Você me tem nas mãos, Violeta. Mas por favor, não conte nada.

A garota desviou o olhar por alguns instantes, desconfortável com a situação. Ainda nem havia começado a trabalhar e já tinha um segredo para guardar.

— Tá, eu guardo o seu segredo — comentou baixo, fitando o chão. — Podemos, por favor, sair daqui?

— Claro. — A levou até a saída e fechou a porta, usando sua credencial. — Não imaginei que ficaria tão desconfortável. Mas não se preocupe. Em algumas horas você vai estar bem acostumada.

— Eu só não esperava ver alguém pronta para ser ressuscitada no meu primeiro dia. — Comentou baixo, colocando as mãos no bolso da calça.

— Relaxa. Isso é impossível. — Deu de ombros, levando-a outra área.



Rose entrou apressada na sala de Jared, carregando algumas folhas de papel na mão.

 

— Sr. Harper, a Sonia já conseguiu os resultados dos exames da Violeta. — Deu um grande sorriso, fitando o homem. — Temos boas notícias

— A Srta. Lee sempre se supera com sua rapidez — comentou, avaliando os papéis. — Leve de volta para ela e peça para usar isso aqui para ativar a alteração. Se ela conseguir, Sonia Lee será um nome conhecido por toda a Nêmesis. — Fez uma rápida anotação no papel e o devolveu para Rose.

— Tem certeza, senhor? — A moça franziu o cenho, lendo o que ele escreveu.

Jared apenas assentiu, fazendo sinal com a mão para que ela saísse logo.

 

Após apresentar alguns funcionários para Violeta, Dean a levou para a ala de robótica. Era uma sala razoavelmente grande, mas a única destinada para aquilo. Estava vazia, assim como a de estudos biológicos e contava com várias ferramentas de alta tecnologia, sendo que algumas delas a garota nem sabia que existia.

O celular de Dean vibrou em seu bolso e ao pegá-lo, viu que Jared ligava.

— Preciso atender. — Ele sorriu fraco, colocando a mão no ombro da moça. — Fique à vontade, volto em um segundo.

 

Violeta sorriu de volta, observando o rapaz sair. Quando ele fechou a porta, a garota tirou o celular do bolso e quase o derrubou. Digitou rápido o número da irmã e o colocou no ouvido, torcendo para que Dean demorasse.

 

— Vai, atende, atende... — Violeta repetiu, até ouvir o som da voz de sua irmã. Sua respiração estava irregular graças ao nervosismo. — Bianca?! Bianca, me escuta!

— O que aconteceu? — Bianca devolveu, sem conseguir esconder a preocupação em sua voz.

— Acho que esses caras não são coisa boa, sorella. — A garota dizia rápido e baixo, enquanto olhava para os lados. — Eles parecem fazer experiências com pessoas e tem um cadáver submerso pronto para ser reanimado.

— Violeta, fala devagar. Como assim ressuscitar alguém?

— Eu não sei, Bianca, mas eu com medo — choramingou, parando de falar ao ouvir passos no corredor. — Eles estão voltando, Bianca, por favor, me ajuda.

Violeta guardou o celular no bolso assim que Dean apareceu na porta, embora não tenha encerrado a ligação.

— O resultado do seu exame saiu. Vamos?

— Sim, claro. — Sorriu fraco, o acompanhando.

 

Dean abriu a porta do Quarto 09 e deixou a garota entrar primeiro. Era um cômodo pequeno de paredes brancas, com apenas uma maca bem ao centro e uma pequena mesa ao lado, com algumas seringas e frascos sobre ela.

— Que lugar é esse? — Perguntou, olhando em volta. — Aqui é algum armazém ou algo do tipo?

— Aqui é onde você vai dormir.

— Do que você está falando, Simmons? — questionou, virando-se rápido para o rapaz. Tentou ir até a porta, mas foi bloqueada por ele.

— Bons sonhos, Violeta. — O assistente tirou do bolso do jaleco, um pano embebido com clorofórmio e tampou a boca da moça com ele.

 

A garota  tentou se livrar de Simmons, se balançando e arranhando seus braços, porém, sentiu suas forças diminuírem aos poucos antes de desmaiar.

Dean segurou a menina antes que ela caísse e a deitou na maca, ajeitando seus cabelos em seguida. Foi até a parede onde havia um comunicador e apertou um botão.

— A garota está pronta. Podemos começar.



~*~

 

Sede da Nexus, Nova York

 

Em uma pequena sala, John fazia um relatório solicitado por Jones, enquanto Delilah observava o céu pela janela.

O silêncio incomodava o garoto, embora não soubesse exatamente como começar uma conversa ou se, pelo menos, ela queria conversar.

Fechou o notebook e o afastou, colocando as mãos cruzadas sobre a mesa, do mesmo jeito que se seu pai fazia, enquanto olhava para Delilah.

Ao sentir o olhar voltado para ela, a garota sorriu, levantando da cadeira.

 

— Vejo que já terminou.

— Não. Só fiz uma pausa. — Sorriu de volta, desviando o olhar. — Você está bem? Quer dizer… Você quer falar sobre o que aconteceu?

— Não precisa se preocupar comigo, John. Eu vou ficar bem. Não é a primeira vez que perco uma irmã e nem vai ser a última, infelizmente. — Delilah suspirou, olhando para o chão.

— Não entendi. — Ele franziu o cenho, fitando a garota. — Você tem outras irmãs? Eu não lembro de tê-las visto no velório.

— A Srta. Jones não lhe contou sobre mim?

— Contou o que? Você está me deixando confuso, Fada.

 

Delilah apenas sorriu e caminhou até uma prateleira pequena, repleta de livros e arquivos que Jones gostava de manter sempre à mão.

Pegou um grande fichário — o maior entre os demais — e entregou para John.

 

— Se preferir, tem a versão digitalizada. — Sentou-se em frente a mesa, observando o rapaz avaliar os arquivos.

 

Havia ali diversos recortes antigos de jornais japoneses, mas não foi um problema para John, já que era fluente no idioma.

Eles datavam de 21 de Fevereiro de 1952, trazendo manchetes alarmantes sobre um meteorito que caiu nos arredores do Monte Fuji, mas nunca foi encontrado nenhum vestígio, além de uma grande cratera e uma pedra violeta.

O registro seguinte era de seis meses depois do incidente. Um laudo feito na pedra, dizendo que não foi reconhecido o seu material ou o que ela era capaz de fazer. Depois, alguns alertas contavam que a pedra fora roubada quando os japoneses a enviaram para um local secreto, do qual não foi citado nenhuma vez.

Quase um ano após o corpo estelar atingir o Japão, um relatório de um dos primeiros agentes da Nexus contava como o homem encontrou uma garotinha de cerca de dez anos perdida em Aokigahara, a floresta do suicídio.

O agente teria a levado para a Polícia local, se não fosse pelo fato da menina ter peculiares asas como as de uma libélula. Contava como ela estava assustada, pálida e com os braços cheios de marcas roxas, quase esverdeadas, assim como em seus tornozelos.

A seguir, veio um ficha técnica, com todos os dados da pequena menina. A ficha de Delilah.

Ela não tinha um tipo sanguíneo conhecido, mas não foi difícil para os cientistas conseguirem estudar o complexo DNA da garota.

Suas habilidades ocupavam boa parte da folha, surpreendendo o rapaz. Voo, domínio das forças da natureza, cinese elemental, alto nível de regeneração, envelhecimento retardado, sentidos aguçados, entre alguns outros. Ela era realmente muito especial.

Depois da ficha, vinha os relatórios sobre cada uma de suas diversas identidades diferentes. Para se adaptar à sociedade, ela ficou três anos sob tutela de uma família de agentes, para logo depois ser mandada para outra, em um país diferente por mais três anos, vivendo assim até hoje, seis décadas depois.

 

— Uau! Acho que isso é muita informação para digerir. — Recostou-se na cadeira e respirou fundo, com os olhos levemente arregalados. — Você não é humana, é?

— Não. Alienígena, como chamam por aqui — sua voz doce e suave saiu despreocupada, sem se importar com a reação dele. Já viu piores.

— Nossa! Isso é bem impressionante. Quer dizer. Eu pensei que os alienígenas não eram tão… humanos, sabe?

— Nem todos. Muitos têm uma aparência diferente e o comportamento mais ainda — explicou. — Os vizinhos mais próximos da minha terra, os Plankers, são parecidos com selvagens gelatinas de morango. — Riu baixinho, fitando o rapaz.

— E o seu planeta. Me fala dele. — John se ajeitou na cadeira, animado para ouvir as histórias que Delilah tinha para contar.

— Zarydian II. Esse é o nome dele. É muito parecido com a terra, em questão de geografia, fauna, flora, clima… Mas lá não morremos intoxicados com essa poluição. Tudo é limpo. As águas, o solo, as plantas e o coração dos Zarydianos. A última vez que houve um homicídio lá, foi há quinze mil anos antes do meu nascimento.

— Deve ser um lugar incrível. — John sorriu, imaginando o paraíso que ela descrevia com um brilho nos olhos.

— É sim. Às vezes, tudo o que eu queria era voltar para lá, mas sem o pedaço do talismã que foi perdido, não tem como. Zarydian fica há bilhões e bilhões de anos-luz daqui. — Seu olhar foi novamente para a janela, onde tudo o que conseguia ver eram as nuvens cinzentas naquela tarde fria.

— Um dia vamos encontrá-la, Fada. Pode demorar, mas quando menos esperar, ela aparece por aí. É sempre assim quando perco minhas meias. — Ele sorriu, tentando animar a garota.

— Obrigada, John. Você é muito gentil. — Retribuindo o sorriso, Delilah pegou em suas mãos, mas logo desviou o olhar, olhando para o fichário sobre a mesa. — Está chegando a hora de complementar os registros. Os Russell foram muito amáveis comigo. Sentirei falta deles.

— Algum dos seus tutores te tratou mal alguma vez por você ser… diferente? — perguntou sem jeito, com medo de ser intrometido.

— Não! Cada um deles me recebeu como membro da família e me ajudaram a superar o medo que eu sentia dos humanos. — Afirmou com a cabeça.

— Você tinha medo de nós?

— Muito. Quando eu cheguei aqui, não fui bem recebida. Pessoas ruins me maltrataram e me usaram como um ratinho para pesquisas. Ora! Eu tinha apenas noventa e seis anos! Não sei como há tanta maldade no coração de alguns para fazerem isso. Eu não reagi a nada, porque não queria machucá-lo como faziam comigo, mas quando ela mandou arrancar minhas asas, precisei fugir.

Ela? Quem é ela? — perguntou rápido, curioso para conhecer a história de Delilah.

— Uma mulher terrível. A chefe deles. Eu nunca me esqueci do seu nome; Madelyne Creed. — Abaixou o rosto, desconfortável com as lembranças terríveis.

— Sinto muito — disse baixo, acariciando a mão da garota com o polegar. — Creed é o sobrenome do primeiro herói da Terra, o Legião. Acho que é apenas coincidência. - Assentiu com a cabeça, fitando a Fada. - Vou fazer mais uma pergunta. Espero que não se importe. Quantos anos você tem mesmo?

— Cento e sessenta, mas para os humanos, é só dezessete. — Deu de ombros, como se fosse algo normal. — Pode perguntar o que quiser, John, mas primeiro — se levantou, abrindo o notebook. —, você precisa terminar o relatório. — Sorriu, antes de começar a recolher os fragmentos de seu passado, os levando de volta para a prateleira.

John a observou por mais um instante. Desde o momento que a viu, sabia que ela era especial demais para uma simples terráquea.

 

~*~

 

Ao acordar, Violeta sentiu a cabeça latejar um pouco. Tentou se levantar, mas encontrou-se amarrada na maca, tomando soro em seu braço esquerdo.  Tentou se soltar, mas sentia seu corpo fraco demais para isso.

— Você acordou. — Dean se aproximou da maca, sorrindo para a garota. — Fiquei magoado com você. Me deixou todo arranhado.

 

Violeta virou o rosto, já com lágrimas nos olhos. Já se arrependia amargamente de ter saído de seu alojamento.

— Me solta, por favor. — Pediu, mesmo sabendo que não o fariam.

— Claro que eu vou soltar. Só preciso aplicar isso aqui primeiro.  — Mostrou uma seringa cheia de um composto azul. — Depois, vou colocar um chip na sua cabeça. E vai doer bem mais do que a coleta de sangue.

A garota arregalou os olhos ao ver a seringa, tentando novamente se soltar, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

 

— Vai doer mais se você se mexer, Violeta. — Ele riu, puxando o braço da garota.

 

Aplicou o composto e olhou no relógio, contando os 9 segundos antes da reação.

 

No início, apenas o local em que ele aplicou a injeção parecia queimar por dentro, o que a fez gemer de dor. Mas logo a sensação se alastrou por seu corpo, a fazendo gritar, enquanto tentava desesperadamente se soltar das amarras. Seus olhos adquiriram um tom claro de azul, quase como se brilhassem.

— Calma, linda. Essa dor é sinal de que você está reagindo bem. Caso o contrário, seus olhos teriam explodido e seu coração também — explicou, enquanto virava a cabeça dela para o lado e afastava seus cabelos de atrás da orelha direita.

Pegou sobre a mesa uma espécie de pistola branca e a apontou para a cabeça dela.

 

— Bem vinda à equipe.

Com o seu corpo ainda envolto pela dor, tudo o que Violeta fez foi fechar os olhos com força, torcendo para que aquilo tirasse sua vida rapidamente.

Dean atirou à queima roupa, formando um pequeno furo na cabeça da garota.

Os gritos de Violeta ecoavam pela pequena sala, fazendo Dean tapar os ouvidos por um momento, mas logo se ocupou em estancar o sangramento na cabeça dela.

— Odeio mulheres escandalosas. — Suspirou, fazendo um curativo onde o chip foi implantado. — Esse aqui nunca foi testado. Espero que exploda seus miolos.

Jared entrou na sala, franzindo as sobrancelhas, incomodado com os gritos.

— Ela já para. Reagiu bem ao HT90X. Vai acontecer a qualquer momento, mas espero que não seja algo feio como aquela reptiliana que tivemos que matar. — O assistente se afastou, olhando no relógio mais uma vez.

— Escuta bem, Jared Harper! — Violeta bradou, sentindo dores até para falar. — Minha irmã vai achar você e ela vai tirar esse maldito sorriso do seu rosto.

— Nesse dia, sua irmã vai morrer lentamente. E é você mesmo quem vai matá-la. — Acariciou o rosto da menina, mas sentiu algo estranho em sua pele. — Simmons, veja isso. — Passou o polegar na pele dela, que começou a descamar. — Funcionou! É papel.

A garota tentou afastar a cabeça, assustada. Quanto mais se mexia, mais sentia o seu peso diminuir.

— O que vocês fizeram comigo? — Violeta chorava, enquanto uma parte do seu braço caía, na forma de um quadrado, semelhante a uma folha de papel.

— Doutor, não é melhor ativar o chip antes que ela escape? — Dean observou os pedaços da garota caírem no chão, se espalhando entre seus pés.

— Tem razão. — Ainda admirado, tirou o smartphone do jaleco e acessou um aplicativo que ativava o chip.

— Por favor, não faz isso. — Pediu, enquanto um pedaço da sua bochecha caía. — Por favor.

— Eu poderia dizer que você vai se arrepender para sempre do dia que me conheceu, mas vou resolver isso para você. Você vai ser feliz aqui, Violeta. — Ao passar a mão no rosto da garota, uma das folhas cortou seu dedo. — Ou talvez eu deva a chamar de Papercut.

Se afastou da garota e ativou o chip. No mesmo instante, Violeta parou de se mexer, mantendo um olhar vazio em direção ao teto. Olhou em volta e viu as folhas pelo chão, as fazendo retornar para o seu corpo lentamente.

 

— Violeta? — Dean a chamou, com receio, se aproximando da maca.

— Dr. Simmons — disse simples, fitando o homem em sua frente.

Ele sorriu de canto, já desamarrando a garota.

— Bem vinda, Papercut. — Ajudou a menina a descer e abriu a porta para ela. — Eu disse que soltaria você.

— Obrigada, Simmons. — Sorriu para o rapaz e virou-se para o Jared. — E obrigada, Dr. Harper.

— Você terá outras formas de agradecer, menina. — Ele sorriu, a levando até a área dos dormitórios. — Aqui será o seu novo lar.

— Posso arrumar isso do meu jeito? — perguntou, enquanto olhava para o quarto.

— Claro que pode, querida. Pode me pedir o que quiser também.

— Envie uma carta a minha irmã, dizendo que eu vim a falecer. — Deu de ombros, entrando no dormitório. — Você vai encontrar as informações no site da faculdade.

 

~*~

 

Um carro parou em frente a um hotel luxuoso em Nova York, quando as luzes dos prédios iluminavam as ruas da cidade naquela noite. Dois homens desceram do automóvel, enquanto um funcionário do hotel ia até a traseira do carro, pegar as malas dos dois. O rapaz da esquerda era mais alto. Seus cabelos morenos iam até os ombros e estavam um pouco bagunçados. Usava uma jaqueta de couro por cima de uma blusa preta e um jeans escuro. O da direita era um pouco mais baixo, assim como era mais fora de forma. Seus cabelos eram curtos e castanhos, e vestia um terno cinzento.

— Então, qual é a nossa missão? — perguntou o mais alto.

— Encontrar uma Neo-Humana conhecida como Pocket Girl.


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Notas finais do capítulo

Pobre Violeta! Se ferrou!
Isso é o que acontece com quem cai nas mãos do fdp Jared.
Gostaram da história da Delilah? Tem coisa importante ali, ligado ao primeiro crossover do Heroes Legacy.
Quero agradecer a todos de coração. Você que chegou até aqui, deixe seu comentário. É rapidinho ;)
Beijos da Mini e até o próximo =*