HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 14
Melhor amigo


Notas iniciais do capítulo

Voltei o/
Muito obrigada, leitores lindos! Cada acesso me deixa tão feliz ❤
Agradecimento especial a Ally que fez o Trailer de Pocket Girl. Te amo, sua linda.

Sem mais enrolação... Boa leitura ^^



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No pequeno laboratório localizado no subsolo da residência dos Harper, Alice analisava os resultados dos exames anteriores com as novas amostras de sangue de William e Rachel.

O DNA de ambos sofreu uma grande alteração, típica de quem era submetido aos efeitos do HT90X.

Ela tirou os grandes óculos protetores e suspirou, fitando os amigos.

 

— Will, pode pegar um copo de água para mim? — ela pediu, passando a mão na nuca, por baixo dos cabelos presos.

— Não precisa disfarçar, Lice. Se é algo grave, eu quero saber.

— Ele precisa saber — Rachel falou baixo, encostada em um balcão cromado.

— Okay. Não tem jeito de… dizer isso sem parecer que é algo ruim, mas não é. Céus! Eu sou péssima com notícias! — Suspirou, fechando os olhos com força. — Vocês são Neo-humanos agora. Não precisam entrar em pânico. Eu sei que deve ser assustador ser normal em um momento e em outro ser… diferente, mas vamos dar um jeito de vocês se adaptarem rápido e não matem ninguém, por favor, senão a Nexus vai perseguir vocês e…

— Lice, respira! — Rachel disse simples, sem se mover.

— Não é novidade que somos Neo-humanos. Percebi isso no momento em que não morremos. Eu só não entendo como isso aconteceu.

— Às vezes, o corpo precisa de algum estímulo para que o HT90X faça efeito. Talvez seja o caso. O choque foi o estímulo, mas meu corpo foi mais rápido em absorver a eletricidade do que o seu, então suas células absorveram a água. Não sei dizer sem fazer muitas pesquisas. — Rachel explicou.

— O importante agora é conseguir reverter isso. — William comentou, cruzando os braços.

— Will, não tem cura. Uma vez que seu DNA muda, não tem reversão. — Lice disse devagar, fitando o rapaz.

— Acho que vou pegar seu copo d'água.

— Will!

— Deixa ele, Lice. — Rachel impediu a amiga de segui-lo, segurando seu braço. — É muito novo para ele.

 

Rachel estava certa. Tudo o que ele sabia sobre Neo-humanos era o que via na internet ou na televisão. Nunca presenciou uma luta entre eles e nem ligava muito para o assunto.

Sua cabeça estava uma bagunça. Não conseguia raciocinar ou assimilar a informação de que agora era uma aberração. Um ser modificado, uma anomalia.

Na cozinha, encheu um copo de água e o observou, pensando em sua nova habilidade. Estendeu a mão sobre o copo e sentiu uma estranha ligação entre a água e ele. Aos poucos, a água começou a se agitar dentro do copo, subindo lentamente, conforme ele erguia sua mão. Fechou o punho devagar, observando a mudança do estado líquido para o sólido, embora não conseguisse formar uma pedra de gelo como fizera no banheiro.

Controlar aquilo seria mais difícil do que imaginou.

A massa disforme de água se desfez rapidamente quando ouviu um choro alto vindo do laboratório.

Com o coração acelerado, correu até lá e encontrou as duas mulheres aos prantos, embora Rachel aparentasse estar mais calma ao tentar consolar a amiga.

 

— O que houve?

— A Jordan, Will. Encontraram a Jordan morta — Alice disse, desesperada. — Não pode ser verdade!

— Cadê a água, Will? — Rachel perguntou, secando as lágrimas. — Fica com ela e eu vou buscar.

 

Ela saiu rapidamente, tentando controlar o choro. Tinha um carinho especial pela agente Reed, já que ela era responsável pelo treinamento de todos os novatos que trabalhavam para Jared. Foi uma das únicas que não a olhou de forma diferente quando saiu da cadeia e a apoiou em seu retorno.

Alice abraçou o amigo com força. Ele queria se manter longe, pois tinha medo de que seu novo poder machucasse a garota, mas vê-la tão desesperada daquela forma partia seu coração. Retribuiu o abraço, acariciando os cabelos dela. Sussurrou em seu ouvido, dizendo que ficaria tudo bem e que estaria ao seu lado sempre.

Rachel entregou o copo de água para Alice, que mal conseguia sustentá-lo em suas mãos trêmulas.

Jordan foi a mãe que ela não teve. Desde sempre esteve ao seu lado, ajudando a controlar seus poderes, ensinando a lutar, tomar as melhores decisões. Preparou Alice para ser uma agente competente e uma heroína íntegra e leal aos seus ideais.

Alice sentia um vazio sufocante em seu peito, que lhe tirava o ar. Em uma semana seu mundo virou de cabeça para baixo. Descobriu que seus melhores alunos eram Neo-humanos, que seu pai era um homem cruel, capaz de assassinar a própria mulher e transformar a filha em um experimento, que a agência Nêmesis era a verdadeira vilã e que a Nexus sempre a protegeu. Perdeu uma aluna querida, que também possuía uma habilidade da qual nem imaginava, e agora a Jordan. A mulher que mais amou em sua vida.

 

~*~

 

O sol já descia em direção ao horizonte na tarde do dia seguinte.

Amigos e familiares de Jordan se reuniram ao redor da cova aberta, onde o lúgubre invólucro estava pronto para descer à sepultura. Um homem alto, de pele negra e o olhar perdido, marido da agente Reed, abraçava Alice, que não conseguia manter-se calma.

A agente Jones foi até a frente do caixão e o observou em silêncio por um momento, antes de se voltar para as pessoas ali presentes.

 

— O céu não se pôs de luto, escondendo de nós o brilho constante dos raios do sol, pois já perdemos nossa fonte de luz — começou, com seu jeito sério e calmo. — Também porquê Jordan adorava admirar os fins de tarde, quando as nuvens se tingem de tons de rosa, azul e lilás. Hoje um frio terrível invade nosso peito, tornando difícil de respirar e o dia parece tão seco quanto as folhas secas dessas árvores. — Suspirou, apontando para os carvalhos próximos dali. — Mas… em breve o inverno que nos castiga em nosso coração terá um fim e a primavera surgirá, trazendo o colorido das lembranças das quais estarão carregadas de saudade dessa mulher íntegra, humilde e bondosa, que eu tive o imenso prazer de ter ao meu lado como instrutora e amiga — sua voz saiu com dificuldade, devido ao aperto em seu peito e às lágrimas que tentava conter. — Jordan Reed nunca será esquecida, pois… seu amor e carinho estarão para sempre conosco, nos consolando e amparando por todos… por todos os dias difíceis e felizes que virão — Mordeu o lábio inferior com força, voltando os olhos para o céu. Não suportava mais a pose de agente durona e fria que sempre carregava. — Desculpa — disse baixo, cobrindo o rosto com as mãos.

 

Nesse momento, Alice foi até a mulher, despindo-se de todo seu orgulho e rivalidade, e a abraçou forte.

A despedida não era fácil, mas necessária para todos ali. Enquanto o caixão descia, flores eram lançadas sobre ele, como a última homenagem aquela mulher exemplar e amada por todos.

Em pouco tempo, o lugar foi ficando vazio, conforme os últimos raios do sol se escondiam, mas ainda iluminando a lápide onde se podia ler “Jordan F. Reed. 1974 - 2016. Seus ideais serão eternos como a nossa saudade.”



~*~

 

Princeton, Nova Jersey

 

Em uma das melhores confeitarias da cidade, Jared apreciava uma deliciosa torta de frutas vermelhas, enquanto trocava olhares com a garçonete que não aparentava mais do que trinta anos.

Quando estava quase terminando sua sobremesa, viu dois homens suspeitos entrarem olhando discretamente ao redor.

Odiava viver como um fugitivo, ainda mais com a Nexus em seu pé o tempo todo.

Deixou vinte dólares sobre a mesa e saiu discretamente de seu lugar, entrando na cozinha pelo acesso dos entregadores. Foi discreto em sua passagem, cumprimentando um ou outro com um aceno e um sorriso gentil.

Já na rua, caminhou rápido, tentando ficar sempre onde tinha grande movimento, ocultando-se entre as pessoas. Passou a mão em sua pistola discretamente, apenas para ter certeza de que estava ali.

A sensação de estar sendo seguido persistia, embora não soubesse dizer que era real ou apenas suas neuras cotidianas.

Parou em frente a Universidade de Princeton, quando a sensação de perseguição acabou e respirou fundo por alguns instantes. Estranhou a grande movimentação de pessoas, já que era tarde de domingo, até que reparou em um cartaz anunciando a feira de ciências realizada naquele dia.

Olhou mais uma vez para ter certeza de que ninguém o seguiu e resolveu caminhar pela feira, relembrando seus tempos de estudante.

 

Aproveitando que o movimento diminuía um pouco, uma das alunas brincava com um cisne de origami, que fez com uma folha de caderno. Na mesa em sua frente, estava o protótipo de um braço mecânico, ligado a fios que o levavam até uma espécie de tiara.

Seus cabelos castanhos, mas com pontas loiras estavam presos em um rabo de cavalo. Usava um jeans claro e uma blusa do Ramones, enquanto começava a montar um par para o seu cisne de papel.

 

— Bela dobradura. — Jared sorriu ao se aproximar do stand da garota distraída.

 

Com o susto, a garota jogou o cisne de papel para o alto, o fazendo atingir sua cabeça ao cair e indo de encontro ao chão logo em seguida.

— Desculpe, não vi o senhor chegando — respondeu, olhando para baixo, levemente envergonhada.

— Não precisa se desculpar. — Ele riu fraco e se abaixou para pegar o origami. — Isso é seu. — Estendeu o cisne e fitou os olhos da garota, esboçando um sorriso.

— Obrigada. — Sorriu fraco, pegando o cisne e o colocando em um canto da mesa. — Gostando da feira?

— Adorando! Ver tantas mentes jovens criando e experimentando coisas novas é inspirador. — Sorriu, olhando para o braço sobre a mesa.

— Então não é o caso do meu projeto. — Riu fraco, colocando as mãos no bolso da calça. — É parente de algum aluno? Não lembro de tê-lo visto por aqui.

— Eu sou cientista. Estou procurando estagiários e aqui me parece um bom lugar para encontrar alguns. — Mentiu. — Estou curioso para ver seu potencial, garota.

— Desculpe, só tenho esse braço mecânico que eu montei ontem porque esqueci da feira. — Deu de ombros, revirando os olhos. — Ele é controlado por impulsos nervosos, que são lidos por essa tiara. — Explicou, apontando para a peça ao lado do braço robótico. — Não é algo novo, mas é o que consegui fazer em um dia.

— Posso dizer que é bem mais interessante do que o vulcão daqueles garotos. Parece mais de alunos do fundamental do que de faculdade. — Apontou com a cabeça na direção de um dos stands que estava vazio. — E você não fez ele em um dia, porque isso sim seria bem impressionante.

— Sim, eu fiz ele ontem. — O fitou, um pouco séria. — Tanto é que falta um pouco de acabamento nas pontas dos dedos. — Apontou, mostrando as partes não pintadas. — Enfim, quer testar?

— Claro! — Sorriu, analisando a peça.

— Certo.  — A moça respondeu, dando a volta na mesa e parando ao lado dele.

Ela pegou a tiara e a colocou devagar na cabeça do homem, a afrouxando um pouco por conta do seu cabelo mais volumoso. Voltou à sua mesa e tirou um controle do bolso, ativando o braço mecânico.

— Pronto, agora é só você pensar em um comando e ele vai realizar.

 

Jared pensou em movimentos básicos com os dedos e o braço respondeu sem nenhum problema.

— Confesso que não é nada inovador, mas o fato de você ter feito ele em tão pouco tempo e funcionar tão bem, me impressionou. — Tirou a tiara com cuidado e a colocou no lugar onde estava. — Tenho certeza que com incentivo, disciplina e um pouco mais de capricho, você vai fazer grandes coisas, garota. Quantos anos você tem?

— Só dezenove, senhor... Desculpe, não sei o seu nome, mas obrigada pelos elogios.

— Jared Harper. — Sorriu, estendendo a mão para a garota. — Só disse a verdade.

— Violeta Bernardini. — Riu fraco, apertando a mão dele. — Pode assinar aqui, por favor? — Perguntou, entregando um caderno para ele, junto com uma caneta.

— Sim. — Assinou, mudando sua caligrafia e entregou a caneta para Violeta, junto com um cartão que tirou do bolso. — Se estiver interessada em uma vaga, me procure.

— Obrigada, Sr. Harper. — Sorriu, olhando para o cartão em suas mãos. — Vou pensar um pouco quando chegar em casa.

— Leve o tempo que precisar. Você não tem concorrentes. — Riu fraco, olhando para os outros stands. — Tenha um bom dia, Srta. Bernardini.

— Obrigada mais uma vez. — Comentou, guardando o cartão no bolso de sua calça, enquanto assistia o homem ir embora.

 

"É sempre bom aumentar a equipe.", pensou ele, se afastando.

 

~*~

 

As horas pareciam se arrastar para Alice.

Ela se sentou próxima a janela de seu quarto e observou o céu sem estrelas. Tudo parecia sem brilho naquela noite.

Ouviu leves batidas na porta e antes que pudesse responder, Will entrou, carregando uma caixa de pizza.

 

— Will, desculpa, mas eu quero ficar sozinha — falou, desviando o olhar para a janela.

— Frango e Marguerita cheia de catupiry. — Abriu a caixa, deixando o aroma invadir o quarto dela, enquanto ignorava a expulsão. — Vai mesmo recusar sua pizza favorita?

— Não sinto fome. — Deu de ombros. — Só quero ficar sozinha.

— A Rachel está trancada no laboratório e disse a mesma coisa. Estou entediado. — Mentiu. — Eu não estou pedindo para você ficar alegre. Sei que está sendo muito difícil para você. Só quero ficar ao seu lado.

 

Alice sorriu melancólica, se levantando da cadeira onde estava. Foi em silêncio até ele e pegou um pedaço da pizza, embora não estivesse com vontade de comer nada.

Sentou na cama e William fez o mesmo, pegando um pedaço para ele também.

 

— A Rachel está me preocupando. Não quis brigar comigo desde ontem — comentou, fitando a amiga.

— É só o jeito dela reagir a… Bem, ela vai se enfiar naquele laboratório até encontrar respostas para o que aconteceu com vocês. — Alice abaixou a cabeça, suspirando.

— Odeio te ver assim, Lice.

— Queria o quê, Will? Ontem eu enterrei uma aluna, hoje enterrei minha quase mãe, meu pai é um louco, vocês são Neo-humanos… Quer que eu continue a lista da pior semana da minha vida? — disse alto, começando a chorar mais uma vez.

— Hey, me desculpe, Lice. — Puxou a garota para um abraço, acariciando seus cabelos. — Isso é muito pesado para você carregar sozinha, pequena. Deixa eu cuidar de você.

 

Ela assentiu, molhando a camisa do rapaz com suas lágrimas, enquanto soluçava incontrolavelmente. Will a ajeitou em seu colo como uma criança até que ela se acalmasse.

 

— Desculpa por isso, Will. Dói demais e eu não estou sabendo lidar com tudo isso.

— Relaxa. Eu sei que é difícil. — Secou o rosto dela com os polegares, mantendo-a perto. — Não vou deixar você sozinha, tudo bem?

 

Alice assentiu, sorrindo fraco. Encostou o rosto no peito do rapaz e entrelaçou seus dedos aos dele, permanecendo em seu colo.

O coração de Will bateu mais rápido e ele ficou sem reação, mantendo uma expressão abobalhada. Pensou que aquela seria a oportunidade perfeita para roubar os lábios de Alice, mas não conseguia se aproveitar do sofrimento da garota. Nunca seria capaz de fazer isso.

Poucos minutos após um silêncio constrangedor, Alice sentou na cama, cobrindo as pernas com seu edredom. Pegou o pedaço da pizza novamente e começou a beliscar, mesmo sem vontade.

 

— Seu cabelo ficou mais claro depois do que aconteceu — ela comentou, reparando em Will.

— Eu percebi. Tem umas mechas azuis ridículas, mas dá para disfarçar bem. Pelo menos eu não fiquei todo azul. — Suspirou, erguendo uma parte dos cabelos onde se formavam finas linhas azuladas..

— Mal dá pra ver. — Alice semicerrou os olhos, se aproximando para enxergar. — Nada que uma tinta não resolva.

— Isso não é o pior. Eu consigo sentir a presença da água em tudo. Nas pessoas, no ar… Não é legal.

— Logo você aprende a controlar isso. Tentou descobrir do que é capaz? — perguntou, deitando após terminar seu lanche.

— Eu descobri que posso dominar água tipo o Avatar, sabe? Mexer ela para lá e pra cá com a força da mente ou seja lá o que faz isso funcionar. Posso congelar as coisas e posso aquecer também, mas é muito difícil e faz minha cabeça doer — explicou. — Também posso juntar as partículas de água do ar, quer ver?

 

A garota assentiu rápido, abrindo um sorriso animado pela primeira vez naquele dia.

William também sorriu, feliz por estar conseguindo distrair a amiga.

Ergueu dois dedos e os agitou de um lado para o outro, como se pintasse uma obra de arte.

Nos primeiros instantes, nada aconteceu, mas logo a vigilante se sentou, observando a esfera disforme de água se formar, vacilante no meio do ar.

 

— Isso é incrível! — ela disse, encantada.

— Você acha? — Desviou o olhar para Alice e perdeu o controle da esfera, fazendo a água cair no chão. — Ops.

— Você vai limpar isso!

— Relaxa, é só um pouco de água. — Bagunçou os cabelos dela, rindo baixinho.

— O que você disse? — perguntou, fingindo não ter ouvido.

— Disse que é só um pouco de água.

— Água — repetiu, imitando o sotaque britânico dele.

— Você ainda vai ficar zuando meu sotaque irresistível? — Deitou de lado, lançando-lhe um sorriso sedutor.

— Eu diria fofo. Lembra o meu aluno da 301, Benny.

— O orelhudo? Não gosto do jeito como ele olha para as suas pernas. — Cruzou os braços, ficando de barriga para cima, enquanto tirava os tênis.

— Coitado. Ele é um amorzinho, embora seja um pervertido. — Colocou a mão no queixo, lembrando do garoto. — Fala “água” de novo?

— Água.

— Água — repetiu, rindo baixinho, enquanto fitava os olhos do rapaz.

 

Ficaram em silêncio por um momento, apenas observando um ao outro, enquanto a proximidade dos dois lhes permitiam compartilhar da mesma respiração.

William acariciou a pele macia do braço de Alice com a ponta dos dedos, sentindo ela se arrepiar com o toque de sua mão fria.

Seu olhar se desviou para a boca pequena e convidativa, aumentando seu desejo por aqueles lábios como aumentava as batidas de seu coração.

Ela não se mexia, não expressava um único sinal para que ele avançasse ou não. E como Will odiava esse jogo que ela fazia com ele. Odiava o modo como brincava com seus sentimentos.

Sutilmente, se aproximou um pouquinho mais, observando os olhos inexpressivo de Alice.

 

— Esse é o momento em que você diz que eu sou seu melhor amigo? — disse baixo, quase um sussurro.

— Talvez. Você é?

— Às vezes queria não ser.

— E o que você faria se não fosse? — Ergueu uma sobrancelha e ficou em silêncio.

 

Will desceu a mão até a cintura dela e a puxou devagar, juntando seus corpos. Fechou os olhos, assim como Alice e encostou seu nariz na bochecha da garota, sentindo seus lábios quase se tocando.

 

— Se eu não fosse, faria de tudo para ser, nem que fosse para você fazer esses jogos maldosos comigo — disse baixo, abrindo os olhos devagar. — Obrigado por confiar em mim.

— Você é único, Will. — Ela riu baixinho e se ajeitou nos braços dele, deitando em seu ombro.

O rapaz apenas esboçou um sorriso melancólico e beijou o topo de sua cabeça, puxando o cobertor em seguida.



~*~

 

— Bianca? — Violeta chamou, após digitar o número da irmã em seu telefone.

— Fala, Leta. — A morena ouviu uma risada fraca vindo do outro lado da linha.

— Adivinha quem conseguiu um estágio em um laboratório com um chefe mais ou menos gato?

— Parabéns! — Bianca riu fraco. — E o que seria esse estágio?

— Algo em um laboratório, mas ainda não sei o que vou fazer lá. — A morena deu de ombros, deitando na cama. — Eu vou fazer uma visita amanhã.

— Presta atenção, garota! — a irmã advertiu, deixando o tom sério de sua voz bem evidente. — Estou muito longe pra cuidar de você.

— Relaxa, Bi, vai dar tudo certo. — Violeta revirou os olhos, antes de sorrir. — Agora eu já vou indo. Tenho que escolher algo bonito para usar. Até depois, mana.

— Até depois, sorella. Se cuida — disse, antes de desligar.

Violeta levantou da cama e procurou o cartão de Jared em sua calça, o encontrando alguns segundos depois. Digitou o número e esperou por alguém que respondesse.

Jared estava ajustando alguns fios ligados a eletrodos na grande incubadora vertical, quando ouviu o telefone tocar. Por não conhecer o número, pigarreou e mudou um pouco a voz ao atender.

— Laboratório Ômega, quem fala?

— Sr. Harper? — questionou ao não reconhecer a voz. — Oi, quem está falando é a Violeta, da feira de ciências de hoje cedo. Queria falar sobre a vaga de estágio.

— Ah, Srta. Bernardini. — Pigarreou mais uma vez, disfarçando. — Vejo que já se decidiu.

— Sim, já me decidi, mas esse estágio é sobre o que mesmo? O senhor não explicou.

— Minha equipe e eu trabalhamos com todas as áreas da ciência, Violeta. Robótica, genética, bioquímica... — explicou. — Então estamos treinando jovens para garantir o futuro e ascensão do laboratório. O estágio é bem remunerado e tem a carga horária de vinte horas semanais. Oferecemos todos os benefícios de um funcionário integral.

— Bem, acho que o senhor acabou de conseguir mais um funcionário. — Riu fraco ao telefone, mas logo ficou séria. — Claro, se ainda se interessar.

— Como eu disse mais cedo, não encontrei nenhum concorrente. — Sorriu, fitando o corpo envolto no líquido verde dentro da incubadora. — Parabéns. A vaga é sua.

Violeta comemorou rápido em silêncio, deixando um sorriso largo se formar em seu rosto.

 

— Muito obrigada, Sr. Harper.

— Eu que agradeço, menina. Você será uma peça indispensável para o time. — Pegou uma caneta e o bloco de notas na mesa, chamando Madson com a mão. — Me diga onde nosso motorista pode buscá-la.

— Isso não é um pouco demais, Sr. Harper?

— Você pode vir sozinha, se quiser, mas eu gostaria de fazer essa gentileza — explicou, enquanto Phillip segurava a risada.

— Se não for incomodar, eu aceito sim — respondeu por fim. — Bem, eu moro no campus da Universidade, é só parar na entrada dela e eu vou até lá.

— Então amanhã a tarde o Sr. Madson vai buscá-la. Não esqueça de trazer todos os documentos e um comprovante de matrícula. Quero fazer tudo de acordo com a lei.

Ao terminar de falar, Phillip tampou a boca, já deixando escapar uma risada baixinha. Jared então pegou uma chave de fenda e jogou no amigo que desviou por pouco.

 

— Melhor eu procurar isso agora — Violeta comentou, olhando para a bagunça em seu quarto. — Obrigada mais uma vez, Sr. Harper.

— Não precisa agradecer, Srta. Bernardini. Até amanhã.

— Até amanhã, Sr. Harper. — Sorriu, antes de desligar o telefone e se jogar na cama, contente por seu trabalho ser reconhecido.

— Pobre garota — Madson comentou, jogando uma maçã para cima e a pegando de volta antes que ela caísse. — Não sabe a furada que está se metendo.

— Ela estará em ótimas mãos. — Jared deu de ombros, sorrindo. — Só vou ajudá-la a colaborar de uma forma bem mais rápida.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Violeta, Violeta... Olha essa furada, menina!
Então, seus lindos? Diz aí oq acharam desse capítulo! Estou curiosa para saber as opiniões.
O Heroes Legacy tem uma página no Facebook o/
Estou sem o link aqui, mas não é difícil de achar. Lá tem vários materiais dessa fic e das outras também.
Obrigada a você que leu até aqui. Em breve tem mais.
Beijos da Mini e até o próximo =*