HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 12
Não se julga um livro pela capa.


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos.
Tudo bem com vocês? Espero que sim.
COMEMOREM COMIGO! 1000 VISUALIZAÇÕES EM PG ❤
Gente, muito obrigada mesmo. Cada um que acompanha e sempre está aqui, seja fantasma ou não, saiba que tem um lugar nesse coração aqui. Logo vou aprontar alguma para comemorar nosso sucesso.
Sem mais enrolação, fiquem com o capítulo.

Boa leitura ^^



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Townsend High School

 

A manhã seguinte estava ensolarada, embora o vento outonal fizesse qualquer um tremer de frio.

Os alunos já estavam chegando ao colégio e os grupinhos de amigos se formavam em frente a entrada.

Hayley, Lorenzo e os gêmeos, Luke e Alex, estavam sentados no gramado, ensaiando uma música nova da banda de garagem deles, quando Richard, ou Clark, como era conhecido por causa de sua força, passou por eles, indo até Benny, que estava prendendo a bicicleta com um cadeado enorme, já que fora roubado três vezes só esse ano.

Lorenzo parou de tocar o violão, fechando a cara para Clark, que nem reparou no olhar feio do menino de olhos delineados.

— Qual é, Lorenzo. Homofobia é muito feio — Luke provocou, ajeitando a franja que cobria seu olho esquerdo.

— Feio demais! — Alex confirmou, enquanto girava duas baquetas com a ponta dos dedos.

— Não sou homofóbico. Só não vou com a cara desse idiota. Se acha só porque é capitão do time de futebol. — Deu de ombros, desviando o olhar.

— Eu vou com a cara dele — disse a garota, pálida como um fantasma e com longos cabelos negros e cacheados. — Com a cara, a boca, o resto… — Sorriu, reparando a bunda do rapaz ao longe.

— Credo, Vocal, ele é horrível por dentro e por fora! Sem contar que você não tem chances com ele. — Lorenzo revirou os olhos e guardou o violão na capa.

— Sonhar não é proibido. — Deu de ombros. — Você namorou a chata da Morgana e vem reclamar do capitão Foster. Pelo menos ele sabe sorrir. E que sorriso!

— A Morgana é doida! Eu tinha que ficar acalmando ela o tempo todo! E aquele lance de ler pensamentos dela me deixava doido — disse baixo, olhando ao redor.

— Townsend parece o Instituto Xavier — Alex disse.

— Tem mais Neo-humanos do que gente — Luke completou a frase do irmão e recebeu um beliscão de Hayley.

— Ai! — Os gêmeos disseram em uníssono, ambos massageando o braço esquerdo.

— Esqueceu que tudo que ele sente, eu sinto também? — Alex questionou.

— Queria saber o que acontece se um de vocês morrer. — Hayley fingiu segurar uma faca, sorrindo como uma psicopata.

— Vocês são muito esquisitos! — Lorenzo riu, formando covinhas em suas bochechas.

 

Richard observava o grupinho discretamente, esperando Benny terminar seu ritual de proteção à bike, enquanto Taylor e Annie conversavam animadas em um banco pouco aquecido pelos raios do sol.

Pouco a pouco, a atenção dos alunos se desviou para o portão e cochichos podiam ser ouvidos por todas as partes.

Eles observavam com curiosidade uma garota desconhecida e muito peculiar, se fosse comparada aos anormais da escola.

Ela tinha a estatura média, pele clara e os cabelos lisos como seda negra, passando da altura do quadril. Os olhos de íris vermelhas eram puxados e delineados de preto. Usava um vestido preto chamativo, parecido com o de uma boneca, cheio de laços, rendas e anágua branca por baixo da saia curta, que deixava suas coxas grossas à mostra. As mãos estavam cobertas por delicadas luvas de renda preta e segurava uma sombrinha da mesma cor. Seu sapato de salto também lembrava o de uma boneca e as meias listradas em preto e branco combinavam com a bolsa de panda que pendia em seu braço. Em seu rosto, os lábios rubros se destacavam, assim como o piercing de argola no canto da boca e o outro na sobrancelha.

Ao perceber que todos os olhares estavam voltados para ela, sorriu de canto, caminhando como se estivesse em uma passarela para ser admirada.

Annie parou de falar, observando a garota japonesa, franzindo levemente o cenho.

 

— O que achou? — perguntou baixo, após a garota passar por elas.

— Não fui com a cara dela. — Taylor cruzou os braços, observando-a se aproximar dos seus amigos.

 

Benny deu de cara com a novata, assim que se levantou, depois de ter certeza de que a bike não seria roubada.

Não conseguiu disfarçar a olhada que deu de baixo à cima, demorando mais tempo que o necessário no decote da garota.

Richard apenas disfarçou o sorriso e passou a mão pelos cabelos claros, percebendo o constrangimento do amigo.

 

— Oi — ela começou. —, pode me informar onde fica a secretaria?

— Secretaria? É… fica… — Benny olhou para os lados, tentando se lembrar. Parecia mais perdido do que a novata. — A secretaria fica…

— Você pode dar a volta no prédio ou entrar, virar à esquerda no primeiro corredor e ir reto. Não tem erro — Richard interrompeu o garoto, sorrindo.

— Ah! Muito obrigada. — A garota curvou o corpo para frente em uma breve reverência e sorriu de volta, antes de deixá-los.

— O que foi isso, Benny?

— O que a vampira asiática queria? — Annie interrompeu ao se aproximar.

— Já vi que o bullying com a garota vai ser pesado. — Richard balançou a cabeça, rindo fraco. — Ela queria saber onde ficava a secretaria, mas o nosso pequeno Benny não conseguiu falar de tão encabulado. Era até fofo de ver.

— Não é nada disso!

— Vai trocar a Trajetória pela flango flito? — Annie provocou, arrumando os cabelos alaranjados.

— Como se ele tivesse chances com a Trajetória! — Taylor virou o rosto, disfarçando as bochechas levemente coradas.

— Já disse que não é nada disso! Eu só...Esqueci onde era — disse baixo, saindo rápido de perto dos amigos.

 

Irritado, esbarrou no ombro de Taylor. A menina pensou em puxá-lo pelas orelhas e quebrar suas pernas, mas desistiu da ideia ao perceber que havia algo errado com ele.

Benny foi até o banheiro e lavou o rosto com a água gelada do lugar. Fitou-se no espelho por um instante, sem enxergar muita coisa, até colocar os óculos. Eles também não eram tão eficazes, embora tivesse trocado as lentes há menos de três meses.

Foi direto para a sala, onde encontrou Delilah sozinha. Sentou-se ao lado da garota de estranhos, porém belos olhos violeta e conversaram agradavelmente sobre assuntos aleatórios, até a chegada dos outros alunos.

Antes do professor de Literatura chegar, Benny voltou para seu lugar, ao lado direito de Taylor, sem trocar uma palavra com os amigos.

O jovem professor entrou acompanhando pela japonesa e logo começou a falar:

 

— Bom dia, classe. Essa é a nova colega de vocês, Sayuri Kanetsu. Ela veio do Japão e ainda não está muito acostumada com as coisas por aqui. Sejam receptivos, ok? — Passou um olhar duro para Annie, que abaixou a cabeça, segurando a risada.

 

Tudo correu normalmente, tirando a mudança de horário, já que a aula de artes, que era a segunda, ficou por último.

Alice chegou atrasada, já que dormiu pouco e ainda revisou pela manhã os resultados dos exames que Rachel havia feito durante toda a noite. Todos normais, para o alívio dos três.

Sua cara estava péssima como seu humor, e a paciência, tão pequena quanto ela.

 

— Quero que vocês se juntem em duplas bem rapidinho. E nada de duplas de três. — Disse ao ver um dos alunos levantar a mão e logo a abaixar, tristonho. — Quero as mesmas duplas do sorteio das maquetes.

 

Taylor cutucou o Benny com a caneta e o chamou para sentar-se ao seu lado.

— Hoje mais cedo você estava mais esquisito do que de costume. Está tudo bem? — perguntou, despreocupada.

— Só fiquei irritado, mas obrigado por perguntar. — Benny bagunçou os cabelos de Taylor que lia a folha com a lição.

— Então da próxima posso quebrar suas pernas sem remorso — disse e assoprou para cima, tirando a franja que cobria seu olho direito.

 

Benny riu baixo, olhando para Taylor.

— Está rindo de que, estranho? — Fitou o garoto e lhe entregou a folha, erguendo uma sobrancelha.

— É que eu acho fofo isso que você faz com o cabelo. — Imitou a garota, embora seus cabelos curtos mal se mexessem. — É engraçadinho.

— Obrigada, eu acho. — Taylor respondeu, voltando a fitar a folha e sentindo as bochechas esquentarem. — Anda, vamos terminar isso logo.

— Certo, certo.

— A oito está errada.

— Não está não. É impressionismo. — Fitou a colega com ar de superioridade.

— Eu sei e essa é a terceira alternativa. Você marcou a segunda.

— Ah é. Foi mal. — Riu sem graça, corrigindo seu erro. — Preciso aumentar o grau dos meus óculos. Não estou enxergando bem. — Entregou a folha para Taylor, fechando os olhos com força.

— Está tudo bem? — perguntou, um pouco preocupada.

— Me sinto um velho cego e com Alzheimer, mas estou bem. — Sorriu, ainda de olhos fechados.

— Você é um resmungão, está cego e tem Alzheimer. — Taylor enumerou nos dedos. — É, está velho mesmo.

— Eu não sou resmungão! — Protestou, cruzando os braços.

— Você está fazendo isso agora. — Taylor riu baixo.

Logo a Parker percebeu que a novata estava olhando para o Benny por muito tempo e a encarou de volta. Andrew, o garoto que fazia a atividade com ela, só faltava babar em cima da japonesa.
Benny seguiu o olhar de Taylor e a encarou, levantando uma sobrancelha.

 

— Vai disputar com a Sayuri?

— Vou sim, porque eu com certeza sou do tipo que disputa homem por aí. — Taylor revirou os olhos, voltando a atenção para a lição.

— Não sei. Você não para de olhar para o Andrew. — Deu de ombros, rabiscando um ursinho no canto do caderno de Taylor.

— De onde eu venho, chamam isso de ciúmes, Benny. — A morena sorriu, vitoriosa.

— Ciúmes de você, Parker? Se enxerga, garota. — Riu, desenhando uma faca na mão do ursinho. — Sou cego, mas nem tanto.

— Deveria ser mudo — Taylor respondeu séria, cruzando os braços e virando o rosto.

— É brincadeira, Tay. Você não precisa ouvir de mim que é bonita. Sei que você já sabe disso. — Piscou para a garota, voltando a atenção para o desenho que fazia.

— Tá, tanto faz — a garota disse, enquanto se levantava para entregar o trabalho para a professora.

Benny revirou os olhos enquanto Taylor se afastava. Garotas eram realmente complicadas. Pegou o caderno dela e seu lápis favorito para fazer um desenho na última folha.

— Tia Lice, todos os meus trabalhos em dupla vão ser com aquele orelhudo agora? — Taylor perguntou, após entregar a folha para a professora.

— Só durante esse semestre. — Alice riu, guardando a folha sobre a pilha que se formava. — Sei que até o final do mês vocês vão ser bons amigos.

— Ou eu vou quebrar aquele pescoço magro dele e você vai ter que me visitar na cadeia. — Sorriu, piscando rapidamente.

— Duvido muito, Tay — se aproximou da menina, sussurrando em seguida. — Benny é um perfeito idiota, mas é o melhor idiota que você vai conhecer na sua vida.

— É, acho que você pode ter razão — Taylor respondeu, dando uma rápida olhada no garoto.

Voltou em silêncio para seu lugar e tentou espiar, sem sucesso, o que ele fazia em seu caderno.

Quando terminou, Benny jogou o caderno de Taylor sobre a mesa dela, aberto na página onde fizera o esboço do rosto da garota e escreveu embaixo "Taylor sua linda... Feliz agora?"

Ela riu baixo ao ver o desenho, ficando um pouco corada.

 

— Agora sim, Dumbo.

 

~*~

 

Sede da Nexus, Nova York.

 

O horário de almoço acabou mais cedo para John Campbell, o rapaz alto e magro, de cabelos e olhos castanhos, pupilo da agente Jones. Ela era rígida com o garoto, apenas para não deixá-lo mal acostumado, já que todos o paparicavam por ser o filho do diretor geral de todas as bases da Nexus da América do Norte, Harry Campbell.

A fama do “Garoto Prodígio” se espalhou desde que John tinha apenas treze anos. Ele assistia a um ataque de um Neo-humano ao Central Park, quando assumiu a liderança da operação por telefone, instruindo ao pai o que os agentes deveriam fazer.

Sem dúvidas, isso foi um peso que o adolescente precisou carregar por muito tempo, já que era sempre pressionado a seguir os passos do pai.

Aos dezesseis, já havia garantido sua vaga na faculdade de direito, embora não gostasse muito do curso. Conseguiu uma vaga em outra universidade para cursar matemática e fez as duas ao mesmo tempo, passando até semanas saindo do quarto apenas para ir à faculdade. O estresse era tanto que John preferiu abandonar o curso de direito, antes que sua cabeça fosse pelos ares.

Valerie guiava o rapaz pelo setor de inteligência, explicando que um bom agente precisa dominar um pouquinho de cada área, mas se especializar em uma ou duas. No caso dele, seria um desperdício deixá-lo treinar os músculos e esquecer de seu cérebro bem desenvolvido.

O setor de pesquisas era um tanto bizarro. Mesmo a Nexus não fazendo experimentos com humanos, havia alguns corpos conservados com formol e um dos cientistas explicando ao seu pupilo como identificar um ataque de Neo-humano de outro tipo de acidente ou assassinato.

O cientista descobriu um corpo de um mulher carbonizada, o que chamou a atenção do rapaz.

 

— Urgh! Vamos, John. Não quero sujar a sala do Timothy — disse a mulher, desviando o olhar.

— Espera! — Ele olhou para o corpo e se aproximou um pouco, analisando a pele derretida, enquanto vestia luvas cirúrgicas e colocava uma máscara, tampando sua boca. — Senhor, essa mulher, ela não morreu com as queimaduras, não é? Porque se fosse, as chamas teriam a consumido por muito mais tempo e não ficaria assim. Ela teria secado. É como se as chamas tivesse se apagado de repente, não é?

— Bem observado, Campbell. Nota mais alguma coisa errada com o corpo? — questionou o cientista, impressionado com as observações do rapaz.

— Esse corte na garganta. — Tocou levemente o local, abrindo um pouco o corte. — Uma lâmina muito afiada, mas não era pequena. Me diga, essa mulher tem ficha criminal?

— Sim! Roubos, agressão, desacato e um caso mal resolvido de abuso de menores — o cientista falou, embora não entendesse o motivo da pergunta.

 

Valerie virou de costas, sentindo o estômago revirar. Odiava as lições de anatomia quando estava começando como agente.

O rapaz se afastou, tirou as luvas e a máscara, sorrindo para Timothy.

 

— Isso, com certeza foi um ataque de Neo-humano. E só existe uma pessoa que faria algo assim.

 

Antes que terminasse sua frase, John sentiu em seu pescoço uma lâmina fria tocar sua pele.

O pupilo de Timothy deu um passo para trás, assustado, ao ver a silhueta de uma garota segurar uma katana contra o pescoço do rapaz.

 

— Já chegou fazendo bagunça, Sayuri-chan? — John questionou, rindo baixinho.

 

Ela guardou a espada na bainha presa em suas costas e abraçou o rapaz com força,

 

— John-senpai! Não esperava te encontrar aqui.

— Você nem me avisa que vem para os Estados Unidos! Teria feito uma recepção apropriada.

— Não se preocupe, essa vaca já fez. — Apontou para o cadáver, fitando-o com repulsa. — Acredita que ela tentou me violentar? Ela não imaginava que estava mexendo com a pessoa errada.

— Você não tem jeito, pequena. — John deu uma risada, bagunçando os cabelos negros da menina. — Veio para ficar ou a Nexus do Japão mandou você para alguma missão especial?

— Você sabe que a Nexus não manda muito em mim. — Deu de ombros, sorrindo. — Você sabe o que eu estou procurando e agora tenho certeza de que está aqui.

— De novo com essa história, Sayuri-chan?

— Sim. De novo. Agora eu tenho um nome e uma profissão, senpai. Agora eu consigo encontrar ele. — Os olhos rubros da menina brilhavam, esperançosos.

— Já vi que vai sobrar pra mim, não é? — Ele cruzou os braços, sorrindo fraco.

— Campbell, você não tem hora do recreio. Vamos! — a agente Jones apressou, batendo no relógio em seu pulso. — Bem vinda, agente Kanetsu.

 

Sayuri acenou para a mulher, antes de abraçar o amigo mais uma vez, sussurrando em seu ouvido em seguida:

 

— Wyatt Kane, ex agente da Nexus.

 

John apenas assentiu, sorrindo para a garota, antes de seguir Valerie até o saguão principal. Vários agentes caminhavam de um lado para o outro, presos aos seus afazeres ou conversando animadamente sobre suas missões bem sucedidas.

Duas garotas bem parecidas chamaram a atenção de John, ao se aproximarem. Ambas de cabelos castanho avermelhados, tinham as feições parecidas. Uma delas vestia um macacão de mangas longas azul escuro, quase beirando o preto, botas sem salto e um cinto, onde duas pistolas estavam presas. A outra, vestia um uniforme bem diferente. Era um top violeta, com detalhes em dourado e preto, que descia por suas costas até o meio de suas coxas, deixando seu abdômen à mostra. Era preso rente ao corpo por um cinto preto com um brasão grande na frente, onde havia um cristal desenhado. Usava um short curto com os mesmos ornamentos dourados. Em cima, o top subia e formava uma gola elegante, que era complementado por um cordão, onde pendia um pedaço de um talismã violeta. Em seus braços, tinha braceletes. Usava sapatilhas pretas e fitas parecidas com cipós da mesma cor, subiam por suas pernas até a metade das coxas.

Mas a roupa chamativa da menina não foi o que lhe prendeu a atenção. Foi o delicado par de asas que batiam rapidamente, ficando quase invisíveis. Ela flutuava ao lado da outra mocinha, alguns centímetros acima do chão.

John ficou boquiaberto, jamais viu um Neo-humano secundário, ainda mais com aquela habilidade. Ela parecia uma fada guerreira, tirada diretamente dos jogos de RPG que gostava ou de algum livro de fantasia medieval. Era, sem dúvidas, a coisa mais linda e impressionante que já vira ao longo de seus vinte anos.

 

— Pronto para conhecer sua equipe? — Jones questionou, tirando o rapaz de seus pensamentos.

— Oi? É… estou sim. — Assentiu algumas vezes, voltando a se concentrar.

— John, essas são Morgana e Delilah Russell ou Psycho e Fada Violeta, como preferir. Nossas agentes mais promissoras em toda a corporação de Nova York. Meninas, esse é John Campbell, o líder da equipe de vocês.

— O quê? — Morgana questionou, irritada. — Não pode deixar esse garoto comandar a equipe. Ele acabou de entrar na Nexus. Me recuso a obedecer um cara que fica reparando no decote da Delilah, só porquê ele é filho do diretor Harry.

— Morgana! — Jones a repreendeu com um olhar duro.

— Eu não estava… olhando — disse, um pouco constrangido.

— Claro que eu percebi — Morgana comentou, sorrindo vitoriosa ao perceber o espanto do rapaz. — É exatamente isso. Eu escuto todos os seus pensamentos. Sei muito bem o que você pensou a respeito dela. Sabia que ela é menor de idade? Você estaria encrencado se nossos pais descobrissem…

— Já chega, irmã! — a voz doce de Delilah a interrompeu, ao perceber o rosto vermelho de John.

— Você não é minha irmã! — Fitou a garota por um instante, comunicando-se com ela por pensamento e saiu, irritada.

— Sinto muito — a Fada disse baixo, desviando o olhar.

— Não precisa se desculpar, Fada. Sabemos bem como a Morgana é temperamental. Logo se acostuma com o John.

— Tomara! — Delilah sorriu gentilmente, fitando o rapaz um pouco mais alto que ela. — Seja bem vindo à equipe, John

— Obrigado, Fada. Espero que a Jones saiba o que está fazendo ao me deixar no comando.

— Eu sempre sei — Valerie comentou, erguendo uma sobrancelha.

 

~*~

 

Em frente aos seus respectivos computadores, Annie, Richard, Taylor e Benny iniciavam uma partida rápida de Overwatch. A pequena de cabelos coloridos comandava o time aos berros, já que Madson saiu para resolver alguns problemas de trabalho, segundo ele.

Annie queria aproveitar ao máximo os momentos sozinha, já que seu pai, avisara que teria uma viajem de negócios e que contratou uma babá para a filha de quase dezessete anos.

Ela e Taylor guiavam o time com a Zarya e o Genji, enquanto Benny curava todos, usando o Lúcio, e Richard massacrava os oponentes com o Winston.

 

— Tay, vai pela esquerda e acaba com aquela Tracer desgraçada. Benny, sabe o que fazer.

Entendido. — A garota fez exatamente o que Annie instruiu, levando a vida da sua adversária.

Já estava fazendo, Ruiva.

— Valeu! Clark, cria um… — Annie ficou em silêncio de repente, com os olhos vidrados na tela, mas não era o jogo que ela fitava.

Annie? — Richard chamou, sem obter resposta.

Será que ela está tendo uma crise de asma? Annie? Responde. Isso não é engraçado. Sua Zarya já era! — Benny estava preocupado, ouvindo apenas a respiração fraca da amiga.

Eu sei o que está acontecendo — Taylor disse baixo. — É uma visão.

 

Os três também ficaram em silêncio, sentindo a tensão desconfortável entre eles.

Taylor estava certa. A única coisa que faria Annie abandonar uma partida on-line era alguma visão involuntária. Ela era o tipo de Neo-humana que não conseguia esconder seus poderes, já que não tinha o menor controle para não receber esses flashs do futuro em sua mente.

Como se uma névoa ficasse entre ela e as imagens, Annie viu uma garota de cabelos  escuros lutando com um homem forte, embora não conseguisse identificar seus rostos. Ela só voltou à si, quando ouviu o disparo de três tiros, trazendo-a de volta à realidade.

Ela puxava o ar, sentindo o peito arder por falta dele, mas não tinha sucesso. Era como se sua garganta estivesse fechada.

 

Annie?!

Annie, o que você viu?

Você está bem?

 

As perguntas continuaram sem respostas. Ela arrancou o fone da cabeça e caiu de joelhos, aproximando-se da pilha de roupa suja em um canto do quarto. Revirou os bolsos de um moletom, até que encontrou sua bombinha e a usou duas vezes, até voltar a respirar normalmente.

Não conseguia descobrir quem era aquelas pessoas, mas sabia que corriam perigo, já que, toda vez que Annie tinha uma visão, um funeral acontecia no dia seguinte.



~*~

 

Morgana ainda estava chateada com Valerie. Não conseguia se conformar em sempre ficar em segundo lugar em tudo. A atenção que deveria receber de seus pais sempre fora toda para Delilah, por ser especial, e na Nexus, ela sempre se destacava por seus diversos poderes impressionantes. A Psycho nunca era notada. Sempre ofuscada pelo brilho da poderosa Fada Violeta.

Como se não bastasse passar toda a infância se sentindo trocada por Delilah, agora tinha mais um humano simplório para a deixar de reserva. Como Jones tinha coragem de deixar um novato no comando do time? Era o que a garota se perguntava, caminhando sozinha para casa.

Morgana esfregou as mãos, tentando aquecer os dedos que pareciam congelar na noite fria. As ruas estavam vazias naquele horário, o que facilitava na hora de silenciar sua mente, ignorando qualquer pensamento alheio.

Deixou de lado sua raiva ao passar ao lado de uma loja de vestidos de festa e esboçou um sorriso. Queria tanto que Benny a convidasse para o Baile de Inverno, embora soubesse que aquilo nunca aconteceria.

Voltou a caminhar devagar, quando ouviu um ruído no alto, provavelmente em um dos prédios baixos dos dois lados da rua mal iluminada. Ouviu cada pensamentos ao redor, dentro das casas, dentro de um bar à quatro quarteirões dali. Nada que parecesse suspeito. Mas seu instinto ainda lhe avisava de que havia perigo naquele lugar.

Suspirou e tirou uma arma da jaqueta grossa que usava, dando uma olhada rápida ao redor, antes de voltar a caminhar.

 

— Assustada, boneca? — a voz rouca e masculina atrás de Morgana a fez se virar bruscamente, apontando a arma para o desconhecido. — Calma, gracinha. Isso aí é bem perigoso.

— Quem é você? — questionou, mantendo o tom firme.

— Phillip Madson. Sou pai da sua colega, a Annie — explicou, com os braços para cima. — Eu ia dizer que é perigoso uma mocinha andar sozinha por aí, mas parece que você é o perigo. — ele riu fraco, fitando a garota.

— Você também é Neo-humano, não é? Poderes psíquicos. Não ouvi sua mente quando se aproximou. — Abaixou a arma, mas não a guardou.

— Neo-humano? Não! — Madson riu, colocando as mãos na cintura. — Eu desenvolvi alguns truques contra Neo-humanos psíquicos. E sabe qual é um deles? — Sorriu ao ver a expressão confusa da garota. — Quando eu mato alguém, não penso em nada.

 

Os olhos de Morgana se arregalaram e antes que percebesse, Phillip chutou sua mão, fazendo a pequena pistola bater contra a parede de uma loja.

Os dois iniciaram uma luta violenta. A garota era ágil, mas não forte o suficiente para nocautear o homem treinado para matar.

Madson acertou um soco na boca de Morgana, fazendo-a cair no chão. Antes que ela tivesse qualquer reação, tirou uma pistola da cintura e disparou três vezes no peito dela, sem piedade alguma.

Observou por alguns segundos o rosto machucado da menina, até que seus olhos castanhos perderam o brilho, vidrados em direção ao céu.

Madson ouviu um soluço baixinho, vindo de um canto escuro daquela rua e apontou a arma, pronto para atirar, mas não o fez. Viu Annie paralisada e tremendo, com o rosto coberto de lágrimas.

 

— Annie?!

 

Ela apenas balançou a cabeça e correu de volta para casa, temendo o homem que chamava de pai, mas mal o conhecia.

— Sinto muito, pequena, mas esse é o meu trabalho.


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Notas finais do capítulo

Então, seus lindos? O que estão achando dessas tretas? E os novos personagens? Vcs shippam alguém? Me deixem saber pelos comentários. Não precisa ter vergonha, gente. Pode comentar qualquer coisa que eu respondo com amor ❤
Mas sem pressão, ok? Se não quiser, não precisa, mas me deixaria bem feliz.
Logo logo eu volto com mais dessa aventura.
Beijos da Mini =*