Entre Linhas escrita por Hoshino Yume


Capítulo 2
Tardes de chuva


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês! ~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686074/chapter/2

— Hinata, já se passou um mês. Eu estou bem, não precisa me seguir por todo canto. Você e Hanabi podem parar de me vigiar, Hiashi-san já me obrigou a conversar com meia dúzia de especialistas e eu tenho certeza absoluta que não fiquei traumatizado.

A jovem abaixou a cabeça e concordou. Estava preocupada com o primo; um dia após quase ter sido assassinado, o garoto já pensava em ir às aulas. A única que pôde impedir Neji de sair de casa foi a senhora Hyuuga, que o obrigou a passar o dia esperando o tio retornar da empresa para levá-lo a uma consulta com um especialista em estresse pós-traumático.

Um mês se passara e Neji tentava se lembrar de detalhes que o proporcionaria ângulos diferentes sobre o que ocorrera. Algo não se encaixava — em um segundo estava pronto para ser morto, em outro, a bala ia para o céu e o atirador estava caído no chão.

Os cabelos castanhos daquela noite não saíam de sua mente. Podiam pertencer a qualquer um, mas havia algo que lhe despertava a atenção. Também havia os olhos. Sim, os olhos. Eles o observavam com intensidade; possuíam um brilho único. Em sua cabeça, ambos — os fios esvoaçando ao vento noturno e os orbes que pareciam combinar — pertenciam a uma mesma pessoa.    

Uma garota.

— Estava pensando em ir a uma confeitaria que abriu próxima à estação, depois da faculdade. Hoje nossas aulas terminam no mesmo horário... — Hinata sorriu para o primo, olhando levemente para o lado. — Por favor?   

Neji suspirou. Sabia bem o que significava aquele olhar. Teria que acompanhá-la; não conseguiria recusar um pedido da prima. Em outras situações, com outras pessoas, o jovem Hyuuga conseguia ser insensível e indiferente, mas a pequena Hanabi e a doce Hinata eram seus pontos fracos. Eram como suas irmãs mais novas, e sentia a obrigação de protegê-las. Hiashi costumava dizer que o sobrinho estragava as filhas, mimava-as demais.

— Tudo bem, me espere no lugar de sempre. Até — acenou, despedindo-se da prima.

Os Hyuugas então se separaram; Neji se direcionou a Faculdade de Direito, enquanto Hinata caminhou rumo ao prédio da Faculdade de Economia.

A garota, um ano mais nova que o primo, estava no segundo ano do curso de administração, e queria provar à família que possuía capacidade por trás de seu sorriso meigo e sua timidez. Estava sempre no topo de sua turma, abdicando horas de sono e diversão, e fazia o máximo que podia para parecer mais confiante — ainda que em vão, na maioria das vezes.

Assim como Neji, ela sabia que se apaixonar era algo complicado para a família, o que a fazia se afastar de todos os garotos que se aproximavam.

— Hinata, bom dia! — uma garota correu para alcançá-la, andando lado a lado assim que conseguiu.

A Hyuuga virou-se e deparou-se com uma garota de olhos castanhos e cabelos da mesma cor, presos em dois coques. Tenten, uma garota um ano mais velha que lhe parecia misteriosa apesar de suas expressões sempre alegres.

— Ah, bom dia! — abriu um sorriso por encontrar a amiga. — Eu quero experimentar aqueles doces da confeitaria nova que você recomendou, quer ir comigo?

— Você sabe que adoro doces e garanto que não são apenas eles que vão fazer você se apaixonar — riu. — Mas hoje não posso.  

~x~

As aulas demoraram a terminar, mas no final da tarde Hinata e Neji estavam à porta da confeitaria, um lugar bem decorado e com clima amistoso. Na vitrine, bolos e tortas estavam expostas, ativando as glândulas salivares dos que passavam. Ao entrarem, um garoto simpático lhes mostrou o local e recomendou os melhores doces, em sua opinião. “Bolo de mirtilo é o meu favorito, nunca consegui enjoar”.

Sentaram-se próximos à janela, onde era possível ver a movimentação do lado de fora, e Hinata escolhia os itens do cardápio, maravilhada com as opções, ao passo que Neji não possuía qualquer desejo de experimentar aquelas “montanhas de açúcar”.

— Encontrou algo de seu interesse? — o garoto que trabalhava lá parecia não se importar com o tempo que Hinata levava a decidir; estava sempre agitado e extremamente energético. Quando seus olhares se cruzavam, no entanto, era como se o tempo parasse.

Naruto Uzumaki, constava o crachá. O loiro de olhos azuis andava de um lado para o outro do estabelecimento, procurando dar atenção a todos os clientes, mas Hinata sabia que era o alvo da maior parte dos olhares do rapaz. Ela também parecia hipnotizada pelo outro, e era como se ninguém mais estivesse lá: apenas os dois.

Havia algo naquela pessoa que Hinata não sabia descrever: era a primeira vez que o vira, mas sentia que o esperava há anos. Lembrou-se do seu aniversário de quinze anos, quando seu pai lhe contara o que se passava na família, o motivo do tio ter morrido ao lado da esposa.

“Todos temos uma linha vermelha que nos liga a outro alguém, mas para os Hyuugas esse é um caso mais sério. Essa linha não pode ser desfeita, e nossas vidas dependem da outra pessoa. Quando ela morre, nós temos que acompanha-la.”

Não se passara quinze minutos desde que o vira pela primeira vez, ao ser recepcionada à confeitaria, mas tinha certeza: era ele o homem com quem se casaria; o homem que seria pai de seus filhos e passaria o resto de sua vida ao seu lado. O outro lado da linha vermelha que estava amarrada a si.

— Um bolo de mirtilo e um chá de limão, e para meu primo, um chá verde com limão gelado e sem açúcar, por favor — sorriu.

Neji observou os flertes à sua frente: como a prima mal o percebia sentado à mesma mesa que si, como seus olhos não paravam de procurar o garçom. Ela geralmente era tímida e evitava ao máximo desconhecidos, mas era espontânea e possuía certa audácia ao contemplar o loiro. Olhava-o nos olhos, sem desviar uma única vez.

Parecia ter certeza do que queria. Viu Hinata crescer repentinamente, definitivamente já não era a garotinha que o procurava em seu quarto ao levar bronca do pai. Ela herdaria sua parte na empresa Hyuuga e faria um ótimo trabalho, provavelmente sobressaindo seu pai. Conseguia claramente ver um futuro brilhante para a prima, e Naruto parecia certo em seu caminho.

— Boa escolha, senhorita — e sorriu de volta, anotando o pedido e deixando a mesa.

O jovem Hyuuga então voltou sua atenção para o lado de fora do local. Não reparara, mas o céu mudara de cor e o sol se escondera atrás das nuvens cinza. Não demorou até que uma leve garoa começasse a cair, apressando os transeuntes. Do outro lado da rua, uma garota de capuz andava apressada, abrindo um guarda-chuva amarelo. Olhou brevemente em direção à confeitaria, desviando o olhar assim que percebeu Neji. Seus olhos se cruzaram.

— É a Tenten-chan! — ouviu Hinata exclamar animada e olhando na mesma direção do primo, que pareceu surpreso.

Neji viu a garota desaparecendo de vista, correndo, protegida em seu guarda-chuva amarelo e botas de chuva. Vira seus olhos por meros segundos, mas não demorou a reconhecê-los. Por mais que estivesse longe, sabia que eram os mesmos olhos que o acordaram há um mês, na noite que quase fora assassinado. Brilhantes, castanhos e buscando aproximação ao mesmo tempo que fugiam.

Desviou a atenção da janela e voltou-se ao chá que chegava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Mandem sugestões, críticas ou apenas comentários ~
Podem acompanhar no social spirit também, estou atualmente mais ativa lá! (apesar de ter postado todas as minhas fanfics somente aqui)

~ HY



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre Linhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.