Young Gods - Interativa escrita por honeychurch


Capítulo 10
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais um pedacinho de história para vocês :)
Eu realmente gostaria de saber o que vocês estão achando. O que gostariam de ver mais, o que gostariam de ver menos? Coisas assim.
Fico muito feliz e grata quando checo as atualizações, mas também adoraria ter um momentinho tête à tête com cada um de vocês ♥︎



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w i n t e r f e l l

De tempos em tempos a família de Philippa lhe enviava presentes e notícias, e era só naqueles momentos, quando estava cercada por pedaços de casa, que Briar achava que a rainha feliz.

Hoje ela estava radiante, visto que seus parentes tinham sido mais generosos do que de costume.

— Que bom que está comigo minha querida Briar, é uma pena que Alina esteja tão ocupada com os detalhes de sua partida que não pôde se juntar a nós, mas eu a entendo, fiquei no mesmo frenesi quando me disseram que eu me casaria com o prin... com o rei.

A rainha se corrigiu e voltou constrangida sua atenção para um par de brincos que tinha recebido do Rochedo.

Não era a primeira vez que ela tropeçava daquele jeito entre as esperanças do passado e a realidade do presente.

De início Philippa tinha sido prometida a Rodrik, mas quando o rei viu a noiva do filho ele mudou de ideia com relação ao assunto, e decidiu que seria ele a se casar com a jovem Lannister.

Mas por mais que a rainha olhasse para o jovem e belo príncipe que quase havia sido dela com um olhar saudoso, talvez Philippa fosse mais feliz ao lado de Brandon do que teria sido capaz de ser ao lado de Rodrik, um homem que jamais a amaria ou teria por ela qualquer apreço.

— Ah! Veja aqui, minha querida tia, a rainha, enviou um presente de casamento para Alina, acredito que ela vá gostar mais se vier de você.

Philippa disse com um sorriso, e passou para perto de Briar uma linda caixa de laca decorada com madrepérola.

— Tenho certeza que Alina ficará muito agradecida.

Era uma tarde gelada aquela, e a rainha estava embrulhada em peles mas mesmo assim com o nariz e as bochechas vermelhas. A lareira atrás delas ardia quente, mas talvez com mais lenha do que fosse necessário para um nortenha de verdade.

Quando olhava para Philippa, e o modo como ela nunca se adaptou ou poderia se adaptar ao Norte, Briar ficava mais certa de que era aquele o destino de qualquer rainha em um reino que não o seu, ser eternamente a estrangeira, longe de casa e a mercê de olhares reprovadores.

— E parece que há algo para você também.

Briar não se surpreendeu, a rainha do Rochedo costumava mandar pequenos mimos para as filhas de Brandon, e nem mesmo Maya era excluída de sua generosidade. Mas quando a princesa cordialmente expressou sua gratidão à rainha, ela foi informada pela sorridente madrasta que devido à letra os presentes e a carta não deveriam ter sido enviados por Peronelle.

Agora confusa a princesa pegou o que Philippa lhe oferecia, uma caixinha, e uma carta. Ela pôs a caixa de lado por um momento, e com toda a calma que seu auto-controle lhe permitia, quebrou o selo dos Lannister, para ler a carta onde se lia.

“Estive pensando em como me dirigir à senhora sem demonstrar uma imperdoável arrogância, até me convencer de que isso seria impossível. O próprio ato de presumir que vossa alteza estaria interessada em ler qualquer linha minha já se configura em uma terrível demonstração de tal.

Mas eu devo pedir que me perdoe, pois minha presunção foi guiada pela impaciência, e a impaciência pela afeição que a tão bela figura de vossa alteza fez despertar em mim.

A distância, e inocente de intenções, a senhora escravizou meus pensamentos, e, eu temo, meu coração.

Acredito que neste ponto vossa alteza já tenha concluído a minha óbvia intenção de lhe oferecer minha mão em casamento , e se a aprovação do rei me é tão cara quanto necessária para a realização deste intento, mas ainda é a sua.

Por isso antes de levar o assunto a sua majestade, eu o trago a você, minha tão doce dama, para que diga o que pensa. Uma negativa sua e eu abandonarei a questão, sem ressentimentos e sem maldade em meu coração, que ainda que partido continuará devoto à senhora.

Advogando em meu favor eu devo lhe expressar a minha sincera intenção de tornar vida de vossa alteza tão feliz quanto possível. E minha crença é a de que nossa união poderia selar uma amizade significativa e duradoura entre nossos reinos. Este matrimônio, estou certo, trará paz, alegria e prosperidade para nós, e para todas as famílias dos dois reinos que eu e a senhora tanto amamos.

Por isso, eu suplico que encontre em seu coração motivos para me considerar uma boa escolha de consorte, e se assim for, que me dê a resposta que fará de mim o mais feliz dos homens. “

E com uma assinatura simples se lia “Damon”.                                              

Briar redobrou lentamente a carta, pondo-a de volta em suas antigas marcas, e passando os dedos sobre as dobras para selar aquele suposto segredo.

O príncipe do Rochedo estava lhe oferecendo sua mão, e parecia ter mais consideração pelos desejos dela com relação ao assunto do que pelos do rei. Se aquilo era o que aparentava ser, uma tentativa de ganhar os favores dela com algumas poucas palavras que poderiam não significar nada, Briar tinha que admitir que o propósito tinha sido cumprido.

A princesa voltou sua atenção para a caixinha, dentro da qual ela encontrou um medalhão dourado. Briar teve que se conter, e examinou o medalhão por um instante mais demorado que o necessário, receosa que ela própria fosse repreender sua ansiedade.

A jóia era um trabalho admirável, um leão tão delicada e rebuscadamente desenhado em meio a inúmeros arabescos feitos com o mesmo capricho. Muito bonito de fato, mas não era o que ela queria ver, e assim que considerou ter tido o auto-controle necessário Briar abriu o fecho no medalhão.

Tudo o que ela tinha ouvido sobre a casa real do rochedo estava ali pintado. Bonito, dourado e orgulhoso, o príncipe em suas mãos a encarava com olhos verdes que brilhavam depois de terem recebido uma suave gota de tinta branca do talentoso artista que os tinha pintado.

— Meu querido primo!

A voz de Philippa a surpreendeu de tal maneira que Briar fechou o medalhão em um movimento mais rápido que a batida de um coração. A princesa não fazia ideia de quanto tempo estivera absorta com os assuntos do Rochedo, não poderia dizer em que momento a rainha se levantou e foi para trás dela, muito menos se teria lido a carta.

Sua jovem madrasta sorriu corada antes de perguntar.

— Se importa se eu...? – Ela gesticulou para o medalhão, o qual Briar lhe entregou com uma relutância que surpreendeu a princesa – Há tanto tempo não os vejo. Querido Damon, eu costumava lhe importunar dizendo que seus olhos eram caídos, e em troca ele me chamava de ‘cabecinha de creme’. Não duvido que ele tenha pedido ao pintor que fosse mais cordial nesse aspecto.

— Ele é muito vaidoso?

Briar perguntou, o olhar fixo no medalhão nas mãos da rainha.

— Todo Lannister é vaidoso, e um príncipe mais do que todos.

A princesa notou sua respiração pesada, e soube que não eram sintomas de deslumbramento ou afeição, mas de calor. A sala estava terrivelmente abafada com a lareira de Philippa.

E o sufoco do intolerável clima que a rainha criou chamou sua atenção para o que tinha concluído minutos antes. A esposa Lannister de seu pai jamais se habituaria ao Norte, ela nunca deixaria de ser a mal vista estrangeira. E esse era o inevitável destino de todas as mulheres que deixavam seus lares para se tornarem a rainha de outros reinos

Por mais que a carta do príncipe a lisonjeasse, Briar não poderia fazer o que ele pedia. Dar seu parecer antes de consultar ao rei era a receita perfeita para enfurecer seu pai. A ideia poderia soar divertida para um príncipe Lannister, mas para ela o olhar desapontado e raivoso de seu pai era a pior das visões.

Naquela mesma tarde, no instante em que foi liberada da presença de Philippa, ela se viu caminhando para os aposentos do rei, onde agora colocava a carta do Rochedo nas mãos de Brandon.

Ela sabia muito bem onde sua lealdade deveria residir, no Norte, em Winterfell, e na casa Stark, mesmo assim o coração da princesa foi invadido pela desconfortável sensação de estar cometendo traição ao entregar os desejos que o príncipe lhe confiara para o homem que anos antes tinha sido seu inimigo em batalha.

— Nunca um rei foi tão insultado! – Brandon exclamou exasperado antes de amassar a carta e jogá-la ao chão – Negociar a mão de uma filha pelas costas do pai é ato mais hediondo de que já tive conhecimento. Uma afronta à ordem natural, e um insulto a minha pessoa!

— Eu acredito que a intenção do príncipe fosse antes me lisonjear do que insultar vossa majestade.

Briar respondeu tímida, com as mãos que presas na frente do corpo escondiam o medalhão Lannister entre suas palmas.

— Bem então me diga, ele foi feliz nessas intenções? Está lisonjeada? Apaixonada talvez?

— Eu estou como vossa majestade disser que estou.

— Então está enojada.

A princesa assentiu com a cabeça e apertou o medalhão com mais força. De todos os sentimentos que o príncipe poderia despertar nela, nojo ainda não se encontrava na lista.

O rei por sua vez fez uma pausa. Apoio rosto em um das mãos e acariciou os lábios com o indicador. Parecia levemente magoado, por isso Briar não se surpreendeu quando ele perguntou:

— A rainha, ela..?

— Ela não parecia saber de nada meu senhor.

— Isso é uma alívio. Bendita mulher, nunca foi corrompida pela vil família na qual cresceu.

Brandon se levantou com o cenho franzido. Sua impaciência e revolta só poderiam ser suavemente amenizadas pela dádiva que era sua esposa Lannister.

— Bem, parece que esse príncipe não tem muita consideração pelas minhas vontades, são as suas palavras que ele quer – Briar viu se pai gesticular para que ela tomasse o seu assento – Então, você lhe escreverá em resposta. Dizendo o quão tenebrosa lhe soa a ideia de se tornar rainha de um reino o qual você preferiria ver dizimado pela peste.

O rei deslizou a folha em branco de papel na direção dela, esperando que ao invés de consagrar a paz, Briar ofendesse a dignidade do príncipe o bastante para que ele se sentisse tentado a suspender a trégua.

— Não seria melhor recusar a oferta de maneira mais polida, vossa majestade?

Brandon estalou a língua no céu da boca para mostrar seu desdém, mergulhou a ponta de sua pena em tinta negra e a ofereceu a filha.

— Logo eu terei um jovem rei faminto por guerra como genro, não me preocupo em ser cortês com um filhotinho de Lannister. Agora, minha querida, seja criativa, eu tenho certeza de que parte do seu coração é tão gelado quanto de todo Locke, use-a e ponha esse príncipe no lugar dele.

Briar foi o mais discreta possível ao segurar o medalhão com uma mão, e aceitar a pena com a outra. Ela tinha bastante consciência de que ofender um príncipe não era proveitoso para ninguém, para o seu pai menos do que para todos. Mesmo assim a princesa riscou o papel com palavras tão cruéis quanto o coração caloroso que herdara de Margaret permitia. Sem, no entanto, que ela tivesse qualquer intenção de fazer com que a carta chegasse ao seu destino.

Briar dispensou companhia e foi para seu quarto se recuperar de uma dor de cabeça, a qual ela não sentia.

A carta que tinha escrito no gabinete do rei talvez já se encontrasse nas mãos do embaixador, mas a princesa ainda podia tentar prevenir que o estrago fosse feito. Com o medalhão aberto, ela olhava para o príncipe, que a encarava acusatoriamente, e depois para o papel onde se esforçava para por palavras gentis em boa caligrafia. Ela compartilhava dos desejos do príncipe com relação a uma amizade entre os reinos. Muito sangue já tinha sido derramado e por muito pouco.

Briar sabia que os sentimentos de seu irmão não eram os mais amistosos quando se tratava de Lannisters, e talvez Rodrick estivesse tão disposto a começar outra guerra como seu pai parecia estar.

A princesa escolhia suas palavras com delicadeza. Homens não gostavam de ouvir ‘não’ e príncipes vaidosos muito menos. Era um reconforto, então, pensar que nada do que escrevesse seria pior do que tinha escrito minutos antes na mesa de seu pai.

Absorta como estava em sua missão diplomática, Briar viu com espanto quando uma mão veio do nada e roubou dela seu medalhão.

— Minha doce irmã está tendo um romance por correspondência, e com... Ah! Um Lannister?

Alina analisava todos os detalhes da jóia, enquanto mordia os lábios sorridentes, despreocupada e divertida. Briar não compartilhava de sua descontração, e antes de se virar para certificar que a porta estava fechada, ela disse mais apavorada do que autoritária.

— Me devolva isso Alina.

— Ele é bonito, ninguém pode te acusar de não ter bom gosto.

Vendo que a mais nova não devolveria o medalhão, Briar se levantou para tirar dela. Foi o convite perfeito para Alina que ergueu a mão e correu da irmã, ela era rápida, e sem pudor erguia as saias para saltar cadeiras e baús, enquanto Briar tinha que contorná-los.

— Ele também tem um retrato seu? O que está escrevendo? Espero que não seja nada muito indecente.

— Alina!

Briar sentiu as bochechas corarem, já sem fôlego de perseguir a irmã, mas tinha que admitir que estava se divertindo, e quando se deu conta havia uma risada escapulindo por seus lábios.

Quando finalmente alcançou a irmã, as duas caíram de costas na cama, rindo por um tempo, e depois tentando recuperar o ar. A mais velha já não se importava mais em ver o medalhão nas mãos da irmã deitada ao seu lado.

Alina ergueu o retrato de modo que as duas pudessem vê-lo.

— Quem ele é?

— Príncipe Damon do Rochedo.

— Seu noivo?

Briar suspirou olhando para o retrato, que agora parecia olhá-la magoado.

— Ele me ofereceu sua mão, mas papai não gostou da ideia.

Papai sabe como ser estraga prazeres. É uma pena, o príncipe parece ser muito bonito.

— Philippa disse que ele tem olhos caídos.

— Quem se importa com o que Philippa diz? Os olhos dele parecem bons o suficiente. Eu gostaria de dizer o mesmo do meu noivo, mas nunca recebi nenhum retrato dele, e nem nosso pai deixou que ele recebesse um meu. O rei do Vale pode ter uma corcunda.

Briar olhou para sua irmã com uma das sobrancelhas levantada, e depois de alguns segundos se encarando, as duas riram. Alina repousou o retrato em um lugar qualquer do colchão, e o assunto do Rochedo foi substituído pelo assunto do Vale.

— Os embaixadores dizem que ele é talvez o príncipe mais bonito do continente.

A princesa lembrou a irmã.

— Sim, mas os embaixadores são como Philippa, não se pode dar atenção ao que dizem. Receio que eu vá ter que esperar, mas não muito, para a minha maior ansiedade. Nosso primo Locke está quase chegando, ele vai me escoltar até Castelo Velho, e de lá para o Vale.

Briar buscou a mão da irmã e a apertou firme. Elas não precisavam de mais para dizer o quanto sentiriam falta uma da outra, e que a cumplicidade que compartilhavam, não poderia ser compartilhada com mais ninguém.  

 

p e n t o s

 

Selenya ergueu uma das mãos para proteger os olhos do Sol, e viu orgulhosa no que seus novos navios tinham se tornado depois de uma pintura, pequenos reparos e novas velas. O porto de Pentos não tinha nada que se comparasse, e não lhe restavam dúvidas de que em Westeros aconteceria o mesmo.

Ela estava viajando para o seu lazer e descanso, mas isso não significava que seus navios não pudessem estar abarrotados de produtos que os westerosis adorariam comprar, e Selenya nunca se opôs a ideia de voltar de uma viagem mais rica do que quando partiu. Vivian, tinha um ar de reprovação para o fato da cunhada nunca conseguir para de trabalhar. Selenya não a censurava, mas também não achava que a gentil esposa de seu irmão entendesse que ela não era uma moça feita para o ócio.

Aquele era o seu lugar, nas docas barulhentas, checando a entrega de fornecedores, a partida de encomendas e supervisionando seus negócios pessoais. O cheiro de mar, suor e peixes era terrível, o barulho ensurdecedor, e a luz do Sol a deixaria com a pele morena de uma camponesa. Mas comércio e trabalho nunca tinham sido coisas bonitas, e nem Selenya uma vez desejara que fosse diferente.

— Senhora! Dama Zarconys! Senhora espere por favor!

A jovem moça se virou para encontrar um homem de meia-idade que vinha correndo na direção dela. Ele era uma figura peculiar, Selenya tinha que admitir. Seus bigodes, e a barba que se limitava a ponta do queixo tinham sido encerados para que ficassem brilhantes e pontudos. Os olhos castanhos eram marcados com maquiagem preta, não como os guerreiros faziam para se proteger do sol, mas como as prostitutas costumavam se pintar. Suas esvoaçantes roupas de seda eram todas de tecido cor de laranja, seus sapatos eram laranjas. Seus colares feitos de pedras e contas laranjas. Sua algibeira era laranja, seu leque de penas era laranja. E a sombrinha que vinha na mão do criado que corria pelas docas para acompanhar seu senhor e privá-lo do Sol era laranja.

Selenya observou divertida aquela laranja gigante vir em sua direção.

— Por tudo que é vivo! Eu a encontrei! A senhora é a dama Zarconys, não é?

Perguntou o homem esbaforido depois de ter se curvado e apoiado uma das mãos no joelho. Impressionantemente cansado depois de uma pequena corrida.

— Eu tenho esse prazer.

Selenya respondeu com um sorriso. Ela teria oferecido a mão para que ele a beijasse, mas se perguntou se o homem teria fôlego.

— Que o grande Deus a abençoe! Que Ele a abençoe!

Disse a figura laranja enquanto erguia a mão livre para os céus.    

— E qual sua graça, meu senhor?

— Ah! Mas é claro, me perdoe! – Ele se recompôs e fez uma pequena mesura – Me chamam de Mestre Afell, e este é o meu criado o jovem Aleb.

Seleneya deu um grande sorriso de surpresa, primeiro por descobrir que conhecia aquele homem, e depois por sua gentileza em apresentar o servo.

— Afell o afável! É claro que o conheço, toda Essos o conhece, adoro todas as suas peças!

Ele estampou contentamento em seu rosto amável, e gesticulou a cabeça em sinal de humildade e gratidão. Selenya não teve dificuldades para entender porque o chamavam de afável.

— Que a senhora sempre repouse sob a sombra de Gelenei.

Haviam muitos deuses no mundo, e todos disputavam por fieis. Selenya, naturalmente, já tinha ouvido sobre a árvore de Gelenei, mas não podia dizer que era uma especialista. Os fiéis daquela fé eram tímidos, rezavam em suas casas e em seus Jardins. Ajudavam os enfermos, alimentavam os famintos, comiam suas pétalas, e convertiam em voz baixa. Era uma fé caridosa demais para chamar a atenção dos Magistrados.

Ela não poderia dizer o quão dado a caridade era o mestre Afell, mas sem dúvida ele não abdicara de tecidos caros e outros bem portáteis.

— Bem, a senhora vê, eu gostaria de tratar de negócios. Mas seja gentil, pois não estou acostumados com o assunto.

Afell ergueu o leque de penas para se refrescar, o suor já borrando-lhe a maquiagem.

— Pois diga! O senhor está procurando um patrono talvez?

Ela não podia negar, ficou entusiasmada com a possibilidade.

— Oh não! Graças ao grande Deus eu já tenho a sorte de ter um patrono. O que eu preciso é que a senhora me ajude a chegar até ele. Pois, você vê, ele é um rei, do outro lado do mar estreito, onde eles tem tantos reis. No continente... qual o nome do continente querido Aleb?

— Westeros, senhor.

— Sim é claro, Westeros. E eu soube que a senhora irá partir para esse mesmo destino. Sua respeitabilidade, e a de sua casa, me foram muito recomendadas, então eu me pergunto se não seria possível que eu embarcasse com a senhora. É claro que mediante ao pagamento de minha passagem e a de Aleb.

— Eu não sabia que os westerosis gostavam de peças.

— Mas também quem sabe do que os westerosis gostam? Me parece uma gente peculiar aquela, se nascem em certa família isso faz deles trutas, leões, ou até patos! Muito peculiar de fato. Mas eu tive a sorte de ter esse convite, e você vê, há um reino o qual eu muito queria conhecer. Nossos sacerdotes dizem que lá jaz a última pequena Gelenei – Ele pôs a mão em formato de concha, e levou a ponta dos dedos primeiro até a testa, e depois ao coração – Por isso eu devo partir e viver entre trutas, leões e patos.

Selenya olhou por um instante para o homem a sua frente, com suas sedas, sua maquiagem e seu criado tímido. Era uma viagem longa e tediosa até o outro continente, e a presença dele seria muito bem vinda, fosse para qual árvore fosse que ele rezasse, além disso ela tinha bastante mercadoria nos porões, não precisava de mais artifícios para ganhar dinheiro. Se aquele homem de olhos gentis confiava nela para atravessá-lo pelo mar, então ela ficaria feliz em fazê-lo sem ter que cobrar pelo favor.


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Notas finais do capítulo

Adoro escrever o Damon e a Briar se conhecendo via tinder :3



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