FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 8
Noite de Holloween - 343 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, aqui temos mais um capitulo de FusionTale. No capitulo passado eu instiguei algumas perguntas, no final desse eu devo ter produzido mais outras, entretanto, já avisando galera, meu tempo está corrido esses dias com prova e trabalhos e eu estou ficando louca com toda essa quantidade de coisas a fazer. A sorte que já adiantei capitulos para vocês, por isso, quando chegarem nesse, provavelmente minha crise já tenha passado (ou isso espero).
Seja como for, eu consegui fazer esse capitulo pra vocês, apesar da minha correria. E estou muito feliz em ver que em sete capitulos, sete míseros capítulos, estou com mais de cinquenta comentários! Galera, vocês sabem o quão eu fico feliz em ver isso?! Vcs tem noção do que estão fazendo com essa pobre autora? O coração dela vai explodir de alegria!
Espero que continuem a gostar!



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FusionTale - Noite de Holloween - 343 dias para Reset

Trinta e um de outubro, uma das noites mais esperadas pelas crianças. A noite onde poderiam ganhar muitos doces e fazer travessuras sem serem repreendidas caso não recebessem nenhum. Era quando se encontravam com os amigos, reuniam-se e competiam quem conseguia mais doce ou qual fantasia era melhor. O dia do sinistro, o dia das bruxa, onde a magia poderia existir sem qualquer tipo de preconceito, onde ser mal era o bom e onde ser bom não era legal.

Para adultos também não era diferente. Apesar de que, ao invés de pedir doces, eles iam para festas agitadas, onde bebidas, drogas, sexo e muita diversão eram naturais, principalmente as relacionadas a faculdade. Obviamente as fantasias deveriam permanecer. Qual seria a graça de toda a festa se não tivesse elas?

O mais engraçado de tudo isso era, depois da pequena festa do pijama entre amigos, Frisk descobriu que Papyrus e Asriel estudavam na mesma faculdade, a mesma que Sans, Alphys e Undyne haviam estudados quando mais novos. Sans havia se formado há quatro anos e começou a trabalhar com o pai logo em seguida, Alphys já tinha se formado há seis anos e fazia pelo menos quatro que tinha conseguido trabalho no laboratório, alguns meses depois de Sans. Undyne... Bem, Undyne demorou um pouco para se formar, já trabalhava quando terminou a faculdade de direito.

Sinceramente Frisk não conseguia imaginá-la em direito.

A questão era a festa na faculdade. Ambos, Papyrus e Asriel, encontraram-se animados com a ideia de convidar todos seus amigos e novos amigos para ir, principalmente Papyrus. Frisk ainda não tinha se esquecido da ligação animada que havia recebido de Pap quando ele a convidou. Ela nunca o contaria que Asriel já a tinha chamado, mas esse não era o detalhe importante. Ela iria e esse era o ponto.

Seria desperdício dizer também que Mettaton havia tomado toda e completa responsabilidade sobre sua fantasia e a de sua irmã e primo. Ele deveria ser o mais animado de todos eles e nem ao menos precisava dizer nada para demonstrar isso. Logo que a aula de Frisk e Blooky terminou, ele os havia arrastado para sua enorme casa, com mais de dez fantasias diferentes para cada um experimentar. A festa começaria às nove e terminaria quando o sol fosse nascer, como nem estava perto de escurecer Mettaton teve tempo o suficiente para arrastar Frisk e Blooky em todas as fantasias possíveis.

No final Frisk acabou ficando como zumbi e Blooky como um fantasma. Alphys cairia no papel de cientista louca enquanto Mettaton no de um perfeito conde Drácula.

Agora faltavam no máximo quatro horas para a festa.

Mettaton levou Frisk e Blooky para a casa da morena, Alphys havia afirmado com fervor que não precisava da ajuda de Mettaton para terminar sua fantasia, um cientista louco não precisava de muita maquiagem afinal, mas Frisk e Blooky sim eram necessários, mesmo que pensassem em negar. A questão era que Mettaton havia esquecido seu quite de maquiagem na casa de Frisk durante sua visita na semana passada e agora precisavam ir até lá buscar, não que fosse muito incomodo.

Frisk sabia onde o havia deixado. Estava no seu armário, debaixo de suas blusas, bem escondido no fundo no canto direito. Ela havia deixado lá porque sabia o quanto Mettaton gostava desse quite e como Chara odiava maquiagem. Se ela tivesse se quer pensado que algo assim estava em seu quarto, com toda certeza o teria atirado pela janela sem qualquer tipo de remorso. Por isso Frisk o escondeu no ultimo lugar que sua irmã chegaria pensar em olhar.

Deixando Mettaton e Blooky na sala, Frisk correu para seu quarto, em sua cabeça uma pequena melodia não cansava de ser repetida, talvez uma das que Blooky havia feito para os shows de seu primo, era contagiosa e Frisk não conseguia parar de cantarolar internamente cada letra, a qual sabia de cor. Seja como for ela teria que se apressar, ela sabia bem que levaria um bom tempo para a maquiagem ser finalizada, tanto para ela como para Blooky e Mettaton garantiria de não perder nenhum detalhe importante.

Para questões de produção ele era definitivamente perfeccionista e detalhista.

Todavia assim que colocou o pé para dentro do quarto seu corpo parou no lugar, o cérebro associando ainda perdido o que estava vendo.

Ok, entrando na seguinte cena: o quarto estava escuro, como se mais ninguém estivesse nele, todavia, deitados na cama de Chara, estavam tanto ela como Asriel. O problema? Não estavam em uma posição muito favorável. Chara se encontrava sobre Asriel, a blusa de botões aberta e cabelo desgrenhado, a calça larga que usava estava amarrotada, fora do lugar, sua mão direita encontrava-se sobre o peito descoberto de Asriel enquanto a outra apoiava-se do lado da cabeça dele, mantendo seu peso sobre ela. Asriel por sua vez tinha as calças, única peça de roupa a qual levava, ligeiramente puxadas para baixo, cabelo desgrenhado ao igual o de Chara enquanto suas mãos mantinham-se em seus quadris, para não dizer outra coisa.

Sinceramente se o rosto de nenhum dos três sofresse uma combustão seria porque definitivamente o cérebro havia parado de funcionar.

Frisk nem ao menos deixou que alguma coisa fosse dita, apressou-se em retirar o quite do armário e correu para fora do quarto, fechando a porta logo atrás de si, com tanta pressa que chegou a escutar o estrondoso som que havia ecoado pelo resto da casa. E mesmo assim não parou, correu até a sala e entregou o quite para Mettaton, o rosto ainda rubro como um tomate, queimando em tais proporções que por instantes pensou que seria possível ver o vapor escapando de suas orelhas.

— Algo errado, darling? - perguntou Mettaton, seus olhos avaliando o estado de sua amiga com muita atenção. Frisk, por sua vez, negou rapidamente com a cabeça, prontamente indicando para o artista começar seu trabalho antes que acabassem se atrasando para a festa, fato que foi prontamente acatado pelo moreno, esquecendo-se por alguns instantes do estado eufórico que Frisk havia ficado quando chegou.

Sinceramente não era um assunto no qual deveria se conversar. Chara e Asriel não tinham relação de sangue, apesar de terem sido criados pela mesma família. O carinho que um tinha pelo outro, apesar de facilmente ser confundido com o de irmãos, era mais do que isso, qualquer um que observasse bem veria o quão próximos os dois eram um do outro. Todavia, mesmo que Frisk tivesse se quer suspeitado de tais ações dos dois, ela não imaginaria, e nem ao menos queria imaginar, algo tão intimo. Ela tinha suas suspeitas sobre a relação dos dois, ela tinha compartilhado um corpo por muito tempo com Chara para saber exatamente cada uma de suas atitudes, Frisk apenas não esperava ter a confirmação dessa maneira!

Era bastante compreensível também que eles quisessem manter isso em segredo. Apesar de nenhuma relação de sangue, Chara ainda foi criada junto com Asriel como uma irmã e para alguns aquilo já seria motivo suficiente para condenar a relação dos dois. Frisk sabia que seus pais entenderiam se bem explicado, em uma conversa amigável, mas ainda viviam em uma sociedade a qual pesava muito em relações dessa maneira. Por mais que Chara pouco se importasse com a opinião alheia ela ainda, inconscientemente, influenciava no convívio entre duas pessoas.

Seja como for, no momento, o assunto deveria ser esquecido. Frisk apenas havia descoberto, de uma forma não muito agradável, o que já sabia. Nada mais do que isso. Ela não tinha nada o que fazer, não tinha que se intrometer ou fazer escândalos. Ela apenas esperava que os dois, além de ser felizes, tivessem a consciência de contar para seus pais, antes que eles descobrissem de uma forma muito pior.

Olhando por um lado mais positivo, Chara não mais teria vontade de matar ninguém. Ela estaria muito ocupada com outras coisas para fazer.

Mettaton chegou a demorar duas horas com cada um, mas quando terminou o trabalho tinha ficado, em poucas palavras, incrível!

Frisk tinha seu rosto moreno em uma tonalidade mais pálida agora, quase puxada para o cinza. Olheiras fortes foram pintadas por debaixo de seus olhos, próximo ao cabelo uma enorme marca vermelha que poderia ser muito bem confundida com uma ferida de bala verdadeira, uma parte de seu maxilar havia sido pintada para aparentar que parte de sua boca havia sido destruída, mostrando os dentes, o resto dos lábios pintados em um roxo pálido, sem vida e sem brilho. Frisk quase se achou realmente morta quando voltou a encarar-se no espelho, cabelos desgrenhados sobre a cabeça.

E ela sabia como era se olhar morta.

O resto de sua roupa não era grande coisa, apesar de extremamente bonito. O vestido era justo completamente branco, com pedaços que simulavam a falta de tecido e o começo de carne desgarrada e músculos expostos, cada extremidade era feita como se estivesse rasgada, na inferior sua coxa direita estava mais a mostra do que a coxa esquerda, enquanto nos braços os ombros mantinham-se completamente descobertos, as mangas partiam a partir de um pouco mais a baixo, rasgadas até o cotovelo. Em suas mãos luvas de renda de aspecto rasgado, suas unhas postiças simulavam a podridão que um verdadeiro cadáver deveria possuir, enquanto os nós dos dedos foram polvilhados com um pó roxo claro. Em suas pernas Frisk mantinha uma grossa meia calça da cor de sua pele, tendo algumas partes simulando pedaços de ossos a mostra, como o fêmur e os ossos da canela, cada uma em uma perna.  Em seus pés botas brancas desgastadas e encardidas.

Blooky por sua vez estava tão branco que Frisk quase acreditou que poderia ver através dele. Debaixo de seus olhos sombras pesadas destacavam na pele branca, dando a forma a olheiras proeminentes e doentias, até mesmo seus lábios estavam em um tom extremamente claro de rosa. Sua roupa era composta basicamente toda de branco, às vezes quase puxado ao cinza, soltas em seu corpo e rasgadas em determinados pontos. Correntes enroscavam-se em seus braços e pernas, algumas chegando a arrastar-se no chão enquanto em seus pés sapatos desgastados e velhos, ainda brancos porém, rangiam de um jeito estranho cada vez que se movia.

Mettaton nem precisava ser dito. Seu rosto estava de um pálido doentio, lábios de um vermelho vivo e perfeitas presas destacando-se cada vez que abria a boca, os olhos foram destacados com lápis preto e os cílios tão cheios de rímel que agora pareciam quase tão grossos quanto os de Frisk. Seu cabelo foi puxado para trás, preso em gel e laquê. Enormes unhas postiças pintadas de negro, usando um terno negro de aspecto antigo, calças altas por cima da blusa de mangas folgadas, destacando sua cintura fina. Uma enorme e luxuosa capa negra de um lado e vermelha de outra recaia-lhe sobre os ombros e quase alcançava seus tornozelos recobertos por lustrosos sapatos negros brilhantes de salto.

Nesse meio tempo em que se aprontavam Chara e Asriel também haviam se arrumado. Chara optado pela típica fantasia de diabrete, bem sexy aliás, enquanto Asriel fazia-lhe par como um demônio também. Nenhum dos dois teve coragem para voltar a encarar Frisk novamente, apesar de Chara disfarçar muito melhor do que Asriel. Frisk os conhecia bem de mais para dizer que estavam envergonhados com o que ela tinha visto.

Chara negaria até sua morte, com toda certeza.

De qualquer forma já havia se passado uma hora que a festa havia começado, eles deveriam se apressar.

Blooky e Frisk acomodaram-se no carro de Asriel enquanto Mettaton iria buscar Alphys e Undyne para levá-las a festa. Frisk estava curiosa para saber como as duas iriam estar, ela sem querer havia descoberto que ambas ainda não tinham um relacionamento, mesmo que fosse óbvio para qualquer um que elas tinham sentimentos uma pela outra. Talvez Frisk tivesse que dar uma mãozinha ao igual que antes.

A faculdade ficava próximo a saída da cidade, na parte mais antiga da mesma. O bairro foi apelidado de Ruínas por seu ar histórico e envelhecido, muito poucas pessoas ainda viviam lá e boa parte das casas estavam abandonadas, mas mantidas por seu valor histórico. Frisk sabia que seu pai tinha algum tipo de plano para reviver aquela área, sem ter que quebrar os antigos prédios da região. Algo como valorizar a história da cidade.

A faculdade em si era uma construção antiga, enorme, como uma mansão velha assombrada com mais de um prédio. Asriel havia contado uma vez que existiam diversas lendas sobre fantasmas e monstros que assombravam alguns corredores que não eram mais acessíveis, ou banheiros que insistiam em manter-se estragados por mais que a escola investisse em reformas. Existiam boatos de desaparecimentos misteriosos e assassinatos estranhos, nada como uma boa história de terror para assustar os novatos ou os medrosos.

Tendo em nota que Asriel era o ultimo caso.

A festa em si aconteceria em um enorme salão no prédio da diretoria, a musica alta já escapando pelas paredes envelhecidas do lugar, sendo que o lado de fora tinha sido decorado com enormes tecidos escuros que, com a ajuda das lâmpadas, formavam rostos contorcidos e sangrentos. Na grama e pela escada que levava a entrada do lugar aboboras de rostos sorridentes macabros, com velas em seu interior, iluminavam o caminho até a porta de madeira apodrecida, possuindo uma horrenda gárgula vigilante.

Tudo de dar arrepios.

Na parte de dentro primeiro se atravessava um corredor escurecido por panos grossos de um roxo escuro, até que, ao chegar no final, atravessava-se uma cortina espessa para dar de cara com o enorme salão colorido da festa. Luzes fluorescente piscavam em ritmos inconstantes para todos os lados, corpos se moviam inquietos, uma mesa cheia de doces e bebidas em fartura estava recostada em um canto, do outro lado da entrada estava o palco onde uma banda regional havia sido contratada para tocar.  O cheiro forte de suor, cigarro, hormônios e álcool enchia o lugar, quase deixando Frisk tonta assim que entrou.

— WOWIE! VOCÊS FINALMENTE CHEGARAM! - a voz constantemente alta de Papyrus conseguiu ultrapassar o som alto que retumbava pelo lugar e alcança-los com facilidade.

Pap vestia-se como um lobisomem, facilmente perceptível por suas orelhas e calda cinzentos. A blusa que vestia também era de aspecto peludo, ligeiramente curta deixando uma parte de seu estomago descoberto. As calças eram rasgadas, negras como a noite, provavelmente onde a calda estava presa enquanto em seus pés pantufas da mesma pelagem que sua blusa, orelha e caudas, simulavam patas de lobo. Incrivelmente não sendo tão ridículas quanto se poderia imaginar. Em suas mãos garras postiças haviam sido colocadas de forma a aproveitar suas mãos já exageradamente grandes.

Bem, a animação de Papyrus e sua lealdade realmente recordava bastante a de um cão. Apesar de Frisk pensar em vê-lo como um esqueleto, ela também achou bastante aceitável sua escolha.

— EU, O GRANDE PAPYRUS, ESTRALA DA FESTA, ESTAVA ESPERANDO POR VOCÊS! POR QUE DEMORARAM TANTO?! - exclamou o albino, mãos nos quadris enquanto um ar indignado o rodeava.

— Frisk e Blooky tiveram mais trabalho com suas fantasias. - respondeu Asriel, em tom suficientemente alto para todos ouvirem. Ele não gritava tão alto quanto Papyrus, mas talvez ninguém conseguisse gritar tão alto quanto ele.

Bem, talvez Undyne com raiva pudesse.

— WOWIE! SUAS FANTASIAS ESTÃO INCRÍVEIS! QUASES CHEGAM AOS PÉS DAS MINHA, MAS, OBVIAMENTE, NINGUÉM É CAPAZ DE SUPERAR O GRANDE PAPYRUS!

Não demorou muito para Undyne, Alphys e Mettaton chegarem, obviamente acarretando em um puxão de Mettaton para Frisk, arrastando-a para a pista de dança onde "mostrariam realmente como dançar", de acordo com Mettaton. Frisk, por sua vez, gostava de dançar, ela realmente gostava, mas depois de meia hora de uma animada dança com o grande artista da televisão, qualquer um precisava de um descanso.

Bem, nada como Papyrus para salvar sua pele e suas pernas. Frisk o puxou para o centro e entrego-o para Mettaton, o pobre albino havia ficado tão constrangido e tão encabulado que qualquer palavra que pudesse sequer sair de sua boca não passava de uma mistura desconexa de sons.

Mas os dois eram tão fofos juntos! Frisk poderia se sentir um pouco mal em empurrar Papyrus para uma situação como essa, mas ele e Mettaton pareciam ter uma "química" um com o outro e ela era uma amiga boa o suficiente para tentar alguma coisa. E o que melhor se não uma boa dança em conjunto?

Ela se afastou de qualquer maneira, seu objetivo sendo a mesa farta em todos os tipos de comidas e bebidas, ela estaria mentindo se dissesse que não estava precisando de uma boa bebida. Ela não era muito a favor do álcool, todavia em uma festa sempre existiam suas variações de tipos de bebidas, não hesitando nem um pouco em optar por um refrigerante bem gelado, aproveitando por pegar alguns doces que encontrou com aparência atrativa. Todos eles representando de sua maneira aquele dia sinistro.

Undyne e Alphys não estavam muito longe, poderia não ter intimidade com nenhuma das duas, mas essa era a situação perfeita para se aproximar e, quem sabe, dar um empurrão para as duas aproveitarem a festa de uma maneira diferente.

— Estou te dizendo, Alphys, a faculdade sempre é a melhor fase da vida! - exclamou Undyne, bem no momento em que Frisk havia chegado. Aparentemente as duas estavam em uma discussão sobre suas épocas de faculdade. Bem, levando em consideração a personalidade de cada uma, com toda certeza a ideia sobre o assunto seria completamente diferente. - Oh! E aí, punk?! - Frisk deu um aceno como um cumprimento, o enorme sorriso em seu rosto. - Cansou de dançar?!

Frisk assentiu, mostrando seu copo de refrigerante e logo apontando para a pista de dança onde Mettaton e Papyrus estavam. Ambos pareciam se divertir, Mettaton ocupado em ensinar passos de dança para Papyrus, que parecia determinado a aprender. O que era engraçado, já que, talvez por ser bastante alto, o albino era terrivelmente desengonçado, diferente de Mettaton que, apesar de um pouco mais baixo que Pap, mesmo sendo ainda alto, tinha um gingando invejável. 

Não deveria ser preciso mencionar a aproximação dos dois e os sorrisos que ostentavam em seus rostos.

 - P-parecem e-estar se d-divertindo! - exclamou Alphys, sua gagueira não ajudando em nada a entender o que dizia com o som alto que permanecia constante no lugar. Frisk, no entanto, assentiu, orgulhosa por seu trabalho indireto para com os dois. Talvez deveria dar um empurrãozinho para as duas moças também?

Frisk voltou-se para Alphys, assinalando com suas mãos o que queria dizer, temendo que a loira não fosse capaz de ver com a péssima iluminação do lugar. Todavia, pelo corar visível no rosto de Alphys, ela deveria ter entendido.

— O que ela disse?! - Undyne perguntou, seus olhos focados nas mãos de Frisk também. Ela não compreendia a linguagem gestual, assim como muitos outros, e dependeria de Alphys para compreender o que a pequena garota queria dizer. Undyne não gostava de depender dos outros, mas não acreditava ser preciso aprender a linguagem de sinais. Talvez porque realmente sentisse que não teria habilidade nenhuma com ela.

— P-perguntou p-p-porque não e-estamos d-dançando. - respondeu Alphys, o tom ligeiramente baixo de mais para o lugar onde estava, mas Undyne estava próximo o suficiente dela para compreender.

— Não tenho muito jeito para essas coisas, punk! Se fosse uma luta tenho certeza que todos aqui seriam derrotados por mim! - Frisk não conseguiu evitar a fraca gargalhada que lhe escapou. Ela não tinha duvidas quanto a essa afirmação. Undyne poderia vencer qualquer um em força. Se dependesse de magia, no entanto, ela sabia que Sans venceria, mas se o caso realmente era força física a história era diferente. E por mais teimosa que Undyne pudesse ser com sua maneira de pensar Frisk sabia perfeitamente como persuadi-la.

Isso, claro, se Alphys traduzisse o que iria dizer.

"Estou achando que está com medo de dançar na frente de todas essas pessoas" ou talvez realmente não fosse preciso tradução. Frisk portava um sorriso desafiante e seus olhos tinham um brilho que Undyne reconhecia em qualquer lugar. O sorriso da enorme ruiva tornou-se predatório no mesmo instante, o olho amarelo voltando-se para Alphys.

— Ela está me desafiando, não está Alphys?! - não tinha mais remédios, Alphys foi obrigada a assentir para sua pergunta. Mesmo que negasse Undyne saberia que era mentira, ela podia ver o desafio nos olhos de Frisk, ainda a encarando com determinação. - Você não sabe com quem está lidando, punk!

"Tenho certeza que você e Alphys não conseguiriam superar Mettaton e Papyrus!" continuou Frisk, a tradução sendo prontamente passada por Alphys que enrubesceu ao instante e gaguejou mais do que nunca em cada palavra que pronunciava. Undyne, por sua vez, compreendeu, e, tão determinada quanto Frisk, aceitou o desafio.

O próximo que se viu foi a enorme ruiva arrastando a pequena e pobre loira para o meio da multidão que dançava, batendo os pés na direção em que Papyrus e Mettaton se mantinham, um de seus punhos jogando ao ar e gritando blasfêmias que eram melhor não serem mencionadas.  Alphys por sua vez tinha o rosto afundado nas mãos gordinhas, provavelmente tentando inutilmente tampar seu constrangimento naquele momento, não pela atitude de Undyne, mas por sua própria situação em si.

Frisk não sabia como era dançar com alguém que gostava, ela era nova de mais para encher sua cabeça com encontros, apesar que flertar era uma opção divertida. Mas tendo em mente como Alphys era, com toda certeza deveria exigir uma enorme quantidade de coragem.

Agora, apenas lhe restava observar sua obra, esperando que tudo desse certo. Se bem que, pelo que conseguia ver de onde estava, Papyrus e Mettaton haviam aceitado o desafio também, prontos para "varrer o chão", como diria Mettaton, com as duas garotas.

Frisk riu. Ela amava esse universo.

— Frisk! - seus olhos voltaram-se para quem havia se aproximado, a voz conhecida como a de Asriel, agora postado a seu lado com um sorriso constrangido, rosto pálido corado profundamente, visível até mesmo na iluminação instável do lugar. Ele acomodou-se perto de onde estava, um silêncio constrangedor envolvendo ambos enquanto observavam a multidão. Frisk sabia que ele queria falar sobre o que tinha acontecido mais cedo, mas ela não acreditava ser realmente necessário. O que será que ele estava pensando que ela faria? - S-sobre o que você viu mais c-cedo...

"Eu não vi nada." Frisk assinalou de volta, antes mesmo que ele tivesse a capacidade de continuar. Ela teve que garantir que ele estava vendo, recebendo como resposta um suspiro aliviado. Apesar de sua afirmação ter sido vaga, Frisk havia apenas garantido que de sua boca nada do que havia acontecido seria mencionado, ela manteria o segredo e Asriel e Chara não precisariam se preocupar. "Mas acho que deveriam dizer a nossos pais. Eles merecem saber, tenho certeza que não vão julgar se explicarem direito. E, além do mais, é melhor que eles saibam da boca de vocês dois do que de uma maneira diferente."

Acho que você tem razão, mas eu e Chara ainda estamos discutindo sobre o assunto. Ela não acha que é uma boa ideia, não sei exatamente o que a está incomodando, mas acho que seria a rejeição deles. - Asriel divagava, seus olhos quase esverdeados encarando um canto qualquer da festa. Frisk o encarou, percebendo sua tristeza e inquietação, mesmo assim, um sorriso pequeno sorriso não deixava seus lábios. - Não queremos ser separados e, acho eu, seria a primeira medida que nossos pais tomariam se não aceitassem nosso relacionamento.

"Nossos pais amam vocês, eles não fariam nada que os deixasse tristes." Frisk afirmou com firmeza, seu rosto aceso em determinação pura. Determinação que pareceu contagiar Asriel. "Eles vão ver como você e Chara se amam, eles vão saber que separá-los não é a melhor opção. Podem ficar surpresos e tentar aconselhá-los para saber se é exatamente isso que querem, pois se algo der errado vai ficar estranho, vocês vivem na mesma casa, são amigos desde pequenos. Se caso algo der errado nem quero imaginar como vai ficar o clima que vai ficar entre vocês e nós não vamos poder fazer nada. Por isso eu torço para que tudo dê certo."

— Obrigado, Frisk. Sabe, às vezes parece que você é a mais velha de nós três, por algum motivo.

Frisk sorriu, apesar de não genuinamente feliz. Ele nunca saberia o quão velha sua alma era, o quão cansada e desolada ela poderia ser, depois de todas as linhas do tempo que havia vivido. E com a fusão de todos os universos existentes, sua alma costurada fazendo a união de todas as Frisk que já viveram em seus próprios universos, ela se sentia ainda mais velha. Nesse universo ela poderia fingir-se de jovem, fingir-se de inocente, podia sorrir como se nenhuma linha do tempo tivesse ocorrido, mas sua alma conhecia a verdade, estava entalhado em sua pele com ferro e fogo, ela não poderia esquecer, ela não poderia evitar sentir.

E o assunto lhe fez doente. Ela precisava respirar um pouco de ar puro, precisava escapar do lugar por algum tempo apenas para recompor seu humor agora quebrado com seus pensamentos mórbidos.

— De qualquer forma, você fez um grande trabalho com aqueles quatro. Chara quase me arrancava a cabeça por causa do clima entre eles. Parecem estar se divertindo muito agora. - comentou Asriel depois de um tempo de silêncio, tempo esse em que Frisk manteve-se a divagar em seus próprios tristes pensamentos.

"Onde está Chara, falando nisso?" questionou, as mãos um pouco mais tremulas do que inicialmente. Frisk tragou mais um gole de seu refrigerante, quase empurrando-o todo para baixo de sua garganta. Ela precisava de um lugar para respirar, ela precisava sair dalí.

— Foi conversar com um amigo, eu não sei bem quem é, mas pela cara que ela fez eu não tive muita escolha. Sabe que Chara com raiva não é muito agradável ou bom para a saúde. - oh! Frisk sabia! E como sabia disso!

"Compreendo. Se me dá licença, Asriel, eu preciso de um ar, esse lugar está começando a me deixar tonta."

— Você está bem? Se quiser posso te levar para casa e dizer a mãe...

"Não é nada, apenas preciso respirar um pouco, daqui a pouco estou de volta"

Se mudar de universo pudesse realmente apagar tudo que Frisk havia vivenciado no outro com toda certeza seria um sonho perfeito. E talvez realmente apagasse, mas ela não havia mudado de universo apenas, ela havia se fundido a ele, todos os outros simplesmente haviam deixado de existir para ser apenas um só. Por que ela ainda se lembrava? Ela não poderia responder, e Frisk tinha a impressão que não se lembrar seria o mesmo que fugir de seus pecados. Ela deveria manter cada erro em sua memória, cada vez que ela morreu e matou, cada sofrimento que ela causou, para assim aprender e seguir em frente da maneira correta.

Mas era tão difícil!

Ela ainda poderia sorrir, ela ainda poderia viver, todos estavam felizes, então para que pensar nos erros? Por que entristecer-se em uma noite que deveria ser de alegria? E sentir que estava estragando a noite não ajudava a se sentir melhor.

Frisk respirou fundo o ar da noite assim que meteu-se do lado de fora da universidade, o peito subindo e descendo de forma profunda e lenta, o peso aliviado de seu corpo, a consciência deslizando-se para a tranquilidade do ar frio daquela noite de outono. Seus olhos voltaram-se para o céu, estrelas cintilando como todas as outras noites, imutáveis.

Frisk adorava o céu noturno.

Acomodando-se em um canto qualquer ela deixou o vento fresco levar as preocupações que antes sentia, todas as inseguranças e pensamentos negativos. Por um instante ela se permitiu esquecer seus erros e pecados apenas para aproveitar a noite. Sua alma realmente apreciava esse universo pacifico, era como um período de férias do qual não queria mais sair.

— Yo Kiddo! - a voz conhecida, minutos depois, a retirou de seus pensamentos, os olhos deparando-se com a figura familiar parada no primeiro degrau da escada, enquanto ela própria mantinha-se sentada no corrimão, próxima ao ultimo degrau. - Demorei um pouco para perceber que era você com essa fantasia, parece um zumbi de verdade, quase me fez saltar fora de minha pele. - ele subiu as escadas enquanto falava, mãos nos bolsos da jaqueta que matinha por cima da fantasia a qual usava. - Cansou de dançar?

"Senti como precisava de um pouco de ar fresco." respondeu Frisk com um sorriso, observando Sans sentar-se a seu lado.

Ele, não surpreendentemente, vestia-se de esqueleto. O rosto pintado para que aparentasse não ter pele, mas apenas ossos enquanto o resto de sua roupa era negra com desenhos de ossos por todo o lugar. Era uma roupa simples, entretanto, Frisk reparou, as estampas esqueléticas tinham sido feitas com um material que brilhava no escuro, assim o negro de sua roupa "desaparecia" enquanto os ossos mantinham-se destacados, dando a impressão que apenas eles existiam. Sobre sua blusa, porém, encontrava-se sua típica jaqueta azul, da qual parecia nunca se desprender.

"E o que faz você aqui fora com uma festa a todo vapor do lado de dentro?"

Apenas uma caminhada para relaxar os ossos. - Frisk sabia que ele estava mentindo. Ela conseguia sentir o cheiro de cigarro preso em suas roupas, por mais que o forte odor daquela noite e o vento na direção contrária disfarçasse bem. Ela não questionaria, no entanto. Não era de sua conta que Sans fumava, ela não poderia julgá-lo por isso, por mais que, em sua própria opinião, não lhe agradasse muito o habito. - Apreciando a noite?

"Bastante. Com amigos tudo fica melhor." sorriu-lhe, seus pés sacudindo-se elevados de onde estava sentada, apesar que Sans não estava muito diferente, apenas as pontas de seus sapatos tocavam o chão. "Aliás adorei a fantasia. Ela olha sansacional."

— Boa, Kid. Acho que combina um pouco comigo não? - ele não tinha ideia de como. Frisk apenas poderia rir com a ironia do comentário, por mais que Sans não chegasse realmente a entender o motivo.

De repente a porta foi aberta, dela um bêbado cambaleante deslizou para fora, uma garrafa meio vazia ainda em suas mãos. Sans não lhe prestou muita atenção e, apesar de preocupada que o rapaz pudesse cair das escadas, Frisk procurou manter-se afastada, ela sabia que bêbados não eram uma boa companhia. Ela se manteve alerta, no entanto.

O homem vacilou um pouco, hesitante em seus próprios pés, jogando mais álcool para seu sistema antes de finalmente dar-se conta que não estava sozinho do lado de fora. Seus olhos avaliaram as duas presenças que tinha a poucos passos de onde estava, mente turva de mais para pensar com clareza. Todavia, bêbado ou não, Frisk ainda era uma figura que chamava a atenção dos homens, por mais que ela mesma não reparasse, então, assim que os olhos do rapaz de não mais de vinte e dois anos pousou em sua pessoa Frisk sentiu um arrepio passar por sua coluna, achando-se constrangedoramente exposta.

Olhar lascivo, quase ao ponto de predatório, era como ser devorada com um só olhar e isso não era nada confortável. Frisk queria esconder-se dentro de um buraco e apenas sair quando não estivesse mais na presença do rapaz, piorando assim que ele se aproximou, ainda vacilando em cada passada. Sem qualquer permissão ele enfiou-se entre Sans e Frisk, passando um dos braços pelo ombro da morena, rosto fedendo a álcool muito próximo a ela.

— O que temos aqui! - cantarolou, o som de sua voz soando arrastada e embolada em algumas palavras. Frisk tentou se afastar, mas o rapaz mantinha-se firme a sua pessoa. - Uma gracinha de garota. Será que seu amigo não se importaria se te levasse comigo? Tenho certeza que posso oferecer muito mais do que um esqueleto.

Frisk sentiu a língua do rapaz passar por sua orelha. Era tão repugnante e ela se encontrava tão indefessa tentando afastar-se daquele sujeito sem inferir dano. Ela estava assustada, ela queria que parasse, mas ele a apertava mais contra seu corpo, a mão começando a vagar para suas coxas.

Todavia, antes que pudesse continuar Frisk sentiu um arrepio de magia. Era uma magia muito conhecida, extremamente conhecida e ela sabia, seu corpo instintivamente sabia que sentir aquele poder apenas significava que alguém teria um momento muito ruim.

— Ei, parceiro. - a voz era profunda, Frisk pensou nunca ter ouvido tal agressividade na voz de Sans alguma vez. Ela soava ainda mais grossa, ainda mais... perigosa. - Eu acho que não te ensinaram a ter boas maneiras com mulheres. Eu vejo perfeitamente que ela não quer nada com você, então, faça um favor a si mesmo e solte-a.

— Vamos lá, cara. Não seja um estraga prazeres, apenas queria ter um momento legal com essa belezinha.

— Ou você vai embora agora ou eu não garanto que vá sair inteiro. - uma das mãos de Sans segurou o pulso do rapaz, tão forte que Frisk jurava conseguir ver cada veia do braço saltar, elevando-se em sua pele começando a tornar-se avermelhada. Sans estava parando-lhe a circulação do braço do rapaz apenas com sua força. - Bebida não é desculpa para agir dessa maneira. Eu odeio caras como você. Bastardos como você deveriam queimar no inferno.

Os olhos azuis de Sans perderam o brilho. Frisk recordava-se bem quando, em seu universo, isso acontecia e suas orbitas ficavam escuras. Mas agora Sans não era um esqueleto, ele era um humano e tinha orbitas oculares, ele tinha olhos que não poderiam simplesmente sumir de sua face. Entretanto foi como se exatamente isso tivesse acontecido e por instante os olhos de Sans tivessem se convertido por completo em um negro profundo.

Ele com toda certeza iria ferir aquele rapaz. E Frisk simplesmente não poderia deixar isso acontecer, Sans estaria em problemas se o fizesse, por sua causa, ela não poderia deixar.

— S-sans... - chamou, sua voz rouca pela falta de uso sendo usada pela primeira vez nesse universo. Foi uma reação automática da adrenalina do momento, Frisk não necessariamente estava pensando em usá-la, mas tinha sido o suficiente para chamar a atenção de Sans e dar a oportunidade perfeita para o rapaz se soltar, caindo sobre seu traseiro em seu desespero em escapar. Frisk também havia recuperado a compostura nesse meio tempo "Não tem que machucá-lo, deixe-o ir."

Sans soltou um grunhido, assustando ainda mais o pobre rapaz que rastejou de volta para dentro do prédio, completamente apavorado. Frisk suspirou em alivio e então voltou-se para o rapaz a sua frente, mãos afundadas no bolso, rosto contorcido em uma careta e corpo ainda tenso com toda a situação. E mesmo assim Frisk sorriu.

"Obrigada. Por me ajudar e por me escutar" Sans, por sua vez, negou a cabeça de forma exasperada.

— Você é estranha. O cara basicamente estava indo para te estuprar e você ainda me pede para não machucá-lo? Sério?

"Não creio que chegaria a tanto, você estava aqui comigo." Frisk deu de ombros, os olhos caindo para seus próprios pés. "Mas eu realmente não gostaria que você o machucasse. Sempre existe uma forma pacifica de resolver a situação."

— Pff! Você é realmente uma peça, garota! - Sans riu, fazendo Frisk corar profundamente. Sim, ela era diferente, muitos a chamariam de estupida por suas atitudes pacifistas, mas ela gostava de ser assim. Era a coisa certa, não era?

"Deixando isso de lado, você quer entrar? Ainda temos o resto da noite para aproveitar."

— Não acredito que serei um bom par para dançar com você, Kiddo. Eu tenho dois pés esquerdos.

"Vamos! Eu te ensino!" Frisk insistiu, saltando do lugar onde estava sentada e puxando Sans para a entrada do prédio, um enorme sorriso desenhado em seu rosto. Ela estava determinada a levá-lo para dançar!

Sans se deixou levar, que mal faria apenas uma dança? E Frisk não estava com cara de quem desistiria tão cedo.

Frisk arrastou Sans para a pista de dança, perto de onde Papyrus, Mettaton, Undyne e Alphys ainda se mantinham, Chara e Asriel haviam se juntado também, bem próximos um do outro. Frisk não chegou a reparar no olhar descontente que sua irmã chegou a lançar-lhe assim que colocou-se a dançar com Sans, estava demasiadamente concentrada em procurar um ritmo certo para mover seu corpo junto ao do rapaz a sua frente. Todavia Sans sim reparou, devolvendo o olhar com um de completo desinteresse, sorriso desdenhoso em seus lábios, indicando que qualquer olhar que ela o enviasse ele não se importaria, já tinha lidado com piores. Não era sua culpa, também, que a garota insistisse em aparecer nos lugares onde ele estava e muito menos que insistisse em aproximar-se dele.

Não era como se estivesse reclamando também. Frisk era uma boa presença, apreciava suas piadas e trocadilhos, escutava o que ele falava sem parecer entediada ou desinteressada, não insinuava nada e não insistia em perguntas as quais reparava que ele não queria responder, era tranquila, sua presença era reconfortante por si só, como se nunca pudesse julgar alguém. Ele no começo desconfiou de sua personalidade supostamente agradável, agradável de mais para o seu gosto. Sans havia deixado de confiar muitas vezes por ter sido enganado por um sorriso convidativo, Sans não poderia ser deixar enganar agora, principalmente depois de saber que tinha algum relacionamento com Chara. Entretanto, quanto mais se afundava nesses encontros casuais, quanto mais conhecia aquela garota, mais sentia como se ela não tivesse absolutamente nada a esconder.

Uma anomalia. Uma anomalia completamente pacifica.  

Isso o fazia se sentir mais aliviado em deixá-la próxima a Papyrus, mas não significava que sua atenção tinha caído. Ela ainda era irmã de Chara, tudo era imprevisível com relação a essa garota. Mesmo que não tivesse visto nada até agora ele sabia que existiam aqueles que mentiam muito bem.

Seja como for eles dançaram por alguns minutos. Frisk o ensinou alguns passos, não se incomodando nem um pouco com sua falta de habilidade ou as vezes em que pisava em seu pé e Sans mentiria se dissesse que não estava apreciando o contato. Frisk era uma garota bonita, não poderiam culpá-lo! Qualquer garoto se sentiria feliz estando em sua situação. Todavia, ainda foi impressionante ver que em pouco tempo ela havia conseguido pegar seu ritmo e ambos começaram a manter um dança mais constante, ainda desengonçada, melhor que a do começo.

E ele se divertiu, não poderia negar. Era uma situação com a qual nunca se imaginou fazendo parte. Ele era um preguiçoso desanimado na maior parte de seu tempo, apreciava ser apenas o observador, lhe dava mais noção do que acontecia. Ele nunca imaginou que fazer parte da ação poderia ser... Gratificante?

Depois de um tempo, Sans recebeu um sinal discreto por parte de Chara para se afastar. Ela provavelmente iria importuná-lo por estar mantendo-se perto de sua irmã. Foi divertido para ele ver Chara tentar fazer-se de insensível, e mesmo assim se importar tão visivelmente para o que acontecia com sua família.

Ela não era tão sem alma como gostava de posar às vezes.  

Eles haviam reunido-se próximo aos banheiros, longe o suficiente para que a musica não os atrapalhassem e não precisassem gritar para conversar um com o outro. A maioria dos que passavam naquela parte também, ou estavam concentrados de mais em devorar a língua de seu companheiro ou bêbados de mais para se quer prestar atenção na conversa que estariam a ter.  

— Quantas vezes eu vou ter que te falar para ficar longe de Frisk, comediante de merda?! Ela não é uma de suas putas que você pode ficar brincando como quer!- Chara rosnou, assim que encontravam-se frente a frente um para o outro, o estreito corredor completamente vazio. Sans unicamente deu de ombros.

— Não posso fazer nada se ela continua a aparecer em todos os lugares que estou. - seus olhos azuis avaliaram a garota a sua frente, mãos no bolso preparadas para qualquer ação violenta que pudesse ser desencadeada com a conversa. - Ela é o imã para confusões, dando azar de atrair a pior delas.  

— Eu não estou brincando aqui, Sans! - sibilou. -  Eu realmente espero que não esteja pensando em envolvê-la em nossos assuntos. Frisk é do tipo de pessoa que não importa quanta merda lhe joguem na cara, ela ainda vai permanecer a ter a mentalidade ignorante e ingênua de confiar em qualquer um que lhe aparece na frente. Não quero ter que explicar a Asriel por que tivesses que enterrar nossa irmã. E se isso acontecer você não queira nem imaginar o que serei capaz de fazer.

— Eu já entendi, Chara. Pare de bancar a insensível comigo, sabe que posso ver através de você agora. É perceptível que você não se preocupa com ela apenas por causa de seu amado irmão! Você ama ela, assim como eu amo Papyrus, você se preocupa com ela. Então faça um favor a si mesma e pare de mentir.

— E o que você sabe, idiota?! Pensa que me conhece tão bem assim?! - Chara soltou uma gargalhada sem humor, olhos desdenhosos na direção do rapaz a sua frente. Ela não estava gostando da linha que o assunto estava tomando.

— Não te conheço Chara, mas ainda sei como pessoas iguais a mim agem. Agora não me confunda com você, eu não gosto de envolver pessoas em meus assuntos, eu não estou nesse mundo porque quero, diferente de você. - Sans deu de ombros, os olhos reluzindo ainda mais do que nunca. Chara por sua vez estava tensa em seu lugar, a tensão subindo. - Papyrus gosta dela, e devo admitir que não é uma má companhia. Eu notei o jeito que ela é, mas ainda manterei meu olho sobre ela até ter certeza que não é uma ameaça para meu irmão, você querendo ou não. Então ature nossos encontros casuais, não é como se você pudesse controlá-los.

E assim Sans deixou a garota sozinha. Seu humor havia sido lavado para longe, ele não estava mais com ânimos para festa, então se recostou em um canto qualquer, observando aqueles que permaneciam a dançar.

Frisk havia juntado-se a Asriel, rindo divertida enquanto ele a girava de um lado para o outro e tentava acompanhar seus movimentos mais precisos e complexos, sem muito sucesso. Observando seu sorriso, porém, Sans não sabia exatamente o que pensar. Sim, ela ainda era uma incógnita em sua equação, mas ela não parecia uma ameaça, apenas uma garota ingênua em um mundo de flores.

Talvez ele deveria conhecê-la um pouco mais?


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Notas finais do capítulo

Voltando a afirmar que essa parte introdutória é realmente bem lenta. Não chegamos nem perto do ponto que quero levar essa fanfic, então espero que não tenham se enjoado ainda.
E gente esse eu passei da conta, ficou muito grande. Os capitulos estão ficando em uma média boa, mas sempre vai ter aquele que vai extrapolar. Oh bem, se algum leitor preferir capitulos mais curtos, sinto muito, eu tenho bloqueio para isso, sério mesmo, não consigo.
Bem, espero que tenham apreciado e matenham-se determinados! Próximo capitulo semana que vem!
Bye!