FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 9
Voluntária - 288 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Yooo de novo, alguns começaram a me perguntar sobre a magia desde que coloquei o capitulo cinco da fanfic. Bem, esse daqui com toda certeza vai acrescentar um pouco suas expectativas sobre o assunto. Sem falar de começarmos a introduzir de verdade o casal SansxFrisk.
Como alguns devem ter reparado eles estão ainda lentamente se aproximando com seus encontros casuais, mas sem realmente sentimentos que passem de admiração ou curiosidade, o conhecimento inicial. Avisando também que vão ser um casal bem Fluffy.
Bem, deixando de enrolar, apreciem o capitulo (seria engraçado postar isso no natal, mas não vou esperar até lá para isso...)



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FusionTale - Voluntária - 288 dias para Reset

Diga-se de passagem que o natal era outra das épocas do ano mais esperadas. O inverno vinha com força total, neve acumulava-se nas ruas e telhados em toda a cidade, muitas vezes as escolas paravam de funcionar por consequência da quantidade de neve que insistia em cair todos os dias até o chegar da primavera. Mas no natal, em especifico, era quando a neve refletia as cores dos enfeites reluzentes que eram postos ao redor da casa, onde o amor, carinho e bondade enchiam o ar e deixava tudo mais alegria, mais esperançoso.

Renovava exponencialmente a determinação que enchia Frisk.

Ela não se recordava do ultimo natal que havia comemorado. Apesar das memórias desse universo, não era o mesmo que vivenciar ao vivo e a cores todos os eventos provenientes desses eventos. E ainda com o aumento de seu grupo de amigos, com a união constante que se estabelecia entre eles, foi mais um motivo para que Frisk acordasse naquela manhã, apressando-se para a sala mesmo que ainda se mantivesse de pijama, ansiosa para começar aquele dia.

Debaixo da bem decorada e iluminada árvore de natal estavam os presentes. Todos na casa eram velhos de mais para acreditar em contos como Papai Noel, apesar de Frisk gostar da magia dos contos do enorme homem velho e gordo vestido de vermelho a levar presentes para as crianças de todo mundo, mesmo assim ainda era bom manter a tradição e apenas abrir os presentes na manhã de natal, debaixo da árvore, com toda a família reunida.

Frisk, no começo, deparou-se quase imediatamente com sua mãe, arrumando a mesa de café da manhã  com as mais fartas variações de comida que a garota poderia imaginar. Seu estomago roncou em antecipação, a boca salivando com a visão apetitosa da mesa repleta de alimentos de aspecto delicioso. E Frisk sabia que esse atrativo café da manhã não seria nada comparada a ceia que seria servida naquela noite, preparada para diversos convidados que viriam para comemorar a data.

Normalmente se comemoraria da passagem do dia 24 ao dia 25, mas eles não estavam se importando muito para essas tradições. Uma pequena mudança não mataria ninguém, não é? Então, independente do dia, o importante era reunir todos os amigos e familiares em um mesmo lugar, comer até não aguentar mais e trocar histórias de vida engraçadas, intrigantes ou até mesmo dramáticas.

Frisk definitivamente amava o natal.

— Bom dia, minha criança. Primeira a acordar, pelo que vejo. - sorriu sua mãe, divertindo-se com a animação que Frisk sentia logo no começo da manhã. Frisk, por sua vez, respondeu com o maior sorriso que poderia dar saltando para os braços de sua mãe e depositando um estalado beijo em sua bochecha. Toriel riu. - Agora, vá compartilhar sua emoção com seus irmãos e acorde-os para que venham comer o café. Ah! E tente não exagerar com Chara para não amargar-lhe o humor, sabe como ela fica quando é acordada de forma exagerada.

Assentindo com emoção e batendo uma divertida continência Frisk colocou-se a correr de volta para os quartos, primeiro adentrando no de seu irmão. Sentia-se de volta a ser criança, pulando sobre o corpo recolhido debaixo dos cobertores e prontamente escutando o gemido de desgosto de Asriel pela forma brusca de ser acordado. Frisk por sua vez riu, tão infantilmente quanto o sentimento que lhe preenchia o peito. Ela pulou mais uma vez, ao perceber que seu irmão não tinha aberto os olhos ainda e outra quando ele tentou escapar para voltar a dormir. Ela não deixaria tão fácil assim, todos deveriam levantar-se para começar aquele maravilhoso dia.

— Tudo bem, Frisk. Já estou acordado, agora saia de cima de mim. - resmungou Asriel em seu estado ainda grogue, voz arrastada e rouca pelo sono. A morena por sua vez sorriu em animação, procurando ver seu irmão levantar-se da cama antes de finalmente dirigir-se ao próximo quarto.

Tudo bem, Frisk dormia no mesmo quarto que Chara, por isso era impressionante que ela ainda não tivesse despertado apenas com a confusão que a pequena garota havia aprontado apenas para se levantar. Outro detalhe era que Chara odiava, do fundo de sua alma, ser despertada cedo, independente da maneira. Frisk já tinha presenciado esses momentos algumas poucas vezes e em todos eles ela tinha ficado com a impressão que sua irmã mataria alguém a qualquer momento do dia até finalmente voltar a dormir. Por tal Frisk deveria ser muito cuidadosa no que iria fazer agora.

Por instante cogitou em desistir, mas prontamente o pensamento foi substituído por uma profunda determinação que a encheu de coragem. Ela acordaria Chara naquele exato momento independente das dificuldades e riscos!

Todavia, ser precavida ainda seria bom. Frisk não queria descobrir se seu save ainda funcionava, por isso foi na direção do armário, pegando uma pequena caixa escondida debaixo das roupas e dela uma barra de chocolate que tinha sido escondida ali na semana passada. Aquilo poderia persuadir Chara pelo menos ao ponto de convencê-la a não matá-la naquele dia.

Agora, com a determinação enchendo sua alma e a barra de chocolate como medida de proteção em sua mão, Frisk esgueirou-se para perto da cama de sua irmã, ajoelhando-se ao lado de seu rosto.

Chara dormia esparramada na cama, cobertores jogados para o lado embolados em apenas uma das pernas abertas. Sua boca estava aberta e um pequeno caminho de saliva escorria pelo canto da boca, cabelos desgrenhados sobre o travesseiro que quase havia sido jogado para fora da cama, era uma visão deveras engraçada, talvez o único momento em que Chara não parecia realmente perigosa ou assustadora.

Com cuidado Frisk ergueu uma de suas mãos, cutucando com o indicador a bochecha de sua irmã, que permaneceu imutável no lugar. Tentando uma segunda vez, Frisk foi recompensada com um ligeiro franzir da testa. Mais uma e um gemido de desgosto havia sido liberado. Outra e agora Chara tentava uma nova posição para dormir. Frisk esticou-se um pouco mais e cutucou novamente sua irmã, recebendo um grunhido irritado. Outra e Chara tentou escapar novamente. Mais uma e Frisk tinha certeza que Chara estava acordada, apesar de manter-se de olhos bem apertados e fechados. Outra e por fim...

Chara sentou-se abruptamente na cama, os olhos vermelhos fervilhando em pura raiva enquanto procurava a causa do incomodo que a havia tirado de seu sono. Todavia, assim que seus olhos pousaram-se em Frisk a mesma tinha o chocolate erguido em uma de suas mãos, um enorme sorriso desenhado em seu rosto e o olhar mais inocente que poderia colocar em sua face.

Por sua parte Chara a encarou com o cenho franzido para em seguida tomar o chocolate de suas mãos, em um bufo de irritação.

— Está perdoada dessa vez, mas nem ouse fazer isso de novo. - resmungou, Frisk assentindo com alegria.

Todos se dirigiram para o café da manhã, tão animado quanto era de se esperar de uma manhã de natal. Em seguida o dia correu com os preparativos para a chegada dos convidados naquela noite. Frisk, depois de ajudar sua mãe no que podia aproveitou o tempo que lhe restou para uma guerra de bolas de neve com Asriel no jardim de casa, envolvendo Chara apenas quando, não muito acidentalmente, acertaram-lhe uma bola de neve em seu rosto.

O resto só pode ser descrito como uma carnificina de neve. Nem mesmo com Asriel e Frisk juntando-se em um time de resistência puderam derrotar Chara em sua busca por vingança.

Ela saiu como a vencedora.

Quando a tarde começou a dar espaço a noite, Frisk, assim como os outros membros da família, foi arrumar-se para a ceia. Ela recordava-se muito bem do vestido de inverno que Mettaton a havia dado em uma de suas várias visitas ao shopping. Era uma peça avermelhada, grossa o suficiente para aquecer-lhe, mangas compridas até o final de seus pulsos, largo na saia e aproximando de seus joelhos. Por debaixo dele, em suas pernas, Frisk procurou colocar uma meia calça bastante grossa, negra como a noite, combinando com as botas macias as quais rodeavam-lhe quase por completo a canela. Seus cabelos castanhos haviam sido lavados e secos naturalmente, formando um ondulado natural que envolvia seu rosto arredondado de forma a deixá-lo ainda mais infantil do que normalmente era.

Em poucas palavras, Frisk estava adorável.

Foi por volta das sete ou oito da noite que os convidados começaram a chegar. Mettaton, Alphys e Nasptablook foram os primeiros, Mettaton quase infartado com a visão de Frisk a sua frente, tão encantado com o fato de que ela usava uma das roupas que ele havia tão carinhosamente lhe presenteado, jurando que lhe daria muito mais. Como se ele já não fizesse isso constantemente. Em seguida chegou Undyne, quase arrebentando a porta em seu caminho enquanto gritava aos quatro ventos que havia chegado. Bem, ela não poderia mudar, Undyne sempre seria Undyne. Tinn teve seu aparecimento logo depois, tão feliz como nunca. Por fim Gaster, Sans e Papyrus deram as caras, os últimos a chegar.

Assim que viu Pap, Frisk saltou a seu encontro, um longo e forte abraço sendo trocando enquanto Pap a levantava ao ar, gostosas gargalhadas de ambos espalhadas pela sala da entrada, como se fizesse anos que não se viam. O que não era verdade, Frisk havia criado uma proximidade quase de irmandade com Papyrus, muitas vezes indo a sua casa para experimentar suas novas criações ou receitas que ele havia trocado com seus colegas de faculdade, muitas vezes sentando-se no sofá enquanto comiam para ver os shows de Mettaton na TV. Frisk havia perdido a conta de quantas vezes Pap havia sido aquele que a buscou na escola, sempre aproveitando suas quebras na faculdade para ir com ela até a Muffet junto a Tinn e Blooky.

Frisk amava Papyrus, seu jeito inocente e infantil, seu enorme coração sempre cheio de vontade para estender a mão para quem precisava. Frisk não se incomodava nem um pouco em encher seu orgulho cada vez mais, como se Sans já não fosse o bastante para esse trabalho. Apesar que esse ultimo não reclamava muito dessa nova situação, ele nunca tinha visto seu irmão tão reluzente como estava presenciando esses dias.

Papyrus na verdade não tinha muitos amigos. Seu jeito normalmente extravagante e de aspecto egocêntrico costumava espantar as pessoas que não se interessavam em conhecê-lo mais a fundo. Sans teve um árduo trabalho para manter a autoestima de seu irmão ainda erguida mesmo que seu maior desejo, o de ser popular, não tivesse sucesso. Como um irmão mais velho era sua obrigação manter seu irmãozinho sempre no caminho certo, protegê-lo e manter o enorme sorriso em seu rosto. Saber que agora ele estava, pouco a pouco, encontrando pessoas que realmente apreciavam sua presença fazia o trabalho de Sans ser mais prazeroso, mais do que o de costume.

Mesmo que sentisse um pouco de inveja por não ser mais a única causa do sorriso de seu irmão.

— WOWIE, FRISK! VOCÊ ESTÁ ENCANTADORA! - exclamou seu irmão, enquanto a pequena morena, já posta de volta ao chão, dava voltas em si mesma para mostrar como se vestia. Sans, por sua vez, foi obrigado a concordar, ele já sabia que a garota tinha suas graças, mas vê-la tão adorável sem qualquer uso de cosméticos ou extravagâncias, como a maior parte das mulheres que conhecia costumava usar, era simplesmente impressionante. Se ele não fosse tão desconfiado talvez teria caido a seus pés naquele exato instante.

"Teria que olhar-me apresentável para a incrível presença que é o Grande Papyrus" assinalou Frisk, um enorme sorriso em seu rosto, arrancando uma orgulhosa risada alta de Pap. Gaster sorriu com carinho, lançando um discreto mover de cabeça em agradecimento para Frisk que respondeu com um enorme sorriso.

Ela havia descoberto, com as vezes que foi para a casa de Papyrus, que Gaster era um pai ocupado e às vezes ausente, mas não necessariamente negligente as necessidades de seus filhos. No começo ela não se sentia muito confortável em sua presença, ela não sabia exatamente o motivo, se era um decorrência de seus outros universos ou se era por seu ar naturalmente intimidante e recheado de magia, entretanto Gaster parecia se dar conta e dava-lhe seu espaço, sem questionar ou aparentar sentir-se ofendido. Aos poucos, em seu próprio tempo, Frisk foi se acostumando a sua presença e aprendendo mais sobre aquela pequena família.

Não muito no entanto, apesar de Papyrus ser bem aberto ele parecia ser ignorante sobre a situação mais profunda em seu próprio leito familiar. Frisk descobriu que Sans e Gaster não tinham um bom relacionamento, por algum motivo que nem mesmo Papyrus saberia como lhe responder, aparentemente havia começado há muito tempo, ele era pequeno de mais para recordar-se. Sans era apenas quatro anos mais velho que Pap, mas era um prodígio desde pequeno, por isso sua maturidade aparentemente aflorou cedo de mais. Gaster era um homem reservado, focado em seu trabalho, viúvo e parecia não ter muita experiência em cuidados domésticos. Frisk chegou a ter algumas conversas casuais com ele, perdeu a capacidade de falar em um acidente quando ainda estava na faculdade, onde também havia adquirido as cicatrizes e onde havia admitido que, diferente de Frisk e Papyrus, ele não tinha muito jeito com outras pessoas.

Sans... Sans era um mistério. Ele tinha coisas que escondia tanto de seu irmão como de seu pai, uma vida completamente sua, encoberta por ele mesmo. Frisk tinha a impressão ter relação com Chara, mas ela não teve coragem de perguntar. Se Sans queria que ela soubesse ele iria contar a ela, não precisava ficar cavando fatos que poderia incomodá-lo eventualmente. Além do mais ele não parecia querer muita intimidade com sua pessoa. Quando conversavam ele parecia querer manter uma distância dela, como se tivesse medo dela, como se estivesse desconfiado de alguma coisa.

Ela notava, ela via, mas preferia deixar que a história tomasse seu rumo por ela própria. Ela não forçaria, por mais que quisesse realmente ter sua amizade por completo.

A reunião continuou a seu ritmo. Asgore e Toriel tinham uma conversa aparentemente agradável com Gaster, se Frisk havia entendido direito o laboratório no qual ele, Sans e Alphys trabalhavam era financiado pelo governo da cidade, no caso, seu pai. Asgore recebia, então, relatórios constantes sobre os avanços em seus trabalhos, o mais recente aparentemente havia interessado Toriel também. Um pouco afastado da conversa Undyne e Papyrus tinham uma disputa de quedas de braço, fervorosamente incentivada por Mettaton e Tinn, cada um torcendo para um lado.

E pelo rosto corado de Papyrus e a determinação em seu olhar, Frisk já sabia muito bem para quem seu enorme amigo moreno estava torcendo.

Alphys por sua vez parecia um pouco hesitante com o que acontecia, juntamente com Blooky, Chara zombava de ambos, dizendo que os dois eram muito fracos e ela seria a próxima a tentar. Asriel procurava acalmá-la, um sorriso nervoso desenhado em seus lábios. O único que realmente estava faltando era...

Não demorou muito a encontrá-lo, porém. Sans havia se acomodado em um sofá mais distante, cabeça jogada para trás no encosto de sua cadeira, pernas esticadas e jogadas, mãos no bolso e ombros relaxados. Frisk reparou sua respiração irregular, porém, ela tinha notado as olheiras por debaixo de seus olhos, destacadas por culpa de sua pele extremamente branca. De primeira impressão ela pensou que fosse apenas cansaço, afinal ele deveria trabalhar tanto quanto seu pai, por mais inacreditável que fosse tal pensamento, entretanto, vendo-o daquela maneira agora, ela questionava-se se não fosse por ele estar doente.

Tomando coragem e determinação ela se aproximou, sentando-se a seu lado e dando um pequeno sinal de advertência que estava ali. Sans quase não ergueu a cabeça, por sua vez, simplesmente encarando-a de canto e deixando escapar um pequeno sorriso fraco.

— E aí, Kiddo? Tudo bem? - questionou, a voz soava natural, mas por culpa de sua respiração pesado Frisk conseguiu notar que algo realmente não estava certo.

"Você está se sentindo bem, Sans? Parece um pouco... Doente." o rapaz se endireitou na cadeira, o sorriso cansado ainda em seu rosto. Uma de suas mãos direcionaram-se para os cabelos castanhos de Frisk, bagunçando-os um pouco antes de finalmente responder a pergunta.

— Apenas uma noite mal dormida ontem, nada de mais, Kiddo.

"Para você nada é importante." Frisk novamente assinalou, um pequeno amuar com os lábios enquanto retirava a mão do rapaz de sua cabeça. Sans, no entanto, vacilou um pouco em seu sorriso. "Sans, se precisa de alguma coisa não precisa evitar falar. Sabe, algumas pessoas, realmente se preocupam com você."

O rapaz desviou o olhar, um pouco abalado. Droga, aquela garota queria fazê-lo se apaixonar. Claro, era uma figura de linguagem, ela era terrivelmente atraente, terrivelmente amigável... Merda! Agora ele entendia como todos ali tinham caído tão facilmente para ela. Sans não conseguiu evitar o pequeno sorriso que lhe surgiu, talvez ele também não conseguisse durar muito tempo em sua resistência. Se até mesmo Chara não havia aguentado... Quem era ele para fazer isso?

— Estou realmente bem, Kiddo. Foi apenas uma noite ruim que ainda não consegui me recuperar, não se preocupe, ok? - a garota assentiu, ainda hesitante. Alguém poderia ser realmente tão bom? - Agora, vamos falar de outra coisa. Não gosto muito de ser o centro das atenções. Você sabe, todos nós temos o lado positivo e negativo, a pilha está aí pra não me deixar mentir.

— SANS! EU OUVI! - gritou Papyrus desde um canto qualquer, alongando o braço depois de sua disputa com Undyne. Frisk tinha soltado uma leve gargalhada.

— Ora, vamos lá Pap. Não pode ser pior do que carro de funerária, esse só anda em ponto morto.

— SANS! - o rosto e Papyrus se tornava vermelho, veias aparecendo em seu pescoço, como se estivesse realmente irritado. Mas Frisk podia ver que ele estava segurando-se para não rir.

— Ei, Pap, não fique assim. - riu Sans, ignorando completamente o estado enfurecido de seu irmão. - Oh, que tal mais uma!

— SANS, EU ESTOU AVISANDO...

— Imagina se chovesse relógio, ia ser da hora.

— ARG! VOCÊ E SEUS TROCADILHOS IDIOTAS, SANS! E FRISK, NÃO O INSENTIVE!

Frisk não aguentou, gargalhadas exageradas não paravam de sair, contorcendo-se no sofá onde estava sentada, sem saber exatamente se estava rindo dos trocadilhos em si ou das reações espalhafatosas de Papyrus. Parecia muito bem que seus olhos iam saltar das orbitas de tanto descontentamento que o pobre rapaz sentia. Sans adorava irritar seu irmão, Frisk não sabia exatamente o motivo, talvez fosse uma maneira de aproximá-los, ou talvez Sans apenas se divertisse com os ataques de Papyrus.

— Vamos, Bro. Você está sorrindo.

— EU SEI, E EU ODEIO ISSO!

Depois disso a situação tinha se desenfreado. Toriel havia se animado e juntado-se a Sans na disputa de trocadilhos, Frisk quase morria de rir no sofá junto a Tinn, enquanto Papyrus, Asriel, Chara e Asgore gemiam em desaprovação pelo que estavam sendo forçados a escutar. Undyne ria as vezes enquanto Alphys procurava esconder as gargalhadas que lhe queriam escapar. Até mesmo Gaster parecia divertir-se com a situação, rindo uma vez ou outra com determinados trocadilhos.

A situação apenas abrandou quando finalmente o assunto foi dispersado. Sans juntou-se a conversa entre Asgore, Toriel e Gaster sobre o trabalho, Undyne desafiava Chara para mais uma disputa de quedas de braço enquanto Asriel e Papyrus iam atacar os doces na geladeira. Frisk sigilosamente esgueirou-se para perto de sua mãe, sentando-se em seu colo para poder escutar a conversa, sua curiosidade picando sua mente durante toda a noite.

Acabou por ganhar uma leve caricia em sua cabeça por parte de sua mãe, carinhosamente entrelaçando os dedos em seus curtos cabelos, penteando-os lentamente. Frisk não poderia estar mais feliz com o bônus.

O assunto não era tão complicado, apesar de ser delicado. Aparentemente Gaster, Alphys e Sans trabalhavam com o desenvolvimento de algum método que possibilitasse o uso de magia para aqueles que não possuíssem, isso possibilitaria a escolha do uso ou não da mesma para qualquer pessoa e ainda por cima abrandar um pouco do preconceito que circundava o mundo. Entretanto, apesar da pesquisa ir relativamente bem, eles haviam chegado em um ponto sem saída, precisando de algum voluntário para a realização de testes. Os com animais já não produziam mais resultados satisfatórios, já que uma alma animal não gerava a mesma energia que a alma humana, suas propriedades eram diferentes. Asgore, por sua vez, estava indeciso no que fazer. Divulgar a pesquisa poderia ser arriscado, muitos poderiam não aceitar a ideia com leveza e, dependendo dos resultados dos testes, a situação na cidade, talvez até mesmo no mundo, poderiam piorar.

Se desse certo seria uma revolução na forma de pensar e na estruturação do mundo inteiro. Em contrapartida se desse errado muito provavelmente a oposição usaria de tal artifício para convencer a população que tais pesquisas apenas trariam o caos da população não mágica, forçando-os a serem o que não são sem a garantia de sucesso.

Frisk, por sua vez, sentia-se determinada. Não apenas ajudaria no propósito que ela mesma havia adotado, como também possibilitaria aprender alguma coisa nova. Como seria poder usar magia? O que ela seria capaz de fazer? Ela podia sentir a curiosidade queimando sua entranhas e incentivando-a a intrometer-se no assunto. Ela não se importava com as consequências, ela queria tentar, ela estava determinada a conseguir.

Frisk então puxou a manga do vestido de sua mãe, chamando-lhe a atenção.

"Eu posso ser voluntária?" ela perguntou, assinalando com suas mãos enquanto o rosto reluzia em expectativa. Toriel, por sua parte, parecia surpresa e hesitante, ela não sabia se estava preparada para ter sua própria filha usada como cobaia para um teste sem qualquer base ou hipótese de resultados.

Seus olhos caíram em Asgore, chamando-lhe a atenção e sussurrando a situação em seu ouvido por um momento. Ambos se encararam, conversando silenciosamente por seus olhares enquanto tentavam pensar no que fazer exatamente. Por um lado seria um ponto positivo que Asgore mostrasse sua confiança em tal pesquisa aceitando a participação de sua própria filha nele, entretanto ainda vinha o medo paternal dos possíveis resultados errados que poderiam chegar a suceder com o decorrer dos testes. O prefeito encarou sua filha que continuava a espera de uma resposta, o rostinho de criança quase implorando-lhe para permitir, ela estava fervendo em determinação.

Ele sabia que Toriel não estaria muito de acordo, mas por algum motivo Asgore sabia que, mesmo se negasse, Frisk não o escutaria. A garota mostrava em seu próprio rosto que faria parte do projeto com permissão ou não. Ele não tinha outra escolha, apenas rezar para que tudo ocorresse na mais perfeita ordem.

— Tudo bem, Frisk. Você pode ser voluntária. - respondeu em um suspiro, recebendo em troca um animado abraço da alegre garota. Pai e filho Skelton, por sua vez, mantiveram-se a encarar a situação sem saber exatamente se haviam entendido corretamente. Sans observou Frisk saltar para a cozinha, talvez com a ideia de furtar um pouco de doce junto de seu irmão e de Papyrus. Será que ela chegou a pensar que o que faziam era perigoso? - Gaster, por favor, poderia me garantir que nada vai acontecer com minha filha? Ela não iria desistir tão fácil dessa ideia, parece estar realmente interessada.

"Não se preocupe, senhor. Darei o meu melhor para garantir sua segurança e o sucesso de nosso trabalho" garantiu Gaster, recebendo um olhar agradecido de seu velho amigo. Ambos tinham estudado na mesma faculdade, suas esposas tinham sido amigas bastante intimas e por consequência juntado um ao outro. Gaster era fiel a Asgore e Asgore sabia que poderia contar com seu amigo para qualquer coisa, seja ela qual for.

Enquanto Sans, ele talvez nunca chegasse a realmente entender o que se passava pela cabeça de Frisk.


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Notas finais do capítulo

A partir do próximo teremos mais participação de Alphys e Gaster na história (acho que vocês entenderam o motivo).
Estamos chegando próximo a algumas tretas iniciais, não esperem muita emoção ainda, mas pode tirar um pouco a monotonia que estão vendo.
Aliás, OtomGi me mandou mais uma de suas Fanarts, ainda com o tema no acampamento, mas tão impressionante como qualquer outra que ela fez:


http://imgur.com/Tf6uWvZ

Bem, acho que é isso, espero que tenham gostado e continuem determinados!