FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 7
Alphys, Gaster e Animes - 363 para Reset


Notas iniciais do capítulo

Ok, esse realmente foi um pouco complicado, mas consegui terminar.
Leitores de todo meu coração, estou adorando a participação continua de todos vocês, não fazem ideia de quanto me deixam feliz e determinada a levar essa fanfic até o fim, por isso darei meu melhor para merecer todos vocês!
Aproveitem o capitulo.



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 FusionTale - Alphys, Gaster e Animes - 363 para Reset

Quando você quer sair com uma pessoa para algum lugar, normalmente, você marca com o suposto envolvido ou, pelo menos, pede seu consentimento e sua disponibilidade no momento para ir onde você quer que ele vá junto de você. É claro que Mettaton parecia não saber desse tipo de necessidade diplomática social. Ele era do tipo que, quando colocava alguma coisa em sua cabeça, simplesmente fazia sem pedir o consentimento de ninguém, mesmo que envolvesse mais de uma pessoa.

Não era como se ele não se importasse com a opinião de outras pessoas, ele simplesmente agia sem pensar porque achava que todos iriam apreciar. Era seu jeito excêntrico de ser, simples assim. E Frisk compreendia isso mais do que ninguém. Ela realmente fazia, seu coração tinha um carinho enorme para com a estrela de televisão, mesmo que ele chegasse em uma manhã de sábado em sua casa, quase arrombando a porta da frente, a forçasse a vestir uma roupa para sair e então a arrastasse para fora de casa sem qualquer tipo de explicação ou consentimento a partir de sua pessoa. Frisk o amava mesmo com tudo isso.

Bem, no final, ela já estava acostumada com toda a excentricidade de Mettaton.

Não muito tempo depois de ter sido arrastada para dentro do carro exageradamente chamativo de Mettaton, Frisk descobriu que estava indo ao encontro de Alphys, a irmã mais velha de seu grande amigo artista. Aparentemente ela havia esquecido o dinheiro de sua passagem de ônibus em casa e, como todo um bom irmão que era Mettaton, ele a iria buscar no centro de pesquisas no qual ela trabalhava e, aproveitando-se da situação, apresentá-la para Frisk, a qual não a conhecia naquela dimensão.

De acordo com o moreno já havia passado da hora de ambas serem apresentadas. Frisk era uma grande amiga de Nasptablook e, muito provavelmente, melhor amiga de Mettaton, se não sua Barbie pessoal, motivos o suficiente para, pelo menos, conhecer pessoalmente Alphys. Todavia, assim como o próprio Mettaton havia afirmado, Alphys era muito tímida e introspectiva para seu próprio bem, muito semelhante a Blooky, sem falar de focada em seu trabalho. Nas poucas vezes em que Frisk foi capaz de ir na casa dos três, Alphys ou estava no trabalho ou ocupada com algum tipo de atividade relacionada a ele em seu quarto.

E mesmo assim, Mettaton ainda afirmava freneticamente que esse ultimo era apenas uma desculpa para que ela não tivesse que pausar seus animes e conhecer uma nova pessoa. O que Frisk também não duvidava. Se essa Alphys fosse igual a que conhecia em sua própria dimensão, essa atitude não seria completamente estranha.

Frisk chegou a questionar-se se a Alphys dessa dimensão conhecia Undyne e se as duas mantinham algum tipo de relacionamento.

Ela verdadeiramente desejava que sim.

Não demorou muito para que chegassem ao lugar, localizado no bairro de Hotland na cidade de Ebott, muito próximo a periferia da cidade. Frisk vivia em New Home, bem mais ao centro, no lado nobre, não que realmente esse ultimo detalhe importasse em alguma coisa para ela, mas parecia causar um efeito engraçado em outras pessoas. Como seja, o lugar no qual Alphys trabalhava deveria ser muito maior do que seu laboratório no subterrâneo em sua dimensão.

Assim que entrou Frisk conseguiu ver paredes brancas maçantes cominando-se com os azulejos brancos do chão e o teto de reboco igualmente branco. O cheiro de produto químico inundava o ar, sons eletrônicos junto ao suave ecoar dos saltos de sapatos a bater ritmicamente no chão eram os únicos a encher o lugar. Nem ao menos parecia que os funcionários, vestidos em luxuosos jalecos brancos, pareciam conversar entre si enquanto trabalhavam, mesmo que fosse sobre o próprio trabalho. Frisk se sentiu um pouco deslocada com suas roupas coloridas no meio de tanto branco, era como se ela fosse um pontinho destacado no meio de um papel qualquer.

Ela estava demasiadamente constrangida, revolvendo-se inquieta em seus próprios pés.

Mettaton, por sua vez, como era de se esperar de seu caráter, ergueu a cabeça, segurou o pulso de Frisk e a arrastou para dentro da construção, muito seguro para onde deveria ir, como já tivesse estado ali milhares de vezes antes. Frisk reparou que a maior parte das salas era separada dos corredores por grossos vidros sobre pequenos muros de não mais de noventa ou oitenta centímetros. Até mesmo as portas eram feitas de vidro, ligeiramente esverdeado, todavia ainda translucido, possibilitando ver todas as atividades realizadas por trás deles.

— Frisk, querida, você poderia esperar aqui por alguns minutos enquanto vou arrancar Alphys de sua mesa? - Frisk não tinha reparado que haviam se detido em frente a uma encruzilhada, uma parede sem vidro estava a suas costas sustentando pelo menos cinco bancos de cores verde limão e um bebedouro qualquer. Frisk poderia ver mais quatro caminhos, um deles pelo qual haviam chegado, estava ligeiramente perdida por ter se distraído enquanto andava, então, talvez, realmente fosse melhor esperar Mettaton. - Não se preocupe, honey, não vou demorar.

Acomodou-se em uma das cadeiras enquanto observava seu amigo desaparecer em um dos corredores a frente. Ela não sabia quanto tempo teria que esperar até ele voltar e com os poucos segundos depois de se acomodar na cadeira já se encontrava terrivelmente entediada. Deveria ter trago um livro, mas com a pressa que foi apenas para ser arrastada para fora de casa realmente não teve tempo de pensar que ficaria parada a esperar. Pelo menos tinha um celular para tentar distrair-se do tédio.

Frisk era pequena o suficiente para colocar seus pés sobre o banco, joelhos colados ao peito, queixo apoiado nos joelhos e braços envolvendo as pernas com ambas as mãos segurando o celular e remexendo em tudo que pudesse encontrar de interessante nele. Primeiro foi a música, fones de ouvido postos na orelha com um som relativamente alto. Em seguida foram os aplicativos de jogos os quais tinha acessível em seu telefone, já que não conseguia ter acesso a internet, pelo menos poderia distrair-se com um jogo ou outro. E se ainda mantivesse entediada sempre havia um ou outro documento salvo em seu celular para ler.

Esse celular podia não transformasse em uma mochila a jato ou lançar lazer ou mesmo guardar itens como o que Alphys havia projetado no Underground, mas ele ainda podia ler arquivos em PDF ou Word, sem falar de sua vasta memória para vídeos, musicas, fotos, entre outras coisas mais.

— Frisk? - a voz conhecida sobressai-se aos demais sons alguns minutos depois de ter finalmente distraído-se com seu celular. Ergueu a cabeça para encarar aquele que a havia chamado, surpreendendo-se ao encontrar-se com ninguém mais ninguém menos do que Sans, vestido em um jaleco branco que chegava próximo aos seus joelhos, calças jeans negras e botas de couro desgastadas em seus pés. Suas mãos estavam dentro dos bolsos, mas ela ainda podia identificar as luvas plásticas nelas, debaixo do braço uma prancheta marrom acomodando um fino bloco de papeis, a gola alta da blusa que usava por baixo do jaleco sobrepondo-se ao colarinho da peça branca.

Era uma visão tão atípica da que estava acostumada a ver que precisou de alguns segundos para finalmente dar-se conta de que aquele realmente era Sans.

"O que esta fazendo aqui?!" gesticulou apressada com suas mãos, por poucos instantes pensou ter aberto os olhos o suficiente para que o rapaz a sua frente pudesse ver a cor que sua íris possuía.

— Eu que deveria te fazer essa pergunta. - riu o rapaz, jogando-se em uma cadeira a seu lado, os olhos nunca deixando sua pessoa. - Mas, respondendo sua pergunta, eu trabalho aqui.

"Ta brincando" o rapaz riu alto, mas realmente não poderia culpá-la. O preguiçoso Sans trabalhando em um laboratório de pesquisa? O mais importante da cidade? Tudo bem que ela tinha visto o quanto ele poderia ser inteligente e ele a havia informado que trabalhava na área de pesquisa... Mas mesmo assim! Era complicado imaginar Sans trabalhando, imagina em um lugar renomado!

— Tão difícil assim é para acreditar? - questionou divertido o rapaz, assim que suas risadas se acalmaram. Frisk nem ao menos tinha reparado que, pela primeira vez, ela tinha escutado Sans realmente rir. Tudo que ela pôde fazer foi assentir atônita. - Realmente não te culpo por isso. De qualquer jeito, o que você esta fazendo aqui?

"Um amigo meu me arrastou até aqui para buscar a irmã dele." a garota deu de ombros, guardando novamente o celular em seu bolso e retirando por completo os fones de ouvido. Agora ela tinha companhia, podia não ser por muito tempo, mas ainda assim era o suficiente para fazê-la largar o celular.

— E onde está seu amigo agora? Eu não vi mais ninguém diferente aqui. - comentou curioso. Era engraçado como ele poderia manter um sorriso e ao mesmo tempo não soar como se estivesse duvidando de sua palavra.

"Foi buscar a irmã dele enquanto eu esperava aqui. Foi até bom, porque me sinto um pouco perdida nesse lugar." Frisk passou a mão pela nuca, um pouco constrangida pelo que havia admitido. Sans, por sua vez, apenas sorriu.

— Aceitável, esses corredores podem parecer um labirinto se não prestar atenção para onde está indo. A primeira vez que vim aqui eu realmente me perdi.

A conversa a partir desse ponto se tornou tranquila, fácil de seguir. Sans nem ao menos pareceu se incomodar com o detalhe que ele estava em seu horário de trabalho e mesmo que Frisk comentasse sobre algo importante que talvez ele devesse estar fazendo agora tudo que recebia era um encolher de ombros e a continuação da conversa. Depois de alguns minutos ela parou de se preocupar, focando-se apenas em conter os risos que queria lhe escapar a cada piada ruim que Sans contava.

Ele parecia bastante animado que alguém realmente estava rindo de suas piadas e cada vez que Frisk gargalhava mais piadas ele contava. Com toda certeza alguém, algum dia, iria repreendê-la por isso. E ela não duvidava nem um pouco que fosse Papyrus.

— S-sans? O q-que está f-fazendo aqui? N-não d-deveria estar t-trabalhando? - a voz mansa, vacilante e baixa veio depois que tanto Frisk como Sans já tinha perdido a noção de tempo. Ambos ergueram o olhar para deparar-se com uma garota baixa, devia ser um pouco menor ou do mesmo tamanho que Sans, ainda maior do que Frisk, enorme óculos redondos que escorregavam por seu nariz pontudo e aumentavam consideravelmente seus olhos, cabelos curtos aloirados bagunçados sobre sua cabeça, com mechas apontadas para todos os lados que conseguiam. Sua pele era de um tom nem escuro nem claro, chegando próximo ao pardo, as maças do rosto pareciam sempre se manter coradas com delicadas sardas bem escondidas na tonalidade de sua pele.

— Ei, Alphys! Quem te tirou de sua toca? - retrucou divertido Sans, sem se preocupar em responder a pergunta que a loira havia feito. Pouco tempo depois, no entanto, Mettaton apareceu, postando-se ao lado de Frisk que alegremente se levantou, um pequeno sorriso em seu rosto.

— Não te fiz esperar de mais, fiz darling~? - questionou a estrela, sua voz cantada soando ligeiramente preocupada. Frisk, por sua vez, negou. - Então, vamos começar com as apresentações! - Frisk não conseguiu evitar a baixa gargalhada que lhe escapou ao ver o entusiasmo de seu amigo. Mettaton podia se contentar com coisas tão simples às vezes. - Alphys, essa é Frisk, amiga e colega de Nasptablook e minha diva pessoal. - não iremos comentar essa ultima parte. - Frisk, essa é minha irmã mais velha Alphys. Tenho certeza que vocês duas vão se dar muito bem!

— U-um p-prazer conhecê-la. - gaguejou a loira, o rosto ainda mais corado do que estava inicialmente. Frisk apenas sorriu, apertando a mão da mulher de forma a entender que ela também sentia o mesmo.

Uma tosse forçada chamou a atenção dos três, que prontamente voltaram-se para o rapaz ainda sentado nas cadeiras logo atrás de onde estavam. Seu olhar já dizia tudo o que queria: "Esqueceram-se de mim?". Todavia, o sorriso que ainda detinha em seu rosto quebrava todo o ar de desgosto que pudesse estar sentindo naquele momento.

— Oh, você não é um dos colegas de Alphys~? - cantarolou Mettaton, seus olhos finalmente focando-se no rapaz pálido que fazia companhia a Frisk antes de chegarem. O artista recordava-se de vê-lo algumas vezes em sua casa, conversando sobre alguns projetos do trabalho de sua irmã, nada que o chamava atenção. O rapaz era tão pálido que seu cabelo negro destacava-se proeminentemente, todavia, Mettaton sabia que era tintura. Ele reconheceria uma de longe. - Você o conhece, Darling?

"Sans é um amigo. Irmão mais velho de Papyrus que encontramos no shopping aquele dia." respondeu a garota, um enorme sorriso em seu rosto.

Sans surpreendeu-se um pouco, entretanto procurou não demonstrar. Se a garota já queria chamá-lo de amigo, quem seria ele para negar? Ele não poderia dizer o mesmo dela ainda, no entanto. Havia aprendido que nem sempre as pessoas eram aquilo que realmente aparentavam ser e com Papyrus também envolvido com a garota precisava ficar duplamente atento.

Nada voltaria a acontecer com seu irmão.

— N-não sabia que v-você conhecia a filha do p-prefeito, Sans. - intrometeu-se Alphys, ajeitando os óculos em seu rosto. A mente de Sans voltou para o momento atual. Ele não poderia voltar a se perder em seu passado. - É u-uma s-surpresa, realmente. P-pensei que n-não g-gostasse de pessoas r-ricas.

— Filha do prefeito? - Sans voltou seu olhar para Frisk, uma de suas sobrancelhas erguidas. Como aquela garota poderia ser da elite da cidade? Seu jeito meigo e humilde eram o completo oposto do que estava acostumado a ver naqueles que detinham algum tipo de status. Mas, novamente, nem todos eram aquilo que aparentavam ser. Ele deveria ter suspeitado, nem que fosse um pouco. Afinal, ela morava em um bairro nobre da cidade. - Um minuto, você é uma Dreemur?

— Frisk é uma das filhas adotivas de Asgore Dreemur, a mais nova. - a garota revolveu-se inquieta em seu lugar ao ouvir seu amigo dizer, tão animadamente, de qual família pertencia como se fosse algum tipo de troféu. Obviamente ela estava feliz em fazer parte da família Dreemur, eles eram carinhosos. humildes e acolhedores, mas não significava que gostava de exibir o titulo que vinha junto. Todavia, em seu estado de constrangimento, não havia notado no olhar que Mettaton havia dirigido a Sans. Desconfiança e tensão faiscavam entre os dois. E mesmo assim, ambos disfarçavam muito bem. - Novamente com essa mania de não dizer seu sobrenome, Frisk?

"Ele não perguntou. E não é como se fizesse alguma diferença. Somos uma família normal" assinalou prontamente Frisk, o rosto completamente rubro e olhar desconfortável. Tudo o que queria era findar o assunto por ali mesmo.

— Bem, então acredito que você seja minha exceção a regra. - Sans lhe dedicou uma piscadela, um enorme sorriso desenhado em seu rosto. Frisk não sabia muito bem, mas acreditava ter ganhado alguns pontos no conceito do rapaz e isso a encheu de um orgulho ardente, incentivando sua determinação apenas a crescer. Todavia, Mettaton não estava tão feliz assim com a interação dos dois.

Por viver no mundo do estrelato, onde ninguém era o que mostrava ser, ele havia aprendido que nem todo sorriso era dedicado a outra pessoa com o significado de boas intenções. Depois de um tempo de suspeitas e dores de cabeça, ele finalmente aprendeu a distinguir verdadeiro e falso, verdades e mentiras. Era assim que ele selecionava com quem queria trabalhar ou com quem queria andar, por isso ele amava Frisk, por isso ele gostava de tê-la por perto. Ela era a definição da verdade e honestidade, da verdadeira bondade.

Qualquer um que a conhecesse sabia que seu enorme coração era capaz de amar qualquer um. Que ela absorvia a culpa e perdoava aqueles que realmente lhe causavam dano, mesmo que não merecesse. Quem a conhecia tinha o forte desejo de protegê-la, de mantê-la longe de qualquer um que pudesse chegar a prejudicá-la e, para Mettaton, aquele rapaz que tinha a sua frente, era o exato tipo de pessoa que ele queria longe de Frisk. Ele definitivamente não era quem mostrava ser, uma enorme sombra era encoberta por trás de seu sorriso fácil e seu jeito despreocupado. Não sabia o que Frisk via nele, mas Mettaton se manteria atento.

Nada aconteceria com sua preciosa amiga.

— Oh! S-sans, Undyne e-estava te p-procurando. - recordou-se Alphys os olhos retirados por um instante da tela de seu telefone. Bem, isso respondia a pergunta de Frisk sobre as duas se conhecerem. - V-você ainda e-está fugindo d-dela? V-você s-sabe do acordo...

— Eu sei, eu sei. Mas você não pode me culpar, Alphys! Sua namorada é assustadora! - reclamou Sans em um amuo infantil, as mãos voltando para o bolso e olhos desviando para um canto da parede. Internamente ele queria desviar a atenção do alto moreno artista que não parava de lhe encarar. Ele sabia que ele conseguia ver um pouco por trás de quem era, mas isso não importava. Sans sempre conseguia dar um jeito. - Estar com ela mais de cinco minutos em uma sala vazia é o mesmo que pedir para ter hematomas pretos no dia seguinte.

— H-hã?! U-u-undyne... n-namorada... m-m-minha?! N-n-n-na-na-não! N-nós s-somos a-apenas a-amigas! U-unicamente a-amigas! N-n-nada mais q-que a-amigoas! - o rosto pardo da pobre loiro havia tomado um tom completamente vermelho, Frisk podia jurar que conseguia ver até mesmo o vapor escapando por sua cabeça, neurônios entrando em curto. O resto que ela chegou a pronunciar estava gaguejado e embolado de mais para entender.

"Ela estava atrás de você no dia da palestra também. Por que ela fica atrás de você?" Undyne havia mencionado um acordo também e Frisk sabia que ela era a chefe da polícia civil da cidade, como Sans poderia estar relacionado a ela? Curiosidade picava a parte de trás de sua mente, tão genuína e persistente quanto uma praga de baratas. Era um mal que Frisk sempre teria, independente do universo.

— Nada de mais, kid. Ela precisa de uma pequena ajuda minha às vezes e, em troca, ela me faz alguns favores, nada com que deva esquentar sua cabecinha. - de forma divertida bagunçou-lhe os curtos cabelos castanhos, tendo como resposta um gemido indignado e um amuar infantil, os lábios formando um pequeno beicinho de resignação. Todavia a atenção sobre o assunto foi desviada sem que a pergunta fosse respondida, o que era bom.

— Oh! Tive uma ideia estelar~! - exclamou Mettaton de repente, os olhos cintilando em animação. - Já que todos nós nos conhecemos de alguma forma, por que não fazer uma sessão de animes para fechar o circulo de amigos?! Alphys pode chamar Undyne, enquanto Frisk pode convidar os irmãos e Tinn!

Sans abriu a boca, ele estava disposto a recusar, todavia, antes que pudesse ter sequer a chance a garota a seu lado saltou a sua frente, quase literalmente.

"Podemos chamar Papyrus também?!" assinalou animadamente a pequena garota, Sans podia vê-la quase saltando no mesmo lugar enquanto encarava o moreno a sua frente. "Ele adora animes e ele é meu amigo também! Posso chamá-lo também?"

— Mas é claro, darling~! Como poderia dizer não para você? Além do mais, o garoto realmente me caiu bem. - um enorme sorriso surgiu no rosto, olhos astutos desviando-se rapidamente para o rapaz atrás de sua amiga.

Frisk saltou, dando a volta em si mesma e encarando Sans dessa vez, um enorme sorriso, tão grande como o de uma criança que acabou de receber o que queria de natal, desenhado em seu rosto moreno. Dentes brancos, tão perfeitos quantos os de Sans, destacavam-se na pele morena.

"Você poderia falar para ele, Sans? Ou prefere que mande uma mensagem?"

— Sem problema, Kiddo, eu falo para Pap. Onde será a festinha? - os olhos azuis voltaram-se para o moreno, sorriso tenso no rosto. Se Papyrus ia Sans não poderia deixar de ir. Sentia como se estivesse caindo direto em uma armadilha.

— Na casa de Alphys e minha, tenho certeza que já sabe o caminho ~. - cantarolou o artista, seu sorriso entendendo ainda mais.

— Estaremos lá. Só preciso dizer a... - antes que o rapaz tivesse a chance de continuar um homem alto tocou-lhe o ombro. Ele parecia ter vindo de um dos corredores que se ramificavam naquele lugar, mas não foi isso que chamou a atenção de Frisk. - Gaster.

— S-s-senhor G-gaster! O q-que o s-senhor faz a-aqui? - questionou Alphys, finalmente saindo de seu estado mórbido de gagueira e vergonha para prestar atenção no que acontecia no lugar.

"Apenas vim conferir porque meu filho não retornou para o trabalho depois de alguns minutos. Tem uma boa explicação, Sans?" assinalou o homem, mantendo seu olhar sério e calmo. Sua própria presença era o suficiente para fazer com que todos se calassem, mesmo que não fosse ameaçadora. Frisk podia sentir a magia dele tocando-lhe a pele em faíscas, e mesmo assim foi sua própria aparência e nome que gelaram-lhe a pele.

O homem era alto, mais alto do que Mettaton e com toda certeza chegaria bem perto da altura de Asgore, que com facilidade encontrava os dois metros. Sua pele era demasiadamente pálida, ao igual que a de Sans e Papyrus, o corpo esguio e alongado estava bem arrumado no jaleco branco longo, calças negras iguais aos sapatos, quase formando uma única peça. Seus dedos eram finos e alongados, como facilmente Frisk conseguiu perceber, quase esqueléticos. Olhos castanhos quase caindo ao alaranjado, iguais aos de Papyrus, cabelos brancos bem curtos e arrumados, cicatrizes medonhas cortando seu rosto, uma debaixo do olho esquerdo, cortando-lhe a maçã do rosto até a boca fina, a outra, por sua vez, estava na parte superior de seu olho direito, corando sua sobrancelha clara e desaparecendo no cabelo.

Frisk não sabia como explicar, mas sentia conhecer aquele homem, mesmo que não se recordasse de tê-lo visto em seu universo.

— Me distrai em uma conversa. - Sans deu de ombros, sem encarar ao homem que tinha a seu lado agora. As mãos foram ao bolso e seu sorriso vacilou um pouco, mas se manteve firme no lugar. - Aliás, esses dois convidaram eu e Pap para uma pequena... Festa do pijama, então não se preocupe conosco quando dormirmos fora.

"Oh, e quando será essa festa?" seus olhos castanhos alaranjados voltaram-se para os dois inquilinos do laboratório, um pequeno sorriso desenhado em sua face, mas alegria não chegava nele, era apenas um sorriso cortês.

— Essa noite, senhor. Mas não se preocupe não faremos mais do que ver alguns... Desenhos. - respondeu Mettaton, seu enorme sorriso ainda em seu rosto.

"Bom, espero que cuidem bem dos meus meninos. Agora, se nos dão licença, precisamos voltar ao trabalho. Obrigado por sua ajuda, Alphys, acredito que seu irmão esteja aqui exatamente porque seu horário terminou, então tenha um bom descanso. Um bom dia para todos vocês" e assim ele se afastou junto de Sans, que apenas deu um leve sinal de mal antes de acompanhar seu pai.

Mettaton aproximou-se de Alphys, enquanto caminhavam para fora do estabelecimento, o olhar caindo de um animado para um completamente sério, aproveitando que Frisk não estava muito perto para ouvi-lo.

— Alphys, quero que me fale tudo que puder sobre aquele seu colega de trabalho. - sussurrou para a irmã, os olhos nunca deixando o lugar onde Frisk estava, garantindo que ela não poderia escutar.

— S-sans? P-por que você q-quer s-saber s-s-sobre ele?

— Apenas faça isso por mim, tudo bem? - Alphys simplesmente assentiu, ainda hesitante, ao ver o olhar sério de seu irmão. Não era como se, também, ela pudesse reunir muita coisa a dizer. Sans tinha mistérios que nem mesmo seu pai conhecia, ele fazia questão de manter uma distancia segura das pessoas, ela não sabia bem o motivo, mas assim era Sans.

E mesmo com tanta sombra sobre suas atividades Alphys não conseguia ver Sans machucando ou sendo ameaça para ninguém.

Durante aquele noite um pequeno grande grupo se reuniu na enorme casa que pertencia a Alphys, Mettaton e Nasptablook, mesmo que Frisk tivesse encontrado uma dificuldade particular em arrastar Chara até lá. Ela se recusava a sair se quer do sofá de casa, mesmo a força, precisou de uma boa persuasão de quantidades absurdas de chocolate e uma boa conversa com Asriel para que finalmente ela levantasse do móvel e aceitasse fazer parte da "festa do pijama".

Obviamente também os problemas não poderiam ficar apenas nisso. Assim que os olhos vermelhos de Chara depararam-se com os azuis de Sans todos puderam sentir como se uma bomba estivesse prestes a explodir. Precisou de Frisk e Asriel para segurar Chara e Papyrus e Alphys para manter Sans em seu lugar, tantas maldições e palavras inomináveis soltadas ao ar que Frisk sentia-se como ouvir outro idioma, demorando-se mais do que alguns poucos minutos para a situação se acalmar definitivamente e Chara e Sans fazerem um tratado de paz. E isso só porque o nome de Undyne havia sido jogado no ar, sua presença seria a ameaça definitivamente para os dois.

Frisk não queria nem imagina se ela chegasse com a situação daquela maneira. Seja como for ela sabia que iria escutar muito de Chara depois.

Papyrus foi juntar-se a Alphys para ajudá-la com as guloseimas na cozinha, Asriel ainda tentava acalmar Chara enquanto Mettaton conversava alguma coisa com Sans, o que exatamente Frisk não poderia saber, mas ela mesma estava ocupada de mais em seu pequeno grupo de amigos. Tinn estava animado para ver Undyne, ele havia aceitado o pedido no mesmo instante assim que seu nome foi mencionado, enquanto Blooky sentia-se completamente perdido no meio de tantas pessoas, ele não sabia como lidar com tudo aquilo.  

Um novo peso foi colocado sobre o sofá e Frisk não conseguiu evitar a curiosidade de olhar quem era. Sans estava na outra ponta, braços cruzados e como jogado de qualquer maneira no encosto do sofá, quase deslizando para fora. Frisk não segurou o impulso de começar uma conversa, ela realmente queria ser amiga de Sans.

De leve cutucou-lhe o braço para que ele prestasse atenção em suas mãos para assim poder assinalar o que queria.

"Por que você e Chara se dão tão mal?"

— Apenas uns problemas pessoais, Kid. Nada de mais. Apesar que eu realmente me sinto um idiota por não ter reparado que vocês duas eram irmãs, são muito parecidas. - sorriu o rapaz, a voz tranquila e despreocupada como sempre, sorriso nos lábios.

"Eu e Chara não temos relação de sangue, nós duas viemos de famílias diferentes, apenas fomos adotadas pelos Dreemurs" respondeu Frisk, um sorriso divertido em seu rosto. Sans parecia surpreso.

— Inacreditável, vocês duas parecem basicamente irmãs gêmeas, mesmo com algumas poucas diferenças.

"Todos dizem isso. Eu e Chara temos a mesma idade, mas não sabemos quem é a mais velha. As pessoas apenas supõem que seja Chara por sua atitude."

Talvez a conversa continuaria a seguir, Frisk conseguia ouvir Blooky e Tinn ainda conversando, mais ao longe sabia que Mettaton e Asriel tinham se oferecido para ajudar Papyrus e Alphys. Mas se Asriel tinha ido até lá, onde estava Cha...

— Ei, comediante! Longe da minha irmãzinha! - o pé apareceu antes que Frisk pudesse realmente ouvir a frase. Antes que se desse conta Chara estava a suas costas, em pé sobre o sofá enquanto um de seus pés estava na direção do rosto de Sans, que parecia ter agido mais rápido do que Frisk e segurado com uma das mãos antes que pudesse lhe acertar o rosto. O sorriso divertido e provocativo ainda em seu rosto.

— Vamos, Chara, você sabe bem que não pode controlar as ações de sua irmã. Deixe ela escolher um lado. - divertiu-se Sans, os olhos azuis reluzindo em deboche, o que apenas fez com que Chara forçasse mais o pé contra sua mão.

— Cale sua maldita boca, palhaço de merda. Se envolver meus irmãos nisso eu me verei obrigada a envolver o seu. - ameaçou Chara, tendo como divertida resposta a perda do sorriso de Sans.

— Não coloque Papyrus nisso, demônio. - sibilou o rapaz.

— Então não coloque Frisk nem Asriel em nossos negócios.

Frisk não entendia nada, apenas sentia-se em uma posição terrivelmente desconfortável. A tensão crescia entre os dois, ela sabia que poderia piorar e ela não teria como impedi-los sozinha, Blooky e Tinn também não seriam capazes.

— Hey nerds! Espero que não tenham começado sem mim! - o estrondo da porta da frente foi tudo que conseguiu ouvir antes de Sans desaparecer e Chara desabar sobre Frisk.

Bem, pelo menos o clima havia abaixado.

O resto da noite não teve um mistério tão grande. Alphys colocou Death Note para passar, a escolha inicial seria One Piece, mas era muito grande para apenas uma noite, era preferível arrumar um que já estivesse terminado. Frisk não se recordava de ter se divertido tanto, mesmo que não pudesse falar abertamente, sempre era engraçado ver as pessoas discutindo o que achavam de tal personagem, o que pensaram do episodio e o que poderia acontecer no próximo. Undyne e Papyrus eram os mais animados, com toda certeza. Asriel não gostou muito do demônio que acompanhava o principal, havia se agarrado a Chara e afirmava que não era por medo.

Ninguém sabia quantos sacos de pipoca, garrafas de refrigerante ou doces haviam comido naquele dia, muito menos em que horas foram dormir. Frisk apenas sabia que havia desabado em algum ponto do sofá, muito cansada com o dia animado que teve para pensa em que ombro exatamente caiu.

Ela não chegou a ver o olhar assassino de Chara que prontamente a puxou para próxima, muito menos o dar de ombros despreocupado de Sans, que não teve culpa de Frisk acabar parando em seu colo.

Aquela noite foi a primeira em que o grupo realmente havia se reunido.


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Notas finais do capítulo

Mais do Mettaton, um pouco de mistério para aquecer as mentes curiosas de vocês, o que será que Sans está escondendo? Bem, isso descobriremos com o tempo.
Falando em Sans, mais uma fanart de OtomGi para vocês, dessa vez do capitulo passado.

https://imgur.com/RZZuauB

Eu sinceramente acho que ficou muito bom, ela desenha muito bem, não? Tem também aqui o link de uma fanart feita pela Luna, também muito boa:

https://www.facebook.com/1044692332210539/photos/a.1061989853814120.1073741828.1044692332210539/1167083553304749/?type=3&__mref=message_bubble

Aliás, eu mudei o link do capitulo anterior onde tem as imagens de onde me inspirei no Sans e Pap humanos. Aparentemente o outro link tava com problemas, então querendo ainda dar uma olhada, é só voltar no capitulo anterior e pegar o link. É no google imagens, mas as primeiras imagens já devem ser aquelas que eu quero que vocês vejam. Só por curiosidade mesmo.
Semana que vem teremos mais capitulo! Mantenham-se determinados!
Até!