À Espada Pelo Sangue escrita por LahChase


Capítulo 50
Capítulo 40 – Isso É Ridículo.


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Então gente, eu marquei a postagem para esse fim de semana, mas então lembrei que o nosso querido Enem vai drenar toda a minha vida e energia nos dois dias. Então resolvi postar hoje, o feriado maravilhoso!
Agradecimentos a Ary pelo comentário no capítulo anterior ♥ ^^ Fico com um sorriso bobo na cara quando leio ^^
Espero que se divirtam com o capítulo ^^
Vejo vocês no final ^^



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— Isso é ridículo. – resmunguei.

— Acha que estou feliz com isso? – Ian resmungou de volta.

Estávamos ambos prontos para a festa. Eu vestia um vestido longo, de um tecido azul leve, com algumas pedrinhas brilhantes espalhadas da cintura para baixo, de forma delicada. Ian trajava um terno elegante, e alguém havia dado um jeito de seu cabelo se encaixar no personagem. Seus olhos verdes, agora sem fios pretos para escondê-los, destacavam-se. Eu tive que admitir (silenciosamente, claro) que ele parecia bastante atraente. “Até o momento em que trocamos as primeiras palavras” acrescentei mentalmente “O brilho acaba aí”.

Nossos comentários mal-humorados, no entanto, não se referiam às nossas aparências (embora já tivéssemos dito algo semelhante sobre isso), mas ao fato de Matthew ter exigido que déssemos os braços.

— Não. – respondemos ao mesmo tempo.

No entanto, toda a nossa resistência foi inútil, visto que até mesmo Izumi apoiara Matt no final.

— Não entendo! Eu vou estar na casa do meu tio, não preciso ficar atuando! – argumentei, em uma tentativa final.

— Você ainda vai precisar dizer que Ian é seu amigo, certo? – Matt de alguma forma parecia bem satisfeito com aquilo – Vocês dois parecem mais dispostos a se matarem que a serem amigos o suficiente para viajarem juntos de Nova York até aqui. Não enganam ninguém.

Eu o fuzilei com o olhar.

— Você me paga, Matthew. – murmurei para que só ele ouvisse.

— Ora, eu só estou pensando no melhor para a missão. – ele respondeu no mesmo tom.

— Vai à merda. – devolvi – Só está assim tão tranquilo porque você e Charlotte vão entrar como empregados e não vão precisar dessa atuação até o momento de ir falar com tio Henry. Mas eu ainda vou arrancar esse teu sorriso, seu traidor desgraçado.

Matthew me lançou um olhar de prazer.

— Nossa, quantas ofensas. Ficar assim nervosinha só porque vai precisar tocar seu colega de equipe... Bobagem, não acha?

Eu o fuzilei, sem resposta.

Na noite anterior, nós havíamos acertado os detalhes do plano para a festa. Hiro decidiu que seria mais seguro se Matthew e Charlotte fossem colocados lá dentro como empregados contratados para servir os convidados. O evento incluía uma espécie de jantar após as apresentações, então o papel nos servia bem. Uma vez lá dentro, os dois esperariam até as apresentações acabarem, trocariam de roupa e então iriam até meu tio. Isso diminuiria as chances de serem barrados na entrada.

Quanto a mim e a Ian, precisávamos procurar pela adaga sem levantar suspeitas, então sairíamos durante as apresentações, quando todos estariam prestando atenção nas músicas. Quando levantamos este ponto, Matthew me perguntou em que momento deveríamos sair, e eu peguei o papel que informava a ordem e as músicas que seriam tocadas.

— Droga. – murmurei.

— O que foi? – Matt perguntou, aproximando-se – Algum problema?

Fiz cara de gatinha abandonada.

— Todas as músicas desse ano são perfeitas. – choraminguei – Eu quero ver o show todo.

Ele riu e bagunçou o meu cabelo.

— Vamos, outros anos virão. Agora, qual o melhor momento para entrarem?

Suspirei.

— Aqui. – apontei – Introdution Rondo Capriccioso. É a terceira apresentação, então teremos que esperar um pouco, mas não posso evitar. Todos os anos, meu tio e meu pai faziam apresentações de abertura: meu pai com Love’s Sorrow, e meu tio com Love’s Joy. Assim que meu tio descer do palco, acho provável que ele venha falar comigo. Se eu não estiver por perto, pode ser problemático. A segunda música é Love Story e vai prender a atenção do público. Se usarmos os momentos mais intensos de Rondo Capriccioso para escapar, temos mais chances de não sermos percebidos.

— Quanto tempo ela dura?

— Cerca de nove minutos? – respondi, incerta – Eles normalmente apresentam a música completa.

— E se acabar antes de vocês terminarem?

— Ainda tem mais uma música antes do início do jantar. Vamos ter tempo o suficiente. Se a adaga estiver onde eu imagino que esteja, não vamos nem precisar de tanto tempo.

Além disso, nós precisávamos entregar a adaga até o final da festa, o que significava que tínhamos que encontrá-la, colocar a escuta e nos encontrar com Himeko antes das apresentações terminarem. Determinamos ainda as posições de Izumi e Kess, que aguardariam por nós em um prédio a alguns poucos quilômetros de distância da mansão. Era uma distância longa o suficiente para evitar atrair monstros, mas que Izumi poderia percorrer em um curto espaço de tempo viajando pelas sombras, caso precisássemos de ajuda.

Mesmo com tantas preocupações, nada nos incomodava mais do que as provocações de Matthew e Charlotte.

— Onii-sama, é exatamente como você disse – Charlotte falou, sorrindo – Vocês dois realmente formam um belo par.

Ian engasgou. Eu o fuzilei com o olhar.

— O que andou dizendo sobre mim, seu idiota?

— Hah?! Como se eu tivesse algo para dizer sobre você que valesse o esforço, novata.

Charlotte cobriu a boca com a mão, como se tivesse dito o que não devia.

— Ah, eu deveria manter o que diz sobre May-chan em segredo, Onii-sama?

Ian engasgou. Eu o fuzilei com o olhar.

— Lotty! Pare de falar como se algo assim já tivesse acontecido!

Ela se inclinou para frente.

— Gomen, gomen. Prometo que não contarei o resto.

Ian levou a mão à testa, no movimento conhecido como “facepalm”. Fiz o mesmo.

— Não acredito que estão me fazendo fazer isso.

— Nem eu.

— Não adianta reclamar. – Izumi comentou, cruzando os braços – Já concordamos que esse é o único jeito.

— Não quer dizer que tenho que gostar. – eu e Ian falamos ao mesmo tempo.

Matt sorriu satisfeito.

— Ora, vamos, não é tão ruim. Além de ser o único jeito, também é uma boa escolha. Vocês dois são uma boa dupla.

— Não somos uma boa dupla. – falamos em coro novamente.

— São sim. – a voz de Kess veio da varanda do quarto – Vocês até falam em sincronia.

— Não mesmo. – falei, com aversão.

— Nunca. – Ian reforçou.

— É, dá pra ver. – Hiro comentou, enquanto seus dedos voavam pelo teclado de seu notebook.

“Até tu, Brutos?”, tive vontade de dizer, mas só consegui revirar os olhos.

— Isso é ridículo. – resmunguei.

— Tenho certeza de que já ouvi isso antes – Ian murmurou de volta.

— Vou reafirmar isso pelo resto da noite, só para deixar absolutamente claro o quanto toda essa situação é...

— Ridícula. – Matt interrompeu – Não acho que vamos precisar de um lembrete verbal. A cena dos dois juntos já expressa isso muito bem.

— Ótimo. Vou tirar essa roupa. – falamos ao mesmo tempo, dando meia volta.

— Pare com isso. – sussurrei para ele.

— Pare você.

— Ei, onde pensam que vão? – Matthew nos chamou de volta – Eu já disse: essa é a missão de vocês. Não vamos mudar isso.

— Mas você mesmo disse... – comecei, mas ele ergueu uma mão.

Matt andou até nós.

— Deem os braços novamente.

Nãos nos movemos.

Ele suspirou. E então seus olhos ficaram de cores diferentes e faiscaram. Vento forte soprou pelo quarto.

— Agora!

Enlacei meu braço ao de Ian o mais rápido que pude. Não importava o quanto aquela posição me incomodasse, deixar Matt com raiva era a última coisa que eu queria no mundo.

— Bom. Mas ainda estão a um metro de distância um do outro. – Charlotte observou.

Ian se aproximou um centímetro. Isso não a deixou satisfeita.

— Mais um pouco... Mais... Mais...

— Eu não vou chegar mais perto.

— Okay. – Matthew disse – Um sorriso, então.

Ambos mostramos os dentes, em algo que eu tinha certeza que parecia mais um rosnado que um sorriso.

— Isso é ridículo. – resmunguei.

— Se repetir isso mais uma vez, vou te jogar pela primeira janela que eu encontrar.

Dei de ombros.

— Ótimo, assim eu não terei que fazer parte dessa missão ridícula.

Ian suspirou.

— Pensando melhor, acho que eu vou me jogar.

Assenti, séria.

— Boa ideia.

A essa altura, Matthew, Kess e Charlotte estavam no ápice de suas risadas descontroladas. Com um suspiro exasperado, passei a mão pelo cabelo, sem querer desmanchando o penteado.

— May-chan! – Charlotte repreendeu, já vindo em minha direção e me arrastando de volta para o banheiro, a fim de arrumar meus fios dourados novamente – Pelos deuses, não desmanche meu trabalho magnífico.

Ela mexeu em meu cabelo, novamente prendendo-o com presilhas delicadas que eu tinha certeza de que se quebrariam se eu tivesse que lutar. Mas, ao me olhar no espelho, com aquela maquiagem leve, um colar discreto no pescoço e o penteado bonito de Charlotte, não pude deixar de pensar em como o visual agradaria meu pai. Ele costumava comprar um novo vestido todo ano especialmente para o evento na mansão. E, quando eu o vestia, ele passava a noite toda gabando-se de ter feito uma escolha perfeita, até que eu finalmente reclamasse do quanto soava orgulhoso, e ele então sussurrava para mim que eu era aquela que fazia o vestido parecer tão lindo.

Deixei um sorriso melancólico se abrir em meu rosto. “Hora errada para pensar nisso” lembrei a mim mesma sobre a missão.

— May-chan. – a voz de Charlotte me despertou e eu a olhei.

Ela estendia para mim uma bolsa pequena que combinava com o vestido.

— A caixa que Onii-sama pediu está aí dentro. – falou – E os equipamentos de Hiro-kun para a adaga também.

—Ah, obrigada, Charlotte. – respondi, pegando a bolsa, e então fitando-a atentamente – Não está mesmo curiosa sobre o que há na caixa?

Ela sorriu.

— Estou. – confessou – Mas Onii-sama disse para não abrir, nem fazer perguntas.

Assenti, compreendendo.

Eu já havia notado antes, mas depois de uma conversa que eu, ela e Izumi tivemos antes de dormir na última noite, eu podia dizer com certeza: Charlotte confiava cegamente em Ian. Ela podia reclamar e brincar com ele, mas não o desobedecia em nada. Eu me perguntava sobre o motivo disso, mas ao deixar transparecer minha curiosidade, senti seu desconforto e resolvi deixar a questão de lado.

— Pode conferir, se precisar. – Charlotte continuou, referindo-se à bolsa – Quando quiser que ela volte ao normal, só precisa dizer a palavra grega para “cancelar”. Mas não fale antes disso.

— Entendido.

Ela saiu, deixando-me sozinha no banheiro, e eu abri a bolsa, espiando a Caixa do Livro lá dentro.

Na noite anterior, eu havia chamado Ian de lado e mencionado que precisávamos achar um jeito de levar o Livro conosco. Se eu não conseguisse encontrar a adaga, precisaria perguntar ao Livro, ou poderíamos ter problemas com Himeko, e, pelo que eu havia entendido sobre aquela mulher, isso não era uma boa ideia. Ian não pareceu feliz, mas acabou concordando.

Eu mesma estava hesitante quanto aquilo. Depois daquela tarde, quando ouvi a voz de Daímonas em minha cabeça, as consequências de meu contato com o Livro tomaram outra dimensão em minha cabeça. Mas, ainda assim, eu sabia que não podia me amedrontar diante do desafio que seria lidar com ele. Portanto, decidi não desistir.

Ian chamara Charlotte e pediu que ela fizesse um feitiço para diminuir o tamanho da Caixa temporariamente com seus conhecimentos de magia, mais ou menos como ela fazia com sua foice.

— Ahn, certo, mas...

— Sem perguntas. – Ian dissera – Não abra, não comente com ninguém. Apenas faça e entregue a ela quando estiver pronto.

A menina de fato obedecera sem questionar.

— May-chan. – ouvi a voz de Hiro me chamar e saí do banheiro, fechando a bolsa.

Os outros membros da equipe estavam reunidos ao redor dele, enquanto o garoto entregava a cada um deles um pequeno aparelhinho.

— Aqui, coloquem no ouvido. – ele disse ao me entregar um igual – É um comunicador, para que eu possa dar apoio a vocês. Izumi Nee-san, o seu e o de Kess vão precisar desse aparelho, que ampliará o sinal de vocês, já que estarão mais longe. – ele ergueu uma caixa do tamanho de um estojo.

Izumi assentiu, e então olhou para o relógio na parede.

— Já está quase na hora. – disse, e então olhou para nós – Mais uma vez, Ian-kun: se tiverem que lutar contra alguém que estiver usando aquela adaga, não pode permitir que ela entre em contato com a sua espada. Use-a embainhada, ou crie suas lâminas de gelo. Mas, em hipótese nenhuma pode deixar que ela use o contrafeitiço.

— Hai.

— May-san, você ainda não formou seu laço, então não tem problema. Mas ainda assim, tomem cuidado, entenderam?

Nós dois assentimos.

— Agora, vamos cumprir nossa missão. – o olhar dela era determinado – E que os deuses estejam conosco.

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu de novo!
Então, o que acharam? Espero que tenham gostado ^^ Viram algum erro? Têm alguma expectativa, teoria ou pedido? Deixa um comment aí me contando tudo :3
Bom, não decidi o nome do próximo capítulo, mas devo postar na próxima semana. Bom Enem para vocês, e até mais ♥ ♥ ♥