Além Digimon escrita por Kevin


Capítulo 2
Capítulo 2: Acidente de Teletransporte - Parte 2




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O carro saiu da estrada, ao passar com o pneu por cima de uma pedra, fazendo o carro ir para dentro do mato.


Fabrício e a menina gritaram. Mauricio tentou ajudar Valéria com o volante, mas saltou um grito ao ver que o carro saltou para dentro de uma represa. O carro bateu dentro da água e começou a afundar rapidamente.


Água entrando com força pelos vidros, quebrados com o impacto. Fabrício contorceu-se pelo vidro quebrado e conseguiu nadar para fora do carro. Batendo os pés, percebeu que o carro ainda não estava fundo o suficiente. Ele chega a superfície desesperado respirando ofegante.


– Cadê todo mundo? Droga! -



O garoto mergulha indo fundo na direção do carro que não parava de descer naquele lago artificial formado pela represa. Fabrício chega ao carro pelo lado do motorista. Vê que seu irmão não esta mais ali, porém ambas as garotas estavam. Ele via que Valéria não conseguia soltar-se do cinto.






Era difícil, o carro continuava a afundar gradativamente. Jogando o tronco dentro do carro ele forçou a saída do cinto, mas foi em vão. Sentiu o ar começando a acabar. Olhou e viu que a menina atrás já ficava inconsciente, ela estava em pânico.




Ele nadou para dentro do carro e num movimento chutou o retrovisor interno. Ele sentiu com o pé o retrovisor. Virou-se e tirou um dos cacos do espelho quebrado e deu na mão de Valéria que entendeu. Pegando a menina de dentro do carro ele a puxava para cima.




Algumas bolhas saíram do nariz da menina. O ar dela havia acabado. Fabrício tentou continuar subindo, mas sentiu seu ar terminar. Sua visão ficou preta, ele desesperado continuou a tentar subir. Batia as pernas com força, o braço esquerdo segurando o corpo da menina e o outro puxando água no intuito de subir.





A visão que estava preta ficou branca e de repente Fabrício sente seu braço sair da água.





– ARRRRRRRRRRR! -





Uma grande fungada, seguida de um grande tossido. Ele havia conseguido retornar a superfície. Colocando-se de costas para nadar para a margem e manter a cabeça da garota fora da água, ele viu algo que o assustou.





– Mas... -





O carro estava na superfície da água. Fabrício sem tender, olhou e viu Valéria nadando um pouco desajeitada para a margem que ele estava indo.





Fabrício ficou confuso. Continuava a dar braçadas para traz com a menina. Ele sentia uma correnteza o levando. Assustou-se pensando que as comportas da represa tivessem sido abertas.





A margem chegou e ele viu Valéria ajudando-o a puxar a menina para a margem. A mulher não demorou a estender a menina no chão e soprar nos lábios um pouco de ar para dentro dos pulmões.





– Vamos... Vamos... -





Valéria dava alguns segundos de diferença das inserções de ar.





– Por favor... Não faça eu ter que fazer massagem cardíaca também... -





Valéria estava tremendo, não conseguia manter a calma. Fabrício caído e tossindo devido a água que engoliu olhava em volta procurando ao irmão, mas logo deitou-se de vez para traz fechando os olhos. Não agüentava mais ver nada.





– Cof... Buarg... Buarg! -





A menina recobrou os sentidos e começou a por a água engolida para fora. Valéria caiu para o lado sem forças no mesmo momento em que a menina começou a tossir.





– Isso... Põem para fora... Se acalma e respira... Me da cinco minutos por favor. -





Estirados ali as margens da água em meio a muita vegetação fechada. Os três tentavam se acalmar e acertar suas idéias. Valéria queria tentar acalmar tanto a menina quanto ao Fabrício, mas o álcool em sua cabeça parecia ter feito efeito e a deixava desnorteada sem conseguir reunir forças para se recuperar daquilo.





A menina assustada tremia e chorava, ela olhava Valéria caída sem forças e Fabrício que estava de olhos fechados, e imóvel.





– Ele... Ele ta morto. -





Valéria se levantou como pode, ficou assustada com o que escutou. Olhou em volta. Pensava ser Mauricio a pessoa que estava morta. Mas não via rastro dele em parte. Olhou para o lado e viu Fabrício estirado ao chão imóvel.





– Fabrício... Reage... Anda desgraçado... -





Valéria ia se debruçando sobre ele para tentar reanimá-lo. Mas, foi empurrada para o lado.





– Olha esse bafo de cachaça em cima de mim! Pelo amor que tu tem a vida... Ou a morte... Não sei! -





Fabrício estava com a voz mais calma.





– Seu idiota! Não vê que a menina esta apavorada com o que aconteceu? Quer matar agente de susto? -





Fabrício sentou-se enquanto Valéria puxou a menina para junto de si a abraçando.





– Se você já estiver um pouco lúcida, olhe em volta. Morremos! -





Valéria e a menina olham em volta. Realmente alguma coisa havia acontecido. O céu tinha muito mais nuvens do que na hora em que eles caíram. Na verdade estava praticamente entardecendo. A vegetação estava diferente, árvores mais densas, e eles não encontravam nem sombra da estrada, que deveria ser vista dali de onde eles estavam. Também não conseguiam encontrar nenhuma marca da queda deles. Eles quebraram algumas árvores, e os pneus fizeram grandes trilhas. Se fosse do outro lado eles deveriam ver, sendo do lado onde eles estavam, o carro não deveria ter ido parar no meio da água como foi devido a distancia da margem.





A água, o pior dos indicadores. Simplesmente não havia explicação para aquilo. Eles haviam caído num lago artificial construído por uma represa. Ali a água não deveria se mover, e deveria ser bem fundo. Eles mesmos comprovaram aquilo quando subiram para a cidade, pararam para ver a represa. Quando caíram viram o carro afundar, e afundaram junto com ele. Mas, naquele momento a água corria como se fosse um rio. Não parecia ser tão fundo e o carro que foi tragado para as profundezas estava apenas metade dele debaixo da água e lentamente era levado pela correnteza. Ele ainda afundava pouco a pouco.





Valéria olhou para Fabrício que estava calado com uma expressão assustada, ele estava realmente tentando manter a calma, mas o próprio já tinha se dado como morto. A menina tremia ainda mais nos braços de Valéria e ficou a se perguntar o que estava acontecendo.





– Calma... Talvez não tenhamos despencado exatamente nas represas... Possivelmente em outra parte. -





– Morremos! -





Fabrício insistiu, mas viu Valéria esticar a mão para ele e mostrar o corte que havia feito na mão. O caco do espelho fincou-se fundo enquanto ela tentava cortar o cinto com ele.





– Ta doendo mesmo? Tem certeza? -





Fabrício como resposta ia receber um cascudo, mas Valéria ao fechar a mão, fez sair mais sangue, então ele percebeu que realmente ainda estavam vivos e que não era para fincar brincando com aquilo.





– Fiquem tranqüilos... Tem explicação para tudo e vamos ficar bem... Daqui a pouco alguém na estrada deve perceber nossa queda. -





Valéria tentava acalmá-los, mesmo ela achando aquilo tudo muito estranho e sem explicação alguma.





– Se você diz... Tudo bem... Mas explica aquilo. -





A menina apontava do outro lado da margem uma espécie de cachorro ou de lobo, mas ele era enorme, com grandes garras. Pelos brancos, com listras roxas. Olhava para eles fixamente. Não, não era possível identificá-lo como qualquer criatura já vista, por alguém, ou pelo menos pelos três ali presentes.





Os três ali parados completamente hipnotizados pela visão da criatura que viam, viram ela dar-lhe as costas mostrando uma enorme calda e sumir dentro da mata.





– As mochilas! -





Fabrício exclamou levantando-se. As mochilas haviam saído do carro e estavam presas e boiando a alguns metros deles, um pouco mais abaixo do rio. Ele as viu quando tentava desviar o olhar da criatura branca. Levantou-se um pouco devagar, ainda tremendo pelo susto e foi recolhê-las. Havia duas, uma dele e outra do seu irmão. Ele chegou rápido a elas, e ao abaixar-se para puxá-las olhou para o carro novamente.





– Mauricio... Será que você... -





Escureceu após duas horas. E não havia aparecido ninguém para resgatá-los. Celulares molhados, e a única coisa que estavam tendo para si eram alguns alimentos que estavam nas duas mochilas, poucos devido a ter se passado dois dias do acampamento em que Fabrício e Mauricio haviam feito.





Felizmente, os sacos de dormir eram impermeáveis. Estendidos e com uma fogueira acessa por Fabrício, eles ficaram ali, ainda a margem do rio a esperar. Também havia estojo de primeiros socorros, que só foi necessário mesmo para tratar do corte na mão de Valéria.





A menina dentro de um saco de dormir, enquanto suas roupas secavam. Fabrício só de cueca esperava suas roupas também secarem. O segundo saco Valéria ia entrar, mas acabou resolvendo ir até a estrada. Já estava demorando muito o resgate.





A menina questionou o perigo de ficarem ali, tranqüilizaram-na dizendo que não havia animais naquela matas, não que fossem perigosos. Mas, a lembrança da visão da criatura branca em forma de lobo gigante deixou-os um pouco apreensivos.





– Ahn... Como é seu nome? -





Fabrício esticou as pernas para perto do fogo. Ele tentava fazer a menina não se preocupar tanto com o que estava acontecendo. Estava difícil para todos.





– Sou... Bárbara. Acha que ela vai demorar? -





– Não sei... Se ela não encontrar a estrada... Deve levar uns bons vinte minutos chorando longe da gente. -





– Entendo... Você é Fabrício, não é? -





– Sim... Esse é meu nome. -





– Ahn... E seu irmão... O Mauricio... -





A fala da menina saia como uma pergunta um pouco abafada. De repente ela se deu conta de que talvez o rapaz houvesse se afogado. Não conseguiu terminar sua fala.





– Bom... Ele tem medo de água. Teve um trauma quando criança em uma represa se bem me lembro. Mas ele aprendeu a ser calmo e controlado. Mas... -





A menina parou por um momento vendo que Fabrício não iria ficar bem com a conversa. Ela sorriu estendendo a mão para ele no intuito de confortá-lo.





– Sabe... Se caiu na represa, esta salvo. Sei que ele conseguiria nadar para margem, mesmo apavorado. Agora, se ele chegou à superfície e encontrou este lugar diferente do que caiu... Não... Ele vai ter se apavorado... E apavorado não conseguiria controlar o medo de água... -





– Eu acredito que seu irmão está bem. Mas... O que será que aconteceu? Parece tão impossível... Já está escuro e não fazem nem três horas que saímos. Lembro que olhei a hora em que aquele carro tentou nos ultrapassar, eram 8:15. -





– Se quiser mais um motivo para achar que não estamos mais naquela cidadezinha, ou na beira dela, por acaso sente frio? -





Bárbara parou reparando que realmente não estava frio como as noites anteriores. Não era possível aquele local estar com aquela temperatura se era inverno e deveria esfriar bastante nas montanhas.





Os dois ficaram a conversar, enquanto Valéria olhava em volta. Ela havia entrado na mata, a fim de voltar a estrada e pedir ajuda. Mas, não conseguia. Andou por vinte minutos em passos largos, mas não via nem sinal da pista.





– O que está acontecendo... Onde nós estamos? -





Valéria, já retornando para não deixar os dois jovens sozinhos, pois com aquela falta de localização era nítido de que o perigo poderia existir, tropeçou em alguns galhos caindo no chão.





– Que bosta... -





A mulher levantou-se tentando limpar o barro que havia sujado sua calça. Ela lembrou-se que a calça havia sido dada por Mauricio, sorriu lembrando-se do namorado e começou a chorar.





Ela derramava lagrimas apoiada numa árvore, estava assustada com o que aconteceu. Sentia pressão por ter que ficar responsável por aqueles dois jovens a beira do rio. Ela não sabia onde estavam, não sabia se iriam ficar bem, e não sabia onde estava a pessoa que ela amava. Não estava entendendo o que aconteceu.





– Minha vontade é gritar... Mas... -





Em meio a soluços do seu choro ela continuava abraçada a árvore. Até que resolveu continuar voltando para junto dos dois, mesmo em meio aos choros. Apoiou-se na árvore para se levantar, mas sua mão ficou parada em um ponto.





– O que é isso? -





Valéria franziu a testa. Estava escuro. Na árvore havia uma marca que seus dedos sentiram. Parecia funda e feito com algo afiado. Talvez um canivete. Ela se alegrou com aquilo. Sim um canivete, significava que alguém passou por ali, não estariam tão perdidos quanto eles achavam. Às vezes seria uma marca indicando direções de uma trilha, seria ótimo se fosse aquilo. Saberiam para onde ir.





– Sim, a trilhas nas matas próximas a represa... Bom, só faltaria saber onde está a represa. -





Ela tentou ver a marca, não conseguia, estava escuro. Olhou seu relógio e foi apertar um botão nele, de luz, deveria iluminar o suficiente. O relógio não se iluminou. Ela forçou o botão, mas não acendia a luz.





– Mas... É aprova d’água. Não pode ser... Será que a bateria acabou? -





Voltou a se apoiar na arvore não acreditando na sorte dela. Mas, o que ela não acreditava aconteceu. O relógio iluminou-se sozinho.





– Ai! -





Assustada ela tirou a mão da arvore quase arrancando o relógio de seu braço. Sacudiu a cabeça e olhou o relógio. Completamente apagado e sem vida. Deduziu que estava ficando louca e o álcool estaria forte o suficiente para criar alucinações. Resolveu retornar e averiguar aquela marca no dia seguinte.





Chegando na fogueira encontrou os dois completamente assustados.





– O que aconteceu? -





Valéria olhava para os dois que estavam com os olhos arregalados. Ela rapidamente girou em torno de si achando que havia algo os ameaçando e ela não percebeu. Mas, não havia nada. Percebeu um pouco de fogo próximo a uma árvore.





– Fabrício, para de assustar a menina seu palhaço. Senão eu te sento a mão. O que queriam fazer? Por fogo na mata para piorar a situação? -





A menina balança a cabeça. Ela explica que teve vontade ir ao banheiro. Não precisou mais de nem uma fala. Valéria quase partiu Fabrício ao meio com um só berro, mas não era o Fabrício o problema. Ele não havia tarado a menina. Eles precisaram apontar para que Valéria caminhasse ao local e compreendesse.





– Daí ele fez essa tocha no chão eu cheguei ai perto... Fiz o que precisava, quando eu fui me levantar, apoiei-me nessa arvore, e encontrei essa marquinha ai. Esse buraco na árvore. -





Valéria sorriu. Uma marca na arvore próximo a luz. Provavelmente a mesma que havia na que ela olhou no meio da mata. Então seria realmente uma trilha a ser seguida. Valéria olhando ficou estática, passou a mão na marca varias vezes para ver se aquilo era real.





– Bebi demais... Isso na arvore não é o que eu estou vendo. -





– Então agente bebeu da mesma garrafa. Porque isso ai, para nós, cravado na arvore é uma entrada USB de computador. - Apontou Fabrício.




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