Além Digimon escrita por Kevin


Capítulo 13
Capítulo 13: Vinganças – Parte 1 : Motivos


Notas iniciais do capítulo

O passado que resultou no ódio de Valeria e Fabricio é revelado. Enquanto Armadinomon fica perdido nas lem,branças de seus amigo sem saber o que fazer em seu futuro.



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Estava anoitecendo. A festa parecia que não terminaria tão cedo, mas não poderiam se estender mais ali. Três pessoas saiam da festa calmamente. Riam e conversavam animados.

 

- Esqueci a chave na mesa... Volto rápido. -

 

Mauricio ao chegar ao seu carro, da por falta de sua chave, realmente havia deixado na mesa em que estavam sentados. Enquanto fora buscar Valéria e Fabrício ficavam a conversar. Valéria já estava em seu carro, e esperava por Mauricio voltar fazendo companhia a Fabrício.

 

Eles pareciam conversar amistosamente, era a primeira vez que Fabrício estava vendo Valéria, sabia que o irmão havia começado a namorar a algumas semanas, mas não sabia quem era a pessoa. Nessa época Valéria tinha 20 anos, Mauricio possuía 22 e Fabrício 13.

 

O celular tocava, Fabrício metia a mão no bolso pegando o celular, não era dele, e sim de Mauricio. Mas, havia alguns joguinhos legais que o distraíram durante a festa.

 

- Alô? Senhor Oliveira... Não! Meu irmão não esta aqui no momento... Ir trabalhar hoje a noite? -

 

Valéria reconheceu o nome do chefe de Mauricio no mesmo instante. Ela começou a gesticular para o menino, e gesticulou quase ainda mais quando falou em trabalho naquela noite. Valéria tinha planos com Mauricio naquela noite, não estava pretendendo descartá-los por causa de trabalho.

 

Ela havia bebido bastante, mesmo que ninguém tivesse percebido. Agarrou o celular das mãos de Fabrício e foi falar com o Oliveira. Estava pronta para mandá-lo deixar de ser mão de vaca e autoritário. Que não iria permitir que em pleno feriado o namorado fosse trabalhar. Se fosse preciso ela iria meter a mãe no meio, e certamente não era a mãe dela, e nem a mãe de Mauricio, que já era falecida.

 

- Ahn?? -

 

Valéria apertava o celular quando percebeu que o chefe já havia desligado.

 

- O que foi? -

 

Fabrício não entendia a frustração de Valéria. Olhou para a moça que estava completamente furiosa. Valéria levantou um dedo indo falar algo com Fabrício, mas Mauricio chegava apertando o alarme do carro.

 

- Escute... Não fale para o seu irmão que ele tem que ir trabalhar... -

 

Valéria ao falar aquilo se virou abraçando o namorado. Eles conversavam um pouco antes de saírem da festa, estavam em carros diferentes. Eles combinavam o que iriam fazer a noite. Mauricio não estava muito certo, pois não queria deixar o irmão acordar sozinho, dormir parte da noite não seria o problema, mas ele teria de ir direto para o trabalho e desta forma, o pequeno irmão teria que acordar por conta própria e fazer o café.

 

- Mas... Não nos vimos o feriado todo... -

 

Valéria fez um pouco de dengo passando um dedo sobre o peito de Mauricio. Ela fazia um pouco de bico tentando deixar Mauricio sem graça.

 

- Faremos assim, vou ver se Fabrício se importa, caso não se importe, agente sai essa noite. -

 

Mauricio ao dizer aquilo vai até o irmão que estava sentado no carro. Mauricio se debruça na janela do carro olhando para o irmão.

 

- Ei, moço! - O rapaz sacudiu os cabelos do irmão sorrindo. - Você se incomoda de dormir e acordar sozinho? Vai ter que fazer o café também. Se você achar que não consegue basta dizer. -

 

Mauricio falava com o irmão como se ele fosse uma criança.

 

- Mauricio, eu tenho 13 anos, né? Fala direito comigo seu bestão. Mas, tem remédio? Se o chefe ligou você tem que ir. -

 

Mauricio franze a testa. Como assim o chefe ligou. Normalmente ele iria rir e falar que não, que Valéria não era sua chefe, mas lembrou-se que o celular estava com o irmão. Mauricio procurou o celular, realmente não estava com ele. Olhou para o irmão, mas Valéria veio o abraçar e percebeu o seu celular com ela.

 

- Então? Fabrício vai ficar sozinho hoje? -

 

- Acho que sim... Parece que tenho que ir trabalhar. - Disse Mauricio um pouco confuso ainda. Pegou o celular das mãos da namorada e fora ligar para o chefe.

 

Valéria olhou para Fabrício. Valéria pediu para ele não contar nada, já Fabrício, imaginou que a namorada tinha contado. Não imaginou que ela pretendia passar a noite com ele e não diria nada sobre o trabalho.

 

Valéria ficou imaginando se Fabrício era ou não retardado. Para ela uma pessoa de 13 anos já tinha que ter muito juízo na cabeça.

 

- Bom... Valeria, você deixa meu irmão em casa? Eu vou daqui mesmo, que às vezes eu termino logo se for apenas o de sempre. - Maurício voltava para junto deles desligando o celular.

 

Valéria ia responder que não, afinal era completamente fora do percurso, pois cada um morava em uma ponta da cidade. Contudo, Mauricio certo de que a namorada, não lhe negaria fez sinal para que Fabrício fosse para o carro dela logo.

 

Primeiro o garoto entregava o ouro estragando a noite romântica dela. Agora, ainda tinha que servir de baba para o pirralho.

 

Valéria foi levar o menino, completamente revoltada. O menino ia falando que tinha gostado dela, que era mais legal que a antiga namorada do irmão. Simplesmente ia sendo ele mesmo, uma pessoa de 13 anos, que está saindo da fase criança, mas que não deixa de ser tagarela. Aquilo deixava Valéria irritada.

 

Quando chegaram na casa de Fabrício, Valéria já ia sair sem falar nada. Mas, o menino disse algo a ela que a deixou completamente irritada, tirando o pouco de lucidez que ela ainda tinha.

 

- Obrigado Val. Pode deixar que eu não conto para meu irmão que fui eu que atendi o telefonema do chefe não. Pode ficar com o crédito. -

 

Valéria quando bebe muda de personalidade, simplesmente começa a fazer tudo o que tem vontade. Ela desligou o carro e entrou em casa puxando o menino que não entendeu nada a principio.

 

- Criança só toma juízo na base da porrada. -

 

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Armadinomon caminhava junto com Fabrício pelo deserto. Cada um com um feche de lenha. Armadinomon vinha arrastando em cima de umas folhas, Fabrício carregando nos braços. O sol castigava-os, mas não tanto quanto quando partiram para buscar a lenha.

 

Fabrício usava os ombros para tirar um pouco do suor de seu rosto. Havia deixado o casaco junto com Valéria e Bárbara. Ele já não via a hora de chegar, torcendo para que elas tivessem conseguido fazer algo para comer.

 

- Escuta... Se incomodaria de falar comigo sobre... Sobre... Como se vive sozinho? -

 

Armadinomon estava ainda um pouco abatido. Ele não tinha mais nada, continuava apenas para ajudar aos amigos que o ajudaram e para cumprir a promessa feita a Palmon. Armadinomon andava cabisbaixo com tudo.

 

Armadinomon passou toda à noite gritando para que o servidor devolvesse o que havia tirado dele, mas certas coisas como a vida retirada, mesmo no digimundo, é impossível de ser devolvida. Bárbara até quis fazer algo pelo digimon que sofria, mas Fabrício não a deixou dizer ou fazer nada.

 

Fabrício sabia, mais do que qualquer um deles, como Armadinomon estava se sentindo. Ele também demorou para acreditar que seus pais haviam morrido. Sofreu por algumas semanas e só veio a aceitar a companhia de Mauricio, após ter passado aquela parte inicial da angustia. Era incrível, a angustia de perder alguém era tão grande que você não conseguia deixar ninguém chegar perto, simplesmente enlouquecia, nem mesmo aqueles que compartilham da mesma dor que você, consegue realmente compreender o que se sente nesse momento.

 

Fabrício e Bárbara ficaram perto da fogueira, por algum motivo não temeram a possível vinda do Wisemon. Ele saiu com tanto medo, tão apavorado, que não iria voltar. Mesmo que voltasse, não seria naquela noite.

 

Já Valéria, parecia ter encontrado algo divertido na vila, pois desaparecia, voltando apenas para ver se estava tudo bem. Sempre comendo e bebendo algo, parecia uma esfomeada. Claro que Bárbara e Fabrício não se fizeram de rogados quando algo era levado para eles.

 

Ao amanhecer os humanos estavam prontos a seguirem viagem, porém ainda faltava um integrante do grupo decidir o que fazer. Bárbara falou para ficarem ali mais um pouco, mas Valéria fez um escândalo dizendo que se ficassem ali certamente Wisemon voltaria, e o pior de tudo era que ele voltaria, com o grupo sem poder ajudar a armadinomon a digivolver, pois estavam sem o mp4.

 

Armadinomon acalmou o grupo, falou que iria acompanhá-los. Ele não tinha mais para onde ir, ao menos ia garantir que alguém pudesse voltar para casa. O pequeno tatu recebeu como resposta um pequeno sorriso de Fabrício e Bárbara.

 

Eles caminharam durante o dia todo. Valéria jogou algumas roupas fora, para poder colocar comida e água. Mas, a invocada fez questão de carregar mochila com a água e não deixava que ninguém pegasse sem pedir a ela.

 

Era compreensível, ela devia estar ficando estressada de tudo aquilo, afinal ela era a única adulta entre eles, e estava preocupada. Em um dado momento, descobriram que estavam próximos, mas que não estavam mais em condições de prosseguir daquela forma.

 

Armadinomon e Fabrício então foram à floresta, não era longe, eles podiam vê-la. Precisavam de madeira para o fogo. Enquanto isso, Valéria e Bárbara, ficariam ali, apenas esperando, ou no máximo separando algumas frutas para comerem.

 

Já retornavam, com o sol querendo se por. Armadinomon, que ainda não havia se recuperado, acaba perguntando como se vivia sozinho.

 

- Escuta... Se incomodaria de falar comigo sobre... Sobre... Como se vive sozinho? -

 

Fabrício ao escutar aquela pergunta parou por uns instantes. Era exatamente uma das coisas que preocupavam ao garoto. Logo ele faria 18 anos, e o que aconteceria? Iria viver com a Valéria? Ele odiava aquela mulher, mas por alguns instantes lembrou-se que já fazia mais de 24 horas que não brigavam, haviam unido forças.

 

Mauricio falou ao irmão que quando ele completasse os 18 anos, Valéria e ele se casariam, e que ele poderia morar com eles se tivesse vontade.

 

Fabrício não estava pensando nisso com freqüência, e agora que o assunto voltou a sua mente, não havia como pensar exatamente a respeito sobre isso, porque simplesmente, podia não ter que tomar a decisão. Poderiam não sair daquele mundo, e mesmo que saíssem, onde estaria Mauricio?

 

- Escuta Armadinomon... No meu mundo chega uma época em que as pessoas saem de suas casas para irem... Buscar outras casas... Mas casas suas... -

 

Fabrício falava tendo a atenção de armadinomon. O rapaz resolveu voltar a andar. Deu alguns passos e foi seguido pelo digimon.

 

- Mas... Eles mudam de casa, sozinhos? -

 

- Alguns sim, outros não. Sabe estar sozinho, não significa que você nunca mais vai ter contato com outras pessoas... No seu caso digimons... É apenas um momento de amadurecimento e busca de novos companheiros. No meu mundo... Se a pessoa não sair da casa onde nasceu, ela não é bem vista. Ela precisa sair para ganhar uma... Uma... Experiência de vida que acompanhado com as pessoas que sempre estiveram com ela, jamais conseguira. -

 

Armadinomon parou pensando naquilo. Uma experiência de vida que jamais teria vivendo com aqueles com quem nasceu. Ele parou tentando entender, mas logo percebeu que fora o que Baromon, ou na verdade a lei da sua aldeia fazia com aqueles que não se tornavam guerreiros. Se o digimon não tinha as qualidades para ser guerreiro, não saberia se virar sozinho, então era preciso forçá-lo a aprender, então colocavam-no para fora da aldeia.

 

- Eu compreendo... Foi o que fizeram comigo, mas vocês não podem mais voltar a ver aquelas pessoas? -

 

Armadinomon mesmo compreendendo tudo o que acontecia, ainda sentia a falta daquelas criaturas que jamais veria novamente. Mesmo sabendo que como guerreiro, poderia viver sozinho, ele não sabia se agüentaria a dor e a solidão.

 

- Você esta confuso agora Armadinomon... Não vai adiantar falar sobre tantas coisas... Você se pergunta se vai conseguir viver sozinho... Além de se perguntar se vai conseguir superar a morte dos seus amigos da aldeia... Além de pensar na Palmon... Não tome nenhuma decisão agora... Você não está pronto ainda... -

 

Armadinomon escutava as palavras de Fabrício. Ele parecia tão sábio, talvez mais que Baromon um dia fora. Cada palavra que Fabrício falava parecia fazer um grande sentido para ele, como se Fabrício pudesse ver dentro da alma do pequenino. Era evidente que aquilo não era real. Fabrício sabia como o pequeno estava por já ter passado por aquilo. Hoje, ele não sentia dor em lembrar da morte dos pais, a única coisa que lhe trazia dor era Valéria.

 

- Sabe... A única coisa hoje que me traz dor é lembrar o que Valéria me fez... A única coisa que me traz dor e vê-la fazendo... -

 

Fabrício parou ao escutar um grito. Armadinomon também parou. Eles já estavam perto o suficiente para conseguir ver o que se passava. Não era perto o suficiente para impedir, mas era perto o suficiente para ver.

 

Fabrício soltou tudo no chão e correu para onde elas estavam. Armadinomon também fez o mesmo.

 

Armadinomon via o que não podia compreender. Fabrício via o que ele já tinha visto uma vez. O grito era de dor, de choro. Valéria estava batendo em Bárbara, eram socos e ponta pés na menina caída chorando.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da revelação.
Se puderem em seus possíveis comentários, falar sobre o que acharam do motivo de Valéria e Fabricio tanto brigarem, eu serei muito grato!



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